A realidade brutal com que as personagens se apresentam nos deixa quase que intrínsecos a trama, nos proporciona uma sinestesia absurda, um "compartilhamento de prazer" (será que é possível? é subjetivo - e quem viu entende, haha) de forma que dificilmente nos prendemos a ideia de não passar de um filme, a linha que te separa das luzes, das imagens e das vozes se dissolve e você acaba as imaginando numa rua vizinha, duas amigas próximas de ti ou coisa assim.
Fiquei mais do que maravilhada e grata pela naturalidade, por ver as lágrimas caírem sem se preocuparem com maquiagem, de ver o nariz escorrer, a respiração falhada, o cabelo bagunçado, a satisfação de comer sem se acanhar, lamber os dedos, a saliva transbordando, as línguas e as generosas, e maravilhosas, cenas de sexo... Convenhamos, a vontade é de dizer que é algo "cru" com essa veracidade maximizada, mas é completo, denso e suave, intenso e quebrante, é sorrir sabendo que logo as bochechas vão molhar com as lágrimas - porque é o que acontece na vida, e por mais que seja um filme, ele não está com questões restritas as telonas, moldando personagens e mistificando um final para se adequar ao romance ilusório. A certeza que nos da de que elas se amam inteira, intensa e verdadeiramente está muito além do fato de não ter sido trocado um "je t'aime". Os erros cometidos tanto pela Emma (porque sim, está subentendido que ela já estava se relacionando ou prestes a reatar com sua ex) quanto pela Adèle só humaniza ainda mais a relação, as duas, e não nos deixa julgá-las ou condená-las, apenas sentir a dor junto delas. E nada me tira a certeza de que elas têm e vão se juntar porque, logo no início, foi dito sobre love at first sight e como o coração sente a falta da pessoa amada, e enquanto elas estiveram distantes, com a querida Adèle o que não deixou de ser sentido foi a dor da perda, a falta e a necessidade de caminharem lado a lado, do toque, da presença e de respirar a pessoa (como Adèle mesmo disse e já havia dito se completar com Emma - o ruim de se completar com outra pessoa é que, quando ela se vai, ela leva a metade que antes era sua, de forma que não te resta nenhuma). E nem quando é dito, esclarecido e escancarado não haver mais amor por parte da Emma, continua claro no sorriso, no descontrole e no olhar etc., que a verdade é o seu revés.
Como prometer algo eterno enquanto o seu prazo de vida acena num horizonte tão próximo? É pra imaginar que o que os une transcende o que for, apenas. Qual seria a diferença entre mortais que sabem o que são daqueles que brincam de imaginar que o tempo que têm (desconhecido) será o suficiente? Nos faz acreditar que a ciência de seu futuro os perpetue num presente onde esperam a oportunidade de compartilhar o que puderem, como o amor tão limitado - mas como se não houvesse limites.
Quando o filme termina, os créditos começam a subir junto com o som das risadas disfarçando o choro, não tem como dizer que ele é ruim. Parece ser bobo, simples ou sem conteúdo quando, na verdade, as coisas estão sendo ditas numa sutilidade envolvente, e a beleza penetra. Não é arrebatadoramente dramático, é lindo. Aplicam conceitos e algumas coisas "infantis" com passagens um tanto intensas, disfarçando a leveza.
Quando o filme faz você esperar algo, buscar finais alternativos e ainda assim manter uma espécie de truque, armadilha ou qualquer coisa similar que prenda você por um bom tempo mesmo depois de ter se revelado surpreendente e a conclusão não ser exatamente o que você acreditaria, acho que merece pelo menos um olhar mais respeitoso. Acontece que é quase instantâneo, assim que vê as especulações com suspeitas inúteis, o que você passa a ver é um novo filme. A mudança é completa, e bem vinda. Não é mais algum clichê ou trama qualquer porque ganham um novo sentido.
A forma com que descobrimos a real relação das duas, desde o princípio e como se desenrola, conhecendo quem seria realmente a Chloe, o real motivo dela estar ali com a Catherine... Faz parecer que é planejado e que ela tinha essa confiança, ela quis conquistar a Catherine, quando nada fez diretamente. Em um momento ela quer ajudar a Catherine em seu casamento, quando ela estava, na verdade, "eliminando" o marido dela para poderem ficar juntas. Faz com que a sujeira, mentiras e manipulações, se mostre como algo mais "puro", intenso e querido. O sentimento dela pela Catherine foi desde a primeira vez que se viram, tendo um gesto de dar seu enfeite de cabelo mais significativo com o tempo. Objeto que continuou com a Catherine, nos levando a acreditar que o sentimento foi recíproco, real e um tanto altruísta da parte da Chloe no final. E, sinceramente, as cenas da Amanda com a Julianne (no quarto) são lindas.
Com diferentes pontos de vista, ao que pretende dar mais atenção e focar a sua perspectiva, você pode ter um filme lixo, previsível ou um filme incrível. Não deixa de ser ótimo, contudo. E sim, algumas coisas poderiam ser diferentes, mais trabalhadas e bla, mas aí você teria de ter feito o filme. Se limitar a apreciar o que tem e tentar entender de maneira diferenciada(?) é uma escolha e tanto.
A Minha Casa Caiu
3.2 360 Assista AgoraÉ muita burrice num filme só para um personagem, muita, muita mesmo.
