que filme, meus amigos, que filme! agnes varda foi precisa.. até parece q foi gravado agora ha pouco... a dificuldade de reorganizar a vida para uma mulher com filhos pequenos, sem o apoio do marido ou dos pais (ou de qualquer pessoa), a decisão pelo aborto, a luta por se livrar da armadilha do casamento (e sua promessa de felicidade), o acolhimento da gestação (quando uma decisão própria) e mesmo a decisão sobre a primeira transa está tudo lá, de modo fresh, sem pressa, sem forçar a barra do roteiro... tudo se encaixa, as decisoes, as ambiguidades, as indas e vindas! mas longe de soar panfletário, o filme coloca as ambiguidades, as dificuldades de viver uma vida livre..nem sempre é fácil essa escolha, nem sempre é algo instagramizavel (no caso dos nosso dias), às vezes a escolha é dura e envolve admitir erros, se desfazer de sonhos ou mesmo deixar um amor ir (ou não deixar um novo amor chegar)... mas o filme vai alem, vai pro oriente, mostra outros modos de vida (sem julgar ou soar salvacionista.. a mulher branca europeia q vai salvar as mulheres oprimidas pelo isla.. não há nada disso).. alem disso, os anos 1960-70, a estética hippie, as musicas hilárias (bobas e bregas ao mesmo tempo que fortes e chocantes.. ).. mas nao falei do principal, a amizade das duas, uma canta, a outra nao, elas são diferentes mas iguais, abriram espaço pra outras mulheres.. mas essa é uma reflexão que pro final do filme... um filme sem defeitos.. virei fa chata da agnes varda!
pra mim, o desenvolvimento da trama ironiza a própria narrativa, deixando muitos fios soltos (propositalmente? talvez sim)... abel, a princípio, acredita em joseph, e vai atras do médico pra conferir se a morte do amigo poderia ter sido envenenamento, depois disso, desiste da ideia e se lança à antiga paixão... nem tudo sao flores entre abel e marieene já que o tempo todo tempo o espinho da traição permanece lá (alguns diálogos tematizam isso). abel talvez queira dar o troco e trair marienne, mas sua personalidade é de um amante passivo e ele se deixa ficar. mas então, surge eve e marienne então, para entrar na guerra sugerida pela garota adora uma estratégia um tanto inusitada, sugere q abel se envolva com eve. No fundo, Marienne quer tirar a prova de que abel a ama, de fato. e abel se deixa ir. Será que o abel ficará com eve (cheguei ate a torcer por isso, devido ao caráter duvidável de marienne).. mas, ao final, as coisas acabam como a marienne havia previsto e abel acaba por voltar (que personagem interessante e dúbia essa marienne, que encarna tantas faces do feminino, amante, mãe, traidora, ..). abel ainda diz sentir falta de joseph, o q o coloca ainda mais em direcao à antiga vida com marienne. e o que nos deixa com a pulga atras da orelha, ele nao seria o pai da criança (o filme tambem nao se engaja em explicar isso.. pra quem cresceu assistindo a teste de dna no ratinho, essa parte foi bem frustrante). o filme não so joga com esses encontros e desencontros, mas coloca em pauta a questão da infidelidade e de relações mais desapegadas (que no fundo guardam um pontinha do velho ciúme já conhecido de nós brasileiros). o filme poderia ter se encaminhado para uma pegada mais sombria e misteriosa de um suspense, caso seguisse a narrativa de joseph, contudo, depois entendemos que a estoria do envenenamento era apenas implicância do menino, "coisa de criança" devido ao ciúme da mãe, o que é bastante compreensível (ao final, o menino encontra sua redenção e aceita abel, na cena do cemitério). outra opção, seria aquela formula de hollywood da competição feminina, a mulher mais velha e insegura x a jovem bonita e viçosa. Mas o filme também quebra essa expectativa ao optar por um outro desenvolvimento. a mulher mais velha deixa o homem ir embora (e ainda joga com o fato de de repente ela tambem querer ter outro amante.. o que não nos surpreende, mas que nem acontece.. ao que tudo indica, marieenne foi fiel a abel..), ele vive o que tem q viver (se decepciona com a amente mais jovem, porém continua na relação.. quantas vezes nao ficamos so por conveniencia? como a propria marienne se pergunta.. )..é so depois do protagonismo de joseph (ele nao teria revelado propositalmente para eve?) o casal retoma, mas claro, as coisas nao poderiam ser tao bonitinhas e o reencontro (de todos) se dá no cemitério, com josepeh acolhendo abel, enquanto as duas mulheres se olham de forma cúmplice. o filme brinca com os generos, nos dá pistas para fazermos um determinada leitura e vai minando nossos horizontes de expectativas.. o filme é interessante, mas confesso que senti falta de algo mais amarrado (questão de gosto).. foi um exercício de "quebra de expectativas".. e ah, claro, ao final, surge o médico com a namorada (por que mesmo ele mentiu? joseph estaria certo? e tudo volta ....).
