Felipe Avelar

Rian Johnson eu te amo!

Que filmão! pra mim não existe outra palavra para definir Glass Onion. é impressionante como quase duas horas e meia passaram voando nesse filme, onde o ritmo trabalha perfeitamente o dinamismo das cenas para que a trama nunca perca o folego o suficiente para ficar desinteressante. É realmente um trabalho primoroso de edição, montagem e direção. Fazer um filme de quase duas horas e meia onde sua atenção e envolvimento da trama não se perca por quase toda a trama é realmente um trabalho primoroso.
Glass Onion é sim um tanto quanto inferior ao Knives Out, mas ele está longe de ser um filme ruim ou medíocre, muito pelo contrário. Onde existe a queda aqui com relação ao primeiro filme, no caso o roteiro, esse filme melhora e evolui em alguns aspectos com relação ao antecessor. Por exemplo, a direção e ritmo que pra mim é uma clara evolução, se no primeiro filme a trama demorasse um pouco para engajar de vez até chegar naquele dinamismo sensacional, em Glass Onion temos uma trama que logo de cara já nos coloca dentro dessa estória e esse universo em geral. Devo destacar que esse filme funciona mais para aqueles que já viram o primeiro e já estão introduzidos e familiarizados com esse universo, o que torna a experiência de Glass Onion ainda melhor.
O personagem de Daniel Craig é simplesmente fenomenal, o ator pode encontrar seu novo papel duradouro após sua recente despedida como James Bond em No Time To Die, aqui o ator é o de fato o protagonista da trama, diferente do primeiro filme onde ele era apenas um coadjuvante de muito peso. Mas, tendo mais destaque e tempo em tela o ator pode desenvolver e trabalhar ainda mais o seu personagem, que ao mesmo tempo que tem essa pegada cômica e misteriosa é de fato um personagem divertido e que é perfeito para conduzir esse tipo de trama, o ator está visivelmente mais à vontade no papel e desenvolve mais camadas do seu personagem.
Dentre todo esse elenco maravilhoso é valido destacar o Edward Norton que está divertidíssimo aqui nesse papel fazendo uma caricatura obvia de Elon Musk, o que eu particularmente achei genial. Dave Bautista mandando bem como sempre e provando cada vez mais sua versatilidade como ator.
Dentre os destaques temos que mencionar o trabalho de Janelle Monáe, que performance maravilhosa. Rica na sutilidade em cada detalhe da personagem, o quão interessante é de acompanhar o mistério por de trás dela, e como o filme a atriz vai quebrando e revelando esses mistérios aos poucos. É talvez a segunda melhor atuação no filme.
Glass Onion é divertido é despretensioso, é uma trama inteligente que transforma o simples em grandioso e o clichê em novidade, a direção de Rian Johnson é espetacular e muito bem conduzida, é um pouco inferior ao primeiro, porém não menos divertido e bem executado. É um prazer acompanhar essa trama e entrar nesse universo mais uma vez, é uma viajem deliciosa que dura quase duas horas e meia mas que parecem quarenta minutos. Eu veria fácil mais uns cinco filmes nesse universo sádico e tragicômico do Rian Johnson, mal posso esperar para o terceiro filme.

Glass Onion - 2022
Nota: 8.7/10

Um filme extremamente injustiçado! Halloween 3: noite das bruxas é um filme esquecido pelos fãs do horror e odiados por muitos fãs da franquia Halloween. O filme criou hate por conta da ausência do personagem Michael Myers e por fugir da proposta da franquia que já estava consagrada após o segundo filme lançado em 1981. Pois bem... isso faz com que Halloween 3 seja um filme ruim? Não! Se esse filme for visto com outros olhos, como um filme aparte da franquia de Michael Myers, Laurie Strode e Dr. Loomis, esse filme funciona por si só. Com uma premissa interessante e uma estética semelhante aos filmes de John Carpenter, Halloween 3 se torna um filme descente com momentos tensos e explicitamente a cara dos anos oitenta.
Apesar da trama parecer boba e infantil, o filme consegue segurar bem o suspense e mistério com uma boa direção e um bom ritmo em seus dois primeiros atos. Halloween começa bem com uma subtrama interessante o suficiente para causar tensão e curiosidade, o filme acompanha o personagem Dr. Daniel interpretado pelo bom Tom Atkins investigando a fabrica de mascaras Silver Shamrock, após um incidente ocorrido em um hospital na qual ele trabalhava. Toda a questão investigativa do filme é interessante, com o Dr. chegando em uma típica cidadezinha estranha de filme folk horror, na qual tudo e todos parecem ser extremamente suspeitos. O filme peca em não explorar mais esse ambiente como um todo, seria uma alternativa interessante para trabalhar mais o suspense do filme. Mas ao invés disso o filme aposta numa tentativa clichê de construir um romance para o filme, uma tentativa boba de fazer com que a gente se importe com a personagem Ellie, interpretada mediocremente pela atriz Stacey Nelkin. A personagem não tem carisma e o Plot Twist final revelando que ela na verdade era um droid não tem sentido e não causa impacto, pois não havia indícios durante o filme inteiro de que ela um droid, Parece apenas uma decisão tomada de ultima hora para causar impacto... uma tentativa muito mal sucedida.
Temos em Halloween 3 um bom vilão, mesmo sem ter nenhuma motivação concreta e que faça sentido além de querer fazer o mal por puro sadismo, o vilão ainda consegue ser chamativo e empedrador, interessante me melhor das hipóteses.
A trilha sonora do John Carpenter é muito boa, relembrando a estética dos filmes de horror oitentistas, uma trilha sintética e tensa. a fotografia do filme também é muito boa, apesar das cenas noturnas parecerem escuras de mais, em cenas durante o dia o filme emula o estilo do John Carpenter; com takes longos sem cortes, ângulos de câmeras claustrofóbicos e takes abertos causando a sensação de desolação. Esse filme parece mais um filme B do John Carpenter do que um filme da franquia Halloween. O filme também tem uns lances de edição bem criativos, como quando ele brinca com a trilha sonora diegética em uma certa cena envolvendo o próprio filme original da franquia.
Um dos grandes defeitos desse filme pra mim é o terceiro ato, é onde o filme se torna apressado de mais, e parece fugir da ideia criada pelas duas primeiras partes, a resolução na fabrica parece um pouco quanto boba e fácil de mais. O elemento "sobrenatural' do filme não funciona muito bem e sem contar o Plot mal feito da Ellie ser um robô. Mas a cena final do filme é boa, fazendo o filme acabar de uma forma sádica.
Em geral Halloween 3 é um filme muito criticado e injustiçado, apenas por ser um filme a parte em uma franquia já consagrada. Se for visto dentro da franquia ele é desnecessário, mas visto como um filme aparte é um bom filme dos anos oitenta com a cara dos anos oitenta.
Nota: 6.8

QUE VENHA A ULTIMA TEMPORADA!