01/09/2012 18h21 - Atualizado em 01/09/2012 18h22

Inspirado no fundador da Cientologia, 'The master' conquista Veneza

Longa de Paul Thomas Anderson foi exibido neste sábado no festival.
Philip Seymour Hoffman e Joaquin Phoenix estrelam a produção.

Da AFP

O filme "The master" encantou os espectadores do Festival de Veneza, neste sábado (dia 1º), com Philip Seymour Hoffman no papel de um líder carismático inspirado no fundador da Cientologia, L. Ron Hubbard.

O personagem de Hoffman decide proteger um perturbado veterano da II Guerra Mundial, interpretado por um selvagem Joaquin Phoenix no novo filme do ganhador do Oscar Paul Thomas Anderson, consagrado diretor de "Boogie nights" e "Sangue negro".

1º de setembro - O ator Joaquin Phoenix, o diretor Paul Thomas Anderson, a produtora JoAnne Sellar, o ator Philip Seymour Hoffman, a atriz Madisen Beaty e e o produtor Daniel Lupi chegam para a première de 'The master' (Foto: Andrew Medichini/AP)Joaquin Phoenix, Paul Thomas Anderson, a produtora JoAnne Sellar, Philip Seymour Hoffman, a atriz Madisen Beaty e e o produtor Daniel Lupi chegam para a première de 'The master' em Veneza (Foto: Andrew Medichini/AP)

O filme começa no pós-guerra, com Freddie Quell (Phoenix) em rápida decadência, mergulhado no alcoolismo e em uma doença mental. Ele é resgatado por Lancaster Dodd (Hoffman), que promete tratá-lo como "cobaia e protegido".

Embora não haja referências explícitas à Cientologia no filme, há fortes paralelos entre esta crença e "A Causa" de Dodd. "Há muitas semelhanças com os primórdios da dianética", admitiu Anderson, durante entrevista coletiva, referindo-se ao conjunto de ideias e práticas seguidas pelos cientologistas.

"O início daquele movimento me inspirou", acrescentou Anderson. "Eu realmente não sabia muito a respeito da Cientologia, particularmente agora." O diretor contou ter apresentado o filme para o astro Tom Cruise, um dos mais proeminentes seguidores da crença, indicado ao Oscar por seu papel em "Magnólia", outro filme de Anderson.

"Ainda somos amigos. Sim, eu mostrei a ele o filme e o resto é entre mim e ele", afirmou o cineasta, ao responder à pergunta de um jornalista. Para Anderson, o ponto central do filme, rodado com câmera 70mm, o que lhe dá aspecto épico, é o vínculo que se cria entre Quell e Dodd. "Penso que tentamos apenas contar uma história de amor entre esses caras", afirmou.

Também é significativa a ambientação no pós-guerra, uma época "cheia de esperança, mas com muitos corpos para trás", acrescentou. Anderson disse, ainda, ter se surpreendido com a aceitação de Phoenix. O ator não disse quase nada na entrevista, além de "eu não sei" e "não" e chegou a sair da sala por um momento para depois voltar.

"Eu o convidei para atuar em todos os outros filmes que fiz, mas ele disse não, o que foi um pouco chato. Mas desta vez ele disse sim", contou Anderson. Com o retrato dos exercícios repetitivos de "processamento" mental utilizados por Dodd e seus seguidores nos anos 1950, o próprio filme adquire uma qualidade hipnótica salientada pelas apaixonadas afirmações pseudocientíficas de Dodd.

1º de setembro - O ator Joaquin Phoenix em dois momentos, durante a apresentação que precedeu a sessão de gala de 'The master', estrelado por ele (Foto: Joel Ryan/AP e Andrew Medichini/AP)Joaquin Phoenix em dois momentos, durante a apresentação que precedeu a sessão de gala de 'The master' no 69º Festival de Veneza (Foto: Joel Ryan/AP e Andrew Medichini/AP)

A dissonante trilha musical do compositor Jonny Greenwood, integrante da banda de rock britânica Radiohead, e os detalhes minuciosos de reconstrução de época agregam valor a este trabalho impressionante. Os dois personagens principais, Quell e Dodd, não poderiam ter personalidades mais diferentes, embora Dodd também beire a ira quando seu movimento é questionado.

Em uma cena particularmente memorável, ambos são levados para uma prisão na Filadélfia, onde Quell, enlouquecido, depreda sua cela e se atira contra as grades, enquanto Dodd o observa calmamente da cela ao lado. Mas o relacionamento entre os dois acaba virando um vínculo poderoso e Quell se torna um fiel auxiliar embora ainda lute contra seus demônios.

Líder de culto ou não, Dodd se preocupa genuinamente com o destino de Quell e quer ajudá-lo a alcançar "um estado de perfeição" ao invés de ser "um animal estúpido". "Acho que eles realmente se identificam um com o outro", disse Hoffman aos jornalistas.

"Eles vieram de lugares diferentes, mas penso que tiveram a mesma origem. Ambos são animais selvagens. Um deles simplesmente se domesticou e tenta ensinar outras pessoas a fazê-lo", afirmou. "Mas, no fim das  contas, ele quer ser selvagem como Freddie", acrescentou.

O filme, no entanto, termina com a separação entre os dois, quando o movimento de Dodd ganha projeção, deixando o público se questionar sobre o destino de Quell. "The master", que segundo a mídia americana custou cerca de US$ 35 milhões, tem estreia prevista para o fim do mês nos Estados Unidos e no Canadá e para o início do ano que vem na Europa.

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