fiquei intrigada com a estoria.. acompanhar uma personagem na sua espera por um resultado..apenas duas horas (ou uma vida inteira)? figurino lindo, trilha sonora fantástica, momentos divertidos (adoro a parte em que os compositores entram na casa da cléo e eles cantam juntos), o início com a cartomante - o colorido e logo depois o preto e branco-, alem das simbologias, tudo indica que cleo está doente- as cartas, o espelho quebrado, a música melancólica, o filme que eles veem..apesar de tantos pontos positivos, o filme é um tanto lento e confesso que comecei a ssisti-lo e parei e continuei e parei.. mas enfim, conclui.
Sensível, lento, monótono até.. pra mim, um grande exercício de metalinguagem, o manipulador que escreve a história ao final é o deus que cria as veronicas [e explica como uma acaba se sacrificando pela outra, experenciando primeiro a vida (e a morte)]. destaque pra trilha sonora, que marca a vida das protagonistas, os detalhes- a foto tirada e so depois descoberta, a sensacao de nao estar so e estar só (depois que uma morre). ha tambem um ar de suspense e perseguição, como também fantasia, quase uma ficção científica hard com sua teoria das cordas (Daí a estória do cadarço ou mesmo a corda da pasta que Veronika puxa durante a audição?).. pontas soltas ou eu que nao entendi.. ao final, veronique toca a madeira - em referencia a producao dos bonecos, mas e o pai dela, que sente sua chegada.. ela estaria ali buscando respostas?
Pra mim o filme fala mais sobre como nasce (como nasciam) um amor gay, na dec de 60, nos EUA, do que sobre o desejo de morte do personagem George. Como é difícil amar sem ser visto.. George, depois de perder seu companheiro em um fatídico acidente de carro, se isola do mundo e decide cometer suicídio. Acompanhamos seu dia e os vários momentos em que ele quase dá cabo a sua ação.. aos poucos somos apresentados à relaçao que ele tinha... como se conheceram, os momentos de intimidade (quando os dois estao lendo juntos).. será que é possível um recomeço? George parece nao querer, é devotado demais ao antigo amor.. alguns novos encontros acontecem nesse dia e ao final do dia e do filme, temos uma surpresa. O trabalho de cores, as nuances frias nos momentos melancolicos e quentes nos de esperança, a trilha sonora primorosa, as atuações, sobretudo de Firth.. um filme que nos faz pensar por que ainda hoje hierarquizamos os relacionamentos, como se os relacionamentos homoafetivos fossem menos legítimos que os heterossexuais.. filme sensível e necessários, quando ainda hoje tememos aqueles invisíveis, e por isso perigosos.
O filme não vale um Oscar. A atuação da Glenn sim. Eu já daria a estatueta pra ela só pelos 5 primeiros minutos. A cena dela recebendo a notícia do nobel para o marido, na extensão do telefone ja da o tom do que vai vir a ser a personagem. O filme é ela.
O filme é sim sobre o machismo do mundo editorial, a canalhice do marido, a submissão que ela mesma se coloca (por falta de confiança em si mesma?), mas é também sobre a necessidade de escrever e ser lida. Ela escreve por amor ao marido e à família, certamente. Mas ela escreve pelo marido porque é o único jeito dela escrever e ser lida.
No começo o próprio marido diz que um escritor escreve pela ânsia da escrita. Na sequência, uma autora diz pra ela ter cuidado para não virar uma escritora que nunca teve um livro aberto. Um escritor tem que ser lido, esse é o recado. É assim pra estética da recepção. A obra só se completa pelo seu leitor.
