It - Os filmes baseados na obra de Stephen King

A segunda parte da obra recente cinematográfica chegou aos cinemas. Para os desavisados, It: A Coisa e It Capítulo Dois são baseados no livro homônimo de Stephen King

Porém, em 1990 houve a produção It: Uma Obra Prima do Medo, uma mini série televisiva que depois foi compactada em um filme.

Como a história é exatamente a mesma achei que seria uma boa comentar os três filmes em um post só. Então vamos lá.

Sinopse de It


Final da década de 1950; Derry, Maine. Durante as férias escolares George desaparece e depois surge morto, também outras crianças começam a desaparecer. Seu irmão Bill carrega uma culpa por o ter deixado sair para brincar na chuva. Durante o mesmo período ele descobre a amizade e a confiança junto a Ben, Mike, Eddie, Ritchi, Stan e e Beverly. Juntos eles também descobrem o verdadeiro medo ao enfrentarem Pennywise. Quase 30 anos depois eles precisam se reunir novamente para terminar o que não foi finalizado quando a pacata Darry volta a ser aterrorizada por uma onda de mortes.

poster filme it a obra prima do medoIt: Obra Prima do Medo

título original: It
gênero: Terror
duração: 3h 12 min
ano de lançamento: 1990
estúdio: Green/Epstein Productions
direção: Tommy Lee Wallace
roteiro: Tommy Lee Wallace, Stephen King, Lawrence D. Cohen
fotografia: Richard Leiterman
direção de arte: Douglas Higgins

Poster e Ficha Técnica: IMDb


Essa minissérie para TV pode ser encontrada hoje como um único produto visual. Como o encontrei assim, assisti acreditando que se tratava de um filme.

E a partir disso vem a minha maior crítica: a qualidade de produção. Apesar de ter sido produzido em 1990 a qualidade dos efeitos parece de filmes de terror B do começo dos anos 1980. Mas, ao saber que foi feito para TV tudo fica mais claro.

Acredito que o ponto alto desta produção é a fidelidade quase que integral a obra original, até mesmo a ordem dos fatos. No livro as histórias das crianças e dos adultos é intercalada construindo narrativas que se desenvolvem paralelamente. O filme foi feito no mesmo formato e isso agrada bastante aos que são mais puristas.

Poucos detalhes foram cortados fora, como o casal gay que é atacado no início da trama adulta - o que acredito que fosse muito polêmico para a época - e o pacto entre as crianças que acredito não ter como transferir para as telas sem ser problemático.

As atuações não impressionam muito, da parte infantil inclusive me lembraram um pouco obras como "Conta Comigo". Talvez o palhaço seja o mais impressionante, ainda assim, ele tende mais ao grotesco, bizarro e engraçado do que ao aterrorizante.

São mais de três horas, sem nenhum susto, mas muito fiéis a obra original.

Deixo aqui o elenco que o Blogger não me deixou colocar como marcadores: Harry Anderson, Dennis Christopher, Richard Masur, Annette O'Toole, Tim Reid, John Ritter, Richard Thomas, Tim Curry, Jonathan Brandis, Brandon Crane, Adam Faraizl, Seth Green, Ben Heller, Emily Perkins, Marlon Taylor, Jarred Blancard, Michael Cole



poster filme it a coisaIt: A Coisa

título original: It
gênero: Terror
duração: 2h 15 min 
ano de lançamento: 2017
estúdio: New Line Cinema
direção: Andy Muschietti
roteiro: Chase Palmer, Cary Joji Fukunaga, Gary Dauberman, Stephen King
fotografia: Chung-hoon Chung
direção de arte: Claude Paré

Poster e Ficha Técnica: IMDb


Nesta nova produção temos a primeira mudança mais significativa: as histórias das crianças e dos adultos foram divididas. No primeiro filme é retratado apenas a trajetória dos personagens enquanto crianças.

Quando percebi isso pensei: bom que poderão se aprofundar mais nas personalidades de cada e em como a relação foi construída. Me enganei, parcialmente. As personalidades são muito bem desenvolvidas e as crianças estão mais do que de parabéns pelo trabalho que desenvolveram. Ainda que sem contar muito da vida de cada um, suas histórias, trajetórias e sofrimentos estão expressas em cada detalhe do seu comportamento.

Porém, o filme já começa com uma boa parte deles sendo um grupo de amigos. Quem leu o livro sabe o quanto a solidão de cada um é importante para a construção do grupo, além da forma como vão se conhecendo e construindo laços.

