Dabangg (2010)

País: Índia

Duração: 2 h e 09 min

Gêneros: Ação, comédia, crime, suspense

Diretor: Abhinav Kashyap

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt1620719/


Critico tanto os absurdos e bizarrices mostrados nas cenas de ação de alguns filme indianos que, por ironia do destino, deparo-me com um “espécime cinematográfico” que utiliza essas tais cenas como uma condição de existência. É algo cultural, entranhado nas raízes do cinema indiano, que proporciona prazer aos espectadores locais, mas que se apresenta muito trash para aqueles de outros países, principalmente os ocidentais, apesar de propiciar fartas e abundantes gargalhadas. Bem vindos ao cinema comercial indiano, que, a despeito de conceder surrealidade aos personagens, não deixa de proporcionar muito divertimento em filmes com essa natureza.

Conhecemos a história de Chulbul Pandey, interpretado por uma das estrelas de Bollywood, Salman Khan, ou simplesmente Salu para seus fãs.  A princípio, é mostrada uma pequena parte de sua infância para compreendermos suas relações familiares: com sua mãe, seu padastro e seu meio-irmão. Após essa pequena introdução, que é de suma importância, 21 anos depois, Chulbul aparece como um policial destemido – tradução literal do título do filme – e corrupto, que fica com os roubos dos bandidos que prende. Ele se autodenomina Robin Hood. Em meio a esse contexto, o filme se desenvolve mostrando a vida amorosa, os dramas familiares e os acontecimentos ligados ao trabalho do protagonista.

O roteiro intercala os três âmbitos da vida de Chulbul – amor, família e trabalho – ao longo das duas horas de exibição, mostra o jeito peculiar e não ortodoxo que ele utiliza para resolver os seus problemas e a dificuldade dele em lidar com seus conflitos internos, principalmente com aqueles relacionados a sua família. É uma narrativa dinâmica e fluente, que nos faz desconsiderar as incongruências propositais dos personagens e a cafonice das cenas românticas para nos atermos ao desenrolar dos fatos, que levam a um duelo final entre o falso mocinho e o verdadeiro bandido da história. Preciso comentar que a “batalha final” é uma das cenas mais bregas e ridículas a que já assisti na vida, por conta de algumas passagens específicas, entretanto me diverti como nunca. Valeu o meu ingresso! Na verdade, independentemente das qualidades – e defeitos espetaculares – do filme em tela, apenas a presença de Salman já é suficiente para atrair as atenções, através de suas danças desengonçadas, de seu corpo musculoso e roliço e seu jeito especial de interpretar seus personagens – por isso que é tão amado na Índia.

O viés dramático da narrativa, que não poderia deixar de existir num filme indiano, refere-se à interação do protagonista com sua mãe, através de uma relação que simboliza puro amor entre eles, com seu padastro, que, explicitamente, sempre preferiu seu filho consanguíneo, e com seu meio-irmão, cujo destino foi amaldiçoado por Chulbul ainda quando era criança, dadas as divergências e os ciúmes existentes entre eles. A presença de um investigador interno da polícia, Chedi Singh, potencializa ainda mais os problemas familiares, por se tratar de um personagem maldoso, o qual tem Chubul em sua alça de mira e se utiliza de vários artifícios desonestos e nefastos para disseminar a discórdia e a tragédia na família do protagonista.

A vida no mundo moderno por si só já proporciona um elevado nível de stress nas pessoas, além de todos os problemas individuais que elas possuem, de modo que uma fuga da realidade sempre é salutar em determinados momentos. Nesses momentos, assistir a um filme com viés humanista, que se apresente como uma obra de arte ou mesmo que aborde temáticas muito sérias e emocionantes talvez não seja o mais recomendado. Por isso que não critico quem assiste a filmes fantasiosos, principalmente aqueles de super-heróis americanos, pois há tempo e espaço para qualquer tipo de filme em nossas vidas – depende da conveniência e oportunidade. Apesar desses tipos de filme não serem a minha preferência, gostei muito de “Dabangg“. É brega, ridículo, cafona, absurdo, tosco, mas é entretenimento gratuito e garantido. Às vezes esse tipo de filme faz bem, nem que seja para rir. Se é para fugir da realidade, vou para o cinema comercial indiano, pois lá tenho a certeza que conseguirei me distrair com facilidade. “Dabangg” é um filme para desopilar! Como dizem aqui na região nordeste do Brasil: é arretado!

O trailer segue abaixo.

Adriano Zumba


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