Após o lançamento do decepcionante Hércules, de Renny Harlin, muita gente pode torcer o bico para o filme estrelado por Dwayne Johnson e dirigido por Brett Ratner e que tem o mesmo titulo no Brasil do primeiro citado, o que acaba tornando o paralelismo e a comparação entre os filmes inevitável. Com maior orçamento o Hércules, de Brett Ratner, de inicio acaba animando com a ideia de que este poderia ser o total oposto do último filme lançado sobre o semideus, e sim o filme é inegavelmente superior, mas o longa não pode ser considerado à altura do cânone do personagem.
A história é baseada na HQ Hercules: The Thracian Wars, de Steve Moore, um conto que deixa de lado a mitologia e mostra um Hércules mais humano, após ter finalizado os lendários 12 trabalhos. No filme, toda a trama é bem inserida, além de questionamentos postos aos espectadores sobre o personagem que fazem a toda história trabalhar de forma bem incomum. Todas as questões são aumentadas quando descobrimos que o semideus trabalha junto com um grupo de mercenários, o que gera uma questão ainda maior: "Hércules é o herói que todos esperam ou uma farsa?" Aproveitando essa indagação, o roteiro do filme cria uma narrativa com um ótimo ritmo, apesar de ser obvio.
As diversas cenas de batalhas também são bem realizadas, ainda que muitas não impressionem, são bem coreografadas, vemos algumas tomadas inspiradas, mesclando com um toque de humor, e com uma ótima mixagem de som que constrói uma tensão no espectador. Sobre os mercenários, em grupo suas relação são bem construídas, mas individualmente são mal desenvolvidos. Dwayne Johnson, como é de costume, constrói um personagem alegre e canastrão, mas que entrega um protagonista nada mais que comum. A trilha de Johannes Vogel aparece apagada nas sequências e não nos entrega nada memorável.
Mesmo não sendo uma obra-prima, Hércules cumpre seu papel: entregar um filme com ótimas cenas de ação e muita aventura, gerando diversão a sua audiência. Enfim, está longe de ser o filme épico que se espera do personagem, mas também não é um filme que você vai perder o seu tempo assistindo.
Baseado em fatos verídicos, o longa conta a história de uma expedição liderada por Rob Hall, o alpinista profissional pioneiro na criação de expedições de alpinistas para alcançar o topo de Monte Everest (a montanha mais alta do planeta), mas que dessa vez acaba obrigado a lidar com uma série de dificuldades impostas por uma tempestade quando está liderando um grupo para chegar o cume.
Dirigido pelo islandês Baltasar Kormákur, Everest conta com uma bela fotografia e uma precisão técnica considerável. Mas também possui um problema grave: um roteiro pouco inovador, já que filmes sobre alpinistas não são nenhuma novidade. Everest não conta a história de um homem, mas sim de toda a situação já contada nos livros de Jon Krakauer (No Ar Rarefeito) e Anatoli Boukreev (A Escalada).
O roteiro, escrito por Simon Beaufoy (Quem Quer Ser um Milionário?) e William Nicholson (Gladiador), tenta de toda forma escapar do melodrama, o que de fato era muito importante. O grande problema é que a emoção necessária para toda a história foi tão dosada que acabou num filme em que os espectadores tem dificuldade de se familiarizar. A película tem uma mulher grávida preocupada com o marido, pessoas que foram obrigadas a abandonar seu sonho pelo caminho e outras que lutam para sobreviver em um ambiente nada acolhedor. E mesmo assim não temos uma “aventura” que nós segura, que nos mantenha grudados nas poltronas, por mais que existam cenas que realmente arrepiem até a espinha...
Ao final do filme, terminamos sabendo que vimos algo interessante, mas com aquela sensação que poderia ter visto algo melhor. O sentimento depois de assistir é de que ficou faltando alguma coisa.
Com um elenco de ponta, e com boas atuações, que não são melhores por causa do roteiro mal elaborado. Josh Brolin e John Hawkes se destacam no filme, interpretando dois dos personagens que contratam a expedição para chegar ao topo do monte. Keita Knightley também nos cede uma boa atuação, com destaque para a cena que conversa com o marido pelo telefone em uma situação nada confortável.
Everest é o clássico exemplo de filme mediano, que poderia ter menos personagens para um melhor desenvolvimento da história. Mas entrega uma bela e discreta trilha sonora e realiza um belíssimo trabalho de figurino e, principalmente, da maquiagem combinando com uma fotografia excepcional.
Há muito tempo, a Pixar não fazia um filme original a altura de seus grandes sucessos que pudesse envolver a seus espectadores. Pois é, esse período acabou. Em Divertida Mente, a história gira em torno da mente de uma criança, Riley, tendo como personagens principais os sentimentos responsáveis pelas suas ações: Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho. Cada emoção é apresentada com características diferentes (cor e temperamentos) para facilitar a compreensão do público. Quando a família de Riley se muda, o foco principal passa para a Tristeza e Alegria que são os sentimentos mais antagônicos da jovem, que terão de trabalhar juntas depois de uma confusão em que elas caem no subconsciente da Riley.
Chega a ser sensacional como um acerto na combinação de design (Pete Docter, Meg LeFauve and Josh Cooley) e roteiro (Pete Docter and Ronnie del Carmen) tornam os conceitos do filme tão bem elaborados e materializados. A explicação sobre como a mente de uma pessoa funciona, é tão bem adaptada que chega a fazer todo o sentido. Tanto que em pouco tempo de filme, o espectador se familiariza com tudo que se passa. A história chega a ser brilhante, já que usa dos seus poucos conceitos e explica grande parte do funcionamento do cérebro da Riley, desde sentimentos a amigos imaginários, sonhos, desejos a até mesmo esquecimentos.
O grande diferencial de Divertida Mente é que não há vilões. Há momentos é que você se levar a pensar que um determinado sentimento pode ser esse tipo de personagem frequente em animações, mas a direção que a narrativa leva te faz pensar de um modo diferente. Divertida Mente é uma animação para família, muita divertida e repleta de piadas inteligentes que são voltadas tanto para o público mais jovem quanto para o mais velho. Mas nem tudo são flores, a trilha sonora é um pouco esquecível, o que dificilmente acontece com filmes da Pixar.
Dirigido por Peter Docter (Monstros S.A. e UP), Divertida Mente é ousado e pensado em cada detalhe, um filme que te faz assistir com gosto. Uma animação curiosa, com muito simbolismo, nostálgica, familiar e com uma mensagem relevante. Simplesmente incrível.
Se você vai assistir Creed e acha que vai ver apenas mais um filme do Rocky, você esta totalmente enganado. Eis que surge o diretor Ryan Cogler trazendo uma ideia diferente para a franquia e de volta o espirito emocionante que vimos durante quase toda a franquia. Após ter deixado seu legado no mundo dos cinemas, o Garanhão Italiano irá treinar e dar espaço para Adonis; filho do ex-campeão mundial de boxe Apollo Creed, este último um antigo rival e amigo de Balboa. Donnie (apelido do protagonista) terá que sair da sombra de dois grandes ídolos do esporte e mostrar que pode deixar também o seu legado para o mundo do boxe.
