Crítica | Uma Longa Jornada

Esta é a décima adaptação de uma obra de Nicholas Sparks para o cinema. As histórias de amor criadas pelo escritor norte-americano sempre trazem uma perspectiva sobre a dificuldade e a doçura dos relacionamentos amorosos e a regra continua sendo a mesma em Uma Longa Jornada (The Longest Ride), dirigido por George Tillman Jr. (Homens de Honra, 2000). O diferencial, desta vez, consiste em que a experiência de um romance da metade do século XX serve como aprendizado para um jovem casal da atualidade.
Histórias de amor nascem todos os dias das mais diversas formas, encontrar um modo de fazê-las serem importantes e significantes para o público é um desafio e tanto, porém, os roteiristas parecem estar preguiçosos. É notável como elogiado Diário de Uma Paixão (2004), primeiro romance de Sparks, impressionou os espectadores e alavancou sua fama. De lá para cá, no entanto, seus filmes têm sido razoáveis, seja por escolha equivocadas de atores ou falta de um bom envolvimento do espectador com a temática da obra.

THE LONGEST RIDE

Afinal, uma boa história tem que trazer novidade para a fórmula garoto conhece garota e se apaixonam. Como na vida, o sentimento entre os personagens deve ser transmitido de forma natural, ou seja, temos que ver na tela e não apenas escutar frases capengas. Aprecio o trabalho da jovem Britt Robertson (Sophia Danko) há algum tempo, desde os seus filmes para adolescentes aos seriados, Life Unexpected (2010-11) e Under the Dome (2013-2014), e ela não decepciona.
Por outro lado, Scott Eastwood (Corações de Ferro), filho do renomado Clint Eastwood, apesar de ser a cara do pai, ainda precisa melhorar muito para protagonizar um longa. O garotão expõe várias vezes o corpo definido na tela, aliás, muito mais que seu par romântico, mas não deixa o público enxergar o cara apaixonado perdidamente por uma mocinha amante da arte.

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Adaptações literárias são sempre um problema para os leitores. Não tem jeito, a linguagem cinematográfica não dá conta de ser melhor do que a nossa imaginação. A sensação nunca será a mesma. Aqui, a narrativa é bastante modificada para dar conta de entrelaçar as duas histórias de amor e apresentar seus desenlaces. O casal dos anos de 1940, Ira (Jack Huston) e Ruth (Oona Chaplin), consegue ser mais sem vida que os jovens desta época, infelizmente.
Sobra para o veterano Alan Alda, que interpreta Ira já idoso, trazer emoção para as longas duas horas e meia de consternações entre os jovens. Luke (Eastwood) e Sophie se conhecem em um rodeiro, ele é peão e ela estudante universitária. Logo de cara, percebermos as vidas diferentes e sabemos que um estágio espera por ela em Nova York no final do mês. O problema é que ele é diferente de todos os caras que ela já conheceu e deixá-lo, apesar do pouco tempo, parece um erro.

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Luke possui os mesmos sentimentos por Sophie. Ele arrisca sua vida nos rodeios para salvar a fazenda da família, seu único meio de sustento, e ser fazendeiro é tudo que ele saber fazer. Claro, ele não pretende ir a lugar nenhum, enquanto a moça quer ver a arte pelo mundo. O que fazer? A história do filme é bem mais simplificada do que a do livro, o roteiro opta por deixar de fora o ex-namorado encrenqueiro e a traição da amiga de Sophie, além da rivalidade entre cowboys na arena.
Uma Longa Jornada é um bonito filme, com cenas bem montadas, ainda mais as de rodeio, mas carente de fortes tramas. A sequência inicial promete um espetáculo ao espectador, mas com o tempo se torna morno e termina fraquejante com a mensagem de que o amor requer sacrifícios para sobreviver, mas vale a pena. O casalzinho não encontra um modo de ficar juntos, mas o “destino” os concede um. Não espere suspirar de paixão ou se emocionar com a história, tudo é representado em tons pastéis. Que saudade de Uma Carta de Amor (1999) e Noites de Tormenta (2008), isto é, quando filmes de amor tocavam a gente.

Nota: 2,5

Uma resposta para “Crítica | Uma Longa Jornada

  1. Imaginei que seria assim, exceto por Diário de uma paixão e Um amor para recordar, os filmes adaptados do Spark são todos meio sem sal.

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