Mad Max 4 é um produto do mainstream, cinemão pipoca, pensado e realizado para as novas audiências e os novos formatos de exibição – e isto não é ruim, já que temos aqui um tremendo produto!.
Após Avatar e a popularização do 3d (com seu ingresso mais caro e sedutor para a indústria), venho notando a popularização de um novo tipo de filme que apelidei carinhosamente de “montanha russa”: São filmes que apresentam um mundo fantástico, com fauna e flora particulares, que usam o 3d e o surround na imersão total da plateia no filme. Assim como fomos levados à Pandora em Avatar (e conheceremos a Tomorrowland de Brad Bird e o Jurassic World de Colin Trevorrow nos próximos meses), Miller nos leva à Wasteland, com sua flora particular (a imensidão sem fim do deserto e seus desfiladeiros) e os carros bestializados fazendo o papel de sua fauna. Mad Max 4 é o Avatar de George Miller. Cinema de total imersão, muito bem acabado, com design de produção estonteante e tomadas aéreas grandiosas - A melhor viagem de montanha russa de toda a minha vida.
O personagem mudou sutilmente desde sua última encarnação. Agora ele condiz com o apelido de “louco” e é perseguido pelos fantasmas dos que não conseguiu salvar, mas continua o mesmo herói relutante dos filmes 2 e 3, evitando se envolver com as pessoas e seus problemas e só encarnando seu papel de herói após encontrar sua própria humanidade. Já o vilão do filme é o “patriarcado opressor” de um mundo masculinizado em que mulheres são “parideiras”, “leiteiras” ou objetos sexuais. Furiosa (Charlize Theron) surge para se opor ao regime e a trama é centrada nela, polarizando a atenção do público com Max, que aqui, mais uma vez, tromba com um grupo de pessoas que representam uma ilha de humanidade em meio à selvageria do Wasteland.
Em todo filme montanha russa o design de produção carrega uma grande responsabilidade em criar o mundo fantástico que nos será apresentado, e o trabalho aqui foi primoroso: Carros bestializados, cidadelas com engrenagens que lembram entranhas, tribos e castas com suas diferenças e particularidades... Um trabalho meticuloso de encher os olhos. Destaco dois personagens com figurinos incríveis: O líder da cidadela produtora de munição, que é mostrado como um comandante super militarizado, dirigindo um carro que lembra um tanque de guerra, com um tipo de elmo samurai formado com cintas de munição; e o líder da cidadela que produz combustível, um obeso mórbido, vestindo terno e gravata e dirigindo um caminhão tanque (um mega capitalista montado em um tanque de petróleo – sacaram a crítica?). Estes personagens tem pouco tempo de tela e são muito bem definidos apenas com seus figurinos. Toque de mestre.
Mad Max 4 poderia se chamar 2.1 sem fazer feio e é um filme de ação oitentista puro sangue, Uma estética que George Miller ajudou a criar e que levou 30 anos para entregar seu último representante. Adaptando o brado dos Kamikrazys do filme, Mad Max “viveu, morreu e VIVE NOVAMENTE!”
O personagem de Keitel bebe, cheira pó, fuma crack, participa de uma orgia, aposta, rouba e assedia sexualmente menores de idade em menos de 15 minutos de filme. Seu personagem é uma das figuras mais horrendas já descritas em roteiro e retratadas em película. Ele pratica, vive e se alimenta do horror até ser designado para investigar um mal que nem mesmo ele seria capaz de praticar: o estupro de uma freira dentro de uma igreja. Vício Frenético é um filme praticamente sem trama, em que simplesmente seguimos o personagem em seus vícios, conhecemos seu mundo, para assim entender suas decisões. A refilmagem de Herzog é um filme radicalmente diferente e os dois são ótimas peças de cinema.
No documentário Not Quite Hollywood, Tarantino diz: "Next Of Kin é o mais próximo que se pode chegar do horror de O Iluminado, em termos de tom". Após assistir ao filme, observei que o filme na verdade utiliza muitos dos artifícios de O Iluminado: steadycams acompanhando personagens por corredores, fantasmas em banheiras, menininhas em corredores e até a cena em que Jack Torrance arrebenta uma porta com um machado para revelar seu rosto (aqui um personagem quebra um parabrisa com uma chave de roda para revelar seu rosto). Apesar da forte influência, o diretor mostrou estilo e abusou de slow motion, takes superiores e outros ângulos que valorizaram o aspecto labiríntico dos corredores. É uma pena que o diretor não tenha continuado seu ofício (o IMDB lista apenas dois documentários após este filme). Gostaria de ter visto seu estilo se desenvolver.
