Sanam teri kasam (2016)

Título em inglês: I swear on you, my beloved

País: Índia

Duração: 2 h e 34 min

Gêneros: Drama, musical, romance

Elenco Principal: Harshvardhan Rane, Mawra Hocane, Vijay Raaz

Diretores: Radhika Rao, Vinay Sapru

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt5255710/


Ao me deparar com um filme indiano em cujo rol de gêneros estão contidos o drama e o romance, já aguardo mais uma produção que costumo chamar de típico filme indiano – muito dessa percepção devo aos filmes com Shah Rukh Khan. Espero um filme cheio de clichês, com emoções à flor da pele, com situações trágicas e nem sempre contornáveis, com amores avassaladores e às vezes impossíveis, com problemas familiares, principalmente relacionados às tradições impostas pela religião, com músicas de acasalamento – termo que uso para as cenas de música nas quais o homem canta para a sua amada – e vice-versa – no processo de conquista, etc. É uma fórmula repetitiva, mas que denota sucesso. “Sanam teri kasam” possui fielmente todas essas características e investe num roteiro extremamente sensível para conseguir a atenção de seus espectadores. Como informação, traduzindo o título para o português temos “Eu juro por você, minha querida” ou “Eu juro em seu nome, minha querida”.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “Depois de ser renegada e considerada morta pelo seu pai, mesmo estando viva, por causa de um mal-entendido, Saru fica determinada a mudar a sua aparência e conseguir um bom marido. Ela se muda para um apartamento e começa tudo do zero, com a ajuda de Inder, o vizinho bonitão e mulherengo. É aí que sua vida dá uma reviravolta inimaginável.”

Com uma estrutura narrativa a la Cidadão Kane, ou seja, um personagem já morto no início e um grande flashback mostrando os momentos pretéritos até o segundo final da existência do mesmo, o filme mostra que um verdadeiro amor pode surgir a qualquer momento, de onde menos esperamos, e que amor é amor, independentemente de qualquer característica que o defina. As três orações a seguir definem bem o contexto inicial do filme: uma frágil e desinteressante moça pertencente a uma família que segue à risca todas as tradições religiosas; um triste, calado e atraente rapaz com um passado e comportamento misteriosos; e uma situação inesperada que leva a uma errônea e impulsiva interpretação. A presença desses dois personagens somada ao referido fato mal interpretado geram estados antagônicos: uma grande fonte de tensão – a primeira da trama – é a chave da porta que leva ao paraíso, proporcionado pelo aparecimento do amor. Obviamente, o foco narrativo é o desenvolvimento paulatino do sentimento entre “o belo e a feia”, entretanto, uma temática acessória pode ser considerada como a mais importante: as relações entre pais e filhos, pois elas são determinantes para o desenrolar da história e para o comportamento e ações dos protagonistas. É bom lembrar que as sociedades cultivam determinados valores que são transmitidos de geração em geração. Nada mais natural, porém a importância dada a alguns desses valores, pelo menos na Índia, transcende a racionalidade. Como já havia percebido em outros filmes indianos, a honra é um princípio basilar e cuja perda traz consequências destruidoras à vida de uma pessoa. Questiono bastante se o ultra-radicalismo exibido como reação a “problemas de honra” são revestidos de uma veracidade absoluta, pois, como visto no filme por duas vezes, supera até o amor entre um pai e um filho – ou filha. É algo realmente muito estranho. Por tocar no assunto de relações familiares, a relação entre Saru e principalmente o seu pai é muito bem explorada no filme, contudo, o mesmo não acontece com a relação entre Inder e o seu genitor. Apesar de algumas revelações necessárias serem feitas ao final, o roteiro peca em não expor melhor a interação entre eles quanto a um caso concreto que leva a um sentimento de ódio de um lado e indiferença do outro. Num filme tão longo, apenas alguns minutos a mais seriam necessários para explicitar essa relação.

É imperioso apresentar melhor os protagonistas, Saru e Inder. Saru é uma garota que exala fragilidade pela sua aparência, pela pressão de sua família para que ela se case, pela rejeição que sofre dos homens, e pelo despreparo para lidar com os problemas que surgem a sua frente. Perde-se a conta de quantas vezes Saru chora no filme. Por ser uma personagem tão fraca e vulnerável, há, de imediato, uma forte empatia e torcida por ela, porém, trata-se de uma pessoa desafortunada – aquele tipo de pessoa não abençoada pela vida, a qual desenha caminhos tortuosos para sua jornada no plano terreno. Inder, como já salientado é bastante misterioso e possui o passado ligado a um crime. Ele carrega consigo uma aura negra e apresenta uma enorme inexpressividade em seu semblante que, sinceramente, não sei se atribuo ao seu personagem ou à falta de talento de seu intérprete, Harshvardhan Rane. De qualquer forma, o amor entre diferentes é um dos maiores clichês que podemos assistir em um filme, porém o impacto desse fato pode ser minimizado pela singeleza que a narrativa foi construída. O modo indiano de fazer cinema é bastante agradável e proporciona boas experiências cinematográficas para a maioria dos espectadores.

Em meio a atos de superação, arrependimentos, reviravoltas, uma grande tragédia, muitas lágrimas e muita resiliência, “Sanam teri kasam” abraça o espectador e o conquista em pouco tempo, mesmo tendo a previsibilidade como uma característica preponderante. No fim das contas percebemos que a morte é apenas um detalhe, é apenas uma passagem. Melhor dissecar vidas surpreendentes e seus sentimentos, do que exaltar um fim inevitável. É nesse sentido que filme proporciona cerca de 150 minutos de muita emoção. Uma ótima recomendação para os românticos de plantão, pois se trata de uma linda história de amor, tão surreal quanto intensa.

O trailer, com legendas em inglês, segue abaixo.

Adriano Zumba

 

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