"Como você sabe o que é um glitch e o que sou eu?"
Este é o meu primeiro contato com Ghost in the Shell. Eu já tinha ouvido falar do mangá e do anime, mas não conhecia nada da história. E a impressão que me deu de cara foi a de que estava faltando alguma coisa nesse filme. Não vou saber ao certo o que é, mas eu chuto "profundidade". A trama tem potencial para desenvolver vários questionamentos cabeça, como ética, individualidade ou solidão, mas cai no velho clichê de protagonista sem memória perseguindo o passado. Outro fator que contribui pra superficialidade da história são os personagens: ninguém ali tem o mínimo de desenvolvimento, nem mesmo a Motoko, que tem a mesma linha motivacional genérica de outras dúzias de protagonistas desmemoriados. Isso deixa tudo muito previsível e te passa a impressão de que você está assistindo um videoclipe cyberpunk de porradaria (muito bonito, é verdade, mas com um puta potencial desperdiçado).
"– Vou te dar um conselho, Kumail: você vai conhecer a mulher com quem quer passar o resto da sua vida quando você a trair... Quando você a trair e se sentir um merda por isso. – Para saber se amo alguém eu preciso trair? – Em voz alta parece estúpido... Que conselho horrível!"
Último comentário do ano! \o/ O maior acerto desse filme é a dosagem. Ele sabe a hora de encaixar piadas, a hora de ser fofo, a hora de ser dramático, a hora de desenvolver os personagens... Ele aborda várias questões, sem nunca se perder e sem nunca deixar o tom mudar de maneira muito drástica. PS.: A Zoe Kazan manda tão bem nessas comédias românticas indies que eu já imagino ela protagonizando todo romancezinho YA que eu leio.
Eu gostei da estratégia tomada aqui, de dividir o livro em dois filmes e assim conseguir explorar melhor essa história, mas ainda estou com um pressentimento ruim. Sabe o que fizeram com O Hobbit, de dividir o livro em três filmes e contar mais da metade da história no primeiro? É esse o perigo que enfrenta o segundo filme de It. Tudo bem, O Hobbit é um livro de 300 páginas enquanto It passa das 1000, mas se você já leu, sabe que as histórias dos personagens enquanto crianças e enquanto adultos são contadas simultaneamente, em paralelo. Então, no final, quando acontece o que acontece (spoiler free, relaxem), você está vendo aquilo pela primeira vez, sob duas perspectivas. Nesse primeiro filme, você já viu uma dessas perspectivas, então acho que o impacto ao assistir a segunda será menor. E outra coisa, as melhores partes do livro são as das crianças. A parte dos adultos existe mais pra mostrar como cada um ali lidou com o que aconteceu e se desenvolveu a partir disso, quase que balanceando o terror e a aventura dos capítulos das crianças com capítulos focados em drama e um terror ainda mais psicológico. Não sei como vão fazer pra que essa separação seja feita de maneira natural e pouco prejudicial à história, só espero que não encham de atores famosos e se desviem do material fonte. Ou que recheiem de flashbacks desnecessários só porque todos amaram as crianças.
"Homens da minha idade ditaram essa guerra. Por que devemos permitir que enviem nossos filhos para lutá-la?"
Os personagens não são o foco aqui. Não importa se as motivações são genéricas ou se não existe um rosto para chamarmos de herói. O foco está na tristeza, na cooperação, no trauma e, principalmente, no tempo, que se mostra tão decisivo. A cinematografia do Nolan está cada vez melhor e a trilha sonora está perfeita, mas elogiar Hans Zimmer é chover no molhado. O filme está longe de figurar entre os melhores filmes de guerra ou mesmo entre os melhores filmes do Nolan, mas ainda vale o seu tempo e o seu engajamento emocional.
O que eu mais gostei nesse filme é que nunca ficam claras as regras de viagem no tempo que ele decide adotar. Basicamente, existem aquelas duas ideias principais: uma representada por "De Volta para o Futuro", com os eventos do passado alterado modificando a realidade conhecida; e outra representada por "O Exterminador do Futuro", com os eventos do passado sempre tendo sido parte da realidade conhecida. Essas ideias também são definidas como linhas do tempo "dinâmica" e "fixa", respectivamente.
