100 anos deste clássico do cinema mudo que inspirou e mudou a forma de fazer longas metragens, usando técnicas rebuscadas (e inventivas) para a época e enfatizando a personalidade dos personagens. Ou seja, tão antigo quanto o filme são os problemas nele explorados, como a rejeição por classe social e/ou de trabalho e o tratamento laboral advindo com o envelhecimento. Por se tratar de um exemplar do famigerado "kammerspiel" (teatro de câmara do cinema alemão), quase não há diálogos e a estética cênica é bem mais realista. Em suma, uma história singela e comovente que teve seu final feliz imposto pelo produtor Carl Mayer ao Mestre Murnau. Desse modo, e ratificando uma frase supracitada, antiga também é a esperança e o provérbio que 'quem ri por último ri melhor'.
Não é exagero afirmar que filmes adolescentes sobre universitários baderneiros beberam desta fonte. Entre outros fatos, porque, em 1978, certas performances humorísticas não eram características do cinema. Logo, vale dizer que há algo novo (e inspirador) aqui. Obviamente não agrada a "inteligência cinéfila", pois o roteiro percorre caminhos fáceis e simples, utiliza estereótipos bobos e se desenvolve num ritmo alucinado, com algumas esquetes pouco inspiradas. Mas a maluquice das gags e a mensagem subversiva e anárquica sobre os tempos de faculdade já validam a sessão, ainda mais com um John Belushi afiadíssimo em sua linguagem corporal estilo cinema mudo. Há ainda várias sacadas gostosas do diretor, como situar o longa em 1963, o certinho dos bagunceiros se chamar Hoover ou a grotesca morte do cavalo na sala do reitor. Em resumo, uma obra para ser assistida.
Tolerado socialmente e tido como tema espinhoso, o alcoolismo é um dos mais perversos vícios da sociedade, pois é aceito sem pudores e considerado "fácil". Neste incisivo filme de diálogos inteligentes, a viagem da câmera do diretor oferece sentimentalismo ao espectador ao mesmo tempo em que disseca o arruinamento de uma família inteira por conta da bebida. Repleta de cenas icônicas e inesquecíveis, a obra ainda agracia os Alcoólicos Anônimos e se finaliza tal qual a perspectiva de um viciado: melancolicamente triste, esvaindo-se numa rua escura e suja qualquer. Como adendo, trazer o genial Jack Lemmon da comédia para o drama pesado foi o maior dos acertos da produção. Que atuação!
Da era de ouro de Hollywood, eis um filme à frente de seu tempo e que, provavelmente por isso, fora esquecido nas prateleiras empoeiradas. Pois Mestre Cukor, especialista na guerra dos sexos, juntamente com as estrelas Katharine Hepburn e Spencer Tracy bradaram, sob o opressor Código Hays, a favor da igualdade de gênero, mesmo que usando a hiperbólica ideia de uma tentativa de assassinato. Ou como isonomia e equidade já eram pautas feministas desde 1949. Assim, a dinâmica cênica do casal protagonista favorece o tema e oferece boas e subversivas risadas ao espectador, numa história original, divertida e politicamente incorreta. Uma delícia de comédia maluca!
Como é bom assistir ao neo-realismo italiano. Um cinema comprometido com a realidade que o circunda e com a preocupação de mostrar o grande caos que reinava (e ainda reina) numa Europa multifacetada. Neste longa, a ganância soberba é o anseio partilhado entre o passado fascista e o pós-comunismo da Albânia sob o olhar colonizador dos italianos, que buscavam a riqueza explorando a miséria alheia. Um roteiro que oferece um humanismo eloquente, mas nada sentimental, de uma história que ano após ano é recontada, mudando apenas de lugar - o que alude à situação dos refugiados nas diversas épocas da humanidade. Grandioso e verdadeiro, é um filme moralmente importante, porém, triste e complexo que, sabiamente, enfatiza a profundidade de cada cidadão, bem exemplificada nos dois personagens principais. Fascinante, chocante e universal.
A curiosidade, que um dia matou o gato, também pode causar estremecimento nas estruturas de um núcleo familiar. Cá, nesta obra, os filhos de um casal lésbico buscaram informações do pai biológico que inseminou cada genitora individualmente, ou seja, o ritmo natural iria mesmo abalar. Importante pensar nas camadas minuciosamente propostas pela diretora californiana, como não haver protagonismo de uma mãe solteira e expor o falso charme da burguesia estadunidense, que sempre tem os latinos e os negros pra botar a culpa. Em termos de desenvolvimento narrativo, o roteiro não inova e é levemente previsível, mas apresenta uma boa e moderna história. Ademais, o enfoque homossexual é tão natural e descompromissado que só fortalece o tema.
