Madaari (2016)

País: Índia

Duração: 2 h e 13 min

Gêneros: Aventura, crime, drama, thriller

Elenco Principal: Irrfan Khan, Jimmy Sheirgill, Vishesh Bansal

Diretor: Nishikant Kamat

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt5713232/


Opinião: “Filme altamente necessário pela conjuntura política corrupta que impera no mundo atual.”


Frase: “Não é verdade que o governo é corrupto. A verdade é que o governo existe unicamente para corrupção.”


Com essa frase bastante impactante, introduzo essa crítica sobre um filme que incita a reflexão de sua plateia e trata de um tema deveras pertinente, pelos prejuízos financeiros e sociais que causa aos mais diversos países do mundo: a corrupção, a qual, numa conjuntura política – e resumidamente -, pode ser definida como o uso ilegítimo do poder público para beneficiar o interesse privado. Como visto em outras obras, o cinema indiano não se furta de abordar temáticas polêmicas e dissecá-las em seus pormenores para mostrar a gênese de muitos acontecimentos, que muitas vezes passa despercebida pelas pessoas. “Madaari” é um filme daqueles que abre os olhos das pessoas e gera uma perversa constatação: a corrupção, indiretamente e entre outras consequências, impõe a morte a pessoas inocentes.

Eis a sinopse: “O filho do Ministro do Interior da Índia é sequestrado por um homem aparentemente perturbado, chamado de Nirmal. Algum tempo antes, uma ponte na cidade de Mumbai cai inesperadamente e mata algumas pessoas. A ligação entre essas duas afirmações, aparentemente não relacionadas, define o rumo da história: a resolução de dois crimes, um que possui um culpado explícito, e outro cujos causadores se encontram ocultos sob o manto desonesto do Estado.”

O objetivo deste post não é discorrer sobre corrupção, afinal esse é um termo que infelizmente faz parte do cotidiano do mundo – e das pessoas -, e sim decifrar as mensagens que o filme em tela se propõe a mostrar e tratar de seus aspectos técnicos. Com a abordagem indiana de fazer cinema, ou seja, com muita emoção, e um roteiro bastante competente – como de praxe -, o filme mostra um homem em uma situação extrema, que, por conseguinte e naturalmente, comete uma ação extrema. O mote narrativo é evidenciar as motivações para o cometimento de tal ação que, nunca é demais salientar, é criminosa, pois é um sequestro, porém a narrativa deixa a critério do espectador uma eventual absolvição moral do agente, devido a todos os acontecimentos e o comportamento do paciente da ação, o sequestrado – o filho do Ministro. A história converge para um beco com uma única saída possível: a verdade – e é nesse ponto que adquire ares verossímeis através de uma rápida comparação com a atualidade. A plausibilidade é impressionante! É digna de aplausos.

A aproximação com a realidade é ululante.  Trata-se da jornada de um homem comum, que escolhe seus representantes – ou seus potenciais algozes -, movido pela esperança de dias melhores para todos, e, de repente, encontra-se numa situação trágica causada pelas pessoas que, talvez, ele próprio tenha concedido poder através do voto. Serve como alerta! Quantas vezes já ouvimos e vimos histórias de pessoas que buscam forças extraordinárias – ou sobre humanas – em seus interiores para enfrentar situações de perigo? No caso do filme em destaque, não se trata de uma situação de perigo, e sim de honra e de justiça, para amenizar a dor suprema causada pelo luto.

Ademais, o modus operandi padrão da indústria cinematográfica indiana proporciona uma experiência especial aos espectadores. Dramas, emoções, revoltas, reviravoltas e decepções potencializados pela excelência da trilha sonora e a presença sempre marcante de crianças em situação de vulnerabilidade. É uma fórmula repetitiva, mas que sempre rende bons frutos em se tratando de filmes indianos. Ao fim da exibição, é impossível não se por a pensar e relacionar o filme ao momento político de nosso país, e, em especial, a tudo o que assistimos na mídia em relação às falcatruas de nossos políticos. A corrupção é crime hediondo, apesar das leis de alguns países não a considerarem como tal. “Madaari” mostra apenas a ponta de um enorme iceberg, que provavelmente nunca derreterá, independentemente do grupo político que se encontra no poder. Qualquer semelhança da narrativa com a realidade não é mera coincidência, afinal, para informar aos desavisados, trata-se de uma história baseada em fatos reais.

O trailer, com legendas em inglês, segue abaixo.

Adriano Zumba


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