Me incomodaram um pouco os desafios meio loucos e os julgamentos duros demais com as competidoras e um pouco sem noção. Senti também uma estranheza na edição dos episódios. Desde à montagem das dublagens e das passarelas, que impediam que a gente visse visse detalhes, até algumas coisas do enredo dos episódios.
Por exemplo, aquele ataque nervoso da Sederginne vem e vai sem mais nem menos, algumas brigas foram interrompidas do nada...
.
Fiquei feliz demais com a Abby, por ela ser BR mesmo. Com toda dificuldade, ela ganhou o espaço dela. E como não era de se esperar, boa parte das branquelas européias gongando ela a temporada inteira por nada. Nenhuma novidade aqui: competidor e jurado branco desmerecendo arte de drag latina é um dos clichês mais recorrentes de Drag Race.
Assim como a primeira temporada do Drag Race dos EUA, tem muito o que melhorar. Mas também tem muito potencial. Envy, ChelseaBoy, Ma'ma Queen e Abby são competidoras que quero ver mais e mais. E pelo programa ter me apresentado o trabalho delas, já tô mais que satisfeito <3
Melhora e muito em relação à temporada anterior, mesmo que não tenha o mesmo brilho que os anos com o elenco original. Eddie Murphy reina sozinho. Os âncoras do Weekend Update divertem MUITO mais que na temporada 6 e as piadas parecem bem mais pensadas. Mas preciso chamar atenção para a quantidade louca de piadas homofóbicas e racistas. Tem horas que é até difícil de ver sem torcer o nariz.
Difícil de assistir. Depois de cinco temporadas brilhantes, essa aqui desanda já no primeiro episódio. Uma pena. Fosse um show que não me fascinasse tanto ou eu não tivesse corrido TANTO atrás de conseguir acesso, eu teria abandonado.
Por sorte, Eddie Murphy (que só vai aparecer com falas lá pro terceiro episódio) salva a temporada de ser um desastre completo. Denny Dillon e Joe Piscopo também têm seus momentos. Charles Rocket era um gato e até faz nas "reportagens" que grava nas ruas de Nova Iorque (porque no Weekend Update não causa nem um sorrisinho). O resto do elenco não é ruim, mas todo mundo parece nervoso e eles tinham antecessores talentosos demais. A comparação fica até injusta.
E as piadas... me chamou atenção principalmente o Weekend Update. As piadas parecem que são cortadas no meio, como se quem escreveu tivesse ficado com preguiça no meio do texto e decidiu parar.
E se o protagonismo dos homens brancos e héteros já tinha incomodado antes, agora é praticamente um convite pra desligar a TV.
Eu sabia o que ia encontrar aqui. Tudo que li e ouvi sobre o programa me preparou pra isso. Só que era mais triste do que pensava. Sei que Eddie Murphy volta na próxima temporada e sei que uma hora o show melhora, então vou insistir. Mas realmente faltam ingredientes presentes na temporada anterior: descontração, frescor, humor político bobo e inteligente. E piadas.
Esse comentário vale pras cinco primeiras temporadas do Saturday Night Live
Os cinco primeiros anos do SNL são uma doideira. Uma delícia, mas uma doideira. Selvagens mesmo. Consigo pensar em poucas coisas mais "anos 70" do que as primeiras temporadas. Eram anos de um show que gritava sátira, liberação, centro-esquerda, piadas espertas, cocaína e descontração. Se no começo tudo parecia meio jogado, até meio perdido, atirando pra todo lado, na hora que encontraram a fórmula do sucesso, o acerto foi em cheio.
SNL é uma instituição meio mítica pra mim. Antes de ver esses primeiros episódios completos, passava horas no youtube ou em outros canais atrás de esquetes antigos. Amo saber dos bastidores, conhecer mais da carreira dos membros do elenco que são menos famosos hoje. Falando em elenco, os membros que participam até a quinta temporada são provavelmente o grupo mais talentoso de toda história do show. São os que mais dão vontade de ver tudo que fizeram depois. Povo carismático, engraçado, que sabia caracterizar personagens, fazer imitações. Difícil achar defeito mesmo. Ajuda ter roteiristas bons também. Ao mesmo tempo que ria, me sentia privilegiado e emocionado por ter tido acesso aos episódios. Nem dá vontade de deletar o material do computador depois.
Apesar de tudo, como todos sabem, estes primeiros anos foram marcados por momentos de machismo e racismo estruturais. Incomodam a pouca inclusão do Garrett Morris e a participação mais tímida das meninas do elenco (GIlda Radner em especial poderia aparecer em todo esquete e ainda assim seria pouco) em comparação com a dos rapazes. São defeitos que irei apontar sempre que possível, ainda mais porque o programa ainda não os corrigiu por completo todos esses anos depois. Mas que não tiram o frescor desses anos de ouro.
