É um filme sobre homens que querem ser maiores que a história, homens que fizeram parte da história e histórias maiores que os homens. Há um subtexto que discute a questão do ego, fama e prepotência, que se revela através do cinismo de alguns personagens. O tom assumido pelo filme é coerente ao que se propõe e só poderia ser pensado por um diretor que se leva tão a sério quanto Nolan. No mais, excelente fotografia e atuações, com exceção das cenas da personagem de Florence Pugh que são um show de sexismo e mau gosto a parte. Ao final, o filme supreende por ser algum tipo de metalinguagem: diante de toda a comoção de sua estreia, de todo o movimento rivalizando com filme da Barbie e do que o filme se propõe a ser, a única conclusão possível é parafrasear um trecho do próprio filme: talvez devêssemos falar sobre coisas mais importantes.
É preciso, antes de mais nada, reconhecer o esmero e cuidado que a série tem ao tocar em um tema tão sensível. Ao se abordar um contexto no qual o eixo é o grande vencedor da 2° Guerra Mundial, a série poderia facilmente escorregar na problemática de apologia e em momento algum isto ocorre, seja pelo excelente texto ou pelas atuações brilhantes. O contrataste entre os cenários épicos e luxuosos do regime vigente, com os ambientes sufocantes e precários nos quais vivem a parcela da sociedade oprimida revela uma fotografia sofistica, pois os ambientes, por si só, nos contam a história com maestria. As reviravoltas são impecáveis e conseguem manter coerência com a construção de cada personagem apresentado e suas motivações. A atmosfera de tensão parece nunca abandonar a série e ainda assim não é algo que canse o espectador. Em um primeiro momento, pode parecer uma série de ficção do estilo "what if", brincando com as várias possibilidades no tempo espaço", mas, embora esse seja o plot, denunciado inclusive no título, aos poucos a série revela que não é disso que se trata: é uma série sobre poder. O contraponto entre as atitudes violentas dos Estados Pacíficos do Japão, do Reich, com questões históricas como a Guerra do Vietnã e a crise dos Mísseis revela que a atrocidades serão cometidas em nome da hegemonia de poder, não importa quem vença. A história sempre será contada pelos vencedores, pois eles tem o poder de apresentar os fatos como bem entendem. A sutileza no texto ganha corpo ao apresentar, em sua última temporada a ideia de banalidade do mal e um protagonista totalmente cooptado pela consciência de saber que o que faz é errado e ainda assim não conseguir deixar de fazê-lo pois é sua função: a dor dos outros e a morte já são triviais, pois esta se tornou sua rotina. A divisão que se faz ao escolher apresentar cada minoria em uma temporada e focar em seus esforços de resistir enquanto lutam para EXISTIR e VIVER toda a sua subjetividade é o ponto alto da série. No fim, é uma excelente história que fala da condição humana e seus desafios: como saber o que é certo ou errado em um contexto que por si só parece errado? Como seguir sendo bom em um ambiente que compele as pessoas a revelarem sua pior versão? No fim das contas, os regimes são o que são por que são feitos de homens e é apenas isso que cada homem é: um ser humano. É uma história riquíssima, que nos coloca diante de mazelas sociais que devem ser relembradas sempre, para que não aconteçam nunca mais.