Aqui, você não consegue dizer qual o tipo de linha do tempo é adotada, porque sempre que o protagonista volta no tempo, ele consegue fazer o que era necessário para manter a normalidade. Por exemplo, o que aconteceria se o Hector 2 não saísse do laboratório e visse a mulher na bicicleta? Pode ser que isso modificasse completamente o futuro do Hector 1, não o levando para o meio da mata, e faria com que o Hector 2 fosse uma cópia privada de seguir com a vida que conhecia. Ou talvez o filme siga a ideia do eterno retorno e, todas as vezes que o Hector voltasse no tempo, ele sairia do laboratório, possibilitando que os eventos anteriores se realizassem. O fato de o filme não se estabelecer como seguidor de um conjunto de regras ou de outro é o que o torna mais interessante pra mim.
Tem um enredo razoável e funciona como entretenimento se você não estiver esperando muito. Os personagens secundários são mal desenvolvidos e o roteiro apresenta facilitações que chegam a ser desconfortáveis.
"O escritor escreve um livro, o compositor escreve uma música. Todos se esforçam para criar aquilo que diz 'é assim que se lembrarão de mim'. Todos fazemos o que podemos para perdurar."
Eu já tinha escutado comentários e lido críticas sobre o ritmo lento e o tom lúgubre desse filme antes de pegar pra assistir, então só comecei quando eu finalmente estava no clima pra encarar esse tipo de coisa. Mesmo assim, a primeira metade dele estava se provando desnecessariamente arrastada, com takes desnecessariamente longos. Mas se você veio ler esse comentário antes de assistir o filme, a única dica que posso te dar é a seguinte: espere mais um pouco. A partir da metade ele se transforma e todas as suas expectativas são jogadas no chão enquanto ele te prova que nada do que ele havia mostrado anteriormente era desnecessário.
Só o plano sequência já fez o filme valer pra mim. O roteiro é bem fraquinho e a trilha sonora é um recurso utilizado em excesso, mas foda-se. Nada disso importa quando a Charlize começa a socar a cara dos soviéticos.
Tem um enredo familiar, mas não o achei previsível. A solução encontrada no final me surpreendeu e as mensagens que o filme passa são lindas e necessárias. Talvez a melhor palavra para definir esse filme seja "relevância". Ele se prova relevante em todos os aspectos que decide abordar: não é só mais um filme de princesa da Disney, mas uma revisão desse conceito.
Esse é o tipo de filme em que os créditos finais se fazem necessários. Enquanto a música rola e os nomes vão aparecendo, você ainda termina de digerir o que acabou de assistir. É um terror psicológico muito bem feito em que a incerteza e a desconfiança são as principais personagens. Eu não vi trailer algum e comecei a assistir sem expectativas também, então não fui influenciado pela publicidade aparentemente enganosa dele. Ainda assim, não consigo dar mais do que três estrelas pra esse filme. Por mais que no final ele levante reflexões interessantes, pra mim não foi o suficiente para relevar um segundo ato cansativo e cheio de pesadelos desnecessários.
"A sorte não vem até aqui. Aqui é sobreviver ou se render, só isso. O lobo não mata o veado azarado, ele mata o fraco."
O Taylor Sheridan vem se estabelecendo como um dos meus roteiristas favoritos, tanto pela estrutura que ele monta para as histórias, quanto pelos temas que ele escolhe abordar. Aqui ele derrapa um pouco, colocando muito poucos elementos de investigação policial em um filme de investigação policial, mas todo o resto funciona muito bem, como de costume. A cultura local, a opressão de um lugar isolado, as formas de lidar e de aceitar a perda... Tudo isso tem seu momento em tela e a fotografia e a trilha sonora só contribuem para que o espectador absorva tudo da melhor maneira possível.
Eu nem estava esperando muita coisa, mas conseguiram me entregar ainda menos. O paralelo que todos vinham falando que seria feito, entre as diferentes raças fantásticas e a discriminação racial, até existe, mas é tão superficial que chega a ser bobo. A dinâmica dos parceiros é mal desenvolvida, a trama é confusa e o filme como um todo é esquecível.