No quesito atuação devemos parabenizar Michael B. Jordan e Sylvester Stallone, que nos entregam interpretações belíssimas. Michael mostra toda a precisão necessária para o Adonis e uma performance corajosa, que não está nem um pouco preocupada com a tradição e legado deixada pelo seu treinador. Já Sylvester Stallone nos entrega uma atuação de forma memorável e digna de ter ganho o Globo de Ouro, uma das melhores atuações de toda a sua carreira. Jordan e Sly nos mostram que não existe luta apenas no ringue, mas também na nossa vida.
Ryan Coogler dirige todo o filme com grande competência, precisão e agilidade. Usando das mais variadas técnicas, cada cena fica marcada pela sua originalidade e filmada com um estilo diferente, mostrando para o espectador que nem toda a luta é igual. Coogler mostra em Creed que sabe dosar muito bem as emoções dentro do filme, e você consegue perceber isso facilmente quando todo o cinema rir, chora e torce junto a cada sequência, e cá entre nós não é uma coisa muito fácil de se fazer. Coogler insere o espectador de maneira original no filme, em particular nas cenas de lutas do filme em que o espectador consegue ouvir os treinadores e a plateia torcendo pelos lutadores.
Creed: Nascido para Lutar traz de volta de maneira mágica a franquia Rocky aos cinemas, que te faz se emocionar de todas as formas que um filme deveria fazer. Com belíssima direção, grandes atuações e com o lado técnico perfeito, Creed com certeza já pode ser confirmado como um melhores filmes do ano. Creed é digno da franquia Rocky, e só não é melhor que Rocky: O Lutador (1976).
A Viagem, e que viagem! O filme baseado no best seller de David Mitchell te faz raciocinar do início ao fim. A ambição dos diretores no filme passa a ser muito clara quando expõem o telespectador a 6 histórias de diferentes épocas com uma interligação muito forte, usando dos mesmos atores em todas as tramas (até interpretando personagens de diferentes sexos). Quando você acha que o filme não já puxou demais dos seus neurônios, ele te traz cenas de forte moralidade e demonstra o possível rumo que o mundo está propenso a ter. Com vários flashes, o filme não foge do limite dos espectadores atuais. E não dá tudo de mão beijada, deixando você fazer a ligação do modo que você bem entender.
O trabalho de cada ator é impressionante, mas não podemos deixar de parabenizar a maquiagem e figurino que se destacam no filme (Dignos de pelo menos uma indicação ao Oscar). Acredite alguns atores em determinadas tramas ficam irreconhecíveis se não fosse pelos créditos, juro que ficaria sem saber quem é quem ao termino do filme.
Mas vale lembrar que o filme algumas vezes passa a ser um pouco cansativo (172 minutos de duração), ele poderia ter bem menos duração. Para quem não gosta de filmes de longa duração pode abandoná-lo no meio. A primeira hora acaba definindo se você quer continuar assistindo ou não.
A Viagem fez os Irmão Wachowski(Matrix) amadurecerem de forma surpreendente, dando a eles a sua mais difícil e uma das mais belas produções já feita. Quanto a atuação, Wishaw se destaca interpretando o personagem mais inconsistente do filme e que compõe a sinfonia que dá o nome original do filme.
A Viagem, um filme complexo acima da média que te surpreende de uma forma incrível, atraente. Mesmo que algumas pessoas não consigam se envolver com a trama, é difícil não se identificar com algo que se passa no filme.
Os Irmãos Coen são conhecidos por terem criados obras com sua própria identidade e serem roteiristas/diretores muito versáteis. Ave, César! também tem sua particularidade com um time de atores valorizados na Hollywood atual. Ave, César é uma grande homenagem a Era de Ouro do cinema, e também uma crítica a indústria cinematográfica mundial.
A história se passa nos bastidores da Hollywood nos anos 1950, período em que a grande estrela dos estúdios Capitol, Baid Whitlock ("George Clooney") é raptado nos meios das filmagens de uma grande produção da época. Caberá ao executivo do Estúdio, Eddie Mannix ("Josh Brolin") encarregado de resolver os problemas da Capitol e organizar todos para que o estúdio continue engrenando, lidar com as várias adversidades que irão surgir no filme. Aliás, é pelo ponto de vista de Mannix que todo o longa é construído, pois apesar da trama de Whitlock ser a central, existem diversas subtramas criadas pelos Coen que reimaginam toda a magia da Hollywood de 1950 desde os épicos, faroeste até os musicais.
Todos os gêneros que são inseridos e homenageados (ao mesmo tempo que brincam com os próprios) pelos irmãos Coen transportando o público para 1950. Assim, o filme ruma para o que se parece ser uma comédia dramática, com o modo caricato com que os personagens se comportam e as situações pouco habituais em que eles se metem. Sendo organizado de tal forma, que mesmo sem uma grande trama central, e sem compartilhar das mesmas teias, os personagens parecem se conectar de alguma forma.
Alguns aspectos do filmes merecem destaque: as atuações, fotografia, design de produção e o modo como o humor está inserido no filme. O elenco principal do filme não poderia ter sido melhor escalado, cada um representa os seus papeis no tom que a película pede. Mas o modo como alguns deles surgem e desaparecem da tela, acaba sendo irrelevante para a trama em um panorama geral, as chamadas pontas que ultrapassam mais de 80 nomes creditados. A fotografia nos entrega planos bem elaborados e com variações a cada cena, dividindo a realidade e a ficção; seja com um amarelado, um colorido uniforme ou um colorido vibrante. O design de produção fez um belíssima trabalho de reconstrução da Hollywood da época, assistindo ao filme o espectador ganha uma viagem gratuita a Era de Ouro do cinema.
O filme é bem humorado e bem provável que muita gente fique satisfeita com o clima inserido pelos irmãos Coen, mas é bom ressaltar que para quem tem um bom conhecimento dos filmes referenciados o humor fica bem mais claro. Por exemplo, a personagem Anna Dean Moran(Scarlett Johansson) é referência a Esther Williams conhecida como "A Sereia da MGM" por causa do filme "A Rainha do Mar" e as coreografias da DeeAnna referenciam as criações de Busky Berveley. O sapateado de Bust Gurney (Channing Tatum) nos lembra um dos sucessos do ator Gene Kelley, "On The Town". Laurence Laurentz (Ralph Fiennes) e sua afetação nos lembra o lendário Laurence Olivier. Até a portuguesa Carmen Miranda é lembrada com a simpática personagem Carlotta Valdez (Veronica Osorio). Eu poderia passar um boa parte do texto citando as referências, mas acho que tiraria um pouco da magia do filme.