Como autorA ela escreveria para ficar na estante, como ghostwritter ela consegue chegar no público. Ela constroi uma capacidade de ação mesmo na submissão.
No mais, o final foi explicado demais. Nem precisava. Por mim matava aquele nojento e ela ficava com o prêmio pra ela.
gostei. pensei que fosse um filme clichê, mas não. achei sutil, na pegada sexy sem ser vulgar .. entendendo, claro, como uma grande ironia. o godard revisitado e a rainha valendo mais do que o rei me chamaram atenção... são essas as sutilezas que naturalizamos, que ainda estão em nós.. o filme é leve, traz as reflexoes a partir de pontos como os citados.. nao espere diálogos complexos ou uma discussao profunda sobre teoria feminista, o filme pode ser tido como superficial até, mas entendo que a intenção era jogar a questão na mesa, e a partir do exercício do viver como o outro (no caso, viver como nós mulheres), experenciando o que é viver em um mundo onde há uma clara definição de papeis sexuais, entender que essa diferenciação implica em desigualdade. talvez assim, pela empatia se consiga ganhar mais alguns homens para a causa feminista. o filme poderia ter sido mais cruel (pensando aqui na cena do abuso que o damien sofre), poderia, mas não foi. talvez por melindre ou pura opção. de todo modo, acho que o filme cumpriu ao que se propor.
ótima fotografia e trilha sonora.. nao foi um filme que mudou a minha vida mas é uma boa realização... beira um conto de fadas.. o filme, longo, tem boas articulações (a saber, as marcas no pescoço da protagonista que ao final faz todo sentido), mas pra mim pecou pela rapidez da interação entre a criatura anfíbio e a humana, foi rápido demais pra mim..mas vale a pena pela reflexão sobre solidão e humanidade.. um filme que dá espaço aos "out", eliza nao fala, seu amigo é gay, a amiga que ajuda negra.. e por ai vai, sem ser piegas, vitimista ou qualquer outra coisa..
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Uma Canta, a Outra Não
4.2 45 Assista Agoraque filme, meus amigos, que filme!
agnes varda foi precisa.. até parece q foi gravado agora ha pouco... a dificuldade de reorganizar a vida para uma mulher com filhos pequenos, sem o apoio do marido ou dos pais (ou de qualquer pessoa), a decisão pelo aborto, a luta por se livrar da armadilha do casamento (e sua promessa de felicidade), o acolhimento da gestação (quando uma decisão própria) e mesmo a decisão sobre a primeira transa está tudo lá, de modo fresh, sem pressa, sem forçar a barra do roteiro... tudo se encaixa, as decisoes, as ambiguidades, as indas e vindas! mas longe de soar panfletário, o filme coloca as ambiguidades, as dificuldades de viver uma vida livre..nem sempre é fácil essa escolha, nem sempre é algo instagramizavel (no caso dos nosso dias), às vezes a escolha é dura e envolve admitir erros, se desfazer de sonhos ou mesmo deixar um amor ir (ou não deixar um novo amor chegar)... mas o filme vai alem, vai pro oriente, mostra outros modos de vida (sem julgar ou soar salvacionista.. a mulher branca europeia q vai salvar as mulheres oprimidas pelo isla.. não há nada disso).. alem disso, os anos 1960-70, a estética hippie, as musicas hilárias (bobas e bregas ao mesmo tempo que fortes e chocantes.. ).. mas nao falei do principal, a amizade das duas, uma canta, a outra nao, elas são diferentes mas iguais, abriram espaço pra outras mulheres.. mas essa é uma reflexão que pro final do filme... um filme sem defeitos.. virei fa chata da agnes varda!
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Um Homem Fiel
3.3 59 Assista Agorapra mim, o desenvolvimento da trama ironiza a própria narrativa, deixando muitos fios soltos (propositalmente? talvez sim)...
abel, a princípio, acredita em joseph, e vai atras do médico pra conferir se a morte do amigo poderia ter sido envenenamento, depois disso, desiste da ideia e se lança à antiga paixão... nem tudo sao flores entre abel e marieene já que o tempo todo tempo o espinho da traição permanece lá (alguns diálogos tematizam isso). abel talvez queira dar o troco e trair marienne, mas sua personalidade é de um amante passivo e ele se deixa ficar. mas então, surge eve e marienne então, para entrar na guerra sugerida pela garota adora uma estratégia um tanto inusitada, sugere q abel se envolva com eve. No fundo, Marienne quer tirar a prova de que abel a ama, de fato. e abel se deixa ir. Será que o abel ficará com eve (cheguei ate a torcer por isso, devido ao caráter duvidável de marienne).. mas, ao final, as coisas acabam como a marienne havia previsto e abel acaba por voltar (que personagem interessante e dúbia essa marienne, que encarna tantas faces do feminino, amante, mãe, traidora, ..).