O filme é um lixo genérico e não merece mais do que essa frase como comentário. Então vou usar esse espaço para remanejar algumas coisas sobre o projeto de assistir e comentar 200 filmes no ano. Faltam 10 dias para terminar 2017 e este é o comentário de número 86, então nem com toda a minha força de vontade eu conseguiria atingir a meta, mas posso, pelo menos, chegar à metade disso. Estou retomando o projeto e, até o fim do ano, vou tentar comentar pelo menos 100 filmes. No ano que vem pretendo dar continuidade com isso, mas definindo a meta como sendo 100 filmes desde o início. Ainda quero assistir 200 filmes em um ano, mas só vou comentar sobre metade deles, pra que isso continue sendo uma forma de me incentivar e não acabar virando uma obrigação.
"Estar sozinho no mundo é a raiz de todo sofrimento."
Surpreendente! Trata de um tema já abordado incontáveis vezes no cinema e, ainda assim, consegue ser extremamente original, obtendo êxito em praticamente tudo aquilo que se propõe. Você pode encará-lo como uma comédia não-convencional, como um terror subversivo ou como um estudo profundo de personagem: o filme consegue se enquadrar perfeitamente nas três classificações sem se perder no processo.
"Talvez seja por isso que eu amo tanto os animais. Você olha em seus olhos e sabe exatamente o que está em seus corações."
É um ótimo filme, mas as comparações com A Lista de Schindler são exageradas. E por que continuam chamando o Daniel Brühl pra interpretar vilões? Ele já mostrou que não é bom nisso...
"Às vezes, um inimigo não existe até a gente procurar por ele."
Tirando o John C. Reilly, que está sensacional no filme, todos os outros personagens são planos e desinteressantes. As cenas de luta do Kong com os outros monstros da ilha são bem dirigidas e me lembraram a qualidade do Pacific Rim, mas não compensam o desenvolvimento ruim do roteiro. O uso de músicas conhecidas do público é um recurso sem muito propósito (exatamente como fizeram em Esquadrão Suicida). O pessoal costuma falar mal do King Kong do Peter Jackson, mas, mesmo com suas três arrastadas horas, continua melhor do que este. Eu já não havia gostado do Godzilla, agora Kong também não foi lá grande coisa; não sei o que esperar dessa segunda cópia da Marvel que a Warner vem tentando fazer...
"Tenho certeza que vai encontrar uma solução, querida."
Minha cabeça quando terminei de assistir Raw estava igual a quando terminei de assistir Mulholland Drive: eu até consegui pescar algumas coisas, mas definitivamente não o suficiente para entender claramente a mensagem que o filme quis passar. Então, assim como havia feito antes para com o filme do Lynch, fui procurar explicações na interwebs.
A diretora disse numa entrevista que seu filme não é sobre vegetarianismo, feminismo ou qualquer interpretação rasa dessas. Ela usa o canibalismo mais como uma alegoria para características "monstruosas" intrínsecas à protagonista e o processo de aceitação dessas características como parte de si. É claro que essa ainda é uma explicação bem superficial, mas ela tem mais essa semelhança com o Lynch.
Aqui nos comentários do Filmow vi o pessoal associando essa alegoria às inseguranças da protagonista por escolher a mesma carreira dos pais e da irmã, ao amadurecimento dela como mulher, à sua relação de amor e ódio para com a irmã, às suas descobertas sexuais, etc... E todas essas interpretações podem estar certas se elas fizerem sentido para você.
O que alguns aqui reclamaram como um possível furo no roteiro (o fato de a mãe da protagonista permitir que a filha vá para a escola de veterinária, coma carne e desenvolva seu canibalismo, mesmo sabendo que tudo isso aconteceria) pode também ser discutido como um incentivo, por parte da mãe, para que a filha passe por isso e aprenda a lidar e a se aceitar dessa forma. Ainda, aplicando uma segunda interpretação, essa aparente "permissão" pode na verdade ser consequência da falta de comunicação entre pais e filhos sobre certos assuntos considerados tabus.
Além de todas essas simbologias, ainda é encontrado espaço para colocar em debate o bullying e o vazamento de vídeos que expõem a pessoa em situações fora do controle dela. Algumas ideias foram reforçadas demais, como o paralelo estabelecido entre carne animal e carne humana: esse paralelo é feito na discussão sobre estupros de macacos, depois novamente com o caminhoneiro que injeta sangue suíno nas veias, e, finalmente, uma vez mais quando ela come o dedo da irmã. Achei desnecessária essa repetição, assim como essa última frase é desnecessária nesse parágrafo.
