Mayara Angelim

Muito amor por esse filme <3

Este filme é delicado e brutal ao mesmo tempo, fala sobre fé, compaixão, família, preconceito, magia...

A linhagem ancestral e o significado dos sobrenomes são detalhes essenciais para entendermos o universo da história. Um menino de coração puro e uma curiosidade e coragem avassaladoras, o pequeno Antônio que tem um pai 'Marez' e uma mãe 'Luna', compreende a dualidade da sua origem: a inquietação do mar ou os ciclos demarcados da lua, qual dessas linhagens determinará suas escolhas no futuro?

Seu encontro com Ultima (ou Grande, como também é chamada) enriquece seu mundo com o respeito que ela lhe ensina a ter pela natureza e a disposição sincera de ser uma CURANDEIRA.

Podemos reconhecer nesse filme muito do Xamanismo e do Sagrado Feminino e compreender porque as mulheres bruxas (no sentido original do termo, que é de uma pessoa que está alinhada com a natureza e conhece parte de seus mistérios para fazer o bem) foram tão perseguidas pelas religiões patriarcais, que buscavam a dominação e ignoravam os poderes da intuição e da sabedoria que as mulheres carregam por serem cíclicas.

Eu facilmente chamaria Ultima de uma bruxa, ela tem todos os arquétipos necessários: sabedoria de ervas e práticas de cura, intensa ligação com um mundo invisível, intuição apurada e, como adicional mágico, seu animal de poder é uma coruja real. Mas no contexto do filme, como consequência da perseguição secular das bruxas, esta alcunha virou ofensa e fica fácil reconhecer as chagas que o patriarcado imprimiu na sociedade, além das distorções que pessoas fazem de rituais e chamam a isso de bruxaria.

Enfim, este filme se tornou um de meus preferidos. Próximo passo é ler o livro que o inspirou =)

Leve, simpático, comovente, algumas vezes inacreditável.
Um filme revigorante e inspirador.