O que me deixou impressionado com esse filme foi que pela primeira vez senti que a trama se desenvolvia daquele modo tresloucado tão específico da Marvel.
A coisa foi tão bem construída que, mesmo sendo uma obra tão megalomaníaca quanto "Os Vingadores", a masturbação visual não conseguiu desviar minha atenção da história que se tornava mais e mais problemática.
Além disso, algumas cenas são verdadeiramente tocantes, sem enveredar para a pieguice verificável em outros filmes desta seara. E aí a sorte de bons e excepcionais atores com que o diretor pôde contar fazem um diferença brutal.
Por fim, foi um imensa satisfação ver o Carcará, minha personagem favorita, e a Jennifer Lawrence, a melhor coisa que Hollywood criou nos últimos anos, como as figuras decisivas para o funcionamento de todo esse conjunto formidável.
Finalmente tomei vergonha na cara e comecei a assistir os filmes do pai da minha vizinha Dona Martha. E foi uma experiência fantástica: o uso da câmera e a edição de som são assombrosos, principalmente se levarmos em conta as limitações técnicas que certamente devem ter encontrado pelo caminho. A sensação causada é aquela descrita já na introdução do "Hitchcock/Truffat": a aparente simplicidade da obra na verdade revela um domínio magistral do ofício. Em suma, agora entendo porque o Glauber Rocha dizia que ele era o pai do cinema brasileiro...
O mais importante desta série de documentários é o profundo respeito às pessoas comuns que se viram envolvidas naquela guerra maldita. A cena final, com a dedicatória às vítimas e aos cinegrafistas, além da coisa com o "The End", é das homenagens mais bonitas e tocantes já feitas por meio de imagens em movimento.
O filme é muito eficiente ao mostrar a "ânsia lucrativa", para utilizar a bela expressão cunhada pelo juiz Flávio Marcelo Sérgio Borges, que domina a cultura estadunidense, algo que, por sinal, está destruindo o país antes mesmo deles conseguirem se desenvolver como sociedade. Interessante perceber como os U$ 1.000,00 iniciais passam rapidamente a ser U$ 1.000.000.000,00, como se isso fosse absolutamente normal. Evidentemente, as amizades e o próprio senso de o que se quer fazer com a própria a vida se dissolvem no processo. As personagens são todas detestáveis. Nesse ponto, Jesse Eisenberg destaca-se justamente por criar um Mark Zuckerberg ainda mais insuportável que os almofadinhas enganados por ele. Suas atitudes revelam um indivíduo não muito muito diferente deles, apesar de seu esforço, como aliás fazia Steve Jobs, para parecer, digamos assim, "descolado". Por fim, gostaria de elogiar as considerações trazidas pelos usuários Daniela ( e Rodrigo ( são absolutamente pertinentes e demonstram perfeitamente as intenções do diretor David Fincher.
O filme alcança a excelência por dois motivos. O primeiro é apresentação de duas Franças: a de Bernard Arnault e aquela do povo de Clichy-sous-Bois, e como a proposta de desenvolvimento do país degenerou-se em exclusão. E conseguiu não ser panfletário. Já o o segundo consiste na demonstração de como todas as divisões e segregações inventadas pelo homem dissolvem-se pela constatação fundamental de que todos somos rigorosamente iguais. E o fez sem ser piegas. É ainda uma obra louvável, pois teve a coragem de abordar tudo isso com humor, algo que raramente funciona. Mas o modo como a narrativa é construída é de tal modo delicada e sensível que traz aquele sentimento orgulho de pertencer à humanidade evocado pelos melhores filmes do Woody Allen e pelo recente "Os descendentes", por exemplo. Em suma, nada mais que a beleza...
"A grandeza de uma pessoa está em saber reconhecer sua própria pequenez"(Blaise Pascal). Cada vez mais acredito que a genialidade reside na capacidade de ser conciso quando se poderia ser altamente verborrágico.
Meus caros, não consegui chegar ao final, mas posso afirmar que quase superou o glorioso "Piranha 3D" como o filme mais lamentável já contemplado por este que vos escreve...