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraA realidade brutal com que as personagens se apresentam nos deixa quase que intrínsecos a trama, nos proporciona uma sinestesia absurda, um "compartilhamento de prazer" (será que é possível? é subjetivo - e quem viu entende, haha) de forma que dificilmente nos prendemos a ideia de não passar de um filme, a linha que te separa das luzes, das imagens e das vozes se dissolve e você acaba as imaginando numa rua vizinha, duas amigas próximas de ti ou coisa assim.
Fiquei mais do que maravilhada e grata pela naturalidade, por ver as lágrimas caírem sem se preocuparem com maquiagem, de ver o nariz escorrer, a respiração falhada, o cabelo bagunçado, a satisfação de comer sem se acanhar, lamber os dedos, a saliva transbordando, as línguas e as generosas, e maravilhosas, cenas de sexo... Convenhamos, a vontade é de dizer que é algo "cru" com essa veracidade maximizada, mas é completo, denso e suave, intenso e quebrante, é sorrir sabendo que logo as bochechas vão molhar com as lágrimas - porque é o que acontece na vida, e por mais que seja um filme, ele não está com questões restritas as telonas, moldando personagens e mistificando um final para se adequar ao romance ilusório.
A certeza que nos da de que elas se amam inteira, intensa e verdadeiramente está muito além do fato de não ter sido trocado um "je t'aime". Os erros cometidos tanto pela Emma (porque sim, está subentendido que ela já estava se relacionando ou prestes a reatar com sua ex) quanto pela Adèle só humaniza ainda mais a relação, as duas, e não nos deixa julgá-las ou condená-las, apenas sentir a dor junto delas.
E nada me tira a certeza de que elas têm e vão se juntar porque, logo no início, foi dito sobre love at first sight e como o coração sente a falta da pessoa amada, e enquanto elas estiveram distantes, com a querida Adèle o que não deixou de ser sentido foi a dor da perda, a falta e a necessidade de caminharem lado a lado, do toque, da presença e de respirar a pessoa (como Adèle mesmo disse e já havia dito se completar com Emma - o ruim de se completar com outra pessoa é que, quando ela se vai, ela leva a metade que antes era sua, de forma que não te resta nenhuma). E nem quando é dito, esclarecido e escancarado não haver mais amor por parte da Emma, continua claro no sorriso, no descontrole e no olhar etc., que a verdade é o seu revés.
Não Me Abandone Jamais
3.8 2,1K Assista AgoraComo prometer algo eterno enquanto o seu prazo de vida acena num horizonte tão próximo? É pra imaginar que o que os une transcende o que for, apenas. Qual seria a diferença entre mortais que sabem o que são daqueles que brincam de imaginar que o tempo que têm (desconhecido) será o suficiente? Nos faz acreditar que a ciência de seu futuro os perpetue num presente onde esperam a oportunidade de compartilhar o que puderem, como o amor tão limitado - mas como se não houvesse limites.
Esperar para Sempre
3.3 995Quando o filme termina, os créditos começam a subir junto com o som das risadas disfarçando o choro, não tem como dizer que ele é ruim. Parece ser bobo, simples ou sem conteúdo quando, na verdade, as coisas estão sendo ditas numa sutilidade envolvente, e a beleza penetra. Não é arrebatadoramente dramático, é lindo. Aplicam conceitos e algumas coisas "infantis" com passagens um tanto intensas, disfarçando a leveza.
Ter a desilusão, "aceitar" a distância imposta com a rejeição (depois de tamanho esforço) e se qualificar em "perfeitinho" não é pouca porcaria, não.
O Preço da Traição
3.3 1,1K Assista AgoraQuando o filme faz você esperar algo, buscar finais alternativos e ainda assim manter uma espécie de truque, armadilha ou qualquer coisa similar que prenda você por um bom tempo mesmo depois de ter se revelado surpreendente e a conclusão não ser exatamente o que você acreditaria, acho que merece pelo menos um olhar mais respeitoso. Acontece que é quase instantâneo, assim que vê as especulações com suspeitas inúteis, o que você passa a ver é um novo filme. A mudança é completa, e bem vinda. Não é mais algum clichê ou trama qualquer porque ganham um novo sentido.
A forma com que descobrimos a real relação das duas, desde o princípio e como se desenrola, conhecendo quem seria realmente a Chloe, o real motivo dela estar ali com a Catherine... Faz parecer que é planejado e que ela tinha essa confiança, ela quis conquistar a Catherine, quando nada fez diretamente. Em um momento ela quer ajudar a Catherine em seu casamento, quando ela estava, na verdade, "eliminando" o marido dela para poderem ficar juntas. Faz com que a sujeira, mentiras e manipulações, se mostre como algo mais "puro", intenso e querido. O sentimento dela pela Catherine foi desde a primeira vez que se viram, tendo um gesto de dar seu enfeite de cabelo mais significativo com o tempo. Objeto que continuou com a Catherine, nos levando a acreditar que o sentimento foi recíproco, real e um tanto altruísta da parte da Chloe no final. E, sinceramente, as cenas da Amanda com a Julianne (no quarto) são lindas.
Com diferentes pontos de vista, ao que pretende dar mais atenção e focar a sua perspectiva, você pode ter um filme lixo, previsível ou um filme incrível. Não deixa de ser ótimo, contudo. E sim, algumas coisas poderiam ser diferentes, mais trabalhadas e bla, mas aí você teria de ter feito o filme. Se limitar a apreciar o que tem e tentar entender de maneira diferenciada(?) é uma escolha e tanto.