Eu gosto bastante desses filmes que você termina de assistir com um grande "WTF" dominando seus pensamentos, e o melhor aqui é que as várias interpretações possíveis são todas válidas. Filmaço. Assista.
A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell
3.2 1,0K Assista AgoraPROJETO: 100 FILMES COMENTADOS EM 2018 ( 001 / 100 )
"Como você sabe o que é um glitch e o que sou eu?"
Este é o meu primeiro contato com Ghost in the Shell. Eu já tinha ouvido falar do mangá e do anime, mas não conhecia nada da história. E a impressão que me deu de cara foi a de que estava faltando alguma coisa nesse filme. Não vou saber ao certo o que é, mas eu chuto "profundidade". A trama tem potencial para desenvolver vários questionamentos cabeça, como ética, individualidade ou solidão, mas cai no velho clichê de protagonista sem memória perseguindo o passado.
Outro fator que contribui pra superficialidade da história são os personagens: ninguém ali tem o mínimo de desenvolvimento, nem mesmo a Motoko, que tem a mesma linha motivacional genérica de outras dúzias de protagonistas desmemoriados. Isso deixa tudo muito previsível e te passa a impressão de que você está assistindo um videoclipe cyberpunk de porradaria (muito bonito, é verdade, mas com um puta potencial desperdiçado).
Gueixas robóticas: 5,7 / 10
Doentes de Amor
3.7 379 Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 100 / 200 )
"– Vou te dar um conselho, Kumail: você vai conhecer a mulher com quem quer passar o resto da sua vida quando você a trair... Quando você a trair e se sentir um merda por isso.
– Para saber se amo alguém eu preciso trair?
– Em voz alta parece estúpido... Que conselho horrível!"
Último comentário do ano! \o/
O maior acerto desse filme é a dosagem. Ele sabe a hora de encaixar piadas, a hora de ser fofo, a hora de ser dramático, a hora de desenvolver os personagens... Ele aborda várias questões, sem nunca se perder e sem nunca deixar o tom mudar de maneira muito drástica.
PS.: A Zoe Kazan manda tão bem nessas comédias românticas indies que eu já imagino ela protagonizando todo romancezinho YA que eu leio.
Girafas: 9,3 / 10
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 099 / 200 )
"You'll float too."
Eu gostei da estratégia tomada aqui, de dividir o livro em dois filmes e assim conseguir explorar melhor essa história, mas ainda estou com um pressentimento ruim. Sabe o que fizeram com O Hobbit, de dividir o livro em três filmes e contar mais da metade da história no primeiro? É esse o perigo que enfrenta o segundo filme de It. Tudo bem, O Hobbit é um livro de 300 páginas enquanto It passa das 1000, mas se você já leu, sabe que as histórias dos personagens enquanto crianças e enquanto adultos são contadas simultaneamente, em paralelo. Então, no final, quando acontece o que acontece (spoiler free, relaxem), você está vendo aquilo pela primeira vez, sob duas perspectivas. Nesse primeiro filme, você já viu uma dessas perspectivas, então acho que o impacto ao assistir a segunda será menor. E outra coisa, as melhores partes do livro são as das crianças. A parte dos adultos existe mais pra mostrar como cada um ali lidou com o que aconteceu e se desenvolveu a partir disso, quase que balanceando o terror e a aventura dos capítulos das crianças com capítulos focados em drama e um terror ainda mais psicológico. Não sei como vão fazer pra que essa separação seja feita de maneira natural e pouco prejudicial à história, só espero que não encham de atores famosos e se desviem do material fonte. Ou que recheiem de flashbacks desnecessários só porque todos amaram as crianças.
Balões: 8,1 / 10
Voando Alto
3.8 173PROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 098 / 200 )
"– He's gonna break his neck.
– Oh, I'm gonna break his neck."
Feel-good movie bem feito + história real + filme de esporte + narrativa inspiradora = favorito, na certa.
Esquis: 9,6 / 10
Dunkirk
3.8 2,0K Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 097 / 200 )
"Homens da minha idade ditaram essa guerra. Por que devemos permitir que enviem nossos filhos para lutá-la?"
Os personagens não são o foco aqui. Não importa se as motivações são genéricas ou se não existe um rosto para chamarmos de herói. O foco está na tristeza, na cooperação, no trauma e, principalmente, no tempo, que se mostra tão decisivo. A cinematografia do Nolan está cada vez melhor e a trilha sonora está perfeita, mas elogiar Hans Zimmer é chover no molhado. O filme está longe de figurar entre os melhores filmes de guerra ou mesmo entre os melhores filmes do Nolan, mas ainda vale o seu tempo e o seu engajamento emocional.