***Momentos favoritos dessa era: Gildar Radner como Baba Wawa e Roseanne Roseannadanna Coneheads Jane Curtin e Bill Murray mantendo rostos sérios e pose de apresentador de jornal no Weekend Uptade Chevy Chase e o tubarão Qualquer queda do Chevy Chase Bill Murray como Nick The Lounge Singer John Belushi dizendo "But NOOOOOOO" Os Blues Brothers
Música: Bill Withers cantando Ain't No Sunshine Jimmy Cliff cantando The Harder They Come Kate Bush cantando The Man with the Child in His Eyes Linda Ronstadt e Phoebe Snow cantando Shoop Shoop Song David Bowie cantando TVC 15 e Boys Keep Swinging
Pré-produção impressionante. Tanto que perdi as contas de quantos foram os depoimentos. O Roberto Carlos faz falta como entrevistado, mas é tanta gente com lembranças ótimas que chega uma hora que a gente até esquece que ele não tá no filme. E o letreiro final dá uma cutucadinha merecida no Rei, então tá mais que pago.
Uma pena que a captação e a pós-produção não têm o mesmo êxito: faltou, por exemplo, refinar um pouco os GCs, que chegam a ocupar um terço da tela. A edição é truncada e corta no meio do raciocínio de algumas pessoas, às vezes até no zoom in e zoom out (o que até é normal de se fazer, e só se torna incômodo se aqui o recurso não fosse tão perceptível e frequente). Deu a impressão que o operador de câmera não recebeu ou não seguiu orientações antes de dar o REC.
Em outros momentos faltou editar mais: o texto floreadíssimo da narração fala X, o entrevistado que entra na sequência fala a mesma coisa, o entrevistado seguinte a repete, e, quando vemos, 10 pessoas disseram exatamente o mesmo. De repente, alguns cortes economizariam uns bons 20 minutos, e o doc teria o tempo necessário.
Eu até entendo: é orgulho de quem conseguiu tantos depoimentos excelentes e não quer jogá-los fora. Entendo mesmo, e eu queria ter gostado mais do resultado. Mas tivesse ido pra ilha de edição uma outra vez, o filme provavelmente funcionaria melhor comigo.
O biografado tem uma história maravilhosa, e é um baita personagem que renderia uma abordagem menos tradicional do que esta. É igual a tudo que vemos de cinebiografias por aí. E o filme se estende além do que deveria, tem um ritmo irregular, se apoia demais na trilha sonora e numa narração em off com texto ruim e preguiçoso (e que às vezes se torna inaudível por causa do volume de algumas músicas).
Preciso, no entanto, destacar duas coisas: uma, que não me surpreende em nada, é o talento de Babu Santana em virar Tim Maia sem depender de copiar apenas tiques nervosos (Rami Malek, tô olhando pra você). Grande trabalho, humano e emocionante.
O outro destaque é a grande surpresa neste filme pra mim: Roberto Carlos tenta censurar tanta coisa relacionada à vida dele e aprovou o personagem que aparece aqui? Uau!
A melhor coisa do filme está nos primeiros minutos de projeção: Gerard Butler e Aaron Eckhart, sem camisa, suados e lutando boxe, num subtexto até homoerótico.Depois disso é só um amontoado de cenas de ação pouco imaginativas e patriotismo exacerbado. Dá pra ser mais porre do que isso?
A direita até tenta reescrever a história, mas Patricio Guzmán tá aí pra esclarecer tudo.
E estou impressionado, porém não surpreso, com a cara de pau da Margaret Thatcher, meu deus. Eu BERREI quando ela diz pro Pinochet que ele foi responsável por trazera democracia de volta pro Chile.
Filme que me obriga a xingar mentalmente todos os personagens de burros. Chegou ao absurdo de eu pensar: meu deus, o personagem do Tyler Perry é a pessoa mais sensata no filme. Nunca achei que fosse dizer isso na vida.
SANGUE E SOCIOLOGIA Produções brasileiras recentes como Aquarius, Que Horas Ela Volta?, Boi Neon foram aclamadas por seus valores dramáticos mas também por retratarem, dentro das suas cenas, o que virou o Brasil dos últimos anos: o potencial de resistência do brasileiro, as relações entre classes sociais, o desejo de mudança de quem aspira mais do que os padrões impõe pra gente.
E aí, O Animal Cordial retrata tudo isso (e mais um pouco*), num Cinema com c maiúsculo eficaz e complexo, que mistura estudo de personagem com horror, suspense psicológico, gore, etc. Sara é uma personagem incrível, passar por um arco dramático impressionante e surreal (não dá pra falar mais nada sem marcar com spoiler)
Culpa burguesa não é o mesmo filhadaputisse burguesa Armar a população não pode ser solução pra nada "Não fala assim comigo, eu sou teu chefe" "O senhorzinho vai querer mais alguma coisa?" "Não foi só bandido que eu matei, não (...) sei muito bem como a tua cabeça funciona"
Fofo, fofo, fofo, fofo, fofo! Não dá pra parar de repetir. E bem feito, eficaz, educativo (por favor, alguém mais focou no discurso anti-Brexit, alguém?).
Eu AMO quando posso dizer que um dos melhores filmes do ano tem um urso falante nele! <3
Começa estranho, com umas imagens esquisitas, parecendo gravadas com descuido, principalmente nas entrevistas; e a mistura de cinema com reportagem dá um jeito que acaba não parecendo nem um, nem o outro. O próprio diretor se justifica e diz que há poucas imagens pra contar essa história. Compreensível, mas ainda assim o início soa estranho.
E aí, quando eu reparei, embrulhou o estômago e comecei a chorar. Como a História é cíclica! E, aparentemente, é cíclica pra coisa (ou coisO) ruim.
João Batista de Andrade extrai depoimentos impressionantes, importantes e comoventes dos seus entrevistados. Pode até ser que esse seja um documentário um pouco tradicional, sem grandes experimentações, na sua forma. Mas é preciso. Terminar o longa com O Bêbado e a Equilibrista é previsível, mas certeiro. É mais um filme sobre os estragos da ditadura pra esfregar na cara de todo mundo. Todo mundo mesmo.
Meu deus do céu, o filme te pega tanto que quando o o celular de um cara tocou no meio da sessão, o cinema TODO fez SHSHHHHH. Não é pra fazer barulho, cacete!
"Es como ver bailar a Fred Astaire; parece tan fácil". Também parece fácil pro Juan José Campanella. O começo é meio lento, meio perdido, a gente fica sem entender como a história vai ser contada, nem o que ela vai ter de especial, tanto que a estrutura do filme parece uma bagunça, não rola uma jornada do herói logo de cara, o protagonista não é muito simpático, os pais dele não aparecem na quantidade de tempo que a gente quer, mas aí, de repente,
o filme chegou ao terceiro ato e percebo que meus olhos estão lacrimejando ao ver a cena do casamento fake mais lindo do mundo.
. Uma vez vi uma entrevista com o Campanella sobre o trabalho dele. Ele falou, em outras palavras, que não é um diretor técnico ou inovador quanto à linguagem. Disse que gosta de contar histórias, gosta de personagens. Dá pra perceber isso em O Filho da Noiva e nos outros três filmes com o Ricardo Darín, ator que tem carisma e talento suficientes pra fazer com que o espectador não perca o interesse no mala do protagonista. O cineasta é humano e faz com que a gente também invista nos personagens, junto com ele. Já basta.
Não deu nem cinco minutos e eu já tinha percebido que tinha sido fisgado. Drama cômico é difícil, mas, quando é inteligente e dá pra ser bom, tudo funciona: da simplicidade mais bobinha,
como a surpresa tocante com uma pequena demonstração de preocupação do filho com o pai
. Sei que verei Truman de novo, daqui a uns anos. E espero receber mais um abraço caloroso do filme, do mesmo jeito que a dupla Ricardo Darín e Javier Cámara o fez nos primeiros momentos que aparecem juntos.
Muito gostoso de ver... divertido, porém bastante ácido e crítico! A montagem é ágil e o roteiro, bastante esperto. Mas é o mosaico de personagens únicos que me fez sorrir do início ao fim do filme - e me fez torcer pelo sucesso do grupo o tempo todo, claro.
Que obra humana, meu deus! Acabo de rever pela centésima vez e o filme continua me tocando como sempre tocou. Como é lindo ver Dora e Josué se tornarem mais próximo gradualmente, como ambos se ajudam, se completam, crescem um com outro
. Como é lindo ver que os realizadores conseguiram mostrar o retrato de um trechinho do Brasil pro espectador encontrar eco dessa realidade em quase todo país. Analfabetismo, famílias separadas, miséria, luta por sobrevivência, gente sozinha que precisa de amizade. Tem como não se identificar?
Visualmente maravilhoso, sequências musicais inspiradas, interpretações carismáticas e competentes. Preciso ver de novo. Fazia tempo que não saía do cinema tão feliz com um filme.
Cheguei em casa com vontade de escrever sobre ele. Tem textão abaixo porque o filme me tocou bastante.
Chegamos cedo pra sessão e fomos pro lugar no fundo, na poltrona do meio da fileira. Em poucos minutos, sala cheia para a segunda exibição do filme na noite de pré-estreia. Não era uma sala de multiplex, mas ainda assim impressionou como o espaço lotou fácil. Tudo bem, era uma sala mais modesta, dessas que poderiam ser de um cinema de rua, caso eles não estivessem quase extintos. Quase tão extintos quanto um dos gêneros que mais encheu salas há várias décadas – o mesmo a que pertence “La La Land: Cantando Estações”, o novo sucesso do jovem diretor Damien Chazelle (“Whiplash”).
O filme acompanha o relacionamento de um pianista de jazz e uma atriz iniciante durante um ano – daí o subtítulo em português. Sebastian (Ryan Gosling) conhece Mia (Emma Stone) no trânsito e se desentendem. De início, é o típico casal que se odeia, mas, depois de se esbarrar em vários cantos de Los Angeles, a dupla se apaixona. Profissionalmente, nenhum dos dois vai bem. Sebastian tem dificuldades em encontrar emprego como pianista, já que é um purista do jazz que odeia as modernidades pelas quais o gênero vem passando. Mia, por sua vez, trabalha como garçonete numa cafeteria em um estúdio de cinema e vive fazendo testes de elenco que nunca dão certo.
Apesar do enredo simples e até comum, logo que o filme começa, fica clara a intenção de Chazelle em fazer uma versão 2017 do gênero dos musicais: depois de nos mostrar um engarrafamento no trânsito de Los Angeles em que toca um tipo de música em cada carro, surge a primeira sequência musical do filme, feita quase sem cortes, com movimentos de câmera dinâmicos, se comparados aos dos grandes musicais feitos no auge do gênero nas décadas de 1930 e 40. Cantam e dançam a canção que dá início ao longa vários atores de diferentes etnias, pesos e com diversos estilos de roupas. Pluraridade não era o forte de Hollywood, e “La La Land” ao menos tenta corrigir isso ao dar espaço pra que negros, japoneses, hispânicos, idosos e gordinhos estejam incluídos nas coreografias.
Essa tendência do filme se repete em outros aspectos: quando não se inspira nas cores fortes de “O Fundo do Coração”, do Francis Ford Coppola, o diretor de fotografia Linus Sandgren não hesita em mergulhar seus protagonistas em uma escuridão nos momentos de desolação dos personagens. Mas o que mais chama atenção é como “La La Land” é um filme extremamente visual – e talvez a maior prova disso seja a forma estilizada e quase onírica com que Sandgren trata a Los Angeles que serve de cenário para o romance de Sebastian e Mia (aquela cena em que a dupla sapateia depois de sair de uma festa talvez mereça mais aplausos do que as demais).
E, sim, a dupla sapateia. E não, não são dublês. E Ryan Gosling também toca piano. E, sim dá pra ver os dedos do ator se mexendo nas teclas enquanto vemos o seu rosto – ou seja, é a mesma pessoa tocando. E ele e Emma Stone cantam. Bem. Damien Chazelle parece tão impressionado com o nível de comprometimento dos dois com seus papéis, que volta e meia filma em planos detalhe as mãos do pianista ou os pés da dançarina, só pra momentos depois (e sem cortes) enquadrar os rostos dos atores e revelar que são os próprios tocando e dançando.
Se essas questões ajudam, mas não se provariam suficientes para o sucesso do longa, a dupla Stone e Gosling potencializa a química impressionante que já havia estabelecido quando trabalharam juntos seis anos antes de “La La Land”, em “Amor a Toda Prova”. Ator geralmente econômico em suas composições, Gosling se diverte com alguns gritinhos espontâneos e com a oportunidade de demonstrar seu timing cômico impecável. Já Stone, que comprovou ter o dom para fazer rir em tantas ocasiões que ficaria chato citar apenas um filme, merece aplausos para a sua Mia sonhadora, porém realista – e os olhos marcantes e expressivos da atriz pouco precisam fazer pra exprimir as duas características.
O mais importante pra qualquer romance, no entanto, é impedir que o expectador duvide que o casal de fato está de fato apaixonado. Neste sentido o filme é muito bem sucedido, sendo ajudado não só pelo tema musical de Justin Hurwitz, que se repete ao longo de “La La Land” e é identificável logo de cara, como todos os bons temas de filmes, mas, também, pela criatividade de Damien Chazelle em usar suas sequência musicais elaboradas (como aquela em que o casal flutua num planetário) e muitas delas sem corte, com planos longos.
Enquanto a criatividade dessas sequências contribui para a narrativa, o mesmo pode ser notado em outros aspectos do filme: o design de produção traz o quarto de Mia cheio de pôsteres de filmes antigos, o que, apesar de óbvio, ajuda a compor a personalidade da atriz, inspirada na Hollywood clássica. Já a casa de Sebastian é decorada com elementos que lembram o jazz a todo o momento – e um banquinho que aparece no início do longa e volta a surgir nas últimas cenas, em um clube de jazz, se mostra uma grata surpresa ao comprovar que Sebastian realmente não desistiu dos seus sonhos.
E o que é Hollywood se não o clichê da máquina de fazer sonhos? “La La Land” acaba funcionando como uma mistura entre as inovações pelas quais os musicais não passavam talvez desde “Moulin Rouge”, lançado há 16 anos, e a tendência que vive a Hollywood de hoje, de homenagear com romantismo e nostalgia o que o Cinema clássico representou no passado.
Passado que deixou saudades, claro, mas essa saudade diminui quando encontramos exemplares como “La La Land” pelo caminho.
Primeiro: Leona Cavalli deusa! Sempre tive uma curiosidade imensa com Um Céu de Estrelas, mas toda vez adiava a sessão. Que tempo perdido o meu! Que direção da Tata Amaral, que comprometimento. Vários takes longos, sem corte, tensão à flor da pele o tempo todo. Ela consegue fazer um filme de ação em só espaço, um drama social sobre feminismo e relacionamentos abusivos, e de quebra ainda rola uma crítica ao sensacionalismo da mídia. Maravilhoso mesmo!
Drag Race Holanda (1ª Temporada)
2.9 29Me incomodaram um pouco os desafios meio loucos e os julgamentos duros demais com as competidoras e um pouco sem noção. Senti também uma estranheza na edição dos episódios. Desde à montagem das dublagens e das passarelas, que impediam que a gente visse visse detalhes, até algumas coisas do enredo dos episódios.
Por exemplo, aquele ataque nervoso da Sederginne vem e vai sem mais nem menos, algumas brigas foram interrompidas do nada...
Fiquei feliz demais com a Abby, por ela ser BR mesmo. Com toda dificuldade, ela ganhou o espaço dela. E como não era de se esperar, boa parte das branquelas européias gongando ela a temporada inteira por nada. Nenhuma novidade aqui: competidor e jurado branco desmerecendo arte de drag latina é um dos clichês mais recorrentes de Drag Race.
Assim como a primeira temporada do Drag Race dos EUA, tem muito o que melhorar. Mas também tem muito potencial. Envy, ChelseaBoy, Ma'ma Queen e Abby são competidoras que quero ver mais e mais. E pelo programa ter me apresentado o trabalho delas, já tô mais que satisfeito <3
Saturday Night Live (7ª Temporada)
4.5 1Melhora e muito em relação à temporada anterior, mesmo que não tenha o mesmo brilho que os anos com o elenco original. Eddie Murphy reina sozinho. Os âncoras do Weekend Update divertem MUITO mais que na temporada 6 e as piadas parecem bem mais pensadas. Mas preciso chamar atenção para a quantidade louca de piadas homofóbicas e racistas. Tem horas que é até difícil de ver sem torcer o nariz.
Saturday Night Live (6ª Temporada)
4.3 1Difícil de assistir. Depois de cinco temporadas brilhantes, essa aqui desanda já no primeiro episódio. Uma pena. Fosse um show que não me fascinasse tanto ou eu não tivesse corrido TANTO atrás de conseguir acesso, eu teria abandonado.
Por sorte, Eddie Murphy (que só vai aparecer com falas lá pro terceiro episódio) salva a temporada de ser um desastre completo. Denny Dillon e Joe Piscopo também têm seus momentos. Charles Rocket era um gato e até faz nas "reportagens" que grava nas ruas de Nova Iorque (porque no Weekend Update não causa nem um sorrisinho). O resto do elenco não é ruim, mas todo mundo parece nervoso e eles tinham antecessores talentosos demais. A comparação fica até injusta.
E as piadas... me chamou atenção principalmente o Weekend Update. As piadas parecem que são cortadas no meio, como se quem escreveu tivesse ficado com preguiça no meio do texto e decidiu parar.
E se o protagonismo dos homens brancos e héteros já tinha incomodado antes, agora é praticamente um convite pra desligar a TV.
Eu sabia o que ia encontrar aqui. Tudo que li e ouvi sobre o programa me preparou pra isso. Só que era mais triste do que pensava. Sei que Eddie Murphy volta na próxima temporada e sei que uma hora o show melhora, então vou insistir. Mas realmente faltam ingredientes presentes na temporada anterior: descontração, frescor, humor político bobo e inteligente. E piadas.
Saturday Night Live (5ª Temporada)
4.6 1Esse comentário vale pras cinco primeiras temporadas do Saturday Night Live
Os cinco primeiros anos do SNL são uma doideira. Uma delícia, mas uma doideira. Selvagens mesmo. Consigo pensar em poucas coisas mais "anos 70" do que as primeiras temporadas. Eram anos de um show que gritava sátira, liberação, centro-esquerda, piadas espertas, cocaína e descontração. Se no começo tudo parecia meio jogado, até meio perdido, atirando pra todo lado, na hora que encontraram a fórmula do sucesso, o acerto foi em cheio.
SNL é uma instituição meio mítica pra mim. Antes de ver esses primeiros episódios completos, passava horas no youtube ou em outros canais atrás de esquetes antigos. Amo saber dos bastidores, conhecer mais da carreira dos membros do elenco que são menos famosos hoje. Falando em elenco, os membros que participam até a quinta temporada são provavelmente o grupo mais talentoso de toda história do show. São os que mais dão vontade de ver tudo que fizeram depois. Povo carismático, engraçado, que sabia caracterizar personagens, fazer imitações. Difícil achar defeito mesmo. Ajuda ter roteiristas bons também. Ao mesmo tempo que ria, me sentia privilegiado e emocionado por ter tido acesso aos episódios. Nem dá vontade de deletar o material do computador depois.
Apesar de tudo, como todos sabem, estes primeiros anos foram marcados por momentos de machismo e racismo estruturais. Incomodam a pouca inclusão do Garrett Morris e a participação mais tímida das meninas do elenco (GIlda Radner em especial poderia aparecer em todo esquete e ainda assim seria pouco) em comparação com a dos rapazes. São defeitos que irei apontar sempre que possível, ainda mais porque o programa ainda não os corrigiu por completo todos esses anos depois. Mas que não tiram o frescor desses anos de ouro.
***Momentos favoritos dessa era:
Gildar Radner como Baba Wawa e Roseanne Roseannadanna
Coneheads
Jane Curtin e Bill Murray mantendo rostos sérios e pose de apresentador de jornal no Weekend Uptade
Chevy Chase e o tubarão
Qualquer queda do Chevy Chase
Bill Murray como Nick The Lounge Singer
John Belushi dizendo "But NOOOOOOO"
Os Blues Brothers
Apresentadores:
Elliott Gould, Steve Martin, Buck Henry, Candice Bergen, Lily Tomlin, Carrie Fisher
Música:
Bill Withers cantando Ain't No Sunshine
Jimmy Cliff cantando The Harder They Come
Kate Bush cantando The Man with the Child in His Eyes
Linda Ronstadt e Phoebe Snow cantando Shoop Shoop Song
David Bowie cantando TVC 15 e Boys Keep Swinging
Jovem aos 50 - A História de Meio Século da …
4.0 10Pré-produção impressionante. Tanto que perdi as contas de quantos foram os depoimentos. O Roberto Carlos faz falta como entrevistado, mas é tanta gente com lembranças ótimas que chega uma hora que a gente até esquece que ele não tá no filme. E o letreiro final dá uma cutucadinha merecida no Rei, então tá mais que pago.
Uma pena que a captação e a pós-produção não têm o mesmo êxito: faltou, por exemplo, refinar um pouco os GCs, que chegam a ocupar um terço da tela. A edição é truncada e corta no meio do raciocínio de algumas pessoas, às vezes até no zoom in e zoom out (o que até é normal de se fazer, e só se torna incômodo se aqui o recurso não fosse tão perceptível e frequente). Deu a impressão que o operador de câmera não recebeu ou não seguiu orientações antes de dar o REC.
Em outros momentos faltou editar mais: o texto floreadíssimo da narração fala X, o entrevistado que entra na sequência fala a mesma coisa, o entrevistado seguinte a repete, e, quando vemos, 10 pessoas disseram exatamente o mesmo. De repente, alguns cortes economizariam uns bons 20 minutos, e o doc teria o tempo necessário.
Eu até entendo: é orgulho de quem conseguiu tantos depoimentos excelentes e não quer jogá-los fora. Entendo mesmo, e eu queria ter gostado mais do resultado. Mas tivesse ido pra ilha de edição uma outra vez, o filme provavelmente funcionaria melhor comigo.
Tim Maia - Não Há Nada Igual
3.6 593 Assista AgoraO biografado tem uma história maravilhosa, e é um baita personagem que renderia uma abordagem menos tradicional do que esta. É igual a tudo que vemos de cinebiografias por aí. E o filme se estende além do que deveria, tem um ritmo irregular, se apoia demais na trilha sonora e numa narração em off com texto ruim e preguiçoso (e que às vezes se torna inaudível por causa do volume de algumas músicas).
Preciso, no entanto, destacar duas coisas: uma, que não me surpreende em nada, é o talento de Babu Santana em virar Tim Maia sem depender de copiar apenas tiques nervosos (Rami Malek, tô olhando pra você). Grande trabalho, humano e emocionante.
O outro destaque é a grande surpresa neste filme pra mim: Roberto Carlos tenta censurar tanta coisa relacionada à vida dele e aprovou o personagem que aparece aqui? Uau!
João e Maria: Caçadores de Bruxas
3.2 2,8K Assista AgoraJoão e Maria: alimentando pensamentos milicianos. Os realizadores parecem até que não percebem que estão flertando gostoso com o fascismo.
Invasão à Casa Branca
3.3 786 Assista AgoraA melhor coisa do filme está nos primeiros minutos de projeção: Gerard Butler e Aaron Eckhart, sem camisa, suados e lutando boxe, num subtexto até homoerótico.Depois disso é só um amontoado de cenas de ação pouco imaginativas e patriotismo exacerbado. Dá pra ser mais porre do que isso?
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista AgoraO horror de ficar sozinho e perceber que foi superado nunca foi tão poético. São 90 minutos difíceis, mas recompensadores.
O Caso Pinochet
4.5 2A direita até tenta reescrever a história, mas Patricio Guzmán tá aí pra esclarecer tudo.
E estou impressionado, porém não surpreso, com a cara de pau da Margaret Thatcher, meu deus. Eu BERREI quando ela diz pro Pinochet que ele foi responsável por trazera democracia de volta pro Chile.
O Limite da Traição
3.2 596Filme que me obriga a xingar mentalmente todos os personagens de burros. Chegou ao absurdo de eu pensar: meu deus, o personagem do Tyler Perry é a pessoa mais sensata no filme. Nunca achei que fosse dizer isso na vida.
História de um Casamento
4.0 1,9K Assista AgoraA abertura do filme quebrou minhas pernas. Já me fisgou logo nos primeiros minutos
O Animal Cordial
3.4 618 Assista AgoraSANGUE E SOCIOLOGIA
Produções brasileiras recentes como Aquarius, Que Horas Ela Volta?, Boi Neon foram aclamadas por seus valores dramáticos mas também por retratarem, dentro das suas cenas, o que virou o Brasil dos últimos anos: o potencial de resistência do brasileiro, as relações entre classes sociais, o desejo de mudança de quem aspira mais do que os padrões impõe pra gente.
E aí, O Animal Cordial retrata tudo isso (e mais um pouco*), num Cinema com c maiúsculo eficaz e complexo, que mistura estudo de personagem com horror, suspense psicológico, gore, etc. Sara é uma personagem incrível, passar por um arco dramático impressionante e surreal (não dá pra falar mais nada sem marcar com spoiler)
*o "mais um pouco":
Culpa burguesa não é o mesmo filhadaputisse burguesa
Armar a população não pode ser solução pra nada
"Não fala assim comigo, eu sou teu chefe"
"O senhorzinho vai querer mais alguma coisa?"
