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Últimas opiniões enviadas

  • Elvis Lins

    Eu sou suspeito para falar de Richard Linklater, sendo um fã fervoroso de todo o talento que ele conduz com seus diálogos, crises e discussões descarregadas na tela.

    Boyhood não se sustenta apenas pela sua inovação em trazer o amadurecimento de uma pessoa em tempo real (acredito até que este fator seja o motivo de tanto desprezo e pela grande quebra de expectativa sob o filme), mas demonstra com sucesso que o tempo é algo que realmente nos faz mudar, crescer e evoluir. Tantos momentos incríveis são retratados no filme que trazem a tona inúmeros instantes de nostalgia que se estendem por toda as quase 3 horas, principalmente pra quem nasceu em meados dos anos 90. Repletos de diálogos existenciais e interessantes, ao longo do filme vimos que nada é por acaso, que tudo o que vivemos nos agrega, de alguma forma (pelo jeito a nostalgia me fisgou no tempo verbal, me incluindo no filme também). A grande discussão constante que ouvimos de nossos pais sobre estabilidade e trabalho (os baby boomers) é também presente aqui, em contraste com as novas gerações, que buscam e pensam coisas completamente diferentes, como a busca pela função de nossa existência no mundo.

    Nota-se também como o mundo, mesmo sem saber ao certo porquê, tenta moldar a excentricidade e as singularidades desta nova geração, sempre buscando rejeitar e criticar as novas tendências e pensamentos. Dessa forma, ao crescer percebemos que há a necessidade de seguir um roteiro, fazer os deveres de casa, se formar, conseguir um emprego e se firmar na vida. Entretanto, este modelo de vida é questionado por Mason, que inclusive confronta professores, familiares, etc. Neste aspecto, acredito que este modelo universitário funciona como um meio de padronização de indivíduos que tende exportar à sociedade pessoas como as mesmas opiniões e gostos.

    Algo que eu sempre gosto de rebater é como certas pessoas assistem ao filme como esse, que recebeu uma grande expectativa por sua técnica inovadora. Bem, eu acredito que pra analisar um filme temos que tirar quaisquer expectativas, bem como qualquer subjetividade em analisar o filme: ir ao cinema com a cabeça vazia.

    Também é preciso ter cuidado com rótulos. Já ouvi histórias como "só a trilha sonora vale a pena" e "filme longo, só serve pra dormir". Quanto a isso tenho uma coisa a dizer: essa nova geração, acostumada com a facilidade e rapidez em receber informações, fast-food (e todos os outros campos que facilmente poderia ser adaptados com o prefixo "Fast"), tem uma necessidade enorme - e infelizmente esta vem se tornando quase um fator biológico (email novo e o fluxo de dopamina no cérebro) - em querer as informações pra agora. Combinando então o tesão pela informação instantânea com a falsa expectativa do filme, temos como resultado boa parte dos expectadores com o celular na mão dentro do cinema, fitando olhares alternados para o filme, esperando por um climax ou algo extraordinário, seja lá como for, na busca de acontecimentos que ao ver destes, se ocorresse não qualificaria o filme como um “conjunto de nada”. Rotular um filme deste modo é algo grosseiro e nojento, sem falar em preguiçoso. As vezes penso que em breve todos os grandes clássicos do cinema conhecidos pelas longas horas de duração, como por exemplo Poderoso Chefão, serão rotulados como entediantes ou enfadonhos.

    Da mesma forma que nossas vidas são recheadas de momentos que a priori parecem não significar nada, o filme traz momentos que são capazes de incorporar na vida das personagens, na medida em que colaboram na sua transformação pelo tempo, seja no presente ou no futuro.

    Enfim, é um filme que vale a pena ser apreciado pela sua essência, e não pelo seu sucesso. Acredito que por estar na corrida do Oscar, este filme tomou repercussão demais, e como sendo um filme do Richard Linklater, que é conhecido por ter uma abordagem diferente do padrão hollywoodiano, pode ser visto por maus olhares pelo expectador comum, desacostumado com sua forma de retratar a realidade.

    Quanto ao último diálogo, acho que só o fato da câmera sutilmente se estabilizar, dando uma impressão de equilíbrio e harmonia, diz muito acerca das escolhas tomadas por Mason durante toda sua vida.

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