“Uma porta. Uma chave. Se ele entrar, terá dito sim à vida medíocre de todos os dias. Se fugir, terá sua liberdade… e a redenção no inferno.”
“Não girou a chave. Lembrou-se da sujeira, causa das alergias. Pensou nas contas para jamais se esquecer do mundo que o cercava. Se entrasse, seria com aquelas pequenas migalhas que ocuparia o resto do dia. [...]
A chave ali, insistente, perturbadora. Toda noite a preocupação com o outro dia. A pança gorducha com os sapos engolidos durante o expediente. Quase tirou a chave. O elo entre os mundos. Se entrasse, seria concordar com aquele universo no qual queria botar fogo. Se girasse a chave, seria se calar mais uma vez. [...]
Tentou dizer bom dia; não deu tempo.”