Ave, César! é uma declaração de amor dos irmão Coen ao cinema, mas também uma crítica a industria cinematografia. E mesmo que não fique claro, eles brincam com o fato da independência do artista, será que ela existe ou não? Será que tudo o que vemos do lado de fora não é pura ilusão? Será que todas as relações não são controladas por mentes(pessoas) por trás dessa industria? Pois até com essas dúvidas/perguntas os Coen conseguem brincar. Mas ao final, o que percebemos é a devoção desses irmãos pelo cinema assim o personagem Mannix também é devoto e todos nós somos devotos.
OBS.: Se você quiser entender melhor sobre a importância dos roteiristas para a Era de Ouro do cinema e também sobre a situação dos roteiristas comunistas naquela época, assista o filme 'Trumbo' (2016) estrelado pelo Bryan Cranston.
Filmes com protagonistas que aparecem em quase 100% do tempo em cena, geralmente deixam o público um pouco receoso e ainda quando se tem uma temática de luta pela sobrevivência, a coisa se torna ainda mais temerosa. É verdade, que temos alguns longas em que os atores dão conta do recado nessa situação, mas a verdade é que há grandes chances de uma película com esse tipo de tema ser mal-sucedida, principalmente se não tiver à frente uma atuação digna. Em 'Águas Rasas', a Nancy (protagonista) é vivida pela Blake Lively, que fez um belíssimo trabalho em 'A Incrível Historia de Adaline', porém em outros trabalhos a atuação dela deixou muito a desejar, o que gerou no público uma certa dúvida do que poderíamos ver dela em 'Águas Rasas'.
Na trama, Nancy (Blake Lively) é uma jovem que larga o curso de medicina após a morte da mãe. Buscando memórias desta, a garota procura por uma praia secreta em um lugar paradisíaco, na qual a mãe esteve décadas atrás. Ela encontra o recluso local e passa boa parte do dia surfando. Até que acaba atacada por um tubarão.
O 1º ato, apesar de importante para o espectador conhecer a protagonista, se arrasta mais do que o necessário em várias cenas, o grande exemplo é a desnecessária cena da conversa no Skype. Por falar em tecnologia, o diretor Jaume Collet-Serra encaixa na trama o mundo tecnológico de maneira bem inteligente com um contador regressivo na tela indicando o tempo para maré baixa/alta, alguns planos na tela da GoPro e até a interface de conversas no facetime aparecem na tela do filme. Os últimos minutos finais do filme tem grandes problemas também, parecem ser muitos forçados e artificiais a um olhar externo. A fotografia de Flavio Martínez Labiano é muito boa, intercalando planos abertos para demonstrar a pequenez de Nancy em relação a grandeza da natureza, tomadas aquáticas para dar a sensação do perigo que o tubarão traz a vida da Nancy até a utilização de uma GoPro para algumas em primeira pessoa.
Cabe destacar a atuação da Blake Lively que convence e consegue fazer que o espectador acredite que está passando mesmo por um momento difícil na vida, e tudo que ela passando para sobreviver parece ser algo que a está levando ao limite e cria uma tensão no público. Já a trilha sonora do Marco Beltrami tem grandes problemas assim como em Ben-Hur, a trilha não transmite nenhuma emoção ao filme e não cria laço algum com a história.
'Águas Rasas' apesar de não ser original, é um filme divertido e que ao contrário de grande parte dos filme de 2016, vale à pena ser assistido.
Ator de segundo escalão em Hollywood e mais conhecido pelo seu papel interpretando Aragorn na trilogia "O Senhor dos Anéis". Viggo Mortensen surpreendeu a todos nesta temporada de premiações quando foi indicado ao Independent Spirit Awards, Globo de Ouro e SAG por "Capitão Fantástico" interpretando o Ben, aumentando suas chances de aparecer na improvável indicação ao Oscars.
"Capitão Fantástico" é uma mescla de "Pequena Miss Sunshine" e com "Na Natureza Selvagem". Por ser uma road-movie autêntico funciona tanto como comédia, como drama e ainda oferece momentos musicais cativantes, a cena ao som de "Sweet Child O'Mine" é tocante. A família é encantadora, e funciona principalmente por causa do elenco incrível liderado por Viggo Mortensen. Ele não só o vive o capitão do título do filme, mas também um chefe de família, um pai que ama seus filhos e um homem que ideais bem definidos. Já nos 5 primeiros minutos de filme, você percebe que está diante de uma família.
Na trama, Viggo Mortensen é o patriarca Ben Cash, que cria os seis filhos de uma forma bem inusitada, para dizer no mínimo. Nas florestas do Noroeste Pacífico, nos EUA, o protagonista vive em sua própria comunidade rural particular, educando suas crianças e adolescentes de uma forma única. Eles possuem teto e uma casa, mas vivem a maior parte do tempo ao céu aberto, se reunindo em volta de fogueiras e só utilizando abrigo quando necessário. Além disso, caçam e colhem para se alimentar, obviamente sem desperdícios desconhecendo qualquer outra forma de sobrevivência. Sua educação, no entanto, é rigorosa, provida de grandes obras da literatura, livros técnicos e os ensinamentos do “capitão” desta tribo. Os jovens também são treinados no combate corpo a corpo, e no local possuem tudo o que necessitam para uma vida pura e afastada das mazelas de uma sociedade doente. Isto é, até tais mundos, como era inevitável, colidirem.
O tema em mais vigor no filme é a criação de filhos, que é um assunto muito delicado. Mas que é trada com extrema nobreza e delicadeza em 2 situações no filme. A 1º é quando o Ben vai visitar sua irmã, ele questiona sobre a importância do aprendizado escolar, o qual ele negligencia aos filhos. E o Ben em resposta, compara de forma convicente o método de ensino que ele dá a seus filhos com o das instituições tradicionais. A 2º é quando o sogro de Ben e avô dos meninos, fica preocupado com a saúde física dos seus netos e o modo como o personagem do Viggo Mortensen cria seus próprios filhos, que diariamente testados de variadas formas.
Com uma alma de filme independente, Capitão Fantástico apresenta beleza no uso das cores da fotografia e até mesmo nas roupas das personagens, a trilha sonora, versões alteradas de músicas famosas, um ótimo trabalho na direção de arte e edição. A força do roteiro está na dissecação de todos os assuntos envolvidos durante o filme. A direção de Matt Ross acompanha o roteiro e acerta o tom do longa, distribuindo sabendo dosar bem momentos de comédia e drama.
"Capitão Fantástico" se destaca ao mostrar momentos honrados e legítimos, levantando questões relevantes, argumento-as com propriedade e sensatez. É um filme que toca o espectador, e que dá lições que devem ser levadas para a vida. Mesmo que passe despercebido pelo público casual, "Capitão Fantástico" é um longa que deve ser assistido por todos que tiverem a oportunidade.
