Filha de músico e uma cientista social, a sergipana Héloa, desde muito pequena, esteve envolvida e embalada por diversos tipos de cultura e pelo meio artístico em geral. Estudou canto, teatro, dança, se formou em artes visuais e foi no período da sua graduação, mais precisamente em 2009, que Héloa, com a cabeça inquieta e cheia de informações, montou seu primeiro projeto musical que tinha como intenção unir toda essa multiculturalidade e multiplicidade em uma miscelânea sonora de ritmos e referências universais e do seu cotidiano. Foi um período de muita inquietação artística, e de descobertas.
Em 2012, a cantora entra pra gravar, com produção independente, o seu primeiro EP intitulado, “Solta”, que conta com seis canções de sua autoria e a participação da cantora paulista, Andreia Dias, na música, “Sai deste corpo”. O disco é uma espécie de trilha sonora de uma intensa história de amor que nos remete às radionovelas, ao universo vintage, e aos cantores de rádio.
Repleto de letras viscerais, cenários, cores, humores e poesia narrativa, o disco passeia por estilos que vão do brega, ao rock , passando pelo carimbó, pela música pop, pelo experimentalismo, pela música eletrônica, afrobeat, R&B e referências de ritmos tradicionais da cultura sergipana. Mas tem cara de produção antiga, com gostinho de nostalgia e cheiro de romance, no qual a cantora interpreta e faz arte cantando, com sua voz adocicada, performance única e brincando de pequenas intervenções no meio das músicas.
Um trabalho com uma narrativa e um desenho estético-visual e cênico extremamente contemporâneo e teatral, através da metamorfose do moderno e a bonança, sem rótulo, do antigo.
O EP Solta teve seu show de lançamento em agosto de 2013 num show que misturava, fotografia, projeções, cores, cenários, juntamente com a sua elogiada performance. Este mesmo show foi escolhido, neste mesmo ano, como melhor show do ano, no Prêmio Destaques da Cultura de Sergipe-2013.
Com menos de um ano de lançamento, e até mesmo antes deste, a cantora já vem sendo destaque em eventos e recebendo importantes premiações, como o show de abertura no lançamento do curta “As aventuras de Seu Euclides – Lambe-sujo e Caboclinho” no Festival SERCINE 2012, Festival de música, VOOAR 2012, recebeu a premiação de 3° lugar com a melhor música com letra no IV e V Festival Aperipê de música da ARPUB, teve sua música “Pimenta e Sal” comtemplada na da Mostra Sergipana de Música - Coletânea SESCANÇÃO 2013, “XXXIX Encontro cultural de Laranjeiras”, recebeu o prêmio de “Melhor intérprete” no “Festival de Música popular de Laranjeiras”, participou da trilha sonora do longa “A Pelada”, do diretor belga Damien Chemin, Feira da Música 2014, Circuito Cultural Banco do Nordeste, além de ter dividido o palco com o cantor pernambucano Otto, no Cultura Livre SP que afirmou: "Héloa é uma sergipana que veio para ficar, definitivamente, na nossa música. Trás um canto bonito, um encantamento. E sabe, como ninguém, expressar sua arte.”
Em março de 2014, a cantora deu início à turnê do disco, e desde então já passou já passou pelos estados de São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, num total de 15 cidades. despertando a curiosidade do público que se mostrou bastante receptivo e entusiasmado com o seu show.
Como diz Carlos Miranda, “Héloa já é uma das grandes promessas do cenário musical brasileiro, pois, entre tantas cantoras surge ela com essa voz delicada, super bonita e tão simples”.
Héloa vai além das canções, do registro fonográfico, sua arte é pura dramaturgia, entrega, interação e sensibilidade, que bebe nas artes, o combustível para ser esse ser de natureza múltipla e levar suas várias facetas e personagens aos palcos da vida.
A história e os sons de ‘Eu’ começam em Aracaju, Sergipe, terra natal da cantora. É lá que seus caminhos se abrem, é lá que começa a dançar, fazer teatro e artes visuais. E a compor. Amarrando tudo com uma voz de céu, sol e mar. Uma voz quente.

E então, vem a mudança. No segundo semestre do ano passado, Héloa decidiu ir para São Paulo para gravar e encontrar ‘Eu’. Tal movimento é ilustrado no disco pela regravação de “Caravana” [Geraldo Azevedo e Alceu Valença]. Ela sabe que é inevitável se arriscar, se jogar no mundo, e soa muito pessoal e verdadeira quando canta, com um fraseado todo especial: “Corra, não pare, não pense demais / Repare essas velas no cais / Que a vida é cigana”.

Antes de partir em “Caravana”, na vida e no disco, Héloa pede “proteção para minha estrada, que não me aconteça nada que atrapalhe esta jornada de viver” [“Proteção”, de Ruan Levy, é a a faixa que abre ‘Eu’]. Daí faz silêncio pra enxergar e se expressar melhor [na ótima “Calei”, de Allen Alencar, talvez a mais pop do disco] e se espreguiça apaixonadamente ao acordar lado a lado com o amor [“Amanheceu, seu sorriso”, de Allen Alencar].

Acompanhada pelos músicos e produtores Daniel Groove e João Vasconcelos, Héloa vai encontrando novos ‘eus’ em São Paulo, todos muito apaixonados e apaixonantes. Na linda “A avenida” [Héloa e Eduardo Escariz], a cantora lamenta perdas, procura respostas e guarda certezas no coração, e, em meio ao frenesi de uma cidade grande e nova, Héloa vai buscando tranquilidades na vida.

De música em música, e sem nunca se prender a rótulos, a cantora se coloca naturalmente como mais uma força a expandir e misturar os limites da música popular brasileira. Afinal, tem um tanto de afoxé em “A paz que desejei” [Eduardo Escariz], balada em “Super herói” [Daniel Groove], brega romântico em “Se você disser que vem” [Daniel Groove], bossa em “Crua” [Otto] e bluegrass em “Meus amigos” [Saulo Duarte e Daniel Groove]. Mas todas as canções de ‘Eu’ vão muito além de um gênero, muito além da velha e gasta mpb.

É que Héloa canta ventos e avenidas. Uma voz assim não se encontra todo dia.