Charada (1963)

Título original: Charade

País: Estados Unidos

Duração: 1 h e 53 min

Gêneros: Comédia, mistério, romance, thriller

Elenco Principal: Cary Grant, Audrey Hepburn, James Coburn

Diretor: Stanley Donen

IMDB: www.imdb.com/title/tt0056923/


Partindo-se do pressuposto de que a avaliação inicial de um filme, cujos protagonistas são Cary Grant e Audrey Hepburn, já é melhor do que o usual, percebe-se que, se seu roteiro for interessante, há todos os elementos para que a obra cinematográfica avaliada se torne inesquecível. E é justamente isso que acontece com “Charada“, de Stanley Donen, o mesmo diretor de “Cantando na chuva“. O filme é tão misterioso, que muitos críticos o consideram uma obra hitchcockiana. Como admirador dos filmes do mestre do suspense, digo que, apesar de o filme em tela possuir bastantes semelhanças com os de Hitchcock, suas obras são únicas. Comparações à parte, “Charada” é um filme excepcional, pelo seu elenco competente e estrelado e por possuir uma narrativa ousada, intrigante e inteligente – e até certo ponto complexa -, mas que não deixa pontas soltas. Se pesquisarmos no Google um sinônimo para a palavra mistério, a primeira resposta que se obtém é a palavra charada. Mais sugestivo impossível!

Eis a sinopse: “No filme, Audrey Hepburn é Reggie Lampert, uma rica mulher que está passando férias em Paris e pretende se divorciar de seu marido, pois eles têm uma relação de indiferença. Misteriosamente, seu marido é assassinado após fugir com a quantia de 250 mil dólares, a qual some inesperadamente após o crime. Esse quarto de milhão, como é chamado no filme, é objeto de cobiça de muita gente, inclusive do governo americano, pois foi obtido de forma ilícita, e Reggie está em maus lençóis por não saber da vida de seu marido e nem do paradeiro do dinheiro, porém, mesmo estando inserida nesse turbilhão, ela conhece Peter Joshua, interpretado por Cary Grant, que a ajudará  – ou não – na solução desse difícil enigma que pode custar as suas vidas.”

O roteiro é marcado por grandes reviravoltas, principalmente por conta do personagem de Grant, que muda de identidade a todo momento e concede outra linha de pensamento à narrativa a cada uma dessas mudanças. Nesse roteiro engenhoso, predominantemente misterioso, nada é o que parece, pois a dúvida está sempre presente, tanto em relação aos acontecimentos quanto aos sentimentos. Há, também, intercalados com as cenas de suspense, alguns bocados de comédia, ocasionados, principalmente, pela conduta de Reggie e seu flerte com Joshua, por quem nutre, ao mesmo tempo, cobiça e desconfiança. Esse sentimento até a atrapalha em alguns momentos, por conta daquele chamado comportamento padrão das mulheres em relação ao amor e ao sexo oposto. A inserção de vários postulantes ao “tesouro” transforma a história numa “corrida do ouro”, na qual não há regras e vale a lei do mais forte, porém é a inteligência e a perspicácia que fazem toda a diferença no desfecho – algo que, diga-se de passagem, é até natural.

Não há como não destacar a atuação da dupla de protagonistas, que possuem uma química a la Marcello Mastroiani e Sophia Loren nesse filme – o único em que trabalharam juntos. São duas lendas da história do cinema, e é difícil – ou impossível – apontar falhas em suas atuações e na interação entre eles. Grant, já acostumado com papéis similares nos filmes de Hitchcock, apresentou sua habitual competência que o levou ao estrelato, e Audrey mostrou que é uma atriz multi-facetada ao interpretar, com genialidade, uma mulher forte e astuta – diferentemente das mocinhas frágeis que interpretou em seus maiores sucessos. Em resumo, ambos são artistas que enchem os olhos dos espectadores, e suas presenças em um filme são garantia de qualidade e satisfação, mesmo que a história não prenda tanto a atenção, o que, diga-se de passagem, não é característica do filme em tela.

O título não poderia ter sido melhor escolhido, pois, em pouco tempo de filme, com a apresentação dos personagens e alguns minutos de desenvolvimento narrativo, o espectador se encontra envolto em um emaranhado de alternativas e tem que desvendar um difícil enigma para encontrar o “mapa da mina”. Realmente, há de haver bastante atenção.

E aí? Você, investigador, habilita-se ou não a abraçar esse caso? Eu me habilitei e não me arrependi.

O trailer, sem legendas, segue abaixo.

Adriano Zumba


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