abel ainda diz sentir falta de joseph, o q o coloca ainda mais em direcao à antiga vida com marienne. e o que nos deixa com a pulga atras da orelha, ele nao seria o pai da criança (o filme tambem nao se engaja em explicar isso.. pra quem cresceu assistindo a teste de dna no ratinho, essa parte foi bem frustrante).
o filme não so joga com esses encontros e desencontros, mas coloca em pauta a questão da infidelidade e de relações mais desapegadas (que no fundo guardam um pontinha do velho ciúme já conhecido de nós brasileiros). o filme poderia ter se encaminhado para uma pegada mais sombria e misteriosa de um suspense, caso seguisse a narrativa de joseph, contudo, depois entendemos que a estoria do envenenamento era apenas implicância do menino, "coisa de criança" devido ao ciúme da mãe, o que é bastante compreensível (ao final, o menino encontra sua redenção e aceita abel, na cena do cemitério). outra opção, seria aquela formula de hollywood da competição feminina, a mulher mais velha e insegura x a jovem bonita e viçosa. Mas o filme também quebra essa expectativa ao optar por um outro desenvolvimento. a mulher mais velha deixa o homem ir embora (e ainda joga com o fato de de repente ela tambem querer ter outro amante.. o que não nos surpreende, mas que nem acontece.. ao que tudo indica, marieenne foi fiel a abel..), ele vive o que tem q viver (se decepciona com a amente mais jovem, porém continua na relação.. quantas vezes nao ficamos so por conveniencia? como a propria marienne se pergunta.. )..é so depois do protagonismo de joseph (ele nao teria revelado propositalmente para eve?) o casal retoma, mas claro, as coisas nao poderiam ser tao bonitinhas e o reencontro (de todos) se dá no cemitério, com josepeh acolhendo abel, enquanto as duas mulheres se olham de forma cúmplice. o filme brinca com os generos, nos dá pistas para fazermos um determinada leitura e vai minando nossos horizontes de expectativas.. o filme é interessante, mas confesso que senti falta de algo mais amarrado (questão de gosto).. foi um exercício de "quebra de expectativas"..
e ah, claro, ao final, surge o médico com a namorada (por que mesmo ele mentiu? joseph estaria certo? e tudo volta ....).
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Cléo das 5 às 7
4.2 201 Assista Agorafiquei intrigada com a estoria.. acompanhar uma personagem na sua espera por um resultado..apenas duas horas (ou uma vida inteira)?
figurino lindo, trilha sonora fantástica, momentos divertidos (adoro a parte em que os compositores entram na casa da cléo e eles cantam juntos), o início com a cartomante - o colorido e logo depois o preto e branco-, alem das simbologias, tudo indica que cleo está doente- as cartas, o espelho quebrado, a música melancólica, o filme que eles veem..apesar de tantos pontos positivos, o filme é um tanto lento e confesso que comecei a ssisti-lo e parei e continuei e parei.. mas enfim, conclui.
A Dupla Vida de Véronique
4.1 275 Assista AgoraSensível, lento, monótono até.. pra mim, um grande exercício de metalinguagem, o manipulador que escreve a história ao final é o deus que cria as veronicas [e explica como uma acaba se sacrificando pela outra, experenciando primeiro a vida (e a morte)]. destaque pra trilha sonora, que marca a vida das protagonistas, os detalhes- a foto tirada e so depois descoberta, a sensacao de nao estar so e estar só (depois que uma morre). ha tambem um ar de suspense e perseguição, como também fantasia, quase uma ficção científica hard com sua teoria das cordas (Daí a estória do cadarço ou mesmo a corda da pasta que Veronika puxa durante a audição?).. pontas soltas ou eu que nao entendi.. ao final, veronique toca a madeira - em referencia a producao dos bonecos, mas e o pai dela, que sente sua chegada.. ela estaria ali buscando respostas?
