Você está em
  1. > Home
  2. > Artistas
  3. > Humberto Mauro
98Número de Fãs

Nascimento: 30 de Abril de 1897 (86 years)

Falecimento: 5 de Novembro de 1983

Volta Grande, Minas Gerais - Brasil

Humberto Mauro, foi um dos pioneiros do cinema brasileiro. Considerado até fora do Brasil como um dos grandes cineastas do mundo.

Filho de Gaetano Mauro, imigrante italiano, e de Teresa Duarte, mineira culta e poliglota, ele nasceu na Zona da Mata mineira dois anos depois da histórica sessão cinematográfica promovida pelos irmãos Lumière, em Paris.

Desde cedo se dedicou à música, tocando o violino e o bandolim. Interessado também em mecânica, ingressou no curso de engenharia em Belo Horizonte, que abandonou um anos depois para voltar a Cataguases.

Em 1923, passou a se interessar por fotografia. Adquiriu uma câmera Kodak de Pedro Comello a quem conveceu a se instalar em Cataguases como fotógrafo e de quem se tornaria amigo inseparável. Ambos compartilhavam de uma paixão pelo cinema, principalmente pelos filmes americanos de aventura.

Em 1925, com a participação do negociante Agenor Cortes de Barros, fundaram em Cataguases a Phebo Sul América. Em 1926 realizam Na Primavera da Vida e em seguida Thesouro Perdido, um filme nos moldes dos filmes de aventura americanos, com muitas e complicadas cenas de ação. Foi premiado como o melhor filme brasileiro de 1927.

A convite de Roquete Pinto, Mauro se junta ao Instituto Nacional do Cinema Educativo, onde por décadas realizou documentários sobre temas tão variados como astronomia, agricultura e música.

Enquanto trabalhou no INCE , Mauro dirigiu apenas três longas metragens: Descobrimento do Brasil (1937), com música de Villa-Lobos, Argila (1940) e Canto da Saudade (1952), onde também trabalha como ator, num papel secundário.

Afastado do cinema desde 1974, quando fez o curta-metragem "Carro de Bois", passou a viver em seu sítio Rancho Alegre, em Volta Grande, onde morreu, aos 86 anos, quase que completamente cego, após uma forte pneumonia.

Humberto Mauro é autor do mais significativo ciclo regional do cinema brasileiro, iniciado em 1926 com "Na Primavera da Vida". Durante seus últimos anos de vida, Mauro foi a inspiração principal da geração do Cinema Novo. Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha eram seus admiradores declarados.

Mesmo sem dirigir, deu colaboração informal a cineastas como o próprio Nelson, para quem escreveu os diálogos em tupi-guarani de Como era gostoso o meu francês, Paulo César Saraceni e Alex Vianny.

Apesar de não ter feito carreira internacional, devido às limitações da época, foi homenageado no Festival de Cannes como um dos cineastas mais importantes do século XX.

Em 1933, o primeiro filme falado para os estúdios da Cinédia, de Adhemar Gonzaga: A Voz do Carnaval com Carmem Miranda. É considerado um semi-documentário,utiliza cenas reais, gravadas ao vivo e que são mescladas com cenas de estúdio.

Documentou favela em outro semi-documentário, Favela dos Meus Amores. Imagens de um morro carioca, com a participação de uma escola de samba, a Portela.

Em 1936 a carreira de Humberto sofreu mudança, ele se rendeu ao documentário. A pedido do então ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, o professor Edgar Roquete Pinto criou o Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE) e convidou Humberto Mauro. Filmou mais de 300 documentários de curta, entre 1936 e 1964: Dia da Pátria, Lição de Taxidermia, Vacina contra Raiva, A Velha a Fiar e Higiene Doméstica, e, a série As Brasilianas, na qual registrou exibições de músicas folclóricas.

O último filme que dirigiu foi ''Carro de Bois'' (1974), seu último roteiro foi dirigido por Alex Viany, ''A Noiva da Cidade'' (1978), com Elke Maravilha.