Ao se utilizar o título "Blonde", o espectador já está sendo avisado: não é uma cinebiografia de Marilyn Monroe ou de Norma Jeane Mortenson. É sobre o que o arquétipo da loira fatal, criada brilhantemente pela atriz Norma Jeane Mortenson e eternizado na persona de Marilyn Monroe representa e pode provocar, em uma sociedade que insiste em enxergar a mulher jovem como objeto de desejo e tão somente isso. O filme é fortemente carregado de simbolismo e impressionismo, que permite ao espectador identificar como a protagonista se sente em cada etapa e em cada momento de sua vida. Os abortos realizados denunciam a realidade da mulher que deve escolher entre ser mãe ou ser uma estrela de cinema, pois a sociedade não tolera que seja ambas as coisas: a mãe deve ser recatada e do lar, enquanto a estrela deve ser ousada e sedutora. A protagonista então sofre com a mutilação forçada de sua persona, que deve ser apenas uma única coisa: objeto de desejo. Seguindo pela lógica do simbolismo, as cenas em que a protagonista aparecem despida alerta ao expectador: esta é Norma Dean, não Marilyn, como se, despida de vestimenta, ela também se despisse do personagem Marilyn, ainda que implorasse para que essa surgisse, como na cena do camarim. A cena em que se encontra lendo no quarto evidencia: sem a personagem, essa mulher é culta, inteligente e reflexiva. Mas a sociedade não permite que seja assim, o que fica claro quando seu sossego é interrompido pela agressão do marido que responde com violência ao fato de sua esposa ser talentosa, desejada e ter uma carreira. O filme caminha sempre no sentido de deixar claro os abusos naturalizados por uma sociedade que se negava a humanizar uma mulher talentosa e bonita, tornando-a monotemática; a mulher bela cabe tão somente o papel de ser sedutora, uma violência contra sua essência que cobra um preço: a saúde mental deteriorada é revelada em alucinações e comportamentos que denunciam a sua vulnerabilidade. Já caminhando para o fim de sua vida, o filme se propõe a revelar a morte e a morte de Norma Jeane Mortenson: após o clima tenso na qual a protagonista encara homens misteriosos que atentam contra sua vida, a personagem acordo na exata posição da foto que estampava a notícia da morte de Marilyn Monroe na vida real, sugerindo a morte da personagem que a atriz criou. Após acordar a atriz revela ter tido um sonho estranho: esta é Norma Jeane Mortenson e, dessa forma, o filme se encerra com os laços de afeto que Norma Jeane possuia com os amigos e o enigma do pai desconhecido, que o final deixa claro: não havia um "choroso pai" que escrevia as cartas, demonstrando que na vida da protagonista tudo era dolorosamente inventado, assim como a personagem que lhe rendeu sucesso é fama. É um filme doloroso, com uma protagonista brilhantemente defendida por Ana de Armas que revela angustia do machismo e provoca reflexões.
(Ps: o comentário é uma livre interpretação da usuária do perfil, se analisarmos os estudos sobre ciclo arturiano e literatura medieval, as análises dão conta de interpretações distintas) Inicialmente o filme parece mais um conto épico, uma história de origem do homem que, em sua jornada se torna cavaleiro. Depois, a trama parece propor a subversão de tropos já conhecidos das histórias arturianas na medida em que apresenta momentos e situações na qual o protagonista não apenas nega ser um cavaleiro como não age como tal. Em determinado momento da trama, a substituição do cavalo por uma raposa, sugere a ideia de que a honra buscada, parece o tempo todo tentada por uma esperteza que hora protege, hora encoraja ao caminho mais fácil. Em uma linguagem cheia de simbologia que ganha força com uma fotografia estonteante, que ajuda a ambientar o clima do filme a um tempo no qual o próprio tempo parece passar diferente, o filme propõe uma experiência sensorial e única, enquanto faz com que o próprio telespectador, junto ao protagonista se veja em uma reflexão sobre valores que persistem e que perecem no imaginário cultural. É um filme reflexivo, que permite uma série de interpretações e, quando parece ter chegado ao seu fim, em uma digressão mundana do protagonista, é possível notar que é nesse momento que surge um cavaleiro e o filme se revela em seu aspecto essencial: uma fábula. A sequente subversão de expectativa parece guiada por uma ideia que aproxima o cavaleiro a um arquétipo purista.. deveria então o cavaleiro ser como um monge? E quantos não foram e viveram para contar a história? As reflexões chegam ao ponto da própria metalinguagem em diálogos que tentam definir o verde e a busca de um jovem que nem mesmo parece saber o que procura. Questiona os reis e a grandeza fabricada ao mesmo tempo que revela que as maiores virtudes parecem se dar de forma intimista e silenciosa. É um filme rico em significado, com boas atuações, belíssima fotografia e muito interessante para discutir o imaginário das histórias épicas como conhecemos.
