Parece que não existe apenas uma crise na Grécia, mas duas. Uma, econômica, propagada na imprensa global como se fosse a única, e outra mais ampla, que não aconteceu da noite para o dia: um desequilíbrio de valores e de identidade que permeia as relações mais íntimas na sociedade. A “estranha onda do cinema grego”, como se convencionou chamar produções mais recentes de cineastas gregos, entre os quais Yorgos Lanthimos, Athina Rachel e Alexandros Avranas, parece estar tão ou mais relacionada com uma crise geral de valores no país do que propriamente com a econômica.