Heidi (2015)

Países: Alemanha, Suiça, África do Sul

Duração: 1 h e 51 min

Gêneros: Aventura, família

Elenco Principal: Anuk Steffen, Anna Schinz, Bruno Ganz

Diretor: Alain Gsponer

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt3700392/


Uma ave de rapina voando em seu habitat natural, entre os Alpes suíços, livre, aproveitando a visão deslumbrante, tendo como obstáculo, talvez, apenas a resistência de um vento que outrora mudou sua direção, procurando alimento em meio à natureza para o sustento de sua família para a qual ela voltará  e no seio da qual sempre encontrará seu porto seguro. A cena desta ave que se repete ao longo do filme, metaforicamente, define bem o sentido da narrativa em relação à protagonista, a linda garotinha Heidi. Adaptação de um clássico da literatura infantil suíça, escrito em 1880 por Johanna Spyri.

Heidi, orfã de pai e mãe, tinha 5 anos de idade à época e vivia com sua tia que, por motivos escusos, a levou para morar com seu avô nas montanhas. O velho homem, ranzinza, a princípio rejeitou a neta mas foi impossível resistir à doçura da pequena garota. Lá, ela encontrou seu “habitat”, conheceu o garoto Pedro, um pastor de cabras e ele se tornou seu amigo inseparável. Certo dia, sua tia, tomada novamente por motivos escusos, voltou para levar Heidi, à revelia de seu avô, para morar com uma rica família na Alemanha. Este acontecimento mudaria a vida de muita gente.

A linda fotografia do filme que mostra os Alpes em paisagens lindíssimas é totalmente ofuscada pelo roteiro como principal ponto de interesse deste belíssimo filme . No início, vemos Heidi envolta em um ambiente negativo de rejeição e em busca de afeto e atenção. Na verdade, em suas relações com os outros personagens, ela proporcionava aquilo de melhor que desejava para si. Ela apresentava uma grande capacidade de adaptação a novas realidades e mostrava um espírito resiliente, talvez moldado ao longo do tempo pela ausência materna e paterna. Aquele “límpido” ar de mudança que adentrava em suas narinas, a presença de seu avô, denotando segurança e de Pedro, denotando amizade e cumplicidade tornaram o contexto onde ela foi, a fórceps, inserida, totalmente desejável. Heidi, neste momento, obteve o acolhimento que tanto necessitava, principalmente por ser apenas uma criança.

Se o filme acabasse neste momento, a história já seria emocionante pela aproximação entre a neta e o avô mas, como a vida não é tão perfeita assim, houve uma reviravolta na vida da protagonista. Uma nova personagem foi apresentada e teria grande importância ao longo do restante da narrativa: Klara. Ela era uma garota rica, vivia numa cadeira de rodas e atribuía este fato à morte da mãe, possuía um pai ausente e ficava sob os cuidados de uma tutora que possuía ares de megera. Klara tinha tudo de necessário e supérfluo que a vida burguesa poderia proporcionar, menos o que mais importava. Sua vida melancólica nunca mais seria a mesma devido ao aparecimento de Heidi a qual, a partir daquele momento, deveria seguir os axiomas da vida burguesa e respeitar regras de educação e conduta. A vida enjaulou a pequena Heidi e proporcionou momentos de liberdade à Klara. Neste ponto houve a aplicação daquele velho ditado: “o dinheiro não traz felicidade”. Na verdade, o filme mostra que a felicidade é um estado de espírito.

O desfecho do filme tem a participação de todos os personagens importantes que, naquele momento, respiravam ares de liberdade, onde até atitudes impensadas tornaram-se salutares e os valores humanos adquiriram a importância real, intrínseca e desejada. As diferenças sociais foram evidenciadas e desconsideradas ao mesmo tempo. Conhecemos uma real motivação para a vida, compreendemos que nas pequenas coisas podemos buscar a felicidade e aprendemos que amor e amizade mudam a realidade das pessoas.

Nos dias de hoje, a violência está massificada até nos desenhos animados, nas animações. Tal violência é mascarada em cenas engraçadas que são absorvidas por nossas crianças e acabam resultando, normalmente, em boas risadas. Em oposição a esta cultura, “Heidi” é um filme para a família, para as crianças, para a reflexão dos adultos. É um filme que transmite bons sentimentos e grandes emoções. O coração de Heidi nos ensina a viver!

O trailer narrado em português de Portugal está mostrado abaixo.

Obs.: Este filme está disponível na Netflix.

Adriano Zumba


2 comentários Adicione o seu

  1. Lívia Cunha disse:

    Mesmo sendo um filme de época, o mesmo tanto mostra algumas realidades vividas nos tempos atuais, como ao mesmo tempo que remete a inocência e liberdade típica da infância, algo que pouco vemos atualmente, já que as crianças estão cada dia mais adultizadas e presas em seus castelos engradados.

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