Império dos sentidos (1976)

Título original: Ai no korîda

Título em inglês: In the realm of senses

Países: Japão, França

Duração: 1 h e 49 min

Gêneros: Biografia, drama, horror, romance, thriller

Elenco Principal: Tatsuya Fuji, Eiko Matsuda, Aoi Nakajima

Diretor: Nagisa Ôshima

IMDB: https://www.imdb.com/title/tt0074102/


O que absorver de um filme, que, segundo os sites especializados, não é do gênero pornô e exibe sexo na maioria do tempo de sua narrativa – inclusive oral e com penetração? “Império dos sentidos” conta com um roteiro pobre, no qual, com alguma dificuldade, conseguimos destacar um ou outro aspecto positivo, que serão explicitados mais abaixo. O certo é que, independentemente de qualquer qualidade ou defeito, a estratégia para a obtenção da atenção dos espectadores parece ser a grande exibição de sexo fácil, gratuito e sem pudores, em detrimento do roteiro, que sempre considero como o aspecto mais importante num filme. Preciso salientar que o sexo está totalmente dentro do contexto, pois a temática principal do filme necessita de cenas desse tipo, apenas houve um certo exagero na dose e na intensidade.

A sinopse, retirada da internet e com adaptações, é a seguinte: “A história de uma ex-prostituta que se envolve em um caso de amor obsessivo com o senhorio de uma propriedade onde ela trabalha como criada. O que começa como uma diversão inconsequente, transforma-se em uma paixão que ultrapassa quaisquer limites.”

Segundo o dicionário do Google, obsessão é um apego exagerado a um sentimento ou a uma ideia desarrazoada. Esse é o fio condutor da narrativa, que mostra a obsessão sexual de uma mulher por um homem, que simplesmente toma conta de seus pensamentos e, por conseguinte, de seus atos, levando a uma irracionalidade animal, que explica muito bem o título aplicado ao filme, pois são os sentidos, os instintos que imperam, que mandam nos protagonistas em detrimento da consciência, assim como nos animais considerados irracionais. Nota-se que a obsessão é desenvolvida aos poucos, relação sexual após relação sexual, encontro após encontro, ameaça após ameaça. É um sentimento que aumenta gradativamente e, diga-se de passagem, foi muito bem construído na narrativa através dos protagonistas.

Há de haver muita sensibilidade para absorver a real motivação por trás de repetidas cenas de sexo selvagem. Algumas dessas cenas possuem um quê de mau gosto, porém, repito, estão dentro do contexto. Posso destacar duas delas: a cena do jantar, conhecida como a famosa cena do ovo, e a da menstruação. Elas incomodam e agridem visualmente, mas transmitem o enorme grau de interligação e intimidade entre os dois personagens na conjuntura proposta: a obsessão sem limites, que, facilmente, pode evoluir para o sentimento de posse e, posteriormente, para a violência física e psicológica. A mente do animal humano é um dínamo que necessita de cuidado constante para saber lidar com os sentimentos e as situações que a vida impõe. Inteligência e racionalidade são características mais evidentes no homem e devem ser aplicadas para que ele se diferencie dos animais brutos. Não é o caso do filme! O amor adquire ares de perversidade – totalmente o oposto do que deveria significar! Como informação, trata-se de uma história real.

Um espectador normal, que assiste a um filme como entretenimento e sem um olhar muito crítico, dificilmente identificará algo além de sexo abundante – e muitas vezes explícito -, mas, segundo os críticos, é arte – até a cena do ovo! Talvez, para quem curtiu “Love“, de Gaspar Noé, “Ninfomaníaca“, de Lars von Trier, ou para os amantes do cinema pornô/erótico, “Império dos sentidos” seja uma boa recomendação, pois segue a mesma linha de perversão. Para espectadores mais avançados, com percepções mais aguçadas, recomendo que assistam com o espírito livre de amarras, restrições e preconceitos, para uma melhor experiência cinematográfica.

Império dos sentidos” não deixa de ser um filme corajoso, principalmente pela época em que foi produzido. Se hoje ainda tem o condão de chocar seus espectadores, imaginem na década de 70.  A sétima arte é democrática, abarca qualquer tipo de produção e tem público para todas elas, porém, recomendo que não assistam a esse filme com sua família! Está longe de ser um entretenimento salutar, pois a devassidão e a tragédia estão apaixonadas e caminham de mãos dadas.

O trailer, com legendas em inglês e contendo opiniões de diversos críticos de todo o mundo, segue abaixo.

Adriano Zumba


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