Os traumas de uma grande guerra são imensuráveis e catastróficos, porém, apesar de horrendos, podem se embaraçar à epifania cultural de um tempo e lugar. Como se vê cá, neste longa, sombreado pela presença constante do expressionismo alemão de Fritz Lang, cujos adornos serviram para a consolidação do gênero terror no cinema. De roteiro simples e afoito, a grande virtude da obra é o visual arquitetônico assimétrico da mansão do vilão Hjalmar Poelzig (Boris Karloff), contrastando com a fobia irracional do Doutor Vitus Werdegast (Béla Lugosi) por gatos pretos sob uma atmosfera mórbida e estranhamente alienígena. Em suma, a verdadeira intenção era botar essas duas lendas juntas em confronto igualitário de forças, tratando de satanismo e necrofilia em plena década de 30. E cumpre muito bem esse papel, pois ambos possuem presença e carisma em cada take. Um pequeno e delicioso filme de horror comemorando 90 anos de brilho.
Um drama emocionante, interessante e relevante não apenas sobre os falashas, os judeus etíopes, mas sobre como intolerâncias religiosas assolam e destroem vidas desde os tempos idos. Ainda dá uma pincelada na questão da imigração africana e como estes sofrem no mundo novo, sendo excluídos do processo de integração. Cinematicamente, o terço final se apressa e o arco narrativo ganha ares artificiais (mas esperançosos), porém, nada que degrade as várias camadas sentimentais e psicanalíticas que a fita oferece, pois as fronteiras não são tão subjetivas quanto parecem - um verdadeiro paradoxo já que o personagem principal quer a cada instante se desterritorializar. Ou seja, uma obra que vai além do seu contexto sociopolítico particular.
Como o título enuncia, é uma obra sobre o tempo e a necessidade de superação pela falta de tempo. Adiciona-se, ainda, uma história forte e emocionante em meio a telas duplas e, por vezes, triplas com agilidade e estética aventureiramente furiosa. Sem contar a presença marcante de James Franco como o intrépido montanhista Aron Ralston. Porém, tem-se a impressão de uma produção feita na sala de montagem, aludindo às propagandas juvenis da MTV sob trilha sonora de uma banda pós-punk - como se fosse um "clipão" de 94 minutos. Algumas alucinações e memórias do protagonista são até desagradáveis. Em resumo, a temática do isolamento versus vida urbana e a cena da vista aérea dos cânions contrastando com a fragilidade do ser humano resumem a fita, planejada para os mochileiros das montanhas.
De elementos futuristas a características retrô, eis uma obra sobre empoderamento e, sobretudo, autoconhecimento feminil. Para abordar a libertação feminista e sexual, Simone de Beauvoir foi invocada: não se nasce mulher, torna-se mulher. Pois o projeto Frankenstein de Dr. God (Deus em inglês) revela uma mulher além do seu tempo, que lê, contesta, é livre e realiza experiências permitidas, até então, ao sexo oposto. Além disso, é um filme com diversas camadas a serem dissecadas, o que sugere espectadores críticos e pensantes, onde o cinema não seja apenas entretenimento mas, ainda, uma ferramenta educativa. Porém, apesar de certas originalidades, cinematograficamente é uma fita convencionalmente hollywoodiana, já que temas complexos são postos e retirados sem muita discussão e nem poder satírico, onde, inclusive, a necessária heroína está bem confortável, pois possui muitos portos seguros. No geral, tem-se algo importante, inteligente e bizarro, ou seja, fascinante.
Muito mais que um simples filme de tribunal, é a cultura da noticiação invasiva da vida particular de alguém conhecido - o marido é achado morto pelo filho cego que chama a mãe por socorro. Assim, tais vidas em família são minuciosamente desvendadas, sob holofotes e desconfortos, por meio de histórias que nada agregam à resolução do caso em questão, numa clara crítica aos mordazes consumidores de cliques e fofocas: o que você quer saber realmente lhe interessa? É um drama familiar sólido, profundo e intenso onde a escritora Sandra Voyter (Sandra Hüller em atuação gigante) se constrói e desconstrói de forma tridimensional, deixando sua ambiguidade moral à escolha do espectador. Da cultura do cancelamento à sutil discussão sobre a xenofobia atual da Europa, a diretora francesa radiografa tantas possibilidades e nuances que o denso roteiro se fixa muito bem apoiado, mesmo com um final vago, difuso e sem ápice.
Trata-se de um assunto importantíssimo: os perigos da caminhada dos refugiados africanos à Europa pelo mar Mediterrâneo. Uma aventura severa e mortífera que precisava de uma abordagem igualmente cruel. Mas aquilo que o 1º ato ajudou a servir de expectação ao registrar os costumes e tradições culturais senegaleses, ao passar da película, perdeu-se no despejamento do profícuo conteúdo, tornando um filme esquemático uma história rica e sincera. As responsabilidades sociais e políticas foram escanteadas em detrimento do sentimentalismo - e olha que os elementos fantasiosos são de brilhar os olhos, logo, cadê a denúncia via arte de uma tenebrosa crise humanitária? Assim, em termos cinematográficos, a obra é confortável e até funciona para quem apenas espera diversão e entretenimento. Porém, o mundo real, especificamente a essas pessoas, não é tão onírico e carece de, pelo menos, críticas e reflexões. Ah, aquelas imagens do deserto do Saara...
