A nova adaptação cinematográfica baseada na obra de John Green, Cidades de Papel, chega aos cinemas apresentando mais uma história juvenil com uma protagonista forte. Formato já utilizado em seus livros e em seu filme anterior, A Culpa é das Estrelas.
Narrada em primeira pessoa por Quentin Jacobsen (Nat Wolff), a trama percorre suas últimas semanas no ensino médio ao lado de seus amigos Radar (Justice Smith) e Ben (Austin Abrams). Preso em sua zona de conforto, Quentin tem sua vida mudada após sua mística vizinha Margo Roth Spiegelman (Cara Delevingne), por quem é apaixonado, te levar para uma noite inesquecível repleta de missões perigosas. Entretanto, o que ele não esperava, é que na manhã seguinte ela desaparecesse deixando apenas algumas pistas para trás. Com isso, Quentin, com a ajuda de seus amigos, tenta decifrar os códigos para reencontra-la.
Scott Neustadter e Michael H. Weber, ambos de A Culpa é das Estrelas, adaptam o roteiro da obra literária gerando uma fluidez melhor para a narrativa, como por exemplo, ao tornar os pensamentos frequentes de Quentin em diálogos mais pertinentes. Por conta de ser uma narrativa restrita, o suspense é necessário para sustentar a trama, mas isso não é alcançado no decorrer da história. Toda a proposta que o filme traz, é desfeita pelo próprio roteiro, sem dar chances de interpretação ou até mesmo uma solução plausível.
Dúvidas sobre o futuro e relações sexuais são temas abordados em quase todos os diálogos entre os meninos, o que cria uma identificação melhor ao espectador. Baseado nisso, Wolf consegue encarar seu papel com muita naturalidade, pois sua insegurança reflete (quase) todos os medos de um adolescente que está entrando em sua fase adulta. Decisões precisam ser tomadas, mas será que ele está pronto para elas?
O diretor Jake Schreier não se arrisca em uma direção mais ousada, o longa começa e termina sem sair do óbvio. Isso é válido para os planos utilizados, montagem e trilha sonora que não buscam sair da comodidade. Esse detalhe é ainda mais notável quando eles saem pela estrada em busca de Margo. Durante a viagem, em nenhum momento o espectador é sequer situado de onde eles estão através de placas ou pontos turísticos, sendo que o trajeto era admissível para criar um road movie pertinente.
Tendo o roteiro como um dos seus principais problemas, Cidades de Papel consegue divertir e representar o livro de forma inteligente nas telonas. Todavia, o filme se limita demais em não explorar melhor o seu cenário ou situações que surpreendem o espectador, quase tudo é premeditado. Mas mesmo assim, o longa traz à tona temas atuais respondendo, de forma sutil, várias dúvidas e problemas de jovens que estão se tornando adultos.
Por: Caroline Venco