Excelente elenco, química maravilhosa entre o casal de protagonistas. A premissa é um pouco fraca, e só parece funcionar como uma crítica a como o mercado enxerga as pessoas: como modelos em série de uma mesma marca "Sr. Sra. Smith", ao destituí-los dos nomes e impor um casamento. [spoiler][/spoiler]. Essa interpretação ganha força na conversa final entre o casal principal e os "finalizadores", que atribuem sucesso a seguir ordens cegamente. Ao contrário do filme dos anos 2000, o ritmo é um pouco mais lento, especialmente nos primeiros episódios, que deixam de lado a ação e focam mais na comédia e na construção da relação entre os personagens e seus dilemas. Os diálogos e situações bem humoradas dão o tom de uma comédia romântica leve e descontraída. O figurino e as questões abordadas revelam o tom bem diferente do filme protagonizado por Angelina Jolie e Brad Pitty, conferindo autenticidade a produção e evidenciando que, apesar das semelhanças, a série visa contar um história diferente, mas ainda assim, prestando homemagem a obra original de forma pontual e delicada. Quem espera encontrar um série de ação explosiva e carregada de clichês e frases de efeito irá se decepcionar. Inclusive, o próprio roteiro debocha das frases de efeito das tramas de ação em um aceno metalinguistico e sagaz em um breve momento. Ainda assim vale a pena conferir a série, principalmente pelas boas atuações e excelente dinâmica entre os protagonistas.
Um filme criativo, atento e capaz de retratar questões filosóficas da condição humana no contexto da sociedade atual em que somos atingidos pelo excesso de informações sobre "tudo em todo lugar, ao mesmo tempo". A condução criativa da trama, com inspirações lindíssimas do cinema oriental e asiático, prende a atenção do expectador que, ainda assim, é surpreendido pelas reviravoltas que o filme dá. O começo da trama, que parece revelar um filme sagaz de ficção científica, subverte a expectativa e entrega uma bela alegoria sobre o ser humano e a (pós) modernidade. Em tempos em que tudo acontece ao mesmo tempo, o que faz sentido são as conexões genuínas. Só o que salva o ser humano do desespero do excesso de vivências e opções são as histórias que escolhemos contar e os afetos que escolhemos sentir e isso só é possível olhando uns para os outros com gentileza. A trama, que parece caótica em um primeiro momento, organiza situações e esclarece as dúvidas de uma maneira surpreendente. Diante do caos, a única forma de lutar contra a angústia é reconhecer o valor das relações interpessoais e escolher viver o presente. O afeto é o que permite estar em um único lugar aproveitando um único momento.
A fidelidade com que se reproduz a estética dos quadrinhos junto com a trilha sonora faz com que esse seja um filme de animação com um tom único e inédito. O carisma dos personagens e o roteiro garantem o resto. Filme incrível, bem resolvido e a altura das histórias e do arco narrativo do cabeça de teia !
Um filme urgente para se pensar os paradigmas da atualidade. É perturbador, uma vez que utiliza alegorias com interpretações viscerais, escolhas de câmera que trazem o espectador para dentro de uma experiencia sensorial e impressionista junto com a protagonista. Porém, constrói, assim,de forma até didática, questionamentos de muitos dogmas e valores estabelecidos hoje em dia. Pode ser interpretado do ponto de vista religiosa, político, ético, moral, mas, sem dúvida, é um filme necessário para os dias de hoje.
Um filme apolínio sobre a temática dionisíaca, barroco sobre o ponto de vista moderno e, acima de tudo, um elogio a arte, a vida e a poesia.Que traz toda a beleza e sensibilidade do cinema italiano. Leve, tocante e, Inspirador acima de tudo.