Talvez seja o filme de horror menos horripilante de todos os tempos, pois, explicitamente, não há sangue, ossos, tiros, abusos ou mortes. Na verdade, tem tudo isso (e muito mais), porém, do outro lado da parede. Sim, o longa transita sobre a vida de um oficial nazista e sua família que mora, literalmente, ao lado do campo de concentração Auschwitz III-Monowitz. E o que se ouve, ao fundo, são os piores sons do terror do holocausto, enquanto os Höss discutem superempregos e tomam banho de piscina sob sucos, drinques e risadas. Apesar do pequeno palacete idílico, a família alemã nunca é humanizada - um esmero de takes e closes do diretor inglês, e nem cria-se empatia ao espectador. Pelo contrário, o alheio cotidiano do lugar é normalizado pelas fumaças cinzentas dos fornos crematórios no enquadramento secundário. Uma obra incrivelmente desafiadora desde os créditos iniciais, quando já se nota algo perturbadoramente errado.
Reimaginações são inatas do ser humano e, por natureza, possuem um quê de arte, como se cada idealizador fosse um novo poeta. Porém, trabalhar a memória afetiva do outro torna-se um problema quando o original ainda é latente. É o caso desta obra, pois a de 1985 é perfeitamente decente e acessível à geração atual. Portanto, os embates hão de existir, inevitavelmente. Contudo, este filme tem seus méritos - eletrizante, coreografias afinadas, músicas lindíssimas, figurino impecável, enfim, um drama musical que empolga e tira o peso da tristeza do tema (racismo, machismo e elitismo num EUA do início do século XX), mas que também afunda no tom novelesco da redenção da violência pelo perdão optado pelo diretor ganês. Afinal, Miss Celie (Fantasia Barrino muito bem), assim como inúmeras mulheres negras rejeitadas pela sociedade, não espera a salvação cair do céu, ela busca sempre uma saída. E nada passivamente.
Rememorando um antigo clássico japonês, a rotina realmente tem seus encantos. E é impressionante o que se descobre de beleza e variedade na repetição neste belíssimo longa feito para observar e raciocinar a vida contemporânea monocromática e mimetista. Afinal, por que não pode haver alegria na classe rejeitada socioeconomicamente? E desde quando a estética do belo (principalmente nos reels e fotinhos sociais) define a pessoa como descolada e feliz? Para Hirayama (Koji Yakusho, em estado de graça, encaixou-se como uma luva no filme), o perfeito se faz hoje, negando o ontem e postergando o amanhã, numa clara demonstração de desamarras da modernidade sob fitas cassetes e máquinas fotográficas. Pena que faltou ação até na simplicidade da trama. Outro adendo: é uma declaração de amor a Lou Reed e ao rock setentista. Ou seja, um mix do metafísico minimalismo oriental com a intensidade desordeira do ocidente.
Toda arte é política. Querer celebrar uma cultura sem subversão é descerebrar essa população. E regimes ditatoriais duradouros tendem a podar (usando aqui um eufemismo) quem pensa diferente. É o que retrata este aterrador documentário sobre os 35 anos (desde 1986) de governança Yoweri Museveni em Uganda, quando o artista do gueto Bobi Wine foi o mais próximo a derrotar, nas urnas, o longevo presidente que usa ameaças e violência contra quem ousa cruzar seu caminho - polícia e exército sendo um braço fisiológico do governo, quando deveria ser do estado democrático de direito. Fora tais mazelas, trata-se, ainda, de uma experiência cinematográfica corajosa e emocionante, pois coloca em risco pessoal considerável tanto o protagonista quanto os diretores em tomadas assustadoramente reais. É panfletário e unilateral, o que não necessariamente torna-se um defeito, porém, esperançoso por dias melhores ao povo ugandense.
Há tantos bons sentimentos explícitos neste tenro documentário chileno que se faz melífluo o relato sobre o angustiante mal de Alzheimer no jornalista Augusto Góngora, profissional corajoso e combativo durante a terrível ditadura de Pinochet. Outrossim, a frase cunhada por Góngora em virtude das lembranças civis do Chile reflete a doença neurodegenerativa que o acomete e metaforiza a luta diária dessas pessoas: sem memória não há identidade. Além do mais, tem muita paixão na obra, com o lado matrimonial de companheirismo da atriz Paulina Urrutia, 25 anos juntos, que aquece o coração e acalenta a esperança sobre a qualidade de vida dos enfermos. Nisso, a habilidade da câmera não invasiva da diretora fez toda diferença, deixando leve (até demais pra atingir o alvo) o filme. Vale a pipoca!
