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"Night on Earth", lançado em 1991 e dirigido por Jim Jarmusch, é uma obra cinematográfica intrigante, peculiar, marcante e única que retrata uma série de histórias interligadas que ocorrem durante viagens de táxi em diferentes cidades ao redor do mundo. Com seu estilo característico e narrativa fragmentada, o filme nos leva a uma jornada noturna pelas ruas de cinco cidades diferentes ao redor do mundo, explorando os encontros e as histórias dos taxistas e passageiros durante uma única noite. No entanto, apesar da premissa interessante, o filme pode deixar o público dividido.
Uma das características distintivas do Jim Jarmusch, em "Night on Earth", é a sua habilidade de capturar a essência e a diversidade das cidades em que se passa. Desde Los Angeles até Nova Iorque, de Paris a Roma, de Helsinque a uma sombria noite de inverno em uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos, Jarmusch consegue transportar o espectador para cada uma dessas localidades com autenticidade e uma sensação de realismo pungente.
O elenco é uma das grandes forças do filme, com atores como Winona Ryder, Gena Rowlands, Armin Mueller-Stahl, Isaach De Bankolé e Roberto Benigni, que entregam performances marcantes e convincentes. A habilidade de Jarmusch em dirigir seu elenco, juntamente com seu roteiro afiado, proporciona momentos de humor, melancolia e reflexão ao longo da narrativa.
Além disso, a cinematografia de Frederick Elmes complementa perfeitamente a atmosfera noturna do filme, capturando a beleza e a solidão das cidades enquanto os táxis cruzam ruas vazias e iluminadas apenas pelos faróis dos carros. A trilha sonora de Tom Waits também é um elemento crucial para criar a ambientação única de cada cena.
Jarmusch tem um estilo distintivo e minimalista, e isso se reflete em "Night on Earth". O filme apresenta diálogos sutis e uma abordagem contemplativa, permitindo que o espectador mergulhe na atmosfera das cidades retratadas. Essa abordagem é refrescante e proporciona momentos de reflexão, mas também pode ser frustrante para aqueles que buscam uma trama mais tradicional e envolvente.
É possível argumentar que a narrativa fragmentada do filme pode não agradar a todos os espectadores. Com cinco histórias distintas acontecendo simultaneamente, algumas delas podem parecer mais envolventes do que outras, levando a uma sensação de desconexão. No entanto, essa abordagem também pode ser interpretada como uma representação da diversidade e da imprevisibilidade da vida urbana.
Embora as histórias sejam interessantes por si só e os atores entreguem performances convincentes, a narrativa fragmentada e episódica pode dificultar a conexão emocional com os personagens. Além disso, a falta de um fio condutor claro pode deixar alguns espectadores desorientados e em busca de uma estrutura mais coesa.
Apesar desses pontos considerados negativos no interior da experiência de alguns expectadores, "Night on Earth" é uma experiência visualmente cativante, com uma cinematografia impressionante que captura as nuances e os contrastes das diferentes cidades. A trilha sonora também desempenha um papel importante na criação da atmosfera, adicionando uma camada essencial de imersão.
No geral, "Night on Earth" é um filme que certamente apela para os fãs do estilo autoral de Jarmusch e para aqueles que procuram uma experiência cinematográfica contemplativa. No entanto, para os espectadores que preferem uma narrativa mais convencional e uma conexão emocional mais profunda, o filme pode deixar a desejar.
Em resumo, Jim Jarmusch nos agracia com uma obra que mergulha nas nuances da vida noturna e nos convida a conhecer personagens peculiares e complexos em diferentes partes do mundo. Com sua atmosfera única, performances memoráveis e uma visão de mundo ímpar, Jim Jarmusch nos presenteia com uma obra cinematográfica que permanece relevante e cativante até os dias de hoje. Com um elenco talentoso, humor sutil e uma cinematografia evocativa, o filme nos oferece uma visão intrigante da humanidade em suas várias facetas e emoções. É um convite para embarcar nessa jornada noturna pela humanidade, explorando a solidão e a conexão que coexistem nas metrópoles do mundo.
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"Videodrome", dirigido por David Cronenberg, é um filme de 1983, considerado uma viagem perturbadora pela obscuridade tecnológica, que mergulha profundamente na relação entre tecnologia, voyeurismo e distorção da realidade. Com uma abordagem perturbadora e visualmente impactante, o filme se destaca por sua atmosfera opressiva e visão distópica da sociedade contemporânea.
Um dos pontos positivos de "Videodrome" é a habilidade de Cronenberg em criar uma experiência sensorial intensa. A direção de arte, com seu uso de cores sombrias e tons frios, contribui para a construção de uma atmosfera claustrofóbica e desconcertante. O diretor também usa de maneira brilhante efeitos práticos para retratar a transformação física dos personagens, criando imagens grotescas e perturbadoras que ficam gravadas na memória do espectador.