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Oppenheimer
4.0 1,1KÉ um filme sobre homens que querem ser maiores que a história, homens que fizeram parte da história e histórias maiores que os homens. Há um subtexto que discute a questão do ego, fama e prepotência, que se revela através do cinismo de alguns personagens. O tom assumido pelo filme é coerente ao que se propõe e só poderia ser pensado por um diretor que se leva tão a sério quanto Nolan. No mais, excelente fotografia e atuações, com exceção das cenas da personagem de Florence Pugh que são um show de sexismo e mau gosto a parte. Ao final, o filme supreende por ser algum tipo de metalinguagem: diante de toda a comoção de sua estreia, de todo o movimento rivalizando com filme da Barbie e do que o filme se propõe a ser, a única conclusão possível é parafrasear um trecho do próprio filme: talvez devêssemos falar sobre coisas mais importantes.
O Homem do Castelo Alto (4ª Temporada)
3.8 110É preciso, antes de mais nada, reconhecer o esmero e cuidado que a série tem ao tocar em um tema tão sensível. Ao se abordar um contexto no qual o eixo é o grande vencedor da 2° Guerra Mundial, a série poderia facilmente escorregar na problemática de apologia e em momento algum isto ocorre, seja pelo excelente texto ou pelas atuações brilhantes. O contrataste entre os cenários épicos e luxuosos do regime vigente, com os ambientes sufocantes e precários nos quais vivem a parcela da sociedade oprimida revela uma fotografia sofistica, pois os ambientes, por si só, nos contam a história com maestria. As reviravoltas são impecáveis e conseguem manter coerência com a construção de cada personagem apresentado e suas motivações. A atmosfera de tensão parece nunca abandonar a série e ainda assim não é algo que canse o espectador. Em um primeiro momento, pode parecer uma série de ficção do estilo "what if", brincando com as várias possibilidades no tempo espaço", mas, embora esse seja o plot, denunciado inclusive no título, aos poucos a série revela que não é disso que se trata: é uma série sobre poder.
O contraponto entre as atitudes violentas dos Estados Pacíficos do Japão, do Reich, com questões históricas como a Guerra do Vietnã e a crise dos Mísseis revela que a atrocidades serão cometidas em nome da hegemonia de poder, não importa quem vença.
A história sempre será contada pelos vencedores, pois eles tem o poder de apresentar os fatos como bem entendem. A sutileza no texto ganha corpo ao apresentar, em sua última temporada a ideia de banalidade do mal e um protagonista totalmente cooptado pela consciência de saber que o que faz é errado e ainda assim não conseguir deixar de fazê-lo pois é sua função: a dor dos outros e a morte já são triviais, pois esta se tornou sua rotina. A divisão que se faz ao escolher apresentar cada minoria em uma temporada e focar em seus esforços de resistir enquanto lutam para EXISTIR e VIVER toda a sua subjetividade é o ponto alto da série. No fim, é uma excelente história que fala da condição humana e seus desafios: como saber o que é certo ou errado em um contexto que por si só parece errado? Como seguir sendo bom em um ambiente que compele as pessoas a revelarem sua pior versão? No fim das contas, os regimes são o que são por que são feitos de homens e é apenas isso que cada homem é: um ser humano. É uma história riquíssima, que nos coloca diante de mazelas sociais que devem ser relembradas sempre, para que não aconteçam nunca mais.
