Palhaçada, Identidade e Descoberta…

Selton Mello e Paulo José brilham em “O Palhaço”.

Benjamin trabalha no Circo Esperança junto com seu pai Valdemar. Juntos, eles formam a dupla de palhaços Pangaré e Puro Sangue e fazem a alegria da plateia. Mas a vida anda sem graça para Benjamin, que passa por uma crise existencial e assim, volta e meia, pensa em abandonar o circo. Seu pai e amigos lamentam o que está acontecendo com o companheiro, mas entendem que ele precisa encontrar seu caminho, a sua identidade. E é fora do circo que ele descobre o seu verdadeiro caminho.

Todos nós sabemos o quanto Selton Mello é um excelente ator, mas agora ele quer mais. Quer seguir firme na carreira de Diretor. Em 2008 ele dirigiu o seu primeiro filme, Feliz Natal. Agora, três anos depois ele entrega este grande filme, O Palhaço, que mostra um retrato fiel das dúvidas que temos sobre o caminho das nossas vidas, de como nós sempre nos perguntamos: Será que é isso mesmo que eu quero para a minha vida?

O ótimo roteiro escrito pelo próprio Selton Mello em parceria com Marcelo Vindicatto, trás personagens carismáticos e proporciona uma evolução fantástica conforme a história vai passando. Um roteiro honesto que mostra com veracidade como é a vida das pessoas que trabalham em circos pequenos, em meio a tanta dificuldade. Outro ponto forte do roteiro é mostrar o quanto algumas pessoas que trabalham com humor são infelizes fora de cena, e esse ponto chega ao ápice em uma cena em que o personagem de Selton fala: “Eu faço o povo rir, mas quem é que vai me fazer rir?“. Na direção, Selton consegue ângulos fantásticos para fazer ótimas cenas. Ele também trabalha muito bem com a paleta de cores, deixando o ambiente bem colorido nos momentos de alegria e com poucas cores no momento em que ele está em seu momento de descoberta. A fotografia do filme é incrível mostrando o sertão nordestino, e da ao filme um charme. A trilha sonora no início deixa a desejar, mas conforme a história vai ganhando contornos dramáticos ela vai evoluindo e chega ao seu ápice nas cenas finais do filme. Um filme bem feito, bem montado e fica difícil não se emocionar no final. Selton Mello até assumiu que a produção do filme o ajudou a sair da depressão que teve.

Quanto ao elenco, só feras. A dupla central dispensa comentários… as cenas que Selton Mello e Paulo José dividem a tela são maravilhosas. É realmente fantástico ver esses dois monstros sagrados em cena. O elenco coadjuvante é bastante carismático, e trás como revelação a pequena e linda Larissa Manoela que passa o filme todo sem falar nada, Selton apenas vai captando os seus olhares, e mesmo apesar de pequena, são olhares que dizem muito. Ao final, finalmente ela fala em uma cena linda e emocionante. O filme ainda tem participações bem especiais, como: Tonico Pereira, Moacyr Franco, Ferrugem, Jackson Antunes e o grande Jorge Loredo.

O Palhaço mostra força, e com isso é o melhor filme brasileiro do ano. E isso só comprova que a competência que Selton Mello mostra na atuação, se repetirá em seus trabalhos como diretor.

Nota: 9,0

O Palhaço, 2011. Direção: Selton Mello. Com: Selton Mello, Paulo José, Tonico Pereira, Giselle Motta, Larissa Manoela, Teuda Bara, Álamo Facó, Hossen Minussi, Tony Tonelada, Fabiana Karla, Ferrugem, Moacyr Franco, Jackson Antunes, Danton Mello. 88 Min. Drama.

Evilmar S. de Almeida