Macas: 8,4 / 10
Jogo Perigoso
3.5 1,1K Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 096 / 200 )
"The people who were supposed to protect you from the monsters turned out to be monsters themselves."
Que bom que não traduziram pra "Jogo do Geraldo".
Algemas: 6,5 / 10
Crimes Temporais
3.7 323PROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 095 / 200 )
"Não tem que fazer nada, só esperar."
O que eu mais gostei nesse filme é que nunca ficam claras as regras de viagem no tempo que ele decide adotar. Basicamente, existem aquelas duas ideias principais: uma representada por "De Volta para o Futuro", com os eventos do passado alterado modificando a realidade conhecida; e outra representada por "O Exterminador do Futuro", com os eventos do passado sempre tendo sido parte da realidade conhecida. Essas ideias também são definidas como linhas do tempo "dinâmica" e "fixa", respectivamente.
Aqui, você não consegue dizer qual o tipo de linha do tempo é adotada, porque sempre que o protagonista volta no tempo, ele consegue fazer o que era necessário para manter a normalidade. Por exemplo, o que aconteceria se o Hector 2 não saísse do laboratório e visse a mulher na bicicleta? Pode ser que isso modificasse completamente o futuro do Hector 1, não o levando para o meio da mata, e faria com que o Hector 2 fosse uma cópia privada de seguir com a vida que conhecia. Ou talvez o filme siga a ideia do eterno retorno e, todas as vezes que o Hector voltasse no tempo, ele sairia do laboratório, possibilitando que os eventos anteriores se realizassem. O fato de o filme não se estabelecer como seguidor de um conjunto de regras ou de outro é o que o torna mais interessante pra mim.
Tesouras: 7,9 / 10
Logan Lucky: Roubo em Família
3.4 254 Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 094 / 200 )
"Couve-flor!"
Tem um enredo razoável e funciona como entretenimento se você não estiver esperando muito. Os personagens secundários são mal desenvolvidos e o roteiro apresenta facilitações que chegam a ser desconfortáveis.
Dispositivos explosivos: 5,6 / 10
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 093 / 200 )
"O escritor escreve um livro, o compositor escreve uma música. Todos se esforçam para criar aquilo que diz 'é assim que se lembrarão de mim'. Todos fazemos o que podemos para perdurar."
Eu já tinha escutado comentários e lido críticas sobre o ritmo lento e o tom lúgubre desse filme antes de pegar pra assistir, então só comecei quando eu finalmente estava no clima pra encarar esse tipo de coisa. Mesmo assim, a primeira metade dele estava se provando desnecessariamente arrastada, com takes desnecessariamente longos.
Mas se você veio ler esse comentário antes de assistir o filme, a única dica que posso te dar é a seguinte: espere mais um pouco. A partir da metade ele se transforma e todas as suas expectativas são jogadas no chão enquanto ele te prova que nada do que ele havia mostrado anteriormente era desnecessário.
Bilhetes: 9,0 / 10
Atômica
3.6 1,1K Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 092 / 200 )
"You can't unfuck what's been fucked."
Só o plano sequência já fez o filme valer pra mim. O roteiro é bem fraquinho e a trilha sonora é um recurso utilizado em excesso, mas foda-se. Nada disso importa quando a Charlize começa a socar a cara dos soviéticos.
Relógios de pulso: 7,0 / 10
Moana: Um Mar de Aventuras
4.1 1,5KPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 091 / 200 )
"O chamado não está lá fora, está dentro de mim."
Tem um enredo familiar, mas não o achei previsível. A solução encontrada no final me surpreendeu e as mensagens que o filme passa são lindas e necessárias. Talvez a melhor palavra para definir esse filme seja "relevância". Ele se prova relevante em todos os aspectos que decide abordar: não é só mais um filme de princesa da Disney, mas uma revisão desse conceito.
Anzóis mágicos: 8,2 / 10
Ao Cair da Noite
3.1 977 Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 090 / 200 )
"Não confie em ninguém além de sua família."