Blonde
2.6 444 Assista AgoraAo se utilizar o título "Blonde", o espectador já está sendo avisado: não é uma cinebiografia de Marilyn Monroe ou de Norma Jeane Mortenson. É sobre o que o arquétipo da loira fatal, criada brilhantemente pela atriz Norma Jeane Mortenson e eternizado na persona de Marilyn Monroe representa e pode provocar, em uma sociedade que insiste em enxergar a mulher jovem como objeto de desejo e tão somente isso. O filme é fortemente carregado de simbolismo e impressionismo, que permite ao espectador identificar como a protagonista se sente em cada etapa e em cada momento de sua vida. Os abortos realizados denunciam a realidade da mulher que deve escolher entre ser mãe ou ser uma estrela de cinema, pois a sociedade não tolera que seja ambas as coisas: a mãe deve ser recatada e do lar, enquanto a estrela deve ser ousada e sedutora. A protagonista então sofre com a mutilação forçada de sua persona, que deve ser apenas uma única coisa: objeto de desejo. Seguindo pela lógica do simbolismo, as cenas em que a protagonista aparecem despida alerta ao expectador: esta é Norma Dean, não Marilyn, como se, despida de vestimenta, ela também se despisse do personagem Marilyn, ainda que implorasse para que essa surgisse, como na cena do camarim. A cena em que se encontra lendo no quarto evidencia: sem a personagem, essa mulher é culta, inteligente e reflexiva. Mas a sociedade não permite que seja assim, o que fica claro quando seu sossego é interrompido pela agressão do marido que responde com violência ao fato de sua esposa ser talentosa, desejada e ter uma carreira. O filme caminha sempre no sentido de deixar claro os abusos naturalizados por uma sociedade que se negava a humanizar uma mulher talentosa e bonita, tornando-a monotemática; a mulher bela cabe tão somente o papel de ser sedutora, uma violência contra sua essência que cobra um preço: a saúde mental deteriorada é revelada em alucinações e comportamentos que denunciam a sua vulnerabilidade. Já caminhando para o fim de sua vida, o filme se propõe a revelar a morte e a morte de Norma Jeane Mortenson: após o clima tenso na qual a protagonista encara homens misteriosos que atentam contra sua vida, a personagem acordo na exata posição da foto que estampava a notícia da morte de Marilyn Monroe na vida real, sugerindo a morte da personagem que a atriz criou. Após acordar a atriz revela ter tido um sonho estranho: esta é Norma Jeane Mortenson e, dessa forma, o filme se encerra com os laços de afeto que Norma Jeane possuia com os amigos e o enigma do pai desconhecido, que o final deixa claro: não havia um "choroso pai" que escrevia as cartas, demonstrando que na vida da protagonista tudo era dolorosamente inventado, assim como a personagem que lhe rendeu sucesso é fama. É um filme doloroso, com uma protagonista brilhantemente defendida por Ana de Armas que revela angustia do machismo e provoca reflexões.
A Lenda do Cavaleiro Verde
3.6 475 Assista Agora(Ps: o comentário é uma livre interpretação da usuária do perfil, se analisarmos os estudos sobre ciclo arturiano e literatura medieval, as análises dão conta de interpretações distintas) Inicialmente o filme parece mais um conto épico, uma história de origem do homem que, em sua jornada se torna cavaleiro. Depois, a trama parece propor a subversão de tropos já conhecidos das histórias arturianas na medida em que apresenta momentos e situações na qual o protagonista não apenas nega ser um cavaleiro como não age como tal. Em determinado momento da trama, a substituição do cavalo por uma raposa, sugere a ideia de que a honra buscada, parece o tempo todo tentada por uma esperteza que hora protege, hora encoraja ao caminho mais fácil. Em uma linguagem cheia de simbologia que ganha força com uma fotografia estonteante, que ajuda a ambientar o clima do filme a um tempo no qual o próprio tempo parece passar diferente, o filme propõe uma experiência sensorial e única, enquanto faz com que o próprio telespectador, junto ao protagonista se veja em uma reflexão sobre valores que persistem e que perecem no imaginário cultural. É um filme reflexivo, que permite uma série de interpretações e, quando parece ter chegado ao seu fim, em uma digressão mundana do protagonista, é possível notar que é nesse momento que surge um cavaleiro e o filme se revela em seu aspecto essencial: uma fábula. A sequente subversão de expectativa parece guiada por uma ideia que aproxima o cavaleiro a um arquétipo purista.. deveria então o cavaleiro ser como um monge? E quantos não foram e viveram para contar a história? As reflexões chegam ao ponto da própria metalinguagem em diálogos que tentam definir o verde e a busca de um jovem que nem mesmo parece saber o que procura. Questiona os reis e a grandeza fabricada ao mesmo tempo que revela que as maiores virtudes parecem se dar de forma intimista e silenciosa. É um filme rico em significado, com boas atuações, belíssima fotografia e muito interessante para discutir o imaginário das histórias épicas como conhecemos.