Esquecido por muitos espectadores, o gênero faroeste ainda sobrevive e mesmo que a quantidade de filmes produzidos não seja tão grande, de vez em quando surge longas westerns bem interessantes, que é o caso de Bone Tomahawk.
Geralmente, as cenas de aberturas de uma película resumem bem o que sucederá grande parte do filme. Em Bone Tomahawk, se inicia de forma tensa e brutal, com um ladrão degolando uma vítima com uma faca pouca afiada, apesar de toda a tensão o diretor decide poupar o espectador de início na hora de execução. Sendo uma tática bem interessante do diretor S. Craig Zahler para nos dar uma amostra do horror e brutalidade que o longa irá apresentar, além de poupar algumas cartas que Zahler tem na manga.
Mesmo com ingredientes de horror, gore e suspense dosados na receita do filme; Bone Tomahawk não deixar de ser um faroeste clássico. O filme conta a história de 4 homens (o xerife e seu ajudante, um pistoleiro e um cowboy com uma perna machucada) de uma cidade pacata que irão resgatar um prisioneiro, o assistente do delegado e a esposa do cowboy que foram sequestrados por uma tribo de canibais.
O enredo do filme inicia nos apresentando a cidade e o modo de vida dos personagens principais que irão viver a aventura. No segundo ato, há um foco na jornada dos quatro até a tribo indígena, e é onde há o desenvolvimento e apresentação da personalidade dos homens, além do suspense inserido no espectador (como eu disse Zahler sabe muito bem o que está fazendo). No ato final, o horror é instalado como uma clara prova que o diretor não tem medo de ousar.
Bone Tomahawk é o tipo de filme western que deixa os cinéfilos de sorriso escancarado, com obvias homenagens tanto ao faroeste clássico quanto o moderno. Muito intenso e com um elenco de peso que nos entrega boas atuações, ainda não dá para esquecer da direção magnifica do S. Craig Zahler e também da brilhante fotografia que insere uma emoção maior ao filme. Um longa para todos que gostam do gênero.
Um dos favoritos, senão "O Favorito" na corrida ao Oscar, o filme narra a história de Spotlight: uma equipe de jornalismo investigativo do Boston Globe que é designada pelo seu novo chefe para averiguar um caso de pedofilia dentro da Igreja Católica em Boston. Mas aos poucos eles vão descobrindo que a situação tem uma amplitude muito maior do que imaginavam, já que os casos de abusos infantil estão sendo acobertados. Baseado em fatos reais, Spotlight trata-se de um dos temas mais sérios e sensíveis que existem no mundo.
Na direção de Tom McCarthy, o filme segue um ritmo diferenciado e muito equilibrado, aqui todas as descobertas dos jornalistas causam impacto e são eletrizantes. Com um enrendo bem interligado acompanhamos o trabalho dentro e fora do escritório do Boston Globe, e sentimos na pele como o jornalismo é feito, além do senso de urgência da investigação que é constante e muito bem trabalhado durante toda a trama que é muito absorvente.
Apesar de ter um elenco numeroso (Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber, John Slattery, Brian d'Arcy James e Stanley Tucci); o ponto forte do filme está aqui. Cada ator tem seu espaço para brilhar e mostrar a identidade do personagem, mas a magia acontece quando todos atuam juntos. Vale destacar as atuações de Rachel McAdams e Mark Ruffalo, o último interpreta o personagem mais energético da película e acaba sendo a principal ligação entre o filme e o espectador, já Rachel atua em um papel sabendo dosar de forma excelente: compromisso profissional e sensibilidade.
Spotlight é um filme tenso no bom sentido, mas com um drama eficiente e digno de elogios. Com uma ótima direção, uma bela edição e um elenco que nos entrega excelentes atuações; apesar de não ser um filme pipoca, Spotlight deve ser assistido por todos.
Evidenciado como um filme de ficção cientifica, a primeira impressão de A 5º Onda é que um filme com uma premissa diferenciada, obviamente tentando se destacar e se diferenciar dos outros filmes adaptados de outas trilogias de livros adolescentes. Pois é, não se deixe enganar pelas primeiras impressões e pelo inicio do filme, porque a película é apenas mais do mesmo, tentando encontrar o sucesso da sua obra original.
De inicio, somos apresentados a Cassie (Chloe Grace Moretz) em uma cena estilo The Walking Dead de tensão, abandono e nada confortável. E o desfecho da cena é bem impactante, só o que a cena promete para o filme, o próprio não cumpre. O título do longa se refere a premissa dele, a Terra começa a sofrer uma série de ataques alienígenas; primeiro, eles utilizam pulsos eletromagnéticos para cortar a energia do planeta; depois, mandam uma tsunami para dizimar boa parte da população do planeta; na terceira onda, um vírus é utilizado para matar os habitantes que sobraram; e por fim, eles se infiltram entre nós, assumindo a mesma forma que a nossa para causar desconfiança entre os terrestres que ainda vivem. Tudo isso, serve para desenvolver a protagonista Cassie e inserir um drama no longa quando ela se separa de modo trágico de seu pai e irmão, o último capturado pelo exercito.
O inicio do filme em que são apresentados os personagens e toda a trama cumprem o seu devido proposito. O problema acontece depois dos 30 primeiros minutos de filme quando as reviravoltas acontecem da pior maneira possível e nos é inserido um relacionamento amoroso entre Cassie e Evan (Alex Roe), e que depois ainda se torna um triângulo amoroso com o Ben (Nick Robinson), que é o líder do esquadrão do irmão de Cassie, algo quase que inédito né? (foi uma ironia, rsrs)
Todo o suspense levantado pelo filme até aquele momento é jogado de lado e usado de forma muito simples em todos os aspectos do filme e as cenas de ação que o diga, que eram para serem levadas a sério, fazem-no parecer um longa de comédia (cito isso, porque as cenas sérias do filme faziam o cinema cair na gargalhada e não estou brincando infelizmente). O que nos sobra para o longa é um triângulo amoroso e o desejo de uma irmã para salvar o irmão, coisas que não são inéditas e são muito comuns em filmes adolescentes hoje em dia.
A 5º Onda falha no que poderia ter sido um sci-fi contemporâneo de grande sucesso, mas que parece só ter sido feito feito por um interesse de mercado, mesmo tendo vários fatores a seu favor para torná-lo mais excitante que o desfecho final. Sobra para o espectador a impressão de já ter assistido a esse filme, afinal tudo que é usado nesse filme já virou clichê. Cassie ainda terá que derrotar os aliens e sobreviver durante mais dois filmes, mas a franquia precisa evoluir muito para se diferenciar de outras adaptações.