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Direito de Amar
4.0 1,1K Assista AgoraPra mim o filme fala mais sobre como nasce (como nasciam) um amor gay, na dec de 60, nos EUA, do que sobre o desejo de morte do personagem George.
Como é difícil amar sem ser visto.. George, depois de perder seu companheiro em um fatídico acidente de carro, se isola do mundo e decide cometer suicídio. Acompanhamos seu dia e os vários momentos em que ele quase dá cabo a sua ação.. aos poucos somos apresentados à relaçao que ele tinha... como se conheceram, os momentos de intimidade (quando os dois estao lendo juntos).. será que é possível um recomeço? George parece nao querer, é devotado demais ao antigo amor.. alguns novos encontros acontecem nesse dia e ao final do dia e do filme, temos uma surpresa.
O trabalho de cores, as nuances frias nos momentos melancolicos e quentes nos de esperança, a trilha sonora primorosa, as atuações, sobretudo de Firth.. um filme que nos faz pensar por que ainda hoje hierarquizamos os relacionamentos, como se os relacionamentos homoafetivos fossem menos legítimos que os heterossexuais..
filme sensível e necessários, quando ainda hoje tememos aqueles invisíveis, e por isso perigosos.
A Esposa
3.8 557 Assista AgoraO filme não vale um Oscar. A atuação da Glenn sim. Eu já daria a estatueta pra ela só pelos 5 primeiros minutos. A cena dela recebendo a notícia do nobel para o marido, na extensão do telefone ja da o tom do que vai vir a ser a personagem. O filme é ela.
O filme é sim sobre o machismo do mundo editorial, a canalhice do marido, a submissão que ela mesma se coloca (por falta de confiança em si mesma?), mas é também sobre a necessidade de escrever e ser lida. Ela escreve por amor ao marido e à família, certamente. Mas ela escreve pelo marido porque é o único jeito dela escrever e ser lida.
No começo o próprio marido diz que um escritor escreve pela ânsia da escrita. Na sequência, uma autora diz pra ela ter cuidado para não virar uma escritora que nunca teve um livro aberto. Um escritor tem que ser lido, esse é o recado. É assim pra estética da recepção. A obra só se completa pelo seu leitor.
Como autorA ela escreveria para ficar na estante, como ghostwritter ela consegue chegar no público. Ela constroi uma capacidade de ação mesmo na submissão.
No mais, o final foi explicado demais. Nem precisava. Por mim matava aquele nojento e ela ficava com o prêmio pra ela.
Eu Não Sou um Homem Fácil
3.5 737 Assista Agoragostei. pensei que fosse um filme clichê, mas não. achei sutil, na pegada sexy sem ser vulgar .. entendendo, claro, como uma grande ironia. o godard revisitado e a rainha valendo mais do que o rei me chamaram atenção... são essas as sutilezas que naturalizamos, que ainda estão em nós.. o filme é leve, traz as reflexoes a partir de pontos como os citados.. nao espere diálogos complexos ou uma discussao profunda sobre teoria feminista, o filme pode ser tido como superficial até, mas entendo que a intenção era jogar a questão na mesa, e a partir do exercício do viver como o outro (no caso, viver como nós mulheres), experenciando o que é viver em um mundo onde há uma clara definição de papeis sexuais, entender que essa diferenciação implica em desigualdade. talvez assim, pela empatia se consiga ganhar mais alguns homens para a causa feminista. o filme poderia ter sido mais cruel (pensando aqui na cena do abuso que o damien sofre), poderia, mas não foi. talvez por melindre ou pura opção. de todo modo, acho que o filme cumpriu ao que se propor.
A Forma da Água
3.9 2,7Kótima fotografia e trilha sonora.. nao foi um filme que mudou a minha vida mas é uma boa realização... beira um conto de fadas.. o filme, longo, tem boas articulações (a saber, as marcas no pescoço da protagonista que ao final faz todo sentido), mas pra mim pecou pela rapidez da interação entre a criatura anfíbio e a humana, foi rápido demais pra mim..mas vale a pena pela reflexão sobre solidão e humanidade.. um filme que dá espaço aos "out", eliza nao fala, seu amigo é gay, a amiga que ajuda negra.. e por ai vai, sem ser piegas, vitimista ou qualquer outra coisa..