Esse é o tipo de filme em que os créditos finais se fazem necessários. Enquanto a música rola e os nomes vão aparecendo, você ainda termina de digerir o que acabou de assistir. É um terror psicológico muito bem feito em que a incerteza e a desconfiança são as principais personagens.
Eu não vi trailer algum e comecei a assistir sem expectativas também, então não fui influenciado pela publicidade aparentemente enganosa dele. Ainda assim, não consigo dar mais do que três estrelas pra esse filme. Por mais que no final ele levante reflexões interessantes, pra mim não foi o suficiente para relevar um segundo ato cansativo e cheio de pesadelos desnecessários.
Máscaras de gás: 5,5 / 10
1922
3.2 798 Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 089 / 200 )
"In the end, we all get caught."
É um filme apenas mediano, mas carrega aquela "atmosfera Stephen King"; o que acabou me dando saudade de ler alguma coisa dele.
Ratos: 7,1 / 10
Terra Selvagem
3.8 594 Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 088 / 200 )
"A sorte não vem até aqui. Aqui é sobreviver ou se render, só isso. O lobo não mata o veado azarado, ele mata o fraco."
O Taylor Sheridan vem se estabelecendo como um dos meus roteiristas favoritos, tanto pela estrutura que ele monta para as histórias, quanto pelos temas que ele escolhe abordar. Aqui ele derrapa um pouco, colocando muito poucos elementos de investigação policial em um filme de investigação policial, mas todo o resto funciona muito bem, como de costume. A cultura local, a opressão de um lugar isolado, as formas de lidar e de aceitar a perda... Tudo isso tem seu momento em tela e a fotografia e a trilha sonora só contribuem para que o espectador absorva tudo da melhor maneira possível.
Snowshoes: 8,3 / 10
Bright
3.1 804 Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 087 / 200 )
"Sabe o que é ser odiado pela própria raça?"
Eu nem estava esperando muita coisa, mas conseguiram me entregar ainda menos. O paralelo que todos vinham falando que seria feito, entre as diferentes raças fantásticas e a discriminação racial, até existe, mas é tão superficial que chega a ser bobo. A dinâmica dos parceiros é mal desenvolvida, a trama é confusa e o filme como um todo é esquecível.
Varinhas: 5,3 / 10
xXx: Reativado
2.6 377 Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 086 / 200 )
"Wow, that's an impressive trick."
O filme é um lixo genérico e não merece mais do que essa frase como comentário. Então vou usar esse espaço para remanejar algumas coisas sobre o projeto de assistir e comentar 200 filmes no ano. Faltam 10 dias para terminar 2017 e este é o comentário de número 86, então nem com toda a minha força de vontade eu conseguiria atingir a meta, mas posso, pelo menos, chegar à metade disso.
Estou retomando o projeto e, até o fim do ano, vou tentar comentar pelo menos 100 filmes. No ano que vem pretendo dar continuidade com isso, mas definindo a meta como sendo 100 filmes desde o início. Ainda quero assistir 200 filmes em um ano, mas só vou comentar sobre metade deles, pra que isso continue sendo uma forma de me incentivar e não acabar virando uma obrigação.
Motos Aquáticas: 3,2 / 10
Planeta dos Macacos: A Guerra
4.0 970 Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 085 / 200 )
"Eu não comecei essa guerra. Eu lhe ofereci paz. Mostrei-lhe misericórdia."
FODA ON SO MANY LEVELS!
Bonecas: 10 / 10
As Vozes
3.2 340PROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 084 / 200 )
"Estar sozinho no mundo é a raiz de todo sofrimento."
Surpreendente! Trata de um tema já abordado incontáveis vezes no cinema e, ainda assim, consegue ser extremamente original, obtendo êxito em praticamente tudo aquilo que se propõe. Você pode encará-lo como uma comédia não-convencional, como um terror subversivo ou como um estudo profundo de personagem: o filme consegue se enquadrar perfeitamente nas três classificações sem se perder no processo.
Cabeças: 8,9 / 10
Linha de Frente
3.4 359 Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 083 / 200 )
"Cabelo ridículo."
Comecei achando que seria só mais um filme de ação do Jason Statham... E acertei. É aquela mesma coisa genérica de sempre.
Coelhos de pelúcia: 4,2 / 10
Loving: Uma História de Amor
3.7 292 Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 082 / 200 )
"Tell the judge I love my wife."
A briga por título mais redundante tá feia: "Loving: Uma História de Amor" ou "Moonlight: Sob a Luz do Luar"?