Mais do que focar-se na história de espionagem, mesmo assim muito bem desenvolvida, a série preocupa-se em tratar dos dramas das pessoas envolvidas naquele mundo do serviço secreto. E o faz de um modo ponderado e comedido, dando tempo ao tempo para o espectador digerir aquelas intrigas. Em particular, é interessante observar como as relações de amizade se desenvolvem e se dissolvem, as traições, o estado do casamento do protagonista e o tratamento dado àqueles agentes mais antigos ou que falharam em alguma missão (em geral, considerados como obsoletos ou ineficazes, como se fossem máquinas, independentemente do sacrifício que fizeram pela agência). Já o filme de 2011, que é bom, diga-se de passagem, não poderia abarcar tantos temas, e portanto acabou soando demasiado superficial.
Apesar do esforço brutal para estragar o filme, com aquele humor pastelão que só os estadunidenses acham engraçado e com uma conclusão claramente forçada pelo estúdio, ainda sobreviveu algo próximo do ditado sul-rio-grandense "nada mais chimango do que maragato no poder".
As sociedades latinoamericanas possuem especial predileção capacidade para ignorar seus problemas. Quando não podem mais fazê-lo, passam a fazer graça deles.
É justamente a percepção desse problema que me permitiu constatar a principal qualidade do filme: obrigar os argentinos a olharem para seus próprios rabos. Isso é infinitamente mais relevante que a multiplicidade de coisas louváveis dessa gloriosa obra de arte.
Espero sinceramente que, assim como "Cidade de Deus", sirva como mote para generalizar discussões sobre violência, favelização, tráfico de drogas e armas, distribuição de renda etc.
A costumeira qualidade da BBC. Aliás, é uma série que demonstra porque a televisão de um país deve ser capitaneada por uma rede pública. Além disso, é interessante a homenagem feita em "O discuso do Rei": na série, Derek Jacobi interpretou o Imperador Cláudio, que tanto sofreu por ser gago. Já no filme de 2010, ele fez Arcebispo da Cantuária, que não gosta de Jorge VI justamente pelas suas dificuldades de fala.
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X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
4.0 3,7K Assista AgoraO que me deixou impressionado com esse filme foi que pela primeira vez senti que a trama se desenvolvia daquele modo tresloucado tão específico da Marvel.
A coisa foi tão bem construída que, mesmo sendo uma obra tão megalomaníaca quanto "Os Vingadores", a masturbação visual não conseguiu desviar minha atenção da história que se tornava mais e mais problemática.
Além disso, algumas cenas são verdadeiramente tocantes, sem enveredar para a pieguice verificável em outros filmes desta seara. E aí a sorte de bons e excepcionais atores com que o diretor pôde contar fazem um diferença brutal.
Por fim, foi um imensa satisfação ver o Carcará, minha personagem favorita, e a Jennifer Lawrence, a melhor coisa que Hollywood criou nos últimos anos, como as figuras decisivas para o funcionamento de todo esse conjunto formidável.
Ganga Bruta
3.4 51Finalmente tomei vergonha na cara e comecei a assistir os filmes do pai da minha vizinha Dona Martha. E foi uma experiência fantástica: o uso da câmera e a edição de som são assombrosos, principalmente se levarmos em conta as limitações técnicas que certamente devem ter encontrado pelo caminho.
A sensação causada é aquela descrita já na introdução do "Hitchcock/Truffat": a aparente simplicidade da obra na verdade revela um domínio magistral do ofício.
Em suma, agora entendo porque o Glauber Rocha dizia que ele era o pai do cinema brasileiro...
Redescobrindo a Segunda Guerra
4.7 34O mais importante desta série de documentários é o profundo respeito às pessoas comuns que se viram envolvidas naquela guerra maldita.
A cena final, com a dedicatória às vítimas e aos cinegrafistas, além da coisa com o "The End", é das homenagens mais bonitas e tocantes já feitas por meio de imagens em movimento.
A Rede Social
3.6 3,1K Assista AgoraO filme é muito eficiente ao mostrar a "ânsia lucrativa", para utilizar a bela expressão cunhada pelo juiz Flávio Marcelo Sérgio Borges, que domina a cultura estadunidense, algo que, por sinal, está destruindo o país antes mesmo deles conseguirem se desenvolver como sociedade.
Interessante perceber como os U$ 1.000,00 iniciais passam rapidamente a ser U$ 1.000.000.000,00, como se isso fosse absolutamente normal. Evidentemente, as amizades e o próprio senso de o que se quer fazer com a própria a vida se dissolvem no processo.