Alopraram na ação desenfreada da, agora, cinessérie multiversal. O que não necessariamente é um defeito. Pelo contrário, em tom cartunesco, a utilização da paleta de cores vibrantes e traços sinestésicos dos (inúmeros) personagens engrandeceu a narrativa sobre o tema adolescência, sem apelar à chatice usual na abordagem. A magnânima animação cria estratégias visuais numa saborosa confusão de estilos tornando as supracitadas ações - e reações - cada vez mais impactantes e conectadas. Sem contar que as subtramas dramáticas foram muito bem elaboradas e coerentes. Porém, o filme não carecia de 141 minutos. Já os caçadores de easter eggs terão muito trabalho aqui, principalmente nas referências aos aranhas heróis de outrora.
Uma comédia dramática que, ao mesmo tempo, satiriza, alfineta e enaltece a experiência das artes negras como representação do seu povo. A intelectualidade criativa não tem lugar, hora, gênero ou raça, assim como a estereotipização cultural só ratifica o empobrecimento cognitivo de alguns e o racismo estrutural presente metafisicamente na arquitetura das grandes editoras/produtoras artísticas. Ainda, sutilmente, dá uma cutucada na complicada e abrasiva dinâmica familiar da classe média alta. Tudo isso de maneira divertida e silenciosamente comovente, apesar da perda de coesão e nitidez narrativa do terço derradeiro da fita - e também da embalagem final dando sensação de um subproduto televisivo descartável. Em resumo, um filme inteligente que serve de carapuça a quem apetecer usá-la, com um Jeffrey Wright absurdo no papel principal e coadjuvantes bem deliciosos em cena.
Uma obra previsível e clichê que sintetiza perfeitamente em como essas qualidades devem ser aproveitadas cinematicamente, sobretudo por se tratar de superação na 3ª idade (tornar-se-á cada vez mais comum no nosso tempo e lugar). As atuações da dupla principal e o ambiente descontraído, conjuntamente, ajudam no tom realístico da fita, literalmente sem maquiagem. Porém, as subtramas, que também compõem a personalidade egocêntrica da nadadora Diana Nyad, foram abordadas com tanta sutileza que se perderam no desenvolvimento narrativo. Mas a mensagem sobre conquistar objetivos e ter persistência está clarividente e altamente palpável no filme, independentemente da discussão sobre a veracidade dos fatos na vida real. Porque isto é ficção.
Um filme de amor à moda antiga, contudo, crítico e politizado sem perder a ternura jamais. Ou como uma simplória história romântica pode abraçar o contexto social atual sem descambar pra identitarismos hiperbólicos. Pois, nesta fita, o diretor finlandês não quer mudar o mundo. Pelo contrário, só se sabe a época da trama por causa de notícias de um rádio de pilha. Aqui, dois adultos solitários e apáticos sem perspectiva de crescimento se apaixonam pela solitude e apatia do outro num bar da gelada Helsinque. Ela com seu cotidiano mecânico sem sal e ele sob o escapismo fugaz do cigarro e álcool, ambos de pouca conversa. Uma desconexão rearranjada na cena final, quando amor e alegria passeiam sobre as folhas mortas de outono no chão da praça. Uma bela sessão.
Glamourizada no imaginário dos alunos, a sala dos professores é um local de convívio natural dos docentes, enquanto descansam, confabulam ou buscam mais conhecimento para o exercício da mais bela das profissões. Só que, neste bom drama alemão, tal local assume uma grandiosa importância psicossocial quando começam a haver roubos na escola em questão. Assim, Carla Nowak (Leonie Benesch em estado de êxtase), a professora íntegra e corajosa, envolve-se diariamente em dilemas morais entre os seus ideais e os do sistema escolar, instando o espectador a julgar todas as ações do filme. Em resumo, um microcosmo ricamente retratado sob tolices, ingenuidades, capacidades, solidariedades, sensacionalismos e, claro, o bullying derivado de boatos. Ou, numa clara analogia proposta pelo diretor, os algoritmos solucionadores para um cubo mágico não são capazes de resolver os malabarismos de um trabalho humanamente exigente: lecionar.
A Última Gargalhada
4.2 104 Assista Agora100 anos deste clássico do cinema mudo que inspirou e mudou a forma de fazer longas metragens, usando técnicas rebuscadas (e inventivas) para a época e enfatizando a personalidade dos personagens. Ou seja, tão antigo quanto o filme são os problemas nele explorados, como a rejeição por classe social e/ou de trabalho e o tratamento laboral advindo com o envelhecimento. Por se tratar de um exemplar do famigerado "kammerspiel" (teatro de câmara do cinema alemão), quase não há diálogos e a estética cênica é bem mais realista. Em suma, uma história singela e comovente que teve seu final feliz imposto pelo produtor Carl Mayer ao Mestre Murnau. Desse modo, e ratificando uma frase supracitada, antiga também é a esperança e o provérbio que 'quem ri por último ri melhor'.
