quinta-feira, 14 de novembro de 2019

As Panteras | CRÍTICA


Por mais que botar um trio de beldades em ação já era coisa de quarenta anos na versão seriada de Charlie's Angels estrelada por Jaclyn Smith e Farrah Fawcett, foram os dois filmes dirigidos por McG e protagonizados por Cameron Diaz, Lucy Liu e Drew Barrymore que ficaram no imaginário do público jovem enquanto o subgênero da espionagem se adaptava ao novo milênio com um apelo maior por músicas pop e uma predileção ao espetáculo explosivo típico do diretor que tanto despontou em filmes do tipo na década passada. Em uma Hollywood sempre favorável ao conforto dos reboots, a ideia de um jovem elenco assumindo o posto de personagens queridas pelos espectadores (mesmo sendo uma franquia que nunca foi tão aclamada ou popular assim) sempre gera uma desconfiança (senão antipatia) aos mesmos, mas acaba que a nova roupagem da diretora Elizabeth Banks para As Panteras se faz melhor do que o esperado na divisão entre a ação e a comicidade.

Surpreendendo por respeitar todo o legado da franquia ao inserir não só o tema original, mas como referências e Easter eggs das produções passadas no intuito de constituir com afinco o universo ao redor da agência Townsend e seus tantos Bosleys e o omisso Charlie, ainda assim, este As Panteras não deixa de ser uma história de origem enquanto esbanja as competências femininas também roteirizadas por Banks. Em uma trama que envolve tecnologias perigosas, assassinos ardilosos e viagens internacionais de sobra, conhecemos Sabina (Kristen Stewart), Jane (Ella Balinska), os Bosleys interpretados por Patrick Stewart, Djimon Hounsou e Elizabeth Banks enquanto a cientista Elena (Naomi Scott, a Jasmine de Alladin) corre apuros por saber mais do que deveria enquanto não tarda seu anseio em se tornar uma pantera.


Com um número admirável de sequências de ação embaladas por uma seleção de músicas prontas para animarem qualquer festa, incluindo o hit recente 'Don't Call Me Angel' que juntou Ariana Grande, Miley Cyrus e Lana Del Rey, a verdade é que são justamente os diversos momentos de alívio cômico que melhor funcionam no longa. Enquanto Ella Balinska desponta nos quesitos luta e tiro, e que a reticência imposta ao papel de Naomi Scott tenha lá sua justificativa, é Kristen Stewart que surpreende por desapegar de seu semblante entojado dos filmes cult (muito bons, entretanto) que atuou nos últimos para então surgir aqui como uma mulher sensualíssima (vide a primeira cena no Rio de Janeiro) e que se diverte pela falta de filtro de sua personagem, garantindo boas risadas da audiência e um futuro promissor no gênero. Já Sam Caflin (Como Eu Era Antes de Você) e Noah Centineo (Para Todos os Garotos que já Amei), galãs populares entre a mocidade, parecem deslocados pelo texto que lhes dão importância apenas no último momento. 

(©Sony Pictures/GIPHY/Reprodução)

Reverente nas cenas que envolvem disfarces engraçadíssimos (é aí que vemos Kristen com uma disposição ímpar para tudo) e por jogar com o espectador acomodado com o carisma dos atores coadjuvantes nas reviravoltas menos esperadas, pode-se dizer, portanto, que este novo As Panteras tem tudo o que o público busca para saciar sua cota semanal de entretenimento (apesar dos efeitos visuais econômicos…) e, mais ainda, se reafirmar como uma franquia que tem tudo para abraçar a nostalgia e garantir seu futuro e divertido êxito – as várias cenas pós-créditos provam isso.




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