As personagens são todas detestáveis. Nesse ponto, Jesse Eisenberg destaca-se justamente por criar um Mark Zuckerberg ainda mais insuportável que os almofadinhas enganados por ele. Suas atitudes revelam um indivíduo não muito muito diferente deles, apesar de seu esforço, como aliás fazia Steve Jobs, para parecer, digamos assim, "descolado".
Por fim, gostaria de elogiar as considerações trazidas pelos usuários Daniela ( e Rodrigo ( são absolutamente pertinentes e demonstram perfeitamente as intenções do diretor David Fincher.
Intocáveis
4.4 4,1K Assista AgoraO filme alcança a excelência por dois motivos. O primeiro é apresentação de duas Franças: a de Bernard Arnault e aquela do povo de Clichy-sous-Bois, e como a proposta de desenvolvimento do país degenerou-se em exclusão. E conseguiu não ser panfletário.
Já o o segundo consiste na demonstração de como todas as divisões e segregações inventadas pelo homem dissolvem-se pela constatação fundamental de que todos somos rigorosamente iguais. E o fez sem ser piegas.
É ainda uma obra louvável, pois teve a coragem de abordar tudo isso com humor, algo que raramente funciona. Mas o modo como a narrativa é construída é de tal modo delicada e sensível que traz aquele sentimento orgulho de pertencer à humanidade evocado pelos melhores filmes do Woody Allen e pelo recente "Os descendentes", por exemplo.
Em suma, nada mais que a beleza...
O Pálido Ponto Azul
4.6 97"A grandeza de uma pessoa está em saber reconhecer sua própria pequenez"(Blaise Pascal). Cada vez mais acredito que a genialidade reside na capacidade de ser conciso quando se poderia ser altamente verborrágico.
O Grande Dave
2.4 378 Assista AgoraMais uma vez Eddie Murphy dá uma aula de como estragar boas memórias de infância. Ou será que eu cresci e deixei de pertencer ao público-alvo?
As Aventuras de Agamenon - O Repórter
1.2 1,0KMeus caros, não consegui chegar ao final, mas posso afirmar que quase superou o glorioso "Piranha 3D" como o filme mais lamentável já contemplado por este que vos escreve...
O Espião que Sabia Demais
4.0 2Mais do que focar-se na história de espionagem, mesmo assim muito bem desenvolvida, a série preocupa-se em tratar dos dramas das pessoas envolvidas naquele mundo do serviço secreto. E o faz de um modo ponderado e comedido, dando tempo ao tempo para o espectador digerir aquelas intrigas.
Em particular, é interessante observar como as relações de amizade se desenvolvem e se dissolvem, as traições, o estado do casamento do protagonista e o tratamento dado àqueles agentes mais antigos ou que falharam em alguma missão (em geral, considerados como obsoletos ou ineficazes, como se fossem máquinas, independentemente do sacrifício que fizeram pela agência).
Já o filme de 2011, que é bom, diga-se de passagem, não poderia abarcar tantos temas, e portanto acabou soando demasiado superficial.
Os Candidatos
3.0 274 Assista AgoraApesar do esforço brutal para estragar o filme, com aquele humor pastelão que só os estadunidenses acham engraçado e com uma conclusão claramente forçada pelo estúdio, ainda sobreviveu algo próximo do ditado sul-rio-grandense "nada mais chimango do que maragato no poder".
Elefante Branco
3.5 196 Assista AgoraAs sociedades latinoamericanas possuem especial predileção capacidade para ignorar seus problemas. Quando não podem mais fazê-lo, passam a fazer graça deles.
É justamente a percepção desse problema que me permitiu constatar a principal qualidade do filme: obrigar os argentinos a olharem para seus próprios rabos. Isso é infinitamente mais relevante que a multiplicidade de coisas louváveis dessa gloriosa obra de arte.
Espero sinceramente que, assim como "Cidade de Deus", sirva como mote para generalizar discussões sobre violência, favelização, tráfico de drogas e armas, distribuição de renda etc.
Eu, Claudius
4.4 6A costumeira qualidade da BBC. Aliás, é uma série que demonstra porque a televisão de um país deve ser capitaneada por uma rede pública. Além disso, é interessante a homenagem feita em "O discuso do Rei": na série, Derek Jacobi interpretou o Imperador Cláudio, que tanto sofreu por ser gago. Já no filme de 2010, ele fez Arcebispo da Cantuária, que não gosta de Jorge VI justamente pelas suas dificuldades de fala.