Divórcio à italiana (1961)

Título original: Divorzio all’italiana

Título em inglês: Divorce italian style

País: Itália

Duração: 1 h e 45 min

Gêneros: Comédia, drama, romance

Diretor: Pietro Germi

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt0055913/


Humor negro de primeira categoria nesta comédia italiana da década de 60, protagonizada pelo competentíssimo Marcelo Mastroianni. Um filme que, mesmo com um viés totalmente cômico, leva à reflexão sobre as escolhas que as pessoas fazem em suas vidas, principalmente quando há um contexto no qual não é possível desfazê-las. Utilizando o gancho da comédia e o contexto do filme em tela, concedo apenas um pequeno conselho aos homens desavisados e inexperientes: “o diabo está em todos os lugares para tentar os fracos de espírito –  e às vezes ele se veste de mulher”.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações é a seguinte: “O barão Ferdinando Cefalu – ou Fefé, para os íntimos – está entediado com a vida e a mulher, Rosalia. Ele se apaixona pela prima Ângela, uma adolescente de 16 anos, quando os dois passam o verão juntos no mesmo castelo. Como o divórcio era impossível na Itália nos anos 60, ele decide matar a esposa simulando uma situação de adultério, o que o livraria da cadeia ou proporcionaria uma pena menor, porque o crime conteria a variável honra como motivação.”

Inicialmente, Fefé se mostra como a desilusão em forma de gente. Isso já proporciona muitas gargalhadas, pois a figura de Mastroianni está perfeita nessa situação, porém, soma-se a esse baú repleto de diversão a visão física e comportamental de Rosalia: uma mulher melosa, com uma voz irritante e que exibe um discreto bigode e uma confluência das sobrancelhas – ou seja, uma “monocelha” -, que caracterizam sua alva face angelical. A visão do inferno preenche a vida do pobre Fefé, mas tudo muda quando a imagem do paraíso, representada pela jovem Ângela, preenche seu coração com um misto de amor e cobiça, entretanto, ao passo que Ângela corresponde às investidas de Fefé, um grande problema se instala: o que fazer com Rosalia, já que o divórcio não era permitido na Itália daquela época? Esse é o dilema do filme e o fato gerador de todas as confusões ao longo da narrativa.

Trata-se de um roteiro genial, apesar de ter um quê de simplicidade, que talvez não tivesse conseguido o mesmo resultado se não fosse produzido na Itália. O jeito exagerado dos italianos e aquela comicidade intrínseca que eles apresentam sem fazer força abrilhantam o desenrolar da história. Apenas a personagem Ângela é mais contida, talvez para denotar pureza – que não é tão absoluta assim -, mas todos os demais são bastante espalhafatosos e utilizam uma linguagem corporal única para divertir os espectadores. Após assistir ao filme, considerei uma simples frase como o axioma – ou a estratégia – utilizado(a) para guiar a narrativa: “fazer graça a partir da desgraça alheia”.

Para encerrar, independentemente do enfoque dado, podemos definir a lei do retorno da seguinte maneira: “os efeitos causados pelas atitudes praticadas por um indivíduo em relação ao mundo, incluindo neste mundo as coisas, pessoas e toda a natureza, retornarão ao indivíduo que praticou as atitudes que geraram tais efeitos, ou seja, o indivíduo sentirá, experimentará em si mesmo todos os efeitos decorrentes de suas atitudes que foram causados ao mundo.” Um conceito até muito profundo para ser aludido, por estarmos tratando de uma comédia, porém guardem essas informações, que serão muito válidas ao longo da narrativa. A vida continuará enquanto houver sol, e as leis da natureza continuarão agindo indiscriminadamente enquanto houver discípulos do bom e velho Fefé. Quem quiser julgar a veracidade dessas constatações, é só assistir ao filme. É uma excelente recomendação. É uma dos melhores filmes do gênero comedia all’italiana.

Infelizmente não encontrei o trailer do filme para disponibilizá-lo abaixo.

Adriano Zumba

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