Tijolos: 6,6 / 10
O Zoológico de Varsóvia
3.9 275 Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 081 / 200 )
"Talvez seja por isso que eu amo tanto os animais. Você olha em seus olhos e sabe exatamente o que está em seus corações."
É um ótimo filme, mas as comparações com A Lista de Schindler são exageradas.
E por que continuam chamando o Daniel Brühl pra interpretar vilões? Ele já mostrou que não é bom nisso...
Elefantes: 7,6 / 10
Kong: A Ilha da Caveira
3.3 1,2K Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 080 / 200 )
"Às vezes, um inimigo não existe até a gente procurar por ele."
Tirando o John C. Reilly, que está sensacional no filme, todos os outros personagens são planos e desinteressantes. As cenas de luta do Kong com os outros monstros da ilha são bem dirigidas e me lembraram a qualidade do Pacific Rim, mas não compensam o desenvolvimento ruim do roteiro. O uso de músicas conhecidas do público é um recurso sem muito propósito (exatamente como fizeram em Esquadrão Suicida). O pessoal costuma falar mal do King Kong do Peter Jackson, mas, mesmo com suas três arrastadas horas, continua melhor do que este. Eu já não havia gostado do Godzilla, agora Kong também não foi lá grande coisa; não sei o que esperar dessa segunda cópia da Marvel que a Warner vem tentando fazer...
Câmeras fotográficas: 6,1 / 10
A Grande Muralha
2.9 583 Assista AgoraPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 079 / 200 )
"Um homem deve aprender a confiar, antes que possa ser confiável."
Tem umas sequências bem bonitas visualmente, mas todo o resto é bem genérico e esquecível.
Ímãs: 3,3 / 10
Grave
3.4 1,1KPROJETO: 200 FILMES COMENTADOS EM 2017 ( 078 / 200 )
"Tenho certeza que vai encontrar uma solução, querida."
Minha cabeça quando terminei de assistir Raw estava igual a quando terminei de assistir Mulholland Drive: eu até consegui pescar algumas coisas, mas definitivamente não o suficiente para entender claramente a mensagem que o filme quis passar. Então, assim como havia feito antes para com o filme do Lynch, fui procurar explicações na interwebs.
A diretora disse numa entrevista que seu filme não é sobre vegetarianismo, feminismo ou qualquer interpretação rasa dessas. Ela usa o canibalismo mais como uma alegoria para características "monstruosas" intrínsecas à protagonista e o processo de aceitação dessas características como parte de si. É claro que essa ainda é uma explicação bem superficial, mas ela tem mais essa semelhança com o Lynch.
Aqui nos comentários do Filmow vi o pessoal associando essa alegoria às inseguranças da protagonista por escolher a mesma carreira dos pais e da irmã, ao amadurecimento dela como mulher, à sua relação de amor e ódio para com a irmã, às suas descobertas sexuais, etc... E todas essas interpretações podem estar certas se elas fizerem sentido para você.
O que alguns aqui reclamaram como um possível furo no roteiro (o fato de a mãe da protagonista permitir que a filha vá para a escola de veterinária, coma carne e desenvolva seu canibalismo, mesmo sabendo que tudo isso aconteceria) pode também ser discutido como um incentivo, por parte da mãe, para que a filha passe por isso e aprenda a lidar e a se aceitar dessa forma. Ainda, aplicando uma segunda interpretação, essa aparente "permissão" pode na verdade ser consequência da falta de comunicação entre pais e filhos sobre certos assuntos considerados tabus.
Além de todas essas simbologias, ainda é encontrado espaço para colocar em debate o bullying e o vazamento de vídeos que expõem a pessoa em situações fora do controle dela. Algumas ideias foram reforçadas demais, como o paralelo estabelecido entre carne animal e carne humana: esse paralelo é feito na discussão sobre estupros de macacos, depois novamente com o caminhoneiro que injeta sangue suíno nas veias, e, finalmente, uma vez mais quando ela come o dedo da irmã. Achei desnecessária essa repetição, assim como essa última frase é desnecessária nesse parágrafo.
Eu gosto bastante desses filmes que você termina de assistir com um grande "WTF" dominando seus pensamentos, e o melhor aqui é que as várias interpretações possíveis são todas válidas. Filmaço. Assista.
Fios de cabelo: 8,5 / 10