Outro aspecto positivo é a crítica social abordada no filme. "Videodrome" questiona a influência dos meios de comunicação de massa e como eles podem moldar nossa percepção da realidade. Através da trama, Cronenberg expõe os perigos da obsessão pelo voyeurismo e pela violência televisiva, antecipando questões relevantes na era digital em que vivemos atualmente. Essa abordagem profética e provocativa faz com que o filme mantenha sua relevância mesmo décadas após seu lançamento.
No entanto, "Videodrome" também apresenta alguns pontos que, para quem não conhece o cinema de Cronenberg, podem ser considerados muito confusos. A narrativa, embora rica em simbolismo e conceitos intrigantes, pode ser confusa e difícil de seguir em certos momentos. Uma das características mais marcantes do diretor, representada com maestria aqui, se relaciona à habilidade incrível que Cronenberg tem de construir camadas de realidade que se misturam, fazendo com que as linhas entre a fantasia e a realidade, o delírio e a sanidade, se tornem turvas, o que pode alienar parte do público e causar certa frustração.
Além disso, algumas cenas de violência explícita e imagens perturbadoras podem ser excessivas para alguns espectadores mais sensíveis. Embora esses elementos tenham um propósito dentro do contexto do filme, eles podem dificultar a apreciação da obra por um público mais amplo.
No geral, "Videodrome" é um filme provocador que desafia as convenções narrativas e explora temas pertinentes à nossa relação com a tecnologia e a mídia, de maneira fulminante e, ainda, tão atual. Embora possa ser uma experiência desconfortável e desconcertante, a visão distópica de Cronenberg e a atmosfera opressiva do filme o tornam uma obra singular e inesquecível para os amantes do cinema de horror e ficção científica. Vale demais a revisita!
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Adriano Silva 🎬
Pois é meu amigo, eu achei muito foda a tua descrição de perfil. Depois dá uma olhada na minha.
Porra, Racionais é foda demais, tá loco. Que bom que você curtiu o meu texto sobre os caras. É uma parada muito intimista pra mim.
Tamo junto meu brother. -
Adriano Silva 🎬
Caraio brother...muito foda a sua descrição de perfil. Achei fooooda!
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vagnerfoxx
É Nóis brother!! Que dá hora! Pra mim vai ser uma honra! Também olhar a sua! Valeu!
"O Rei de Nova York", dirigido por Abel Ferrara e lançado em 1990, filme que eu via direto no saudoso Intercine da Globo, logo após o Programa do Jô, e sempre ficava fascinado com a estética estilizada, quase cyberpunk, como já mencionado, e a sua atmosfera crua e visceral. É um filme que mergulha nas profundezas do submundo do crime da cidade de Nova York. O que o Abel Ferrara faz aqui é nos apresentar uma visão sombria e implacável do poder, da ganância e da corrupção que permeiam a vida dos protagonistas.
Christopher Walken entrega uma atuação magnética como Frank White, parece o cocheiro do Drácula, caso ele fosse da máfia. Trata-se de um chefão do crime recém-libertado da prisão que tenta reafirmar seu domínio sobre o cenário criminal e sobre as atividades espúrias e obscuras realizadas no interior do submundo de Nova York. A performance de Walken é hipnotizante, transmitindo a complexidade e a frieza do personagem de maneira impressionante, que ator maravilhoso! É sempre uma felicidade revisitar alguns de seus filmes.
Além disso, a direção do Abel Ferrara cria uma atmosfera crua e perturbadora, retratando a violência de maneira visceral e gráfica. A cinematografia e a trilha sonora intensificam a sensação de decadência e desespero que permeia o filme, através da atmosfera pesada, sombria, suja, lúgubre e obscura, da Nova York dos anos 90.
No entanto, "O Rei de Nova York" também recebe críticas por sua narrativa um pouco fragmentada e pela falta de desenvolvimento de alguns personagens secundários, que muitas vezes parecem estar lá apenas para servir ao enredo principal ou somente pra dar risada e ficar acenando com a cabeça e ser completamente inútil para o desenvolvimento da narrativa. Além disso, o filme não poupa o espectador de cenas brutais e chocantes, um tipo de abordagem que, para mim, é muito bem-vinda, mas pode ser um obstáculo para aqueles que não estão acostumados com essa pegada.
No meu ponto de vista, "O Rei de Nova York" é um filme polarizador que cativa pela sua energia crua e performances marcantes, mas também pode alienar alguns espectadores pelo seu retrato implacável e estilizado da violência que permeia o submundo do crime. É um filme que oferece uma visão sombria e realista da vida nas sombras da cidade, que nos faz questionar os limites da moralidade e do poder.