Um legítimo "ozploitation" com tudo o que tem direito: horror, mulheres de top less, exploração da paisagem australiana, surf, bebida... A trama é simples, insólita e condizente com as preocupações da época: Casal em crise decide acampar, mas não se preocupa com os danos que causa ao meio ambiente, então a fauna e a flora local planejam matá-los. Um slasher movie em que o assassino é a mãe natureza.
Em Deliverance, os civilizados protagonistas vão ao interior e são confrontados com a selvageria. Já nesta pequena obra prima australiana, o protagonista vai parar em uma cidadezinha do Outback e é confrontado com a mais pura e sedutora hospitalidade interiorana.
Bebendo em doses cavalares (poucos filmes tem tanto consumo de álcool quanto este), o protagonista (um professor da cidade grande) é levado pelo xerife em um tour por Yabba (a pequena cidade), onde todas as mulheres estão entediadas e todos os homens estão bebendo, jogando ou matando cangurus. "Todos os pequenos demônios estão orgulhosos de seu inferno", responde o personagem interpretado por Donald Pleasance, mais tarde mostrado com moedas em seus olhos. Yabba será o inferno particular do protagonista e Donald Pleasance o seu Caronte.
Ted Kotcheff, o diretor (Rambo I, Um Morto Muito Louco), tem aqui seu trabalho mais autoral e destaco duas cenas: a cena da jogatina e a cena da caça aos cangurus. A primeira por sua maestria e a segunda por sua crueza: Cangurus foram realmente caçados e brutalmente mortos. Existe até uma nota dos produtores nos créditos.
Wake In Fright pode mostrar uma Austrália feia, caipira dos rincões, suada e cheia de moscas, agressivamente masculinizada, onde a recusa em um convite para beber uma cerveja é um insulto mortal e a selvageria é o único modus vivendi permitido pelo Outback. Mas também é um dos melhores filmes que já saíram da terra de Ned Kelly.
O segundo filme que vejo - e gosto! - da safra francesa de Charles Bronson, Adeus Amigo mostra dois veteranos da Legião Estrangeira tentando preencher o vazio existencial pós-conflito, cada um à sua maneira. O filme começa como um thriller de assalto espetacular, mas acaba se desenvolvendo como algo completamente inusitado. Um roteiro que ousa driblar as convenções e entregar um produto novo à platéia é sempre digno de aplausos. Adeus Amigo é uma pequena pérola do cinema francês dos anos 60 e um dos filmes mais curiosos em toda a filmografia de Charles Bronson, que mostra aqui um personagem muito mais facetado que os de costume, apesar da cara de lápide habitual.
Terror fetichista ao estilo Clive Barker em uma nave cheia de simbologias cristãs. De sci-fi temos apenas uma cena e o filme é, na verdade, apenas mais uma trama de navio fantasma ambientado no espaço - mas isso não quer dizer que o filme seja ruim! Ele é bem competente e o melhor trabalho do diretor Paul W S Anderson.
Soderbergh usa uma trama de vingança com ecos de Don Quixote para homenagear os anos 60. Reparem na escalação dos atores: Peter Fonda (o eterno Capitão América de Easy Rider), Barry Newman (o Kowalski de Vanishing Point), Terence Stamp (Modesty Blaise, O Colecionador) e até Joe Dallesandro (frequente colaborador da Factory).Os personagens se mostram deslocados no mundo atual (Peter Fonda vive de contar histórias e Terence Stamp mostra desconforto) e a trilha sonora acompanha o feeling sessentista com Who, Hollies e Byrds. Mas o maior destaque deste filme vai para a edição russa que mistura cenas e sobrepõe diálogos, me lembrando outro grande clássico dos anos 60: o ótimo À Queima Roupa de John Boorman.
Este roteiro atravessa anos, mas falha em mostrar a passagem do tempo. Mas, felizmente, esta é a única falha deste western pacifista que mostra a saga de um garoto em busca de vingança. Destaco a ótima cena em que McQueen enfrenta Martin Landau em um duelo de facas. Magnífica.
Misturando Lovecraft e Stephen King, A Beira Da Loucura é o ápice de Carpenter nos anos 90 - uma década em que ele ficou longe da genialidade que mostrou nos anos anteriores.
