Frank

A música tem o poder para mudar a vida de muitas pessoas, seja auxiliando na cura de alguma doença, no desenvolvimento do cérebro ou simplesmente ajudando a melhorar nosso humor quando nos sentimos tristes ou angustiados. Em Frank, vemos como a música dita o futuro de um grupo de pessoas, enquanto lutam pra se manterem sãs e como o sucesso e glória que ela pode proporcionar influenciam no caráter e atitudes das pessoas.

Jon caminha pela rua tentando achar inspiração para escrever uma música. Ele olha para qualquer objeto, pessoa e tenta montar uma estrofe que funcione e se torne uma música. Ao chegar em casa, ele vai direto para o seu teclado e tenta gravar uma de suas idéias, que, no fim das contas, não passou de uma vontade forçada de criar uma música. Certo dia, Jon andava pela praia quando viu um homem tentando se afogar. Nesse momento a vida dele começa a mudar e o sonho de fazer parte de uma banda de sucesso começa a se realizar. Don, da banda Soronprfbs convida Jon para substituir o tecladista, que tentava a todo custo se afogar, no show que eles fariam na cidade. Após o show, ele é convidado para participar do projeto especial que a banda fará na Irlanda. Animado com a possibilidade de fazer algo real e criar músicas de verdade, ele aceita.

O entusiasmo de Jon é calcado em um fator que chama a atenção de todos e serve como o principal diferencial na banda: Frank. O vocalista utiliza vinte e quatro horas por dia uma cabeça gigante feita de papier-mâché e não permite que as pessoas vejam seu rosto. Ele canta com um microfone no interior da cabeça, come e bebe através de canudos e toma banho com um plástico ao redor dela. Frank tem uma personalidade amável, mas que, às vezes, é ofuscada pelo seu comportamento conturbado e insano. Sua paixão e preciosismo com a música esgotam os outros membros da banda que também apresentam personalidades difíceis e instáveis, como a impaciente e explosiva Clara (Maggie Gyllenhall). Isolados por mais de 11 meses na Irlanda, Frank, ao contrário de Jon, faz música com tudo que vê ao seu redor de uma forma natural e cria instrumentos novos e inusitados para gravar o álbum da banda.

Se antes Jon possuía carisma e intenções dignas ao integrar a banda, isso muda quando ele vê a oportunidade que precisava para ter uma banda de sucesso. Ele utiliza a excentricidade de Frank e as personalidades estranhas dos outros membros da banda de uma forma egoísta para se promover e ser admirado. Fica claro, com o avançar do filme, que os objetivos de Jon eram completamente diferentes do restante do grupo, que queria fazer música apenas para se expressar livremente e não almejava qualquer oportunidade de sucesso comercial. No entanto, a influência de Jon faz com que Frank fique instigado pelo fato de ser conhecido e as pessoas admirarem seu trabalho, o que acaba se voltando contra ele e afeta o seu bem-estar emocional e psicológico.

Baseado em um artigo escrito pelo jornalista Jon Ronson, com o roteiro co-escrito por este e Peter Straughan e a direção de Lenny Abrahamson, os personagens de Frank são profundos e cativantes. Passamos o filme inteiro imaginando como é o rosto verdadeiro de Frank, que se esconde por trás daqueles olhos azuis na cabeça gigante. A pessoa desequilibrada e insegura explorada por Jon é revelada por Michael Fassbender, que atribui uma tristeza no olhar de seu personagem e nos leva a perguntar se quando ele descrevia suas expressões faciais para os companheiros ele dizia a verdade ou apenas o fazia para deixá-los mais à vontade.

Frank caminha com sucesso entre o drama e o humor, garantindo ótimas atuações, personagens interessantes, e uma história que não depende exclusivamente da referência visual de seu protagonista. 

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