"Não foi só bandido que eu matei, não (...) sei muito bem como a tua cabeça funciona"
As Aventuras de Paddington 2
4.0 131Fofo, fofo, fofo, fofo, fofo! Não dá pra parar de repetir. E bem feito, eficaz, educativo (por favor, alguém mais focou no discurso anti-Brexit, alguém?).
Eu AMO quando posso dizer que um dos melhores filmes do ano tem um urso falante nele! <3
Vlado: 30 Anos Depois
4.0 18Começa estranho, com umas imagens esquisitas, parecendo gravadas com descuido, principalmente nas entrevistas; e a mistura de cinema com reportagem dá um jeito que acaba não parecendo nem um, nem o outro. O próprio diretor se justifica e diz que há poucas imagens pra contar essa história. Compreensível, mas ainda assim o início soa estranho.
E aí, quando eu reparei, embrulhou o estômago e comecei a chorar. Como a História é cíclica! E, aparentemente, é cíclica pra coisa (ou coisO) ruim.
João Batista de Andrade extrai depoimentos impressionantes, importantes e comoventes dos seus entrevistados. Pode até ser que esse seja um documentário um pouco tradicional, sem grandes experimentações, na sua forma. Mas é preciso. Terminar o longa com O Bêbado e a Equilibrista é previsível, mas certeiro. É mais um filme sobre os estragos da ditadura pra esfregar na cara de todo mundo. Todo mundo mesmo.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraMeu deus do céu, o filme te pega tanto que quando o o celular de um cara tocou no meio da sessão, o cinema TODO fez SHSHHHHH. Não é pra fazer barulho, cacete!
O Filho da Noiva
4.1 297"Es como ver bailar a Fred Astaire; parece tan fácil". Também parece fácil pro Juan José Campanella. O começo é meio lento, meio perdido, a gente fica sem entender como a história vai ser contada, nem o que ela vai ter de especial, tanto que a estrutura do filme parece uma bagunça, não rola uma jornada do herói logo de cara, o protagonista não é muito simpático, os pais dele não aparecem na quantidade de tempo que a gente quer, mas aí, de repente,
o filme chegou ao terceiro ato e percebo que meus olhos estão lacrimejando ao ver a cena do casamento fake mais lindo do mundo.
Truman
3.9 151 Assista AgoraNão deu nem cinco minutos e eu já tinha percebido que tinha sido fisgado. Drama cômico é difícil, mas, quando é inteligente e dá pra ser bom, tudo funciona: da simplicidade mais bobinha,
tipo filme sobre amizade usar versão de With a little help from my friends, dos Beatles, como é o caso da cena final,
como a surpresa tocante com uma pequena demonstração de preocupação do filho com o pai
Doentes de Amor
3.7 379 Assista AgoraCurti muito, mas só vim aqui falar que com esse filme desenvolvi uma crush PESADA no Kumail Nanjiani.
A Estratégia do Caracol
4.0 14Muito gostoso de ver... divertido, porém bastante ácido e crítico! A montagem é ágil e o roteiro, bastante esperto. Mas é o mosaico de personagens únicos que me fez sorrir do início ao fim do filme - e me fez torcer pelo sucesso do grupo o tempo todo, claro.
Central do Brasil
4.1 1,8K Assista AgoraQue obra humana, meu deus! Acabo de rever pela centésima vez e o filme continua me tocando como sempre tocou. Como é lindo ver Dora e Josué se tornarem mais próximo gradualmente, como ambos se ajudam, se completam, crescem um com outro
e por fim se abandonam
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraVisualmente maravilhoso, sequências musicais inspiradas, interpretações carismáticas e competentes. Preciso ver de novo. Fazia tempo que não saía do cinema tão feliz com um filme.
Cheguei em casa com vontade de escrever sobre ele. Tem textão abaixo porque o filme me tocou bastante.
Chegamos cedo pra sessão e fomos pro lugar no fundo, na poltrona do meio da fileira. Em poucos minutos, sala cheia para a segunda exibição do filme na noite de pré-estreia. Não era uma sala de multiplex, mas ainda assim impressionou como o espaço lotou fácil. Tudo bem, era uma sala mais modesta, dessas que poderiam ser de um cinema de rua, caso eles não estivessem quase extintos. Quase tão extintos quanto um dos gêneros que mais encheu salas há várias décadas – o mesmo a que pertence “La La Land: Cantando Estações”, o novo sucesso do jovem diretor Damien Chazelle (“Whiplash”).
O filme acompanha o relacionamento de um pianista de jazz e uma atriz iniciante durante um ano – daí o subtítulo em português. Sebastian (Ryan Gosling) conhece Mia (Emma Stone) no trânsito e se desentendem. De início, é o típico casal que se odeia, mas, depois de se esbarrar em vários cantos de Los Angeles, a dupla se apaixona. Profissionalmente, nenhum dos dois vai bem. Sebastian tem dificuldades em encontrar emprego como pianista, já que é um purista do jazz que odeia as modernidades pelas quais o gênero vem passando. Mia, por sua vez, trabalha como garçonete numa cafeteria em um estúdio de cinema e vive fazendo testes de elenco que nunca dão certo.
