País: Índia

Duração: 1 h e 45 min

Gênero: Thriller

Diretor: Vikramaditya Motwane

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt6206564/

Eis uma reação adversa do amor: a cegueira que leva uma pessoa a praticar atos impensados e fazer escolhas erradas, mesmo estando em sã consciência, mas sob influência do mais sublime dos sentimentos. Esse ludibriante amor é o fato gerador da situação mostrada em “Trapped“, que poderia ser traduzido como “Preso“, para melhor entendimento.

Shaurya, um assalariado indiano, apaixona-se por sua colega de trabalho, Noorie, que irá se casar em 2 meses. Nota-se que o casamento é arranjado por sua família – um procedimento ainda existente na Índia, apesar da modernidade dos dias atuais. Motivados pelo amor, eles engatam um relacionamento que faz com que Shaurya peça Noorie em casamento. Ele, então, que mora num apartamento alugado com mais 3 amigos, precisa desesperadamente arrumar um lugar para morar com sua pretendente, mesmo tendo pouco dinheiro – o que o faz alugar um imóvel duvidoso, cheio de problemas estruturais e em um prédio ainda em construção. Ao dormir a primeira noite sozinho, pois estava arrumando tudo para receber Noorie, Shaurya acaba ficando preso no apartamento, após a porta, que já estava emperrando, fechar-se com a chave do lado de fora, em virtude de uma rajada de vento. O problema é que o apartamento está localizado no trigésimo quinto andar, não têm eletricidade, a água encanada chega esporadicamente e o protagonista tem pouca água potável e comida. Para piorar, o vigilante do prédio é quase surdo. O que Shaurya poderá fazer para sair dessa situação?

Em relação ao roteiro, podemos questionar as escolhas do protagonista para tentar escapar da prisão domiciliar que o destino reservou para ele. Se formos raciocinar com calma – algo que falta a qualquer pessoa numa situação daquelas -, a porta estava emperrada apenas pelo trinco, e não pela lingueta da fechadura. Poder-se-ia, então, usar um cartão de crédito, que provavelmente ele teria entre seus pertences, para colocar na fresta e empurrar o trinco, entretanto, convenhamos, sem erros ou escolhas malsucedidas não haveria tensão e, por conseguinte, não haveria trama. Naquele momento, o protagonista estava envolto em um nervosismo absurdo e, posteriormente, à medida que água e comida rareavam, a variável da fraqueza afetava seu corpo e sua mente. A narrativa impôs ao personagem saídas que envolviam a superação de seus medos mais profundos, e até transgredir dogmas religiosos, para sair daquela situação, o que torna a história cada vez mais angustiante. Sobrepujar os fantasmas, naquele momento, era mais do que necessário, era uma questão de continuidade da vida.

Em praticamente um monólogo – não enfadonho, diga-se de passagem -, temos um Rajkummar Rao em ótima forma interpretativa, dando vida a seu personagem, Shaurya, nesse filme que podemos considerar um “Náufrago” – em alusão ao filme americano do ano de 2000 -, no qual o personagem “Wilson”, uma bola de vôlei, foi substituído por um rato, no papel de principal ator coadjuvante. Só como informação, o ator Rajkummar Rao ganhou o prêmio da crítica no Filmfare Awards 2018, o Oscar indiano, por sua atuação nesse filme.

“Trapped” foi um dos principais filmes indianos de 2017, ao romantizar uma temática já deveras explorada pelo cinema. O amor, além do instinto de sobrevivência intrínseco do ser humano, funcionou como impulsionador da força interior do personagem para tentar sair daquela situação, contudo, mesmo com tantos esforços, nem todos os objetivos foram alcançados, afinal, desfechos completamente felizes não são obrigatórios. Em “Trapped“, o que mais importa é a tensão e a adrenalina para conseguir a liberdade. O que mais importa é a vida – o maior bem que uma pessoa pode ter. O amor é secundário!

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba