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Últimas opiniões enviadas

  • Alex Vieira

    Certa vez perguntaram a Kar-Wai Wong qual conselho ele daria para quem ambiciona fazer filmes. “Peguem numa câmara”, ele disse. A simplicidade e a informação contida na sua resposta não me pareceram tão verdadeiras até ver “Chung Hing sam lam”. Nunca vi o cineasta tão desprendido da sua típica delicadeza formal. Abordando o amor (e a falta dele) como tema principal da obra, ele encontra-se aqui livre como um pássaro.

    Este é um filme pouco pensado e que, nos seus melhores momentos, respira. É sobre He Zhiwu (Takeshi Kaneshiro) e uma mulher que usa uma peruca loira e uns óculos de sol vermelhos (Brigitte Lin). Ele é polícia e ela gere um negócio de narcotráfico. À primeira vista, esta parece-nos uma história sobre uma inesperada união, seguida de um intenso jogo de gato e rato, assim que os protagonistas descobrem o que um e outro fazem da vida. Mas o convencional e o esperável não moram na arte de Kar-Wai Wong. E, assim, na segunda metade da metragem, passamos a acompanhar um casal diferente – um outro polícia (Tony Leung) e Faye (Faye Wong), uma empregada de bar que gosta de ouvir música alta.

    Os personagens são bastante abertos, expressivos, cómicos. Numa determinada cena, é-nos narrado que Zhiwu comeu 30 latas de ananás. Digo “é-nos narrado”, porque nós nunca vemos isto efetivamente a acontecer. E este é o maior problema de “Chung Hing sam lam”. O facto de que Wong não se contenta apenas com imagens, diálogos e comportamentos. Ele exige um relato que tudo o que faz, na verdade, é prejudicar a experiência, tornando-a mais cansativa e menos misteriosa ao explicar banalidades como o motivo pelo qual certo personagem decidiu correr de manhã.

    Não me interpretem mal. Eu não sou contra a narração no cinema. O meu filme favorito, “A Clockwork Orange” (1971), tem um narrador constantemente presente. Mas funciona, porque o protagonista que vemos é relativamente diferente do protagonista que ouvimos. É o discurso de Alex que nos manipula e que o torna num anti-herói. É uma narração absolutamente essencial e que abre toda uma nova dimensão de ideias e sentimentos. O filme depende dela.

    O Kar-Wai Wong partilha muitas semelhanças com outro mestre do uso da narração: Terrence Malick. Porém, Wong jamais consegue transcender o significado das suas belíssimas imagens ao usar o poder da palavra como o realizador norte-americano consegue. Porque tudo o que a câmara capta já devia falar por si. Por isso, quando testemunhamos o caos urbano de Hong Kong e nos deparamos em quartos desarrumados, sabemos que tudo isto serve como uma extensão do estado mental embriagado dos personagens. Este é um filme superpopulado, abarrotado, e que até faz bom uso disso.

    Nos anos 60 e 70, o cinema de Hong Kong celebrou-se por produzir musicais coloridos de estúdio e filmes de ação meticulosamente coreografados. Mas com a vinda de cineastas como Kar-Wai Wong, as obras da região apresentaram-se mais pessoais, livres e mundanas. Em vez de guerreiros armados da cabeça aos pés, os heróis passaram a ser seres humanos comuns que andam de cuecas em casa.

    A rodagem de “Chung Hing sam lam” durou 23 dias. Wong escrevia as cenas horas antes de as filmar. Esta sua espontaneidade por vezes consegue tornar o ordinário em algo extraordinário (“Faa yeung nin wa”, “Do lok tin si”). Porém, quando Wong pegou na câmara para fazer “Chung Hing sam lam”, o resultado não pediu por uma dose “extra”.

    Crítica publicada no Cinema Pla'net ("Chungking Express – Cinema espontâneo", Jan. 27, 2019).

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  • Alex Vieira

    Quando vi "Hotaru no haka" (1988), senti-me miserável. Eu já havia chorado ao ver filmes, mas não estava a espera de soluçar e de acabar a sessão com um monte de lenços ao meu lado. Não estou a brincar. Passei 70% do filme a verter lágrimas e a ter dificuldades respiratórias! A minha mãe ficou seriamente preocupada ao ver a minha cara vermelha e inchada de tanto sofrer.

    Na animação japonesa, um rapaz e a sua pequena irmã lutam para sobreviver durante a Segunda Guerra Mundial. Vê-los desamparados, esfomeados, esqueléticos, no meio daquele caos deixou-me emocionalmente abatido. Especialmente porque me vi a mim e a minha irmã na figura dos personagens principais. A dor deles tornou-se a minha dor. Por momentos, experienciei o que é viver (e tentar sobreviver) na miséria. E tal experiência mudou a minha vida.

    Lançado três anos antes, "Idi i smotri" também é um convite indesejado, mas que nos transforma como humanos. Certa vez, na Bielorússia de 1943, Florya (Aleksey Kravchenko), um jovem rapaz, está a cavar, encontra uma espingarda e decide juntar-se à Guerra. O pai já lá está e a mãe fica desesperada ao saber que o filho quer seguir o mesmo caminho. Em princípio, Florya sente-se animado ao divertir-se com os outros soldados. Mas depois estes deixam-no para trás, juntamente com uma moça, Glasha (Olga Mironova). Ambos jovens, indefesos, passam a experienciar a Guerra em primeira pessoa.

    Esperadamente, este é um filme difícil também para nós, espectadores. Uma das cenas mais angustiantes é desprovida de qualquer violência. Nela, Florya e Glasha têm que atravessar um pântano de lama. A banda sonora é desconcertante e anuncia o caos que está por vir. O plano é cruelmente longo. A fisicalidade do momento é impressionante. É a perfeita representação dos esforços e do declínio de uma geração marcada por um conflito terrível e infeliz.

    Suportado pela cinematografia de cores mortas do Aleksei Rodionov, o realizador Elem Klimov opta por uma estética pessimista para nos apresentar um retrato cru sobre um dos momentos mais célebres da História da Desumanidade. Num certo momento, um soldado da SS pega Florya pelo colarinho e aproxima-o da câmara. Ele quase olha para nós. Observar o seu rosto é testemunhar o sofrimento de uma criança inocente. E não podíamos sentir mais miseráveis como humanos face a tanta falta de humanidade.

    Aleksey Kravchenko vive Florya de uma forma dolorosamente verdadeira. Diz-se que o cabelo do ator foi ficando grisalho ao longo das filmagens. Mito ou realidade, o personagem, de facto, parece envelhecer perante os traumas de guerra que experiencia, o que só torna tudo ainda mais assustadoramente autêntico. E posso dizer convictamente que não me recordo de ver uma performance tão profunda e honesta por parte de um intérprete infantil.

    "Ivanovo detstvo" (1962) é outra grande obra russa sobre uma criança que vive durante a Segunda Guerra Mundial. Mas o filme de Andrei Tarkovsky assemelha-se mais a uma experiência esotérica e poética do que propriamente a uma representação legítima da crueldade humana, que até nos faz pensar no real significado do Terror como género cinematográfico. E ao passo que "Hotaru no haka" me deixou encharcado de lágrimas, "Idi i smotri" deixou-me simplesmente pálido, perturbado.

    No entanto, obras de arte como estas são essenciais. Educam-nos. Fazem-nos odiar guerras. Tornam-nos pessoas melhores através do pior exemplo.

    Sofremos para não querermos sofrer mais.

    Crítica publicada no Cinema Pla'net ("Vem e Vê - O trauma de uma geração", Jan. 15, 2019).

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  • Alex Vieira

    Não consigo resistir a um “filme de estrada”. É-me impossível.

    O duo principal traz o melhor de “Green Book”. O Viggo Mortensen vive um homem que come demasiado, e o Mahershala Ali um pianista sofisticado. Tony e o Dr. Shirley desenvolvem uma bonita amizade. As conversas que eles têm são imensamente envolventes. Adorei-as.

    Claro que esta é uma bela surpresa vinda de um nome como o do Peter Farrelly. Eu gostei da experiência. Sem dúvida alguma. Mas acho que este não é um dos melhores filmes de 2018. A maneira como aborda as questões raciais é por vezes óbvia, por vezes repetitiva.

    Há uma cena em que o Dr. Shirley vê um campo. Homens negros trabalham nele. Há contacto visual de um lado e de outro. É um momento de silêncio - e que não é novamente mencionado ao longo do filme.

    Essa é uma excelente cena. Porque ela fala por si só. Infelizmente, é uma exceção também.

    Mas eu percebo o “buzz” que “Green Book” está a receber. É um “filme Oscar”. É o “Hidden Figures” deste ano. Não é um “Moonlight”.

    Mesmo assim, esta é certamente uma viagem a não perder.

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  • Leroy Green
    Leroy Green

    Boa noite! Somos amigos no Filmow e também somos apaixonados por cinema, por isso gostaria de você para conhecer meu canal no youtube onde eu falo sobre filmes

    https://www.youtube.com/watch?v=aHlVe6ubd_A

  • Luciano M.
    Luciano M.

    Teu comentário sobre o The Disaster Artist é a coisa mais fantástica que eu li ali, entre muitos outros comentários desmerecendo o Franco e etc, mas é aquilo, o cara fez uma obra absolutamente genial, ele captou totalmente a essência do Tommy Wisceau, ele viveu o Tommy Wisceau por completo e aquilo foi lindo pra caralho.

  • H
    H

    Realmente uma lista incrível de filmes indispensáveis e curti muito suas observações sobre o filme Os 12 Macacos!!!! Add aí.... :)

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