PS.: Para seguir minhas criticas acesse o site Leitura Nossa de Cada Dia
Hércules
3.0 790 Assista AgoraApós o lançamento do decepcionante Hércules, de Renny Harlin, muita gente pode torcer o bico para o filme estrelado por Dwayne Johnson e dirigido por Brett Ratner e que tem o mesmo titulo no Brasil do primeiro citado, o que acaba tornando o paralelismo e a comparação entre os filmes inevitável. Com maior orçamento o Hércules, de Brett Ratner, de inicio acaba animando com a ideia de que este poderia ser o total oposto do último filme lançado sobre o semideus, e sim o filme é inegavelmente superior, mas o longa não pode ser considerado à altura do cânone do personagem.
A história é baseada na HQ Hercules: The Thracian Wars, de Steve Moore, um conto que deixa de lado a mitologia e mostra um Hércules mais humano, após ter finalizado os lendários 12 trabalhos. No filme, toda a trama é bem inserida, além de questionamentos postos aos espectadores sobre o personagem que fazem a toda história trabalhar de forma bem incomum. Todas as questões são aumentadas quando descobrimos que o semideus trabalha junto com um grupo de mercenários, o que gera uma questão ainda maior: "Hércules é o herói que todos esperam ou uma farsa?" Aproveitando essa indagação, o roteiro do filme cria uma narrativa com um ótimo ritmo, apesar de ser obvio.
As diversas cenas de batalhas também são bem realizadas, ainda que muitas não impressionem, são bem coreografadas, vemos algumas tomadas inspiradas, mesclando com um toque de humor, e com uma ótima mixagem de som que constrói uma tensão no espectador. Sobre os mercenários, em grupo suas relação são bem construídas, mas individualmente são mal desenvolvidos. Dwayne Johnson, como é de costume, constrói um personagem alegre e canastrão, mas que entrega um protagonista nada mais que comum. A trilha de Johannes Vogel aparece apagada nas sequências e não nos entrega nada memorável.
Mesmo não sendo uma obra-prima, Hércules cumpre seu papel: entregar um filme com ótimas cenas de ação e muita aventura, gerando diversão a sua audiência. Enfim, está longe de ser o filme épico que se espera do personagem, mas também não é um filme que você vai perder o seu tempo assistindo.
Evereste
3.3 550 Assista AgoraBaseado em fatos verídicos, o longa conta a história de uma expedição liderada por Rob Hall, o alpinista profissional pioneiro na criação de expedições de alpinistas para alcançar o topo de Monte Everest (a montanha mais alta do planeta), mas que dessa vez acaba obrigado a lidar com uma série de dificuldades impostas por uma tempestade quando está liderando um grupo para chegar o cume.
Dirigido pelo islandês Baltasar Kormákur, Everest conta com uma bela fotografia e uma precisão técnica considerável. Mas também possui um problema grave: um roteiro pouco inovador, já que filmes sobre alpinistas não são nenhuma novidade. Everest não conta a história de um homem, mas sim de toda a situação já contada nos livros de Jon Krakauer (No Ar Rarefeito) e Anatoli Boukreev (A Escalada).
O roteiro, escrito por Simon Beaufoy (Quem Quer Ser um Milionário?) e William Nicholson (Gladiador), tenta de toda forma escapar do melodrama, o que de fato era muito importante. O grande problema é que a emoção necessária para toda a história foi tão dosada que acabou num filme em que os espectadores tem dificuldade de se familiarizar. A película tem uma mulher grávida preocupada com o marido, pessoas que foram obrigadas a abandonar seu sonho pelo caminho e outras que lutam para sobreviver em um ambiente nada acolhedor. E mesmo assim não temos uma “aventura” que nós segura, que nos mantenha grudados nas poltronas, por mais que existam cenas que realmente arrepiem até a espinha...
Ao final do filme, terminamos sabendo que vimos algo interessante, mas com aquela sensação que poderia ter visto algo melhor. O sentimento depois de assistir é de que ficou faltando alguma coisa.
Com um elenco de ponta, e com boas atuações, que não são melhores por causa do roteiro mal elaborado. Josh Brolin e John Hawkes se destacam no filme, interpretando dois dos personagens que contratam a expedição para chegar ao topo do monte. Keita Knightley também nos cede uma boa atuação, com destaque para a cena que conversa com o marido pelo telefone em uma situação nada confortável.
Everest é o clássico exemplo de filme mediano, que poderia ter menos personagens para um melhor desenvolvimento da história. Mas entrega uma bela e discreta trilha sonora e realiza um belíssimo trabalho de figurino e, principalmente, da maquiagem combinando com uma fotografia excepcional.
Divertida Mente
4.3 3,2K Assista AgoraHá muito tempo, a Pixar não fazia um filme original a altura de seus grandes sucessos que pudesse envolver a seus espectadores. Pois é, esse período acabou. Em Divertida Mente, a história gira em torno da mente de uma criança, Riley, tendo como personagens principais os sentimentos responsáveis pelas suas ações: Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho. Cada emoção é apresentada com características diferentes (cor e temperamentos) para facilitar a compreensão do público. Quando a família de Riley se muda, o foco principal passa para a Tristeza e Alegria que são os sentimentos mais antagônicos da jovem, que terão de trabalhar juntas depois de uma confusão em que elas caem no subconsciente da Riley.
Chega a ser sensacional como um acerto na combinação de design (Pete Docter, Meg LeFauve and Josh Cooley) e roteiro (Pete Docter and Ronnie del Carmen) tornam os conceitos do filme tão bem elaborados e materializados. A explicação sobre como a mente de uma pessoa funciona, é tão bem adaptada que chega a fazer todo o sentido. Tanto que em pouco tempo de filme, o espectador se familiariza com tudo que se passa. A história chega a ser brilhante, já que usa dos seus poucos conceitos e explica grande parte do funcionamento do cérebro da Riley, desde sentimentos a amigos imaginários, sonhos, desejos a até mesmo esquecimentos.
O grande diferencial de Divertida Mente é que não há vilões. Há momentos é que você se levar a pensar que um determinado sentimento pode ser esse tipo de personagem frequente em animações, mas a direção que a narrativa leva te faz pensar de um modo diferente. Divertida Mente é uma animação para família, muita divertida e repleta de piadas inteligentes que são voltadas tanto para o público mais jovem quanto para o mais velho. Mas nem tudo são flores, a trilha sonora é um pouco esquecível, o que dificilmente acontece com filmes da Pixar.
Dirigido por Peter Docter (Monstros S.A. e UP), Divertida Mente é ousado e pensado em cada detalhe, um filme que te faz assistir com gosto. Uma animação curiosa, com muito simbolismo, nostálgica, familiar e com uma mensagem relevante. Simplesmente incrível.
Creed: Nascido para Lutar
4.0 1,1K Assista AgoraSe você vai assistir Creed e acha que vai ver apenas mais um filme do Rocky, você esta totalmente enganado. Eis que surge o diretor Ryan Cogler trazendo uma ideia diferente para a franquia e de volta o espirito emocionante que vimos durante quase toda a franquia. Após ter deixado seu legado no mundo dos cinemas, o Garanhão Italiano irá treinar e dar espaço para Adonis; filho do ex-campeão mundial de boxe Apollo Creed, este último um antigo rival e amigo de Balboa. Donnie (apelido do protagonista) terá que sair da sombra de dois grandes ídolos do esporte e mostrar que pode deixar também o seu legado para o mundo do boxe.