Clube dos Cafajestes
3.4 84 Assista AgoraNão é exagero afirmar que filmes adolescentes sobre universitários baderneiros beberam desta fonte. Entre outros fatos, porque, em 1978, certas performances humorísticas não eram características do cinema. Logo, vale dizer que há algo novo (e inspirador) aqui. Obviamente não agrada a "inteligência cinéfila", pois o roteiro percorre caminhos fáceis e simples, utiliza estereótipos bobos e se desenvolve num ritmo alucinado, com algumas esquetes pouco inspiradas. Mas a maluquice das gags e a mensagem subversiva e anárquica sobre os tempos de faculdade já validam a sessão, ainda mais com um John Belushi afiadíssimo em sua linguagem corporal estilo cinema mudo. Há ainda várias sacadas gostosas do diretor, como situar o longa em 1963, o certinho dos bagunceiros se chamar Hoover ou a grotesca morte do cavalo na sala do reitor. Em resumo, uma obra para ser assistida.
Vício Maldito
4.2 40 Assista AgoraTolerado socialmente e tido como tema espinhoso, o alcoolismo é um dos mais perversos vícios da sociedade, pois é aceito sem pudores e considerado "fácil". Neste incisivo filme de diálogos inteligentes, a viagem da câmera do diretor oferece sentimentalismo ao espectador ao mesmo tempo em que disseca o arruinamento de uma família inteira por conta da bebida. Repleta de cenas icônicas e inesquecíveis, a obra ainda agracia os Alcoólicos Anônimos e se finaliza tal qual a perspectiva de um viciado: melancolicamente triste, esvaindo-se numa rua escura e suja qualquer. Como adendo, trazer o genial Jack Lemmon da comédia para o drama pesado foi o maior dos acertos da produção. Que atuação!
A Costela de Adão
4.1 54 Assista AgoraDa era de ouro de Hollywood, eis um filme à frente de seu tempo e que, provavelmente por isso, fora esquecido nas prateleiras empoeiradas. Pois Mestre Cukor, especialista na guerra dos sexos, juntamente com as estrelas Katharine Hepburn e Spencer Tracy bradaram, sob o opressor Código Hays, a favor da igualdade de gênero, mesmo que usando a hiperbólica ideia de uma tentativa de assassinato. Ou como isonomia e equidade já eram pautas feministas desde 1949. Assim, a dinâmica cênica do casal protagonista favorece o tema e oferece boas e subversivas risadas ao espectador, numa história original, divertida e politicamente incorreta. Uma delícia de comédia maluca!
América - O Sonho de Chegar
3.2 3Como é bom assistir ao neo-realismo italiano. Um cinema comprometido com a realidade que o circunda e com a preocupação de mostrar o grande caos que reinava (e ainda reina) numa Europa multifacetada. Neste longa, a ganância soberba é o anseio partilhado entre o passado fascista e o pós-comunismo da Albânia sob o olhar colonizador dos italianos, que buscavam a riqueza explorando a miséria alheia. Um roteiro que oferece um humanismo eloquente, mas nada sentimental, de uma história que ano após ano é recontada, mudando apenas de lugar - o que alude à situação dos refugiados nas diversas épocas da humanidade. Grandioso e verdadeiro, é um filme moralmente importante, porém, triste e complexo que, sabiamente, enfatiza a profundidade de cada cidadão, bem exemplificada nos dois personagens principais. Fascinante, chocante e universal.
Minhas Mães e Meu Pai
3.4 1,3K Assista grátisA curiosidade, que um dia matou o gato, também pode causar estremecimento nas estruturas de um núcleo familiar. Cá, nesta obra, os filhos de um casal lésbico buscaram informações do pai biológico que inseminou cada genitora individualmente, ou seja, o ritmo natural iria mesmo abalar. Importante pensar nas camadas minuciosamente propostas pela diretora californiana, como não haver protagonismo de uma mãe solteira e expor o falso charme da burguesia estadunidense, que sempre tem os latinos e os negros pra botar a culpa. Em termos de desenvolvimento narrativo, o roteiro não inova e é levemente previsível, mas apresenta uma boa e moderna história. Ademais, o enfoque homossexual é tão natural e descompromissado que só fortalece o tema.
O Gato Preto
3.5 68Os traumas de uma grande guerra são imensuráveis e catastróficos, porém, apesar de horrendos, podem se embaraçar à epifania cultural de um tempo e lugar. Como se vê cá, neste longa, sombreado pela presença constante do expressionismo alemão de Fritz Lang, cujos adornos serviram para a consolidação do gênero terror no cinema. De roteiro simples e afoito, a grande virtude da obra é o visual arquitetônico assimétrico da mansão do vilão Hjalmar Poelzig (Boris Karloff), contrastando com a fobia irracional do Doutor Vitus Werdegast (Béla Lugosi) por gatos pretos sob uma atmosfera mórbida e estranhamente alienígena. Em suma, a verdadeira intenção era botar essas duas lendas juntas em confronto igualitário de forças, tratando de satanismo e necrofilia em plena década de 30. E cumpre muito bem esse papel, pois ambos possuem presença e carisma em cada take. Um pequeno e delicioso filme de horror comemorando 90 anos de brilho.