Em sua primeira grande produção, Michael Mann já brincava com os elementos que viriam a ser a marca de seu cinema na década seguinte: os personagens que trafegam entre o bem e o mal, mas que carregam um forte código de conduta já estão presentes, junto à estilização da cidade (sempre molhada e refletindo luzes e neons) e o fetiche com armas de fogo (as armas são bestializadas, dão coices e causam ferimentos enormes que são filmados em slow). A cena de tiroteio apresentada neste filme não é de suas melhores, mas ele ainda estava afinando sua arte. Já a estilização da cidade está presente em toda a sua glória, com as ruas, vielas e bares de Chicago filmados com esmero. A fotografia exuberante é o ponto alto deste filme, com planos e designs de luz que orgulhariam qualquer diretor de fotografia.
John Boorman, Ennio Morricone, Richard Burton, Louise Fletcher, Max Von Sydow, James Earl Jone... Este filme é a prova que não basta apenas um bom grupo de profissionais para entregar um grande filme se antes não existe um bom roteiro. Um detalhe que me incomodou é que este é um filme de horror sem horror: Pessoas vêem demonstrações do sobrenatural (demônios encarnados, infestação de insetos, pessoas incendiadas, casas sendo demolidas) e agem como se fosse algo trivial, sem a menor demonstração de medo ou pânico (esta função ficou a cargo da personagem de Ellen Burstyn no primeiro filme, mas aqui não foi preenchida por ninguém). O filme também tem uma edição extremamente confusa e abusa da boa vontade da platéia para se resolver (em menos de 5 minutos de filme, Padre Lamont esbarra com Regan no elevador, conhece a psiquiatra e os dois já tem a primeira sessão em conjunto). Mas nem tudo está perdido, o filme tem ótimas cenas em uma África fantasiosa brilhantemente filmada por Boorman, mostrando mais uma vez que sabe arrancar boa imagens de cenários fantásticos, como fez com Zardoz e Excalibur. A estrela solitária que dou para este filme vai unicamente para estas cenas que parecem ser um ótimo curta dentro de um longa horrível.
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraMad Max 4 é um produto do mainstream, cinemão pipoca, pensado e realizado para as novas audiências e os novos formatos de exibição – e isto não é ruim, já que temos aqui um tremendo produto!.
Após Avatar e a popularização do 3d (com seu ingresso mais caro e sedutor para a indústria), venho notando a popularização de um novo tipo de filme que apelidei carinhosamente de “montanha russa”: São filmes que apresentam um mundo fantástico, com fauna e flora particulares, que usam o 3d e o surround na imersão total da plateia no filme. Assim como fomos levados à Pandora em Avatar (e conheceremos a Tomorrowland de Brad Bird e o Jurassic World de Colin Trevorrow nos próximos meses), Miller nos leva à Wasteland, com sua flora particular (a imensidão sem fim do deserto e seus desfiladeiros) e os carros bestializados fazendo o papel de sua fauna. Mad Max 4 é o Avatar de George Miller. Cinema de total imersão, muito bem acabado, com design de produção estonteante e tomadas aéreas grandiosas - A melhor viagem de montanha russa de toda a minha vida.
O personagem mudou sutilmente desde sua última encarnação. Agora ele condiz com o apelido de “louco” e é perseguido pelos fantasmas dos que não conseguiu salvar, mas continua o mesmo herói relutante dos filmes 2 e 3, evitando se envolver com as pessoas e seus problemas e só encarnando seu papel de herói após encontrar sua própria humanidade. Já o vilão do filme é o “patriarcado opressor” de um mundo masculinizado em que mulheres são “parideiras”, “leiteiras” ou objetos sexuais. Furiosa (Charlize Theron) surge para se opor ao regime e a trama é centrada nela, polarizando a atenção do público com Max, que aqui, mais uma vez, tromba com um grupo de pessoas que representam uma ilha de humanidade em meio à selvageria do Wasteland.
Em todo filme montanha russa o design de produção carrega uma grande responsabilidade em criar o mundo fantástico que nos será apresentado, e o trabalho aqui foi primoroso: Carros bestializados, cidadelas com engrenagens que lembram entranhas, tribos e castas com suas diferenças e particularidades... Um trabalho meticuloso de encher os olhos. Destaco dois personagens com figurinos incríveis: O líder da cidadela produtora de munição, que é mostrado como um comandante super militarizado, dirigindo um carro que lembra um tanque de guerra, com um tipo de elmo samurai formado com cintas de munição; e o líder da cidadela que produz combustível, um obeso mórbido, vestindo terno e gravata e dirigindo um caminhão tanque (um mega capitalista montado em um tanque de petróleo – sacaram a crítica?). Estes personagens tem pouco tempo de tela e são muito bem definidos apenas com seus figurinos. Toque de mestre.
