As Marvels (“The Marvels”)

Falar da crise na Marvel – ou pelo menos no MCU – já nem é mais relevante. É bater em cachorro morto. Tudo já foi dito. Importante lembrar também que “As Marvels” foi filmado junto com “Homem-Formiga – Quantumania” e “Thor – Amor e Trovão” e, portanto, antes do alerta vermelho ser ligado no estúdio. Isso significa obviamente que não é este filme que vai mudar o curso do MCU.

Se há algo peculiar, mas irrelevante, para se dizer é que “As Marvels” é a primeira produção para o cinema que deriva praticamente do streaming, pois é uma continuação direta do bobíssimo “Ms. Marvel” que só não é uma tragédia total pelo carisma da protagonista Iman Vellani.

Numa análise fria, “As Marvels” só possui um problema. Mas é um problema imenso que afeta toda a produção: não há um “Capitão Marvel 2”. Explico: tudo o que acontece em “As Marvels” deriva de eventos ocorridos entre “Capitã Marvel” e “Ms. Marvel”. Só que isso não é retratado em lugar algum e os produtores tomaram a péssima decisão de resumir tudo em cerca de 1 minuto de flashback no meio do filme.

E que eventos são esses? Vamos lá: no fim de “Capitã Marvel”, os Krees derrotados voltam para o seu planeta e então a Carol Denvers deixa a Terra para entrar nessa guerra que envolve essa raça, os Skrulls e outras. É nessa guerra que vai surgir a vilã Dar-Benn (Zawe Ashton de “Obsessão”) e daria tranquilamente uma superprodução de cinema que poderia mostrar o arco de história desta vilã, evitando que em “As Marvels” ela seja rasa como um pires, sem contar que as consequências da guerra contra os Krees e o que acontece agora não desperta nenhuma empatia com o espectador.

Além disso, o filme da “Capitã Marvel 2”, se existisse, também poderia explicar a origem e a natureza dos braceletes de energia, um dos quais dá os poderes da Ms. Marvel. Até porque o desfecho do clímax se torna inexplicável, pois não dá pra entender a ilógica relação das personagens com os braceletes e muito menos com o tal cajado de energia da vilã.

Tudo o que escrevi até aqui é para que todos entendam o real problema, independente da tal crise criativa no mundo dos super-heróis.

Voltando ao filme, a malvadinha, mas lindinha Dar-Benn acha o outro par do bracelete energético e com ele abre uma fenda no tempo e espaço que pode destruir planetas. Ao fazer isso, a Capitã Marvel, Monica Rambeau e a Ms Marvel, passam a trocar de lugar todas as vezes que usam seus poderes ao mesmo tempo. Elas então devem se unir para desvendar esse mistério (que também não é bem resolvido) e deter Dar-Benn antes que ela destrua vários planetas.

Talvez não seja coincidência que este seja o menor filme do MCU com 1h45min, pois tudo é muito rapidinho e, diga-se de passagem, muito frívolo, como se toda essa ameaça de destruição nem fosse lá tão importante assim. Tanto que muitas vezes discussões como briguinhas de família ou até a relação de amizade entre elas tomam um tempo que deixam o filme mais com cheiro de Disney do que de Marvel.

Sob a direção de Nia DaCosta, do ótimo “A Lenda de Candyman”, o espectador passa por todos os acontecimentos meio anestesiado, sem sentir nenhuma proximidade por nenhum dos personagens, já que as partes mais importantes são jogadas de qualquer jeito na cara do povo, fora aquilo que simplesmente não é esclarecido e a gente tem que engolir.

A ação é boa, os efeitos especiais idem, a química entre o elenco feminino é ótima com timing cômico e carisma exalando de todas, e ainda uma cena final com uma super participação especial (mesmo que envergue para um caminho que ninguém quer ver) e a cena pós créditos que talvez tenha mais impacto do que o filme inteiro.

As Marvels” é um exemplar mediano que faz a crise na Marvel perdurar, mas dessa vez peca mais por não ter havido um filme anterior para construir a trama desde que é atirada na cabeça do espectador e ele que lute. Mas a essa altura do campeonato, ninguém mais quer lutar.

Curiosidades:

  • O último trailer onde se mostra cenas de “Vingadores – Ultimato” é uma enganação, pois não há nenhuma relação deste com aquele filme.
  • No final dos créditos não há cena, mas o som de miados dos gatinhos extraterrestres que aparecem no filme.
  • A trama dos gatinhos é inspirada num episódio de “Star Trek” da década de 60 onde a Enterprise é invadida por uma espécie fofinha de alienígenas.
  • Na cena em que o sol começa a se apagar, isso é refletido imediatamente na Terra, sendo que na realidade, como a luz do sol demora 8 minutos para chegar no planeta, seria impossível que isso acontecesse tão rápido.
  • Há uma cena em que Kamala (Ms. Marvel) olha para a Capitã Marvel em ação e fala “Oh Captain, my Captain!” (Oh Capitã, minha Capitã!). Essa frase é o nome de um famoso poema de Walt Whitman e que foi usado no belíssimo filme “Sociedade dos Poetas Mortos” de 1989. Provavelmente foi uma homenagem ao filme.

Ficha Técnica:

Elenco:
Brie Larson
Teyonah Parris
Iman Vellani
Samuel L. Jackson
Zawe Ashton
Gary Lewis
Park Seo-joon
Zenobia Shroff
Mohan Kapur
Saagar Shaikh
Leila Farzad
Abraham Popoola
Daniel Ings

Direção:
Nia DaCosta

História e Roteiro:
Nia DaCosta
Megan McDonnell
Elissa Karasik

Produção:
Kevin Feige

Fotografia:
Sean Bobbitt

Trilha Sonora:
Laura Karpman

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