Sr. e Sra. Smith (1ª Temporada)
3.7 75 Assista AgoraExcelente elenco, química maravilhosa entre o casal de protagonistas. A premissa é um pouco fraca, e só parece funcionar como uma crítica a como o mercado enxerga as pessoas: como modelos em série de uma mesma marca "Sr. Sra. Smith", ao destituí-los dos nomes e impor um casamento.
[spoiler][/spoiler]. Essa interpretação ganha força na conversa final entre o casal principal e os "finalizadores", que atribuem sucesso a seguir ordens cegamente.
Ao contrário do filme dos anos 2000, o ritmo é um pouco mais lento, especialmente nos primeiros episódios, que deixam de lado a ação e focam mais na comédia e na construção da relação entre os personagens e seus dilemas.
Os diálogos e situações bem humoradas dão o tom de uma comédia romântica leve e descontraída.
O figurino e as questões abordadas revelam o tom bem diferente do filme protagonizado por Angelina Jolie e Brad Pitty, conferindo autenticidade a produção e evidenciando que, apesar das semelhanças, a série visa contar um história diferente, mas ainda assim, prestando homemagem a obra original de forma pontual e delicada.
Quem espera encontrar um série de ação explosiva e carregada de clichês e frases de efeito irá se decepcionar. Inclusive, o próprio roteiro debocha das frases de efeito das tramas de ação em um aceno metalinguistico e sagaz em um breve momento.
Ainda assim vale a pena conferir a série, principalmente pelas boas atuações e excelente dinâmica entre os protagonistas.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraUm filme criativo, atento e capaz de retratar questões filosóficas da condição humana no contexto da sociedade atual em que somos atingidos pelo excesso de informações sobre "tudo em todo lugar, ao mesmo tempo". A condução criativa da trama, com inspirações lindíssimas do cinema oriental e asiático, prende a atenção do expectador que, ainda assim, é surpreendido pelas reviravoltas que o filme dá. O começo da trama, que parece revelar um filme sagaz de ficção científica, subverte a expectativa e entrega uma bela alegoria sobre o ser humano e a (pós) modernidade. Em tempos em que tudo acontece ao mesmo tempo, o que faz sentido são as conexões genuínas. Só o que salva o ser humano do desespero do excesso de vivências e opções são as histórias que escolhemos contar e os afetos que escolhemos sentir e isso só é possível olhando uns para os outros com gentileza. A trama, que parece caótica em um primeiro momento, organiza situações e esclarece as dúvidas de uma maneira surpreendente. Diante do caos, a única forma de lutar contra a angústia é reconhecer o valor das relações interpessoais e escolher viver o presente. O afeto é o que permite estar em um único lugar aproveitando um único momento.
Homem-Aranha: No Aranhaverso
4.4 1,5K Assista AgoraA fidelidade com que se reproduz a estética dos quadrinhos junto com a trilha sonora faz com que esse seja um filme de animação com um tom único e inédito. O carisma dos personagens e o roteiro garantem o resto. Filme incrível, bem resolvido e a altura das histórias e do arco narrativo do cabeça de teia !
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraUm filme urgente para se pensar os paradigmas da atualidade. É perturbador, uma vez que utiliza alegorias com interpretações viscerais, escolhas de câmera que trazem o espectador para dentro de uma experiencia sensorial e impressionista junto com a protagonista. Porém, constrói, assim,de forma até didática, questionamentos de muitos dogmas e valores estabelecidos hoje em dia. Pode ser interpretado do ponto de vista religiosa, político, ético, moral, mas, sem dúvida, é um filme necessário para os dias de hoje.
Flores Raras
3.8 567 Assista AgoraPoesia em forma de película. Carregado de doçura tamanha delicadeza.
Belas atuações e uma trilha sonora excelente.
A Grande Beleza
3.9 463 Assista AgoraUm filme apolínio sobre a temática dionisíaca, barroco sobre o ponto de vista moderno e, acima de tudo, um elogio a arte, a vida e a poesia.Que traz toda a beleza e sensibilidade do cinema italiano. Leve, tocante e, Inspirador acima de tudo.