Um Herói do Nosso Tempo
4.0 40 Assista AgoraUm drama emocionante, interessante e relevante não apenas sobre os falashas, os judeus etíopes, mas sobre como intolerâncias religiosas assolam e destroem vidas desde os tempos idos. Ainda dá uma pincelada na questão da imigração africana e como estes sofrem no mundo novo, sendo excluídos do processo de integração. Cinematicamente, o terço final se apressa e o arco narrativo ganha ares artificiais (mas esperançosos), porém, nada que degrade as várias camadas sentimentais e psicanalíticas que a fita oferece, pois as fronteiras não são tão subjetivas quanto parecem - um verdadeiro paradoxo já que o personagem principal quer a cada instante se desterritorializar. Ou seja, uma obra que vai além do seu contexto sociopolítico particular.
127 Horas
3.8 3,1K Assista AgoraComo o título enuncia, é uma obra sobre o tempo e a necessidade de superação pela falta de tempo. Adiciona-se, ainda, uma história forte e emocionante em meio a telas duplas e, por vezes, triplas com agilidade e estética aventureiramente furiosa. Sem contar a presença marcante de James Franco como o intrépido montanhista Aron Ralston. Porém, tem-se a impressão de uma produção feita na sala de montagem, aludindo às propagandas juvenis da MTV sob trilha sonora de uma banda pós-punk - como se fosse um "clipão" de 94 minutos. Algumas alucinações e memórias do protagonista são até desagradáveis. Em resumo, a temática do isolamento versus vida urbana e a cena da vista aérea dos cânions contrastando com a fragilidade do ser humano resumem a fita, planejada para os mochileiros das montanhas.
Paulo, Apóstolo de Cristo
3.8 133De roteiro disperso e edição precária.
Mas como a bíblia pode render histórias interessantíssimas.
Pobres Criaturas
4.1 1,2K Assista AgoraDe elementos futuristas a características retrô, eis uma obra sobre empoderamento e, sobretudo, autoconhecimento feminil. Para abordar a libertação feminista e sexual, Simone de Beauvoir foi invocada: não se nasce mulher, torna-se mulher. Pois o projeto Frankenstein de Dr. God (Deus em inglês) revela uma mulher além do seu tempo, que lê, contesta, é livre e realiza experiências permitidas, até então, ao sexo oposto. Além disso, é um filme com diversas camadas a serem dissecadas, o que sugere espectadores críticos e pensantes, onde o cinema não seja apenas entretenimento mas, ainda, uma ferramenta educativa. Porém, apesar de certas originalidades, cinematograficamente é uma fita convencionalmente hollywoodiana, já que temas complexos são postos e retirados sem muita discussão e nem poder satírico, onde, inclusive, a necessária heroína está bem confortável, pois possui muitos portos seguros. No geral, tem-se algo importante, inteligente e bizarro, ou seja, fascinante.
Anatomia de uma Queda
4.0 828 Assista AgoraMuito mais que um simples filme de tribunal, é a cultura da noticiação invasiva da vida particular de alguém conhecido - o marido é achado morto pelo filho cego que chama a mãe por socorro. Assim, tais vidas em família são minuciosamente desvendadas, sob holofotes e desconfortos, por meio de histórias que nada agregam à resolução do caso em questão, numa clara crítica aos mordazes consumidores de cliques e fofocas: o que você quer saber realmente lhe interessa? É um drama familiar sólido, profundo e intenso onde a escritora Sandra Voyter (Sandra Hüller em atuação gigante) se constrói e desconstrói de forma tridimensional, deixando sua ambiguidade moral à escolha do espectador. Da cultura do cancelamento à sutil discussão sobre a xenofobia atual da Europa, a diretora francesa radiografa tantas possibilidades e nuances que o denso roteiro se fixa muito bem apoiado, mesmo com um final vago, difuso e sem ápice.
Eu, Capitão
4.0 70 Assista AgoraTrata-se de um assunto importantíssimo: os perigos da caminhada dos refugiados africanos à Europa pelo mar Mediterrâneo. Uma aventura severa e mortífera que precisava de uma abordagem igualmente cruel. Mas aquilo que o 1º ato ajudou a servir de expectação ao registrar os costumes e tradições culturais senegaleses, ao passar da película, perdeu-se no despejamento do profícuo conteúdo, tornando um filme esquemático uma história rica e sincera. As responsabilidades sociais e políticas foram escanteadas em detrimento do sentimentalismo - e olha que os elementos fantasiosos são de brilhar os olhos, logo, cadê a denúncia via arte de uma tenebrosa crise humanitária? Assim, em termos cinematográficos, a obra é confortável e até funciona para quem apenas espera diversão e entretenimento. Porém, o mundo real, especificamente a essas pessoas, não é tão onírico e carece de, pelo menos, críticas e reflexões. Ah, aquelas imagens do deserto do Saara...