Mad Max 4 poderia se chamar 2.1 sem fazer feio e é um filme de ação oitentista puro sangue, Uma estética que George Miller ajudou a criar e que levou 30 anos para entregar seu último representante. Adaptando o brado dos Kamikrazys do filme, Mad Max “viveu, morreu e VIVE NOVAMENTE!”
Vício Frenético
3.9 124O personagem de Keitel bebe, cheira pó, fuma crack, participa de uma orgia, aposta, rouba e assedia sexualmente menores de idade em menos de 15 minutos de filme. Seu personagem é uma das figuras mais horrendas já descritas em roteiro e retratadas em película. Ele pratica, vive e se alimenta do horror até ser designado para investigar um mal que nem mesmo ele seria capaz de praticar: o estupro de uma freira dentro de uma igreja. Vício Frenético é um filme praticamente sem trama, em que simplesmente seguimos o personagem em seus vícios, conhecemos seu mundo, para assim entender suas decisões. A refilmagem de Herzog é um filme radicalmente diferente e os dois são ótimas peças de cinema.
Mais Próximo do Terror
3.2 56No documentário Not Quite Hollywood, Tarantino diz: "Next Of Kin é o mais próximo que se pode chegar do horror de O Iluminado, em termos de tom". Após assistir ao filme, observei que o filme na verdade utiliza muitos dos artifícios de O Iluminado: steadycams acompanhando personagens por corredores, fantasmas em banheiras, menininhas em corredores e até a cena em que Jack Torrance arrebenta uma porta com um machado para revelar seu rosto (aqui um personagem quebra um parabrisa com uma chave de roda para revelar seu rosto). Apesar da forte influência, o diretor mostrou estilo e abusou de slow motion, takes superiores e outros ângulos que valorizaram o aspecto labiríntico dos corredores. É uma pena que o diretor não tenha continuado seu ofício (o IMDB lista apenas dois documentários após este filme). Gostaria de ter visto seu estilo se desenvolver.
Um Longo Fim de Semana
3.4 43Um legítimo "ozploitation" com tudo o que tem direito: horror, mulheres de top less, exploração da paisagem australiana, surf, bebida... A trama é simples, insólita e condizente com as preocupações da época: Casal em crise decide acampar, mas não se preocupa com os danos que causa ao meio ambiente, então a fauna e a flora local planejam matá-los. Um slasher movie em que o assassino é a mãe natureza.
Pelos Caminhos do Inferno
3.9 80Em Deliverance, os civilizados protagonistas vão ao interior e são confrontados com a selvageria. Já nesta pequena obra prima australiana, o protagonista vai parar em uma cidadezinha do Outback e é confrontado com a mais pura e sedutora hospitalidade interiorana.
Bebendo em doses cavalares (poucos filmes tem tanto consumo de álcool quanto este), o protagonista (um professor da cidade grande) é levado pelo xerife em um tour por Yabba (a pequena cidade), onde todas as mulheres estão entediadas e todos os homens estão bebendo, jogando ou matando cangurus. "Todos os pequenos demônios estão orgulhosos de seu inferno", responde o personagem interpretado por Donald Pleasance, mais tarde mostrado com moedas em seus olhos. Yabba será o inferno particular do protagonista e Donald Pleasance o seu Caronte.
Ted Kotcheff, o diretor (Rambo I, Um Morto Muito Louco), tem aqui seu trabalho mais autoral e destaco duas cenas: a cena da jogatina e a cena da caça aos cangurus. A primeira por sua maestria e a segunda por sua crueza: Cangurus foram realmente caçados e brutalmente mortos. Existe até uma nota dos produtores nos créditos.
Wake In Fright pode mostrar uma Austrália feia, caipira dos rincões, suada e cheia de moscas, agressivamente masculinizada, onde a recusa em um convite para beber uma cerveja é um insulto mortal e a selvageria é o único modus vivendi permitido pelo Outback. Mas também é um dos melhores filmes que já saíram da terra de Ned Kelly.
