Baahubali : O início (2015)

Título original: Baahubali – The beginning

País: Índia

Duração: 2 h e 39 min

Gêneros:  Ação, drama

Elenco Principal: Prabhas, Rana Daggubati, Ramya Krishnan

Diretor: S. S. Rajamouli

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt2631186/


Eis o filme indiano mais americano a que eu tive a oportunidade de assistir. Até a animação utilizada para exibir o título é excepcional. Este é “Baahubali“, uma obra oriunda de um país tão distante, mas que se torna tão familiar para o mundo cinéfilo em geral, que tem recebido ao longo do tempo incontáveis filmes com as mesmas características – principalmente os blockbusters americanos. O importante é que, mesmo com tanta CGI (computer graphics interface) embutida, o filme não perdeu sua essência, pois pertence ao gênero cinematográfico masala (uma forma de fazer cinema tipicamente indiana, que é caracterizada por uma “salada” de gêneros) e exibe  também aquelas famosas danças, que já são marca registrada do cinema do país dos elefantes, isto é, “Baahubali” é um blockbuster formatado da maneira indiana, com toda os atributos culturais que definem seu país e seu povo. Por conta disso, é espetacular!

Um resumo do enredo pode ser visto a seguir: “Em um roteiro não-linear, o qual percorre um intervalo de tempo de 50 anos na antiga Índia, é mostrada a história de Baahubali, um garoto que, no início do filme, escapa da morte e é criado por uma mulher de um reino diferente do seu. O caminho que trouxe Baahubali a este reino é fechado com pedras e a única maneira de voltar é escalando uma imensa cachoeira. O tempo passa rápido, Baahuballi vai se tornando adulto e, aos poucos, vai chegando ao topo da cachoeira. Um dia, quando ele conseguir alcançar o seu objetivo, partirá em uma jornada em busca da descoberta de todos os segredos de sua origem e suas raízes.”

Podemos considerar o filme como um épico, pois retrata o herói de um povo, cenários espetaculares e guerras apoteóticas. Particularmente, lembrei do filme americano chamado “300” (2006), devido a grande quantidade de cenas de luta, nas quais os cinegrafistas abusam da câmera lenta para dar bastante enfoque aos golpes. Há alguns exageros na construção dos personagens, principalmente na de Baahubali e Ballaladheva – seu meio-irmão -, os quais, segundo a narrativa, são descendentes do Deus Shiva. Ambos possuem uma força deveras sobre-humana e habilidades que outros homens comuns não possuem. Considerando esse comentário, recomendo que a saga de Baahubali seja assistida com o espírito de quem assiste aos chamados “filmes de super-heróis” para que não haja frustração ou considerações imediatistas. Não é raro haver absurdos, todavia, trata-se de um filme fantasioso em algumas passagens e o espectador deve estar pronto para receber cenas com esse viés. Há também alguns deslizes nos efeitos visuais, que, às vezes, retiram a naturalidade de alguns movimentos. Nota claramente que a indústria cinematográfica indiana ainda é inferior nesse aspecto em relação à americana, apesar de estar evoluindo a passos largos. A Índia ainda não tem um Spielberg, mas o futuro chega rápido! Deve-se destacar que a batalha final é digna dos melhores filmes hollywoodianos do gênero. Ademais, como identifico com frequência em produções indiana, a maquiagem é um grande ponto falho na obra, principalmente quando há a necessidade de exibir um personagem ao longo de uma linha temporal, e, portanto, envelhecendo-o ou o rejuvenescendo. As personagens Devasena e Sivagami são exemplos gritantes da minha afirmação.  Mesmo com tantas ressalvas, saliento que supostos defeitos devem ser prontamente ignorados, pois a ação proporcionada pela narrativa e a fluidez com a qual ela transcorre envolvem suficientemente o espectador para que haja grande satisfação ao fim da exibição. São mais de duas horas e meia que passam voando.

O final é inconcluso, porque existe a segunda e última parte deste épico, “Baahubali 2 – A conclusão“, cuja crítica pode ser lida clicando-se aqui. Repetindo a dose da primeira parte, com certeza proporcionará um entretenimento fácil e prazeroso aos fãs do gênero de ação e guerra. E o melhor de tudo desta dupla de filmes: foram produzidos na Índia, com toda a mistura de especiarias cinematográficas indianas, para o deleite dos mais diversos tipos de espectadores, desde os mais entendidos até os que procuram apenas diversão. Só posso encerrar manifestando minha grata surpresa com todos os atributos desta obra. É a prova que a Índia pode fazer o chamado cinema espetacular, com algumas limitações, é verdade, mas garanto que isso não prejudica nenhum pouco a experiência cinematográfica proporcionada ao público. Duvido que o espectador não sinta vontade de assistir à parte 2 dessa aventura.

O trailer, com legendas em português, segue abaixo.

Adriano Zumba