Apesar do enredo simples e até comum, logo que o filme começa, fica clara a intenção de Chazelle em fazer uma versão 2017 do gênero dos musicais: depois de nos mostrar um engarrafamento no trânsito de Los Angeles em que toca um tipo de música em cada carro, surge a primeira sequência musical do filme, feita quase sem cortes, com movimentos de câmera dinâmicos, se comparados aos dos grandes musicais feitos no auge do gênero nas décadas de 1930 e 40. Cantam e dançam a canção que dá início ao longa vários atores de diferentes etnias, pesos e com diversos estilos de roupas. Pluraridade não era o forte de Hollywood, e “La La Land” ao menos tenta corrigir isso ao dar espaço pra que negros, japoneses, hispânicos, idosos e gordinhos estejam incluídos nas coreografias.
Essa tendência do filme se repete em outros aspectos: quando não se inspira nas cores fortes de “O Fundo do Coração”, do Francis Ford Coppola, o diretor de fotografia Linus Sandgren não hesita em mergulhar seus protagonistas em uma escuridão nos momentos de desolação dos personagens. Mas o que mais chama atenção é como “La La Land” é um filme extremamente visual – e talvez a maior prova disso seja a forma estilizada e quase onírica com que Sandgren trata a Los Angeles que serve de cenário para o romance de Sebastian e Mia (aquela cena em que a dupla sapateia depois de sair de uma festa talvez mereça mais aplausos do que as demais).
E, sim, a dupla sapateia. E não, não são dublês. E Ryan Gosling também toca piano. E, sim dá pra ver os dedos do ator se mexendo nas teclas enquanto vemos o seu rosto – ou seja, é a mesma pessoa tocando. E ele e Emma Stone cantam. Bem. Damien Chazelle parece tão impressionado com o nível de comprometimento dos dois com seus papéis, que volta e meia filma em planos detalhe as mãos do pianista ou os pés da dançarina, só pra momentos depois (e sem cortes) enquadrar os rostos dos atores e revelar que são os próprios tocando e dançando.
Se essas questões ajudam, mas não se provariam suficientes para o sucesso do longa, a dupla Stone e Gosling potencializa a química impressionante que já havia estabelecido quando trabalharam juntos seis anos antes de “La La Land”, em “Amor a Toda Prova”. Ator geralmente econômico em suas composições, Gosling se diverte com alguns gritinhos espontâneos e com a oportunidade de demonstrar seu timing cômico impecável. Já Stone, que comprovou ter o dom para fazer rir em tantas ocasiões que ficaria chato citar apenas um filme, merece aplausos para a sua Mia sonhadora, porém realista – e os olhos marcantes e expressivos da atriz pouco precisam fazer pra exprimir as duas características.
O mais importante pra qualquer romance, no entanto, é impedir que o expectador duvide que o casal de fato está de fato apaixonado. Neste sentido o filme é muito bem sucedido, sendo ajudado não só pelo tema musical de Justin Hurwitz, que se repete ao longo de “La La Land” e é identificável logo de cara, como todos os bons temas de filmes, mas, também, pela criatividade de Damien Chazelle em usar suas sequência musicais elaboradas (como aquela em que o casal flutua num planetário) e muitas delas sem corte, com planos longos.
Enquanto a criatividade dessas sequências contribui para a narrativa, o mesmo pode ser notado em outros aspectos do filme: o design de produção traz o quarto de Mia cheio de pôsteres de filmes antigos, o que, apesar de óbvio, ajuda a compor a personalidade da atriz, inspirada na Hollywood clássica. Já a casa de Sebastian é decorada com elementos que lembram o jazz a todo o momento – e um banquinho que aparece no início do longa e volta a surgir nas últimas cenas, em um clube de jazz, se mostra uma grata surpresa ao comprovar que Sebastian realmente não desistiu dos seus sonhos.
E o que é Hollywood se não o clichê da máquina de fazer sonhos? “La La Land” acaba funcionando como uma mistura entre as inovações pelas quais os musicais não passavam talvez desde “Moulin Rouge”, lançado há 16 anos, e a tendência que vive a Hollywood de hoje, de homenagear com romantismo e nostalgia o que o Cinema clássico representou no passado.
Passado que deixou saudades, claro, mas essa saudade diminui quando encontramos exemplares como “La La Land” pelo caminho.
Um Céu de Estrelas
3.5 13Primeiro: Leona Cavalli deusa! Sempre tive uma curiosidade imensa com Um Céu de Estrelas, mas toda vez adiava a sessão. Que tempo perdido o meu! Que direção da Tata Amaral, que comprometimento. Vários takes longos, sem corte, tensão à flor da pele o tempo todo. Ela consegue fazer um filme de ação em só espaço, um drama social sobre feminismo e relacionamentos abusivos, e de quebra ainda rola uma crítica ao sensacionalismo da mídia. Maravilhoso mesmo!
O Menino e o Mundo
4.3 735 Assista AgoraLindos traços, design e trilha incríveis... Que bom que o filme concorreu ao Oscar e mais gente viu!