Zona de Interesse
3.6 607 Assista AgoraTalvez seja o filme de horror menos horripilante de todos os tempos, pois, explicitamente, não há sangue, ossos, tiros, abusos ou mortes. Na verdade, tem tudo isso (e muito mais), porém, do outro lado da parede. Sim, o longa transita sobre a vida de um oficial nazista e sua família que mora, literalmente, ao lado do campo de concentração Auschwitz III-Monowitz. E o que se ouve, ao fundo, são os piores sons do terror do holocausto, enquanto os Höss discutem superempregos e tomam banho de piscina sob sucos, drinques e risadas. Apesar do pequeno palacete idílico, a família alemã nunca é humanizada - um esmero de takes e closes do diretor inglês, e nem cria-se empatia ao espectador. Pelo contrário, o alheio cotidiano do lugar é normalizado pelas fumaças cinzentas dos fornos crematórios no enquadramento secundário. Uma obra incrivelmente desafiadora desde os créditos iniciais, quando já se nota algo perturbadoramente errado.
A Cor Púrpura
3.5 104Reimaginações são inatas do ser humano e, por natureza, possuem um quê de arte, como se cada idealizador fosse um novo poeta. Porém, trabalhar a memória afetiva do outro torna-se um problema quando o original ainda é latente. É o caso desta obra, pois a de 1985 é perfeitamente decente e acessível à geração atual. Portanto, os embates hão de existir, inevitavelmente. Contudo, este filme tem seus méritos - eletrizante, coreografias afinadas, músicas lindíssimas, figurino impecável, enfim, um drama musical que empolga e tira o peso da tristeza do tema (racismo, machismo e elitismo num EUA do início do século XX), mas que também afunda no tom novelesco da redenção da violência pelo perdão optado pelo diretor ganês. Afinal, Miss Celie (Fantasia Barrino muito bem), assim como inúmeras mulheres negras rejeitadas pela sociedade, não espera a salvação cair do céu, ela busca sempre uma saída. E nada passivamente.
Dias Perfeitos
4.2 308 Assista AgoraRememorando um antigo clássico japonês, a rotina realmente tem seus encantos. E é impressionante o que se descobre de beleza e variedade na repetição neste belíssimo longa feito para observar e raciocinar a vida contemporânea monocromática e mimetista. Afinal, por que não pode haver alegria na classe rejeitada socioeconomicamente? E desde quando a estética do belo (principalmente nos reels e fotinhos sociais) define a pessoa como descolada e feliz? Para Hirayama (Koji Yakusho, em estado de graça, encaixou-se como uma luva no filme), o perfeito se faz hoje, negando o ontem e postergando o amanhã, numa clara demonstração de desamarras da modernidade sob fitas cassetes e máquinas fotográficas. Pena que faltou ação até na simplicidade da trama. Outro adendo: é uma declaração de amor a Lou Reed e ao rock setentista. Ou seja, um mix do metafísico minimalismo oriental com a intensidade desordeira do ocidente.
Bobi Wine: O Presidente Do Povo
3.6 27Toda arte é política. Querer celebrar uma cultura sem subversão é descerebrar essa população. E regimes ditatoriais duradouros tendem a podar (usando aqui um eufemismo) quem pensa diferente. É o que retrata este aterrador documentário sobre os 35 anos (desde 1986) de governança Yoweri Museveni em Uganda, quando o artista do gueto Bobi Wine foi o mais próximo a derrotar, nas urnas, o longevo presidente que usa ameaças e violência contra quem ousa cruzar seu caminho - polícia e exército sendo um braço fisiológico do governo, quando deveria ser do estado democrático de direito. Fora tais mazelas, trata-se, ainda, de uma experiência cinematográfica corajosa e emocionante, pois coloca em risco pessoal considerável tanto o protagonista quanto os diretores em tomadas assustadoramente reais. É panfletário e unilateral, o que não necessariamente torna-se um defeito, porém, esperançoso por dias melhores ao povo ugandense.
A Memória Infinita
4.0 44Há tantos bons sentimentos explícitos neste tenro documentário chileno que se faz melífluo o relato sobre o angustiante mal de Alzheimer no jornalista Augusto Góngora, profissional corajoso e combativo durante a terrível ditadura de Pinochet. Outrossim, a frase cunhada por Góngora em virtude das lembranças civis do Chile reflete a doença neurodegenerativa que o acomete e metaforiza a luta diária dessas pessoas: sem memória não há identidade. Além do mais, tem muita paixão na obra, com o lado matrimonial de companheirismo da atriz Paulina Urrutia, 25 anos juntos, que aquece o coração e acalenta a esperança sobre a qualidade de vida dos enfermos. Nisso, a habilidade da câmera não invasiva da diretora fez toda diferença, deixando leve (até demais pra atingir o alvo) o filme. Vale a pipoca!