Adeus Amigo
3.4 12 Assista AgoraO segundo filme que vejo - e gosto! - da safra francesa de Charles Bronson, Adeus Amigo mostra dois veteranos da Legião Estrangeira tentando preencher o vazio existencial pós-conflito, cada um à sua maneira. O filme começa como um thriller de assalto espetacular, mas acaba se desenvolvendo como algo completamente inusitado. Um roteiro que ousa driblar as convenções e entregar um produto novo à platéia é sempre digno de aplausos. Adeus Amigo é uma pequena pérola do cinema francês dos anos 60 e um dos filmes mais curiosos em toda a filmografia de Charles Bronson, que mostra aqui um personagem muito mais facetado que os de costume, apesar da cara de lápide habitual.
O Enigma do Horizonte
3.2 310 Assista AgoraTerror fetichista ao estilo Clive Barker em uma nave cheia de simbologias cristãs. De sci-fi temos apenas uma cena e o filme é, na verdade, apenas mais uma trama de navio fantasma ambientado no espaço - mas isso não quer dizer que o filme seja ruim! Ele é bem competente e o melhor trabalho do diretor Paul W S Anderson.
O Estranho
3.3 15 Assista AgoraSoderbergh usa uma trama de vingança com ecos de Don Quixote para homenagear os anos 60. Reparem na escalação dos atores: Peter Fonda (o eterno Capitão América de Easy Rider), Barry Newman (o Kowalski de Vanishing Point), Terence Stamp (Modesty Blaise, O Colecionador) e até Joe Dallesandro (frequente colaborador da Factory).Os personagens se mostram deslocados no mundo atual (Peter Fonda vive de contar histórias e Terence Stamp mostra desconforto) e a trilha sonora acompanha o feeling sessentista com Who, Hollies e Byrds. Mas o maior destaque deste filme vai para a edição russa que mistura cenas e sobrepõe diálogos, me lembrando outro grande clássico dos anos 60: o ótimo À Queima Roupa de John Boorman.
Nevada Smith
3.6 21Este roteiro atravessa anos, mas falha em mostrar a passagem do tempo. Mas, felizmente, esta é a única falha deste western pacifista que mostra a saga de um garoto em busca de vingança. Destaco a ótima cena em que McQueen enfrenta Martin Landau em um duelo de facas. Magnífica.
À Beira da Loucura
3.6 403 Assista AgoraMisturando Lovecraft e Stephen King, A Beira Da Loucura é o ápice de Carpenter nos anos 90 - uma década em que ele ficou longe da genialidade que mostrou nos anos anteriores.
Profissão, Ladrão
3.9 74Em sua primeira grande produção, Michael Mann já brincava com os elementos que viriam a ser a marca de seu cinema na década seguinte: os personagens que trafegam entre o bem e o mal, mas que carregam um forte código de conduta já estão presentes, junto à estilização da cidade (sempre molhada e refletindo luzes e neons) e o fetiche com armas de fogo (as armas são bestializadas, dão coices e causam ferimentos enormes que são filmados em slow). A cena de tiroteio apresentada neste filme não é de suas melhores, mas ele ainda estava afinando sua arte. Já a estilização da cidade está presente em toda a sua glória, com as ruas, vielas e bares de Chicago filmados com esmero. A fotografia exuberante é o ponto alto deste filme, com planos e designs de luz que orgulhariam qualquer diretor de fotografia.
O Exorcista II: O Herege
2.1 307 Assista AgoraJohn Boorman, Ennio Morricone, Richard Burton, Louise Fletcher, Max Von Sydow, James Earl Jone... Este filme é a prova que não basta apenas um bom grupo de profissionais para entregar um grande filme se antes não existe um bom roteiro. Um detalhe que me incomodou é que este é um filme de horror sem horror: Pessoas vêem demonstrações do sobrenatural (demônios encarnados, infestação de insetos, pessoas incendiadas, casas sendo demolidas) e agem como se fosse algo trivial, sem a menor demonstração de medo ou pânico (esta função ficou a cargo da personagem de Ellen Burstyn no primeiro filme, mas aqui não foi preenchida por ninguém). O filme também tem uma edição extremamente confusa e abusa da boa vontade da platéia para se resolver (em menos de 5 minutos de filme, Padre Lamont esbarra com Regan no elevador, conhece a psiquiatra e os dois já tem a primeira sessão em conjunto). Mas nem tudo está perdido, o filme tem ótimas cenas em uma África fantasiosa brilhantemente filmada por Boorman, mostrando mais uma vez que sabe arrancar boa imagens de cenários fantásticos, como fez com Zardoz e Excalibur. A estrela solitária que dou para este filme vai unicamente para estas cenas que parecem ser um ótimo curta dentro de um longa horrível.