NH10 (2015)

País: Índia

Duração: 1 h e 45 min

Gêneros: Aventura, crime, drama, thriller

Diretor: Navdeep Singh

IMDB: http://www.imdb.com/title/tt3742284/


Pegando o gancho numa temática que está em evidência no mundo e, por conseguinte, no cinema, o empoderamento feminino, apresento-lhes “NH10“, um thriller para prender a respiração do espectador e proporcionar doses cavalares de tensão e agonia. O diretor utiliza como personagem principal uma mulher e a coloca em situações perigosas e que requerem força física e mental em nome da sobrevivência, como se quisesse passar uma mensagem de que uma mulher pode suportar tudo que a personagem passa no filme. Realmente, é mais comum vermos homens como personagens de filmes dessa natureza. Mostrarei nos próximos parágrafos que o filme é muito mais do que um exemplo de sexo frágil, como comumente são chamadas as mulheres, adquirindo, ao longo da narrativa, ares de sexo forte, que, por analogia, pode ser uma expressão atribuída aos homens. A título de informação, NH10 significa National Highway nº 10, ou seja, uma estrada federal da Índia, identificada com o número 10 – algo como as BRs aqui no Brasil.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “NH10 é a história de um jovem casal de classe média alta, Meera e Arjun, que vivem em Gurgaon. Quando Meera sai de uma festa tarde da noite, ela é atacada por um grupo de homens desconhecidos. Embora consiga escapar por pouco, isso a deixa traumatizada. Arjun, em parte culpa a si mesmo por não estar lá naquela noite e tenta compensar isso levando-a para umas férias para comemorar o aniversário dela. Ao parar em um restaurante na rodovia, eles testemunham um jovem casal que está sendo levado à força por um bando de arruaceiros. Arjun decide intervir, sem se importar com o potencial perigo à frente na Rodovia NH10.”

Além do que foi exposto no primeiro parágrafo sobre a presença de uma mulher num filme desses, há, entre outras, temáticas comuns em filmes indianos e temáticas de abrangência geral no mundo globalizado. A honra, como aspecto preponderante na vida das pessoas e famílias indianas, adquire importância suprema na narrativa, pois a presumida perda dela acarreta os fatos exibidos, e o tratamento inimaginável dado ao caso mostra quão relevante é esse tema na sociedade do país. Isso fica evidente com o comportamento da mãe da personagem Pinky, que é assassinada por seu irmão com o consentimento de sua genitora. Obviamente, presume-se que o tema seja vultoso, mas presume-se também que o modo como foi tratado seja algo ficcional. Nós, ocidentais, não conseguimos alcançar tamanha intolerância. Outra discussão interessante que podemos extrair do filme é em relação ao uso legal de armas por pessoas comuns, que é um tema tratado de diversas maneiras ao redor do mundo e mostra vantagens e desvantagens ao se escolherem determinadas abordagens sobre ele. De qualquer forma, como regra, vemos que violência gera violência, como mostrado na narrativa.

No fim das contas, como fechamento, o filme adquire uma roupagem coreana que o torna espetacular. Uma temática comum em filmes coreanos entra em cena: a vingança. Motivada por um sentimento de justiça e ódio, a protagonista, arrastando uma barra de ferro, como visto no poster, parte, com “sangue nos olhos”,  para a limpeza de sua alma. Todo o sofrimento suportado pela protagonista ao longo de praticamente todo o filme recebe a oportunidade de ser devolvido em dobro. É o típico filme feito para consagrar um artista, pela importância dada a um determinado personagem e a cobrança por uma interpretação impecável para que o filme se desenvolva bem. A já consagrada Anushka Sharma, como de praxe, deu conta do recado e foi indicada ao Oscar indiano de melhor atriz.

Não esperem uma narrativa inovadora, efeitos especiais mirabolantes, nem forças desproporcionais da mocinha – ou a oprimida – da história. É uma história mais próxima do mundo real em que vivemos, pela violência exacerbada, e, ao mesmo tempo, distante, pelas motivações. Li em um artigo de jornal que “NH10” é “um conto necessário de vingança”. Para toda ação existe uma reação – no caso em tela, ela é diretamente proporcional à selvageria e brutalidade empregadas nas ações iniciais. É um filme pesado, não há como negar, mas, para quem gosta de tensão, é uma boa recomendação. Como pode ser visto no trailer: “a única maneira de sobreviver a assassinos, é se tornando um deles”.

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba


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