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso
4.3 526 Assista AgoraAlopraram na ação desenfreada da, agora, cinessérie multiversal. O que não necessariamente é um defeito. Pelo contrário, em tom cartunesco, a utilização da paleta de cores vibrantes e traços sinestésicos dos (inúmeros) personagens engrandeceu a narrativa sobre o tema adolescência, sem apelar à chatice usual na abordagem. A magnânima animação cria estratégias visuais numa saborosa confusão de estilos tornando as supracitadas ações - e reações - cada vez mais impactantes e conectadas. Sem contar que as subtramas dramáticas foram muito bem elaboradas e coerentes. Porém, o filme não carecia de 141 minutos. Já os caçadores de easter eggs terão muito trabalho aqui, principalmente nas referências aos aranhas heróis de outrora.
Ficção Americana
3.8 386 Assista AgoraUma comédia dramática que, ao mesmo tempo, satiriza, alfineta e enaltece a experiência das artes negras como representação do seu povo. A intelectualidade criativa não tem lugar, hora, gênero ou raça, assim como a estereotipização cultural só ratifica o empobrecimento cognitivo de alguns e o racismo estrutural presente metafisicamente na arquitetura das grandes editoras/produtoras artísticas. Ainda, sutilmente, dá uma cutucada na complicada e abrasiva dinâmica familiar da classe média alta. Tudo isso de maneira divertida e silenciosamente comovente, apesar da perda de coesão e nitidez narrativa do terço derradeiro da fita - e também da embalagem final dando sensação de um subproduto televisivo descartável. Em resumo, um filme inteligente que serve de carapuça a quem apetecer usá-la, com um Jeffrey Wright absurdo no papel principal e coadjuvantes bem deliciosos em cena.
NYAD
3.7 157Uma obra previsível e clichê que sintetiza perfeitamente em como essas qualidades devem ser aproveitadas cinematicamente, sobretudo por se tratar de superação na 3ª idade (tornar-se-á cada vez mais comum no nosso tempo e lugar). As atuações da dupla principal e o ambiente descontraído, conjuntamente, ajudam no tom realístico da fita, literalmente sem maquiagem. Porém, as subtramas, que também compõem a personalidade egocêntrica da nadadora Diana Nyad, foram abordadas com tanta sutileza que se perderam no desenvolvimento narrativo. Mas a mensagem sobre conquistar objetivos e ter persistência está clarividente e altamente palpável no filme, independentemente da discussão sobre a veracidade dos fatos na vida real. Porque isto é ficção.
Beekeeper: Rede de Vingança
3.3 164 Assista AgoraPorradas, tiros, bombas e abelhas. Combinação honesta para um invencível anti-herói.
Folhas de Outono
3.8 103Um filme de amor à moda antiga, contudo, crítico e politizado sem perder a ternura jamais. Ou como uma simplória história romântica pode abraçar o contexto social atual sem descambar pra identitarismos hiperbólicos. Pois, nesta fita, o diretor finlandês não quer mudar o mundo. Pelo contrário, só se sabe a época da trama por causa de notícias de um rádio de pilha. Aqui, dois adultos solitários e apáticos sem perspectiva de crescimento se apaixonam pela solitude e apatia do outro num bar da gelada Helsinque. Ela com seu cotidiano mecânico sem sal e ele sob o escapismo fugaz do cigarro e álcool, ambos de pouca conversa. Uma desconexão rearranjada na cena final, quando amor e alegria passeiam sobre as folhas mortas de outono no chão da praça. Uma bela sessão.
A Sala dos Professores
3.9 141 Assista AgoraGlamourizada no imaginário dos alunos, a sala dos professores é um local de convívio natural dos docentes, enquanto descansam, confabulam ou buscam mais conhecimento para o exercício da mais bela das profissões. Só que, neste bom drama alemão, tal local assume uma grandiosa importância psicossocial quando começam a haver roubos na escola em questão. Assim, Carla Nowak (Leonie Benesch em estado de êxtase), a professora íntegra e corajosa, envolve-se diariamente em dilemas morais entre os seus ideais e os do sistema escolar, instando o espectador a julgar todas as ações do filme. Em resumo, um microcosmo ricamente retratado sob tolices, ingenuidades, capacidades, solidariedades, sensacionalismos e, claro, o bullying derivado de boatos. Ou, numa clara analogia proposta pelo diretor, os algoritmos solucionadores para um cubo mágico não são capazes de resolver os malabarismos de um trabalho humanamente exigente: lecionar.