Contraventor. Patrono do carnaval. Empresário do jogo do bicho. Nada disso importa mais para Giovanni Improtta. Atualmente, ele consegue pensar somente a respeito do filme estrelado por ele, que chegou aos cinemas neste final de semana.
Muito bem recebido pelo público – o título ocupou a quarta posição no ranking dos filmes mais assistidos no período – Giovanni concordou em nos receber em sua casa e conceder uma entrevista exclusiva ao Filmow. E o melhor: sem a presença de advogados.
A única condição imposta por Giovanni? A presença de um fotógrafo.
Você já apareceu na televisão, e agora está para os cinemas. Ansioso?
Bastante. Mas este é um caminho normal para... [interrompe a entrevista e pergunta à esposa se ele está bem. Ela sorri e diz que sim, mas ele ajeita a gravata borboleta antes de continuar]. Onde eu me estava? Ah... Este é um caminho normal para uma celeridade. Quanto maior a sua fama, maior a tela. E as telas das tevelisões me havia ficado pequena demais para mim. [pergunta novamente se está bem e se a gravata combina. Sua esposa afirma que sim]. O retratista já está retratando?
Sim. Ele vai fazer
fotos enquanto conversamos. E como foi o processo de filmagens? Ficou nervoso?
De forma alguma. Para quem já enfrentou uma Sapucaí no carnaval, fazer-me um
filme não é nada demais. Porque no carnaval você não pode me errar, mas no
filme, sim, tem como voltar e gravar o replay. Teve uma cena que eu não
conseguia falar minhas frases, não conseguia decorar o porteiro de forma
nenhuma.
Porteiro?
Sim, o papelzinho com as minhas falas que eu tinha que dizer. Mas aí pedi uma pausa, ouvi um pouco de samba, pedi uma massagem nos ombros e me senti um pouco mais despachado. Aí foi fácil. Você já se viu o filme?
Sim.
O que achou? Eu me estou bem?
Bastante. Sobre a história do filme, eu...
Não. Sem espólios! O pessoal da internet odeia espólios, e como agora eu estou me usando as redes sensuais, preciso tomar cuidado com isso.
Mas é apenas a trama básica. Não vou revelar nada que o público não saiba.
Certo. Porque você precisa emprestar informações sobre mim para os seus leitores, não se esqueça.
Sim, sim. Mas, enfim,
na trama você é acusado de assassinato...
O que é isso? Você vai começar a me defumar no seu jornal?
Não, não. No filme. A história do filme.
Ah, você está falando do porteiro.
Isso. Lá, você é acusado de assassinato.
Isso já havia acontecido alguma vez?
De forma alguma! Eu não sou assassino, eu sou contraventor. São coisas
totalmente diferentes. Imagine, eu sou um cidadão honorífico aqui na
comunidade. Você acha que fariam isso se eu me tivesse suicidado alguém?
Entendi. Mas e se isso acontecesse na vida real? Afinal, você é um contraventor famoso... Você fugiria? Ou encararia a polícia? Porque, no filme...
Santa Catarina! Contraventor não foge, minha filha! [vira-se para o fotógrafo e pede para que ele “seja retratado” mais um pouco]. Tudo o que está no filme é a mais pura verdade. Menos eu ter me matado alguém, claro. Jamais me faria isso. Eu faço carnaval, e carnaval é festa. Quer dizer, para mim me é trabalho, mas para vocês é festa. É isso o que eu faço.
E você ficou
satisfeito com o resultado do filme?
Em uma palavra? Felomenal! [abre um largo
sorriso] Não vejo a hora de me estrear para as pessoas me visitarem nos
cinemas [vira para o fotógrafo e diz que
se ele caprichar nas fotos, ganha um “tick” para assistir ao filme]. E eu
quero me ver de novo. Fui na estreia, com minha mulher e meus assessores. E
ainda vou comprar aquele disquinho com o filme, quando sair.
Podemos esperar então
Giovanni Improtta no Oscar?
Oscar? Eu sou o rei da Sapucaí, o Oscar é pequeno demais para mim. E não tem
samba, é um porre. Mas, se me chamarem, eu vou para me embelezar a festa!