No quesito atuação devemos parabenizar Michael B. Jordan e Sylvester Stallone, que nos entregam interpretações belíssimas. Michael mostra toda a precisão necessária para o Adonis e uma performance corajosa, que não está nem um pouco preocupada com a tradição e legado deixada pelo seu treinador. Já Sylvester Stallone nos entrega uma atuação de forma memorável e digna de ter ganho o Globo de Ouro, uma das melhores atuações de toda a sua carreira. Jordan e Sly nos mostram que não existe luta apenas no ringue, mas também na nossa vida.
Ryan Coogler dirige todo o filme com grande competência, precisão e agilidade. Usando das mais variadas técnicas, cada cena fica marcada pela sua originalidade e filmada com um estilo diferente, mostrando para o espectador que nem toda a luta é igual. Coogler mostra em Creed que sabe dosar muito bem as emoções dentro do filme, e você consegue perceber isso facilmente quando todo o cinema rir, chora e torce junto a cada sequência, e cá entre nós não é uma coisa muito fácil de se fazer. Coogler insere o espectador de maneira original no filme, em particular nas cenas de lutas do filme em que o espectador consegue ouvir os treinadores e a plateia torcendo pelos lutadores.
Creed: Nascido para Lutar traz de volta de maneira mágica a franquia Rocky aos cinemas, que te faz se emocionar de todas as formas que um filme deveria fazer. Com belíssima direção, grandes atuações e com o lado técnico perfeito, Creed com certeza já pode ser confirmado como um melhores filmes do ano. Creed é digno da franquia Rocky, e só não é melhor que Rocky: O Lutador (1976).
A Viagem
3.7 2,5K Assista AgoraA Viagem, e que viagem! O filme baseado no best seller de David Mitchell te faz raciocinar do início ao fim. A ambição dos diretores no filme passa a ser muito clara quando expõem o telespectador a 6 histórias de diferentes épocas com uma interligação muito forte, usando dos mesmos atores em todas as tramas (até interpretando personagens de diferentes sexos). Quando você acha que o filme não já puxou demais dos seus neurônios, ele te traz cenas de forte moralidade e demonstra o possível rumo que o mundo está propenso a ter. Com vários flashes, o filme não foge do limite dos espectadores atuais. E não dá tudo de mão beijada, deixando você fazer a ligação do modo que você bem entender.
O trabalho de cada ator é impressionante, mas não podemos deixar de parabenizar a maquiagem e figurino que se destacam no filme (Dignos de pelo menos uma indicação ao Oscar). Acredite alguns atores em determinadas tramas ficam irreconhecíveis se não fosse pelos créditos, juro que ficaria sem saber quem é quem ao termino do filme.
Mas vale lembrar que o filme algumas vezes passa a ser um pouco cansativo (172 minutos de duração), ele poderia ter bem menos duração. Para quem não gosta de filmes de longa duração pode abandoná-lo no meio. A primeira hora acaba definindo se você quer continuar assistindo ou não.
A Viagem fez os Irmão Wachowski(Matrix) amadurecerem de forma surpreendente, dando a eles a sua mais difícil e uma das mais belas produções já feita. Quanto a atuação, Wishaw se destaca interpretando o personagem mais inconsistente do filme e que compõe a sinfonia que dá o nome original do filme.
A Viagem, um filme complexo acima da média que te surpreende de uma forma incrível, atraente. Mesmo que algumas pessoas não consigam se envolver com a trama, é difícil não se identificar com algo que se passa no filme.
Ave, César!
3.2 311 Assista AgoraOs Irmãos Coen são conhecidos por terem criados obras com sua própria identidade e serem roteiristas/diretores muito versáteis. Ave, César! também tem sua particularidade com um time de atores valorizados na Hollywood atual. Ave, César é uma grande homenagem a Era de Ouro do cinema, e também uma crítica a indústria cinematográfica mundial.
A história se passa nos bastidores da Hollywood nos anos 1950, período em que a grande estrela dos estúdios Capitol, Baid Whitlock ("George Clooney") é raptado nos meios das filmagens de uma grande produção da época. Caberá ao executivo do Estúdio, Eddie Mannix ("Josh Brolin") encarregado de resolver os problemas da Capitol e organizar todos para que o estúdio continue engrenando, lidar com as várias adversidades que irão surgir no filme. Aliás, é pelo ponto de vista de Mannix que todo o longa é construído, pois apesar da trama de Whitlock ser a central, existem diversas subtramas criadas pelos Coen que reimaginam toda a magia da Hollywood de 1950 desde os épicos, faroeste até os musicais.
Todos os gêneros que são inseridos e homenageados (ao mesmo tempo que brincam com os próprios) pelos irmãos Coen transportando o público para 1950. Assim, o filme ruma para o que se parece ser uma comédia dramática, com o modo caricato com que os personagens se comportam e as situações pouco habituais em que eles se metem. Sendo organizado de tal forma, que mesmo sem uma grande
trama central, e sem compartilhar das mesmas teias, os personagens parecem se conectar de alguma forma.
Alguns aspectos do filmes merecem destaque: as atuações, fotografia, design de produção e o modo como o humor está inserido no filme. O elenco principal do filme não poderia ter sido melhor escalado, cada um representa os seus papeis no tom que a película pede. Mas o modo como alguns deles surgem e desaparecem da tela, acaba sendo irrelevante para a trama em um panorama geral, as chamadas pontas que ultrapassam mais de 80 nomes creditados. A fotografia nos entrega planos bem elaborados e com variações a cada cena, dividindo a realidade e a ficção; seja com um amarelado, um colorido uniforme ou um colorido vibrante. O design de produção fez um belíssima trabalho de reconstrução da Hollywood da época, assistindo ao filme o espectador ganha uma viagem gratuita a Era de Ouro do cinema.
O filme é bem humorado e bem provável que muita gente fique satisfeita com o clima inserido pelos irmãos Coen, mas é bom ressaltar que para quem tem um bom conhecimento dos filmes referenciados o humor fica bem mais claro. Por exemplo, a personagem Anna Dean Moran(Scarlett Johansson) é referência a Esther Williams conhecida como "A Sereia da MGM" por causa do filme "A Rainha do Mar" e as coreografias da DeeAnna referenciam as criações de Busky Berveley. O sapateado de Bust Gurney (Channing Tatum) nos lembra um dos sucessos do ator Gene Kelley, "On The Town". Laurence Laurentz (Ralph Fiennes) e sua afetação nos lembra o lendário Laurence Olivier. Até a portuguesa Carmen Miranda é lembrada com a simpática personagem Carlotta Valdez (Veronica Osorio). Eu poderia passar um boa parte do texto citando as referências, mas acho que tiraria um pouco da magia do filme.
Ave, César! é uma declaração de amor dos irmão Coen ao cinema, mas também uma crítica a industria cinematografia. E mesmo que não fique claro, eles brincam com o fato da independência do artista, será que ela existe ou não? Será que tudo o que vemos do lado de fora não é pura ilusão? Será que todas as relações não são controladas por mentes(pessoas) por trás dessa industria? Pois até com essas dúvidas/perguntas os Coen conseguem brincar. Mas ao final, o que percebemos é a devoção desses irmãos pelo cinema assim o personagem Mannix também é devoto e todos nós somos devotos.
OBS.: Se você quiser entender melhor sobre a importância dos roteiristas para a Era de Ouro do cinema e também sobre a situação dos roteiristas comunistas naquela época, assista o filme 'Trumbo' (2016) estrelado pelo Bryan Cranston.
Águas Rasas
3.4 1,3K Assista AgoraFilmes com protagonistas que aparecem em quase 100% do tempo em cena, geralmente deixam o público um pouco receoso e ainda quando se tem uma temática de luta pela sobrevivência, a coisa se torna ainda mais temerosa. É verdade, que temos alguns longas em que os atores dão conta do recado nessa situação, mas a verdade é que há grandes chances de uma película com esse tipo de tema ser mal-sucedida, principalmente se não tiver à frente uma atuação digna. Em 'Águas Rasas', a Nancy (protagonista) é vivida pela Blake Lively, que fez um belíssimo trabalho em 'A Incrível Historia de Adaline', porém em outros trabalhos a atuação dela deixou muito a desejar, o que gerou no público uma certa dúvida do que poderíamos ver dela em 'Águas Rasas'.
Na trama, Nancy (Blake Lively) é uma jovem que larga o curso de medicina após a morte da mãe. Buscando memórias desta, a garota procura por uma praia secreta em um lugar paradisíaco, na qual a mãe esteve décadas atrás. Ela encontra o recluso local e passa boa parte do dia surfando. Até que acaba atacada por um tubarão.
O 1º ato, apesar de importante para o espectador conhecer a protagonista, se arrasta mais do que o necessário em várias cenas, o grande exemplo é a desnecessária cena da conversa no Skype. Por falar em tecnologia, o diretor Jaume Collet-Serra encaixa na trama o mundo tecnológico de maneira bem inteligente com um contador regressivo na tela indicando o tempo para maré baixa/alta, alguns planos na tela da GoPro e até a interface de conversas no facetime aparecem na tela do filme. Os últimos minutos finais do filme tem grandes problemas também, parecem ser muitos forçados e artificiais a um olhar externo. A fotografia de Flavio Martínez Labiano é muito boa, intercalando planos abertos para demonstrar a pequenez de Nancy em relação a grandeza da natureza, tomadas aquáticas para dar a sensação do perigo que o tubarão traz a vida da Nancy até a utilização de uma GoPro para algumas em primeira pessoa.
Cabe destacar a atuação da Blake Lively que convence e consegue fazer que o espectador acredite que está passando mesmo por um momento difícil na vida, e tudo que ela passando para sobreviver parece ser algo que a está levando ao limite e cria uma tensão no público. Já a trilha sonora do Marco Beltrami tem grandes problemas assim como em Ben-Hur, a trilha não transmite nenhuma emoção ao filme e não cria laço algum com a história.
'Águas Rasas' apesar de não ser original, é um filme divertido e que ao contrário de grande parte dos filme de 2016, vale à pena ser assistido.
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraAtor de segundo escalão em Hollywood e mais conhecido pelo seu papel interpretando Aragorn na trilogia "O Senhor dos Anéis". Viggo Mortensen surpreendeu a todos nesta temporada de premiações quando foi indicado ao Independent Spirit Awards, Globo de Ouro e SAG por "Capitão Fantástico" interpretando o Ben, aumentando suas chances de aparecer na improvável indicação ao Oscars.
"Capitão Fantástico" é uma mescla de "Pequena Miss Sunshine" e com "Na Natureza Selvagem". Por ser uma road-movie autêntico funciona tanto como comédia, como drama e ainda oferece momentos musicais cativantes, a cena ao som de "Sweet Child O'Mine" é tocante. A família é encantadora, e funciona principalmente por causa do elenco incrível liderado por Viggo Mortensen. Ele não só o vive o capitão do título do filme, mas também um chefe de família, um pai que ama seus filhos e um homem que ideais bem definidos. Já nos 5 primeiros minutos de filme, você percebe que está diante de uma família.
Na trama, Viggo Mortensen é o patriarca Ben Cash, que cria os seis filhos de uma forma bem inusitada, para dizer no mínimo. Nas florestas do Noroeste Pacífico, nos EUA, o protagonista vive em sua própria comunidade rural particular, educando suas crianças e adolescentes de uma forma única. Eles possuem teto e uma casa, mas vivem a maior parte do tempo ao céu aberto, se reunindo em volta de fogueiras e só utilizando abrigo quando necessário. Além disso, caçam e colhem para se
alimentar, obviamente sem desperdícios desconhecendo qualquer outra forma de sobrevivência. Sua educação, no entanto, é rigorosa, provida de grandes obras da literatura, livros técnicos e os ensinamentos do “capitão” desta tribo. Os jovens também são treinados no combate corpo a corpo, e no local possuem tudo o que necessitam para uma vida pura e afastada das mazelas de uma sociedade doente. Isto é, até tais mundos, como era inevitável, colidirem.
O tema em mais vigor no filme é a criação de filhos, que é um assunto muito delicado. Mas que é trada com extrema nobreza e delicadeza em 2 situações no filme. A 1º é quando o Ben vai visitar sua irmã, ele questiona sobre a importância do aprendizado escolar, o qual ele negligencia aos filhos. E o Ben em resposta, compara de forma convicente o método de ensino que ele dá a seus filhos com o das instituições tradicionais. A 2º é quando o sogro de Ben e avô dos meninos, fica preocupado com a saúde física dos seus netos e o modo como o personagem do Viggo Mortensen cria seus próprios filhos, que diariamente testados de variadas formas.
Com uma alma de filme independente, Capitão Fantástico apresenta beleza no uso das cores da fotografia e até mesmo nas roupas das personagens, a trilha sonora, versões alteradas de músicas famosas, um ótimo trabalho na direção de arte e edição. A força do roteiro está na dissecação de todos os assuntos envolvidos durante o filme. A direção de Matt Ross acompanha o roteiro e acerta o tom do longa, distribuindo sabendo dosar bem momentos de comédia e drama.
"Capitão Fantástico" se destaca ao mostrar momentos honrados e legítimos, levantando questões relevantes, argumento-as com propriedade e sensatez. É um filme que toca o espectador, e que dá lições que devem ser levadas para a vida. Mesmo que passe despercebido pelo público casual, "Capitão Fantástico" é um longa que deve ser assistido por todos que tiverem a oportunidade.
