Animal Kingdom tenta ser cool, mas é legal?

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Se você gosta de GTA, aquele joguinho, acho que Animal Kingdom é para você. Se assim como eu, você nunca jogou GTA, talvez também encontre um motivo aleatório para gostar de Animal Kingdom. A série é baseada no filme australiano de mesmo nome, de 2010. E não, não tem nada a ver com o parque da Disney. O reino animal aqui é cheio de testosterona e provas de macheza, e AK é basicamente uma série de homem (e é tão de homem que chega a ser homoerótica) numa Califórnia linda e ensolarada.

Nada disso me chamaria a atenção, não fosse um pequeno detalhe. O motivo para eu acompanhar o piloto foi só um: Scott Speedman, mais conhecido como o Ben de Felicity. A sinopse não me agradou, mas por causa dessa paixão antiga, dei uma chance para a série. Ele era tão bonzinho em Felicity, mas em Animal Kingdom a conversa é outra: homens saltando de paraquedas, roubos, armas, violência desnecessária, violência súbita e imprevisível, surfistas, fugas para o México, carros gigantes, peitorais, muita droga e sexo, tatuagens no cóccix, drinques no meio da tarde, carreiras de cocaína cheiradas em família, perseguições policiais. Tudo o que você vê num filme como Velozes e Furiosos, também vai encontrar aqui em Animal Kingdom. Parece uma porcaria, e no fim das contas eu sei que não sou o público-alvo, mas aconteceu alguma coisa ali no meio que fez a série ficar interessante. Eu sou a primeira pessoa a desistir de filmes e séries com um universo tão masculino. No início achei que era só a inércia de continuar vendo homens lindos e descamisados numa fotografia bonita, mas depois percebi que apenas isso não me faria continuar acompanhando uma série cheia de clichês de machinho. O que me fez continuar, então? Eu acho que eu fui cativada pela história e pelo cenário paradisíaco.

Joshua (chamado de J. para parecer mais malandro) é um garoto que se vê sozinho depois que a mãe morre de overdose. Sem saber do pai e sem outra opção, ele entra em contato com a avó materna, que ele não vê há muito tempo, e vai morar com ela. Smurf ( a única mulher entre vários homens é ironicamente chamada de Smurf) é uma avó que não lembra em nada uma senhora maternal. Ninguém a chama de mãe, e em alguns momentos paira uma dúvida sobre o relacionamento dela com os filhos –  tem um ar incestuoso sobre as cabeças de todo mundo. Assim, J. vai morar numa casa grande com a avó e os quatro tios. Três muito bonitos, entre eles o Scott Speedman, e um com cara de maluco. Eles são jovens e trabalham para Smurf. E qual é o trabalho? Realizar roubos grandes, planejados vagarosamente, e de ótimo rendimento. Daí a explicação para casas boas e carros de luxo. Assim que o menino novo chega se vê incluído nos planos de Smurf, e a ideia de Animal Kingdom é nos interessar em saber se o novato vai se deixar levar pela vida fácil da família.

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Longe do alcance da mamãe Smurf eles não são tão maus

Nos cinco episódios que eu assisti (são dez no total, e a série já foi renovada para uma segunda temporada), J. foi o personagem que menos me interessou. Ele é o menino perdido e de poucas palavras, bem ao estilo de uns filmes com Mark Wahlberg. Baz (Scott Speedman, hehe) foi quem mais de deixou curiosa. Ele é o único filho adotivo de Smurf, e parece ser o único homem razoável da série, mas a cada episódio isso é botado em dúvida e pode ser que ele seja o capeta em forma de homem bonito. Tem um certo suspense sobre o passado dessa família, e foi isso que me capturou.

Mas a série também sustenta essa história através de cenários estonteantes. Como eu disse, GTA está ali em cada cantinho. Eu não joguei, mas tal qual uma fumante passiva vi muito do jogo, e posso dizer que toda cena externa carrega uma gotinha de GTA. Depois de uma discussão entre irmãos, nada melhor do que entrar no carro e rodar por ruas charmosas enquanto o sol se põe. Depois de uma falcatrua que deu errado, o remédio é andar de bicicleta até chegar na praia num belo dia ensolarado. Difícil largar uma série assim. Parte da experiência é estar naqueles lugares. Enquanto a história, as locações e Scott Speedman continuarem me cativando eu vou continuar assistindo.

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