Só vemos essa construção a partir da chegada de Ben, Beverly e Mike ao grupo. Talvez isso já resuma o elo de todos eles, mas acredito que poderia ter sido mais desenvolvido. Até porque essa formação do grupo conta com a relação e o contato que cada um teve com o Pennywise.

Outro ponto que me incomodou foi a transferência de grande parte da história de Mike (Chosen Jacobs) para Ben (Jeremy Ray Taylor), deixando um dos personagens mais importantes da trama geral - no livro - quase como secundário. Independente disso, os dois atores mirins fazem um ótimo trabalho.

Finn Wolfhard (Ritchie) não traz tanto as piadas e imitações de voz como no livro, contudo fica claro que é o brincalhão da turma. Sophia Lillis (Beverly) parece bem mais velha que boa parte do grupo, mas traz o mistério necessário à personagem. Jaeden Martell (Bill) talvez pudesse ter um pouco mais de sofrimento na forma de se expressar, mas faz bem o papel de líder, porém é Jack Dylan Grazer (Eddie) que rouba a cena no núcleo infantil como um hipocondríaco.

Do lado dos vilões, Nicholas Hamilton constrói bem o desajustado Henry Bowers, ainda que a trama não desenvolva tão bem seus dramas particulares e Bill Skarsgård constrói o mais aterrorizante e bizarro Pennywise que poderia ser feito, como ele consegue fazer aquele sorriso ou direcionar os olhos para lugares diferentes é um mistério.

Os efeitos especiais são ótimos e toda a construção de fotografia e direção são feitas para te fazer vivenciar o terror que as crianças estão sentindo.


poster filme it capítulo dois
It: Capítulo Dois


título original: It Chapter Two
gênero: Terror
duração: 2h 49 min
ano de lançamento: 2019
estúdio: New Line Cinema
direção: Andy Muschietti
roteiro: Gary Dauberman, Stephen King
fotografia: Checco Varese
direção de arte: Paul D. Austerberry

Poster e Ficha Técnica: IMDb


Em It: Capitúlo Dois passamos a ver a segunda parte da trama, a relação do grupo dos Perdedores Adultos com o Pennywise.

Novamente, não há o que falar dos efeitos especiais, direção ou fotografia. Tudo é construído nos mínimos detalhes para te deixar aterrorizado durante toda a trama, confesso que soltei um berro durante a sessão que fez toda a sala dar risada. 😳

Porém a mudança do enredo, que teve algumas mudanças pontuais no primeiro, foi drástica nesse. Depois da reunião do grupo surge em pauta um ritual. A partir daí me desapeguei da história do livro e entendi que o enredo seria completamente outro. E curti como um filme de terror aleatório.

Sim, durante essa história paralela são inseridas algumas partes originais do livro. E estes pontos aqueciam o coração da fã chata que deseja tudo igual. Mas independente disso a forma como o enredo foi construído foi ótimo e soube aproveitar bem a obra original e o que foi feito no primeiro filme, inclusive intercalando cenas dos adultos e crianças (sem ser flashbacks, cenas novas).

Outro ponto interessante é a do elenco adulto, a impressão que dá é que - além das grandes semelhanças físicas - os dois núcleos trabalharam em conjunto para construir os personagens, pois a atuação dos dois grupos está muito alinhada. Até mesmo Jay Ryan e Jeremy Ray Taylor, que foi o personagem com maior transformação física de uma fase para a outra, se parecem.

Novamente achei que o personagem de Mike não teve a relevância que tem no livro, ainda assim recebeu mais destaque neste filme do que no anterior.

Talvez [SPOILERS/] Desta vez a cena do casal gay foi incluída, ainda assim o pacto das crianças continuou de fora (achei que seria transferido para os adultos mas não ocorreu). Os pares românticos de Beverly e Bill foram completamente ignorados e Henry Bowers (Teach Grant) não teve tanta importância para o enredo. Também o final, que é tão representativo no livro, foi modificado. Todos mantém as memórias e, como não foi utilizada, Audra não corre na Silver junto a Bill. [\SPOILERS]

É um ótimo filme de terror pensado nos mínimos detalhes que homenageia muito bem a obra original, mas se trata mais de uma releitura do que de uma adaptação. Porém, essa minha opinião pouco importa já que claramente foi aprovado pelo autor Stephen King - atenção aos easter eggs!

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