“Humberto Mauro era antes de tudo um fotógrafo”. Esta pode ser uma frase aparentemente exagerada caso seja lida sem profundidade. Alguns podem achar que ela ficaria melhor assim: “Humberto Mauro era antes de tudo um brasileiro patriota”.

Afinal este cineasta foi considerado o pai do Cinema Novo por sua obra autoral, pelo seu modo de produção artesanal e por sempre tratar do Brasil em seus filmes.

No entanto, ao observar cuidadosamente a obra de Humberto Mauro pode-se perceber que ele era, sim, “antes de tudo um fotógrafo”. E um fotógrafo no sentido mais amplo desta palavra: um criador de imagens que usa a câmera escura – esta máquina em constante transformação desde o século XV.

Quem sabe o que virá depois das câmeras de alta definição? – para mostrar o mundo aos desatentos passageiros. Um indivíduo sempre observador e cuidadoso na composição de planos perfeitamente “fotográficos” e de um cinema sutil e denso.

Vários foram os diretores de fotografia e cenógrafos que trabalharam com Humberto Mauro desde os primeiros filmes do chamado “Ciclo de Cataguases”, na década de 1920, e clássicos como Tesouro Perdido (fotografado pelo experiente italiano Pedro Comello em 1927) e Ganga Bruta (de 1933), até as suas últimas produções.

É bom lembrar que Glauber Rocha equipara a fotografia deste último “à dos melhores fotógrafos de então” no capítulo dedicado a Ganga Bruta na sua Revisão Crítica do Cinema Brasileiro.

O cuidado extremo e a simplicidade ao enquadrar são características fortes de seus filmes – é claro que foi se desenvolvendo a cada produção, mas desde o início pode-se perceber um olhar atento e criador – e o trabalho com a iluminação é também outra característica que se sobressai em alguns filmes, vistos os limites técnicos impostos pela produção conhecidamente “artesanal”.

Por outro lado, é perceptível sua preferência pelo cenário rural e as tomadas em exteriores – nas quais parece ter melhores resultados – proporcionando ao espectador inúmeras e belas cenas. O cineasta quase se assemelha a um pintor paisagista pela técnica utilizada na composição dos planos.

No longa-metragem ficcional Tesouro Perdido, de 1927, também consta o crédito de fotografia ao cineasta multifacetado – Mauro também atuava como roteirista e ator, além de ser diretor e fotógrafo dos filmes.

Além disso, há um cuidado no desenvolvimento da cenografia – os cenários e os figurinos – em alguns de seus filmes, que precisa ser sublinhado. É perceptível que ele sabia muito bem como a ambientação da história pode contribuir para contá-la.

Na obra de outros diretores esta espécie de “padrão” é também um fato nítido e recorrente. Andrei Tarkovski, o cineasta russo da reflexão e da sensibilidade, mantém diversos traços estéticos de fotografia e cenografia em filmes que tiveram a participação de diretores de fotografia e diretores de arte díspares.

Tanto em Nostalgia como Stalker (e em outros filmes como O Espelho), Tarkovski cria imagens pouco nítidas, envoltas em brumas, com cores dessaturadas, cenário e figurinos “envelhecidos”, expondo um mundo de sonho, delírio e pensamento.

Stanley Kubrick, seja em 2001 – Uma odisséia no espaço, Laranja Mecânica ou De Olhos Bem Fechados, é também um cineasta bastante esclarecido quando se fala em criação cenográfica e fotográfica. É clara a sua preocupação em produzir uma ambientação rebuscada para suas histórias complexas e seus profundos e “paranóicos” personagens.

Deste modo, a construção estética da imagem nos filmes de Humberto Mauro tem uma imensa importância no entendimento de sua obra, assim como contribui para a valorização ainda maior deste cineasta para história e o cinema brasileiro.

Cônjuge: Lola Lys (de 1920 a 1983)

Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.

Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.