Últimas opiniões enviadas
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Poucas vezes eu assisti a um filme tão problemático quanto “Clube Zero”, obra dirigida e co-escrita por Jessica Hausner. O longa aborda um tema bastante sério: os transtornos alimentares e o negacionismo científico de uma forma bastante equivocada, para não dizer irresponsável.
Numa escola que funciona num regime de internato, a Ms. Novak (Mia Wasikowska) é contratada para dar uma disciplina a sete estudantes intitulada “Comer Consciente”. No método estabelecido pela Ms. Novak, a alimentação está relacionada ao consumismo excessivo e à preocupação com a sustentabilidade do mundo que habitamos.
Neste ponto, é importante fazermos um adendo. Transtornos alimentares, normalmente, estão relacionados a problemas emocionais. Na medida em que a trama de “Clube Zero” avança, percebemos que boa parte dos estudantes que compõem a turma da Ms. Novak possuem diversos tipos de questões emocionais, a maior parte delas ligada aos relacionamentos que eles possuem com pais permissivos/omissos e que transferem para a escola a sua parte na criação dos filhos.
Por isso, a abordagem de “Clube Zero” soa problemática e irresponsável. Ao tratar sobre um tema tão sério de uma forma enfática no fanatismo, no radicalismo, na sátira e no limite tênue que pode mexer com a própria sobrevivência desses adolescentes, a diretora e co-roteirista Jessica Hausner subestima o poder que o cinema possui de influência sob as plateias ao redor do mundo. Ao invés de educar com a sua história, a diretora preferiu seguir um caminho perigoso que pode persuadir, de forma negativa, parte do público que assistirá a essa história.
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Força Maior
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“Houve uma avalanche, ficamos apavorados, mas tudo ficou bem”.
Sabe quando você repete várias vezes a mesma coisa para se assegurar de que aquilo foi a verdade? A família formada pelo casal Tomas (Johannes Bah Kuhnke) e Ebba (Lisa Loven Kongsli) e seus dois filhos Vera e Harry vai repetir a frase que abre a nossa resenha crítica diversas vezes para que eles mesmos se certifiquem de que ela representa a verdade sobre o que ocorreu com eles.
Em uma viagem de férias numa estação de esqui, a família divide seu tempo entre os passeios pelas diversas trilhas, refeições pelos restaurantes e momentos de descanso no quarto. Tudo acontece na maior normalidade até que a vivência de uma avalanche durante um desses instantes abala as estruturas emocionais desta família.
“Força Maior”, filme dirigido e escrito por Ruben Östlund, aborda justamente as consequências das reações de Tomas e de Ebba, enquanto marido e mulher, enquanto pai e mãe, durante a vivência da avalanche; e como isso os afeta, no relacionamento, e, principalmente, naquilo que eles representam um para o outro e para seus filhos/amigos/relacionamentos próximos.
No caso de Ebba, temos a incredulidade diante da reação do marido. No caso de Tomas, a sua reação simboliza, para ele, uma quebra da sua masculinidade. Tolhido de seu papel como homem da família, provedor e protetor, Tomas só poderá recuperar a sua responsabilidade quando ele mesmo entrar em contato com seus sentimentos e com o ser que ele é.
O título “Força Maior” faz referência a um conceito oriundo do Direito e que está relacionado ao sentido de que a “força maior é aquela a que a fraqueza humana não pode resistir”. Ou seja, diante de um acontecimento extraordinário, ficamos impedidos de cumprir as nossas obrigações. Qualquer semelhança com a situação vivida por Tomas, Ebba e família é mera coincidência.
Últimos recados
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Marcelo
valeu e participa taaaaaaaa vamos la ta rss abs
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Marcelo
Amiga levei seu comentário do filme Chacrinha (com créditos) para o grupo de cinema Amantes da sétima Arte ok! Veja la e participe mesmo taaaaaaaaaaaaaa
https://www.facebook.com/groups/amantesda7arte/ ta aqui -
Francisco Paulo
Obrigado por aceitar.
Sou muito fã da cultura e do Povo Nordestino, sempre tão hospitaleiro e amigo!!!
Um grande abraço p. você.
Chiquinho.
Um dos mais populares e celebrado escritores brasileiros, Luis Fernando Verissimo é o objeto de retrato do documentário “Verissimo”, dirigido e co-escrito por Angelo Defanti. O filme captura a rotina do escritor nas vésperas de seu 80º aniversário, em 2016.
Chama a atenção em “Verissimo” o contraste entre a euforia advinda da chegada do natalício e a rotina calma, envolta em acontecimentos quase frívolos, do retratado.
No documentário, Verissimo é mostrado em todos os papeis que desempenha: o marido amoroso, o pai, o avô, o escritor ativo que mantém-se em atividade (seja escrevendo, dando entrevistas, lançando livros e participando de eventos públicos) e o idoso marcado por questões de sua própria idade.
Porém, confesso que o que mais ficou comigo enquanto assistia a “Verissimo” foi perceber o quanto o escritor tem um caráter introvertido dentro de si mesmo. Ele é silencioso, um homem de poucas palavras. Em alguns momentos, ele pareceu desconfortável/melancólico diante de algumas situações. Ao ponto de eu me perguntar: quando ele se sente à vontade? Será se diante do computador, ao escrever? Será se diante de sua cuidadosa e amorosa esposa? Será se diante da inocência dos netos? Não sei.
O que eu sei é que “Verissimo” comprova que estamos diante de alguém admirado por anônimos, porém, principalmente, um homem que é extremamente amado pela sua família.