Rastro de Maldade
3.7 408 Assista AgoraEsquecido por muitos espectadores, o gênero faroeste ainda sobrevive e mesmo que a quantidade de filmes produzidos não seja tão grande, de vez em quando surge longas westerns bem interessantes, que é o caso de Bone Tomahawk.
Geralmente, as cenas de aberturas de uma película resumem bem o que sucederá grande parte do filme. Em Bone Tomahawk, se inicia de forma tensa e brutal, com um ladrão degolando uma vítima com uma faca pouca afiada, apesar de toda a tensão o diretor decide poupar o espectador de início na hora de execução. Sendo uma tática bem interessante do diretor S. Craig Zahler para nos dar uma amostra do horror e brutalidade que o longa irá apresentar, além de poupar algumas cartas que Zahler tem na manga.
Mesmo com ingredientes de horror, gore e suspense dosados na receita do filme; Bone Tomahawk não deixar de ser um faroeste clássico. O filme conta a história de 4 homens (o xerife e seu ajudante, um pistoleiro e um cowboy com uma perna machucada) de uma cidade pacata que irão resgatar um prisioneiro, o assistente do delegado e a esposa do cowboy que foram sequestrados por uma tribo de canibais.
O enredo do filme inicia nos apresentando a cidade e o modo de vida dos personagens principais que irão viver a aventura. No segundo ato, há um foco na jornada dos quatro até a tribo indígena, e é onde há o desenvolvimento e apresentação da personalidade dos homens, além do suspense inserido no espectador (como eu disse Zahler sabe muito bem o que está fazendo). No ato final, o horror é instalado como uma clara prova que o diretor não tem medo de ousar.
Bone Tomahawk é o tipo de filme western que deixa os cinéfilos de sorriso escancarado, com obvias homenagens tanto ao faroeste clássico quanto o moderno. Muito intenso e com um elenco de peso que nos entrega boas atuações, ainda não dá para esquecer da direção magnifica do S. Craig Zahler e também da brilhante fotografia que insere uma emoção maior ao filme. Um longa para todos que gostam do gênero.
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraUm dos favoritos, senão "O Favorito" na corrida ao Oscar, o filme narra a história de Spotlight: uma equipe de jornalismo investigativo do Boston Globe que é designada pelo seu novo chefe para averiguar um caso de pedofilia dentro da Igreja Católica em Boston. Mas aos poucos eles vão descobrindo que a situação tem uma amplitude muito maior do que imaginavam, já que os casos de abusos infantil estão sendo acobertados. Baseado em fatos reais, Spotlight trata-se de um dos temas mais sérios e sensíveis que existem no mundo.
Na direção de Tom McCarthy, o filme segue um ritmo diferenciado e muito equilibrado, aqui todas as descobertas dos jornalistas causam impacto e são eletrizantes. Com um enrendo bem interligado acompanhamos o trabalho dentro e fora do escritório do Boston Globe, e sentimos na pele como o jornalismo é feito, além do senso de urgência da investigação que é constante e muito bem trabalhado durante toda a trama que é muito absorvente.
Apesar de ter um elenco numeroso (Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams, Liev Schreiber, John Slattery, Brian d'Arcy James e Stanley Tucci); o ponto forte do filme está aqui. Cada ator tem seu espaço para brilhar e mostrar a identidade do personagem, mas a magia acontece quando todos atuam juntos. Vale destacar as atuações de Rachel McAdams e Mark Ruffalo, o último interpreta o personagem mais energético da película e acaba sendo a principal ligação entre o filme e o espectador, já Rachel atua em um papel sabendo dosar de forma excelente: compromisso profissional e sensibilidade.
Spotlight é um filme tenso no bom sentido, mas com um drama eficiente e digno de elogios. Com uma ótima direção, uma bela edição e um elenco que nos entrega excelentes atuações; apesar de não ser um filme pipoca, Spotlight deve ser assistido por todos.
A 5ª Onda
2.6 1,4K Assista AgoraEvidenciado como um filme de ficção cientifica, a primeira impressão de A 5º Onda é que um filme com uma premissa diferenciada, obviamente tentando se destacar e se diferenciar dos outros filmes adaptados de outas trilogias de livros adolescentes. Pois é, não se deixe enganar pelas primeiras impressões e pelo inicio do filme, porque a película é apenas mais do mesmo, tentando encontrar o sucesso da sua obra original.
De inicio, somos apresentados a Cassie (Chloe Grace Moretz) em uma cena estilo The Walking Dead de tensão, abandono e nada confortável. E o desfecho da cena é bem impactante, só o que a cena promete para o filme, o próprio não cumpre. O título do longa se refere a premissa dele, a Terra começa a sofrer uma série de ataques alienígenas; primeiro, eles utilizam pulsos eletromagnéticos para cortar a energia do planeta; depois, mandam uma tsunami para dizimar boa parte da população do planeta; na terceira onda, um vírus é utilizado para matar os habitantes que sobraram; e por fim, eles se infiltram entre nós, assumindo a mesma forma que a nossa para causar desconfiança entre os terrestres que ainda vivem. Tudo isso, serve para desenvolver a protagonista Cassie e inserir um drama no longa quando ela se separa de modo trágico de seu pai e irmão, o último capturado pelo exercito.
O inicio do filme em que são apresentados os personagens e toda a trama cumprem o seu devido proposito. O problema acontece depois dos 30 primeiros minutos de filme quando as reviravoltas acontecem da pior maneira possível e nos é inserido um relacionamento amoroso entre Cassie e Evan (Alex Roe), e que depois ainda se torna um triângulo amoroso com o Ben (Nick Robinson), que é o líder do esquadrão do irmão de Cassie, algo quase que inédito né? (foi uma ironia, rsrs)
Todo o suspense levantado pelo filme até aquele momento é jogado de lado e usado de forma muito simples em todos os aspectos do filme e as cenas de ação que o diga, que eram para serem levadas a sério, fazem-no parecer um longa de comédia (cito isso, porque as cenas sérias do filme faziam o cinema cair na gargalhada e não estou brincando infelizmente). O que nos sobra para o longa é um triângulo amoroso e o desejo de uma irmã para salvar o irmão, coisas que não são inéditas e são muito comuns em filmes adolescentes hoje em dia.
A 5º Onda falha no que poderia ter sido um sci-fi contemporâneo de grande sucesso, mas que parece só ter sido feito feito por um interesse de mercado, mesmo tendo vários fatores a seu favor para torná-lo mais excitante que o desfecho final. Sobra para o espectador a impressão de já ter assistido a esse filme, afinal tudo que é usado nesse filme já virou clichê. Cassie ainda terá que derrotar os aliens e sobreviver durante mais dois filmes, mas a franquia precisa evoluir muito para se diferenciar de outras adaptações.
PS.: Para seguir minhas criticas acesse o site Leitura Nossa de Cada Dia