Divertida animação em stop-motion do mesmo diretor de O Estranho Mundo de Jack e com roteiro/produção de Jordan Peele, a mente por trás de filmes como Corra! e Nós.
O longa capricha na representatividade: além de personagens negros, há também um jovem trans chamado Raul na história.
Sua transsexualidade é abordada de maneira bem pontual e singela, mas já conta como um ponto positivo (não me lembro de ter visto nenhuma animação stop-motion com personagem trans).
Que filmão! Tem uma energia eletrizante e dá uma aula de montagem: toda a história é contada durante uma partida de tênis, em que os flashbacks vão explorando o passado dos personagens e suas complexas relações marcadas por amor, amizade, frustração e ciúmes.
O trio de atores principais tem uma dinâmica incrível, com Zendaya sendo o grande destaque aqui. Se a Warner fizer uma campanha direitinho, tem tudo para levá-la ao Oscar na primeira indicação da sua carreira.
Em vários momentos, "Rivais" me lembrou Trainspotting por ter alguns planos bem fechados no rosto dos personagens com uma trilha sonora de música eletrônica que lembra bastante a pegada do clássico de 1996 dirigido por Danny Boyle - e não é exagero dizer que os personagens dos dois filmes também têm suas semelhanças, cheios de podres, traições e rusgas do passado.
Mike Faist a todo momento me lembrava o Domnhall Gleeson, afinal, os dois são muito parecidos.
A sequência final é angustiante, você sente na pele a tensão entre os personagens, é como se você estivesse ali na quadra com os personagens.
Late Night With The Devil tem um mérito que ninguém pode negar: dar um frescor novo a dois subgêneros extremamente batidos no terror, o found footage e as histórias de possessão demoníaca.
Assistir ao filme é uma experiência divertida. Seu design de produção caprichado transporta o espectador direto para o talk show dos anos 1970, fazendo com o que o público se sinta como se realmente estivesse naquele estúdio, em uma situação na qual algo ruim e macabro está prestes a acontecer.
Mérito também aí para o trabalho de montagem, que conseguiu criar uma linha narrativa eficiente usando a gravação e imagens de bastidores do programa televisivo.
Só gostaria que os efeitos especiais fossem melhores, mas entendo que a abordagem por algo mais simples e visivelmente computadorizado tenha sido uma homenagem às produções da época, na qual obviamente não havia a tecnologia de hoje para contar as histórias de terror.
Valeria a pena também explorar um pouco mais a ambiguidade entre ceticismo e sobrenatural: isto é, aproveitar aquele especialista que desconfia de tudo e criar uma dúvida no público, que ficaria dividido entre acreditar que era mesmo uma possessão ou acusar a especialista e a garota de charlatanismo.
O final me deixou com algumas dúvidas, mas, pelo que entendi,
o apresentador fez um pacto para ter sucesso na carreira. Em troca, o demônio levou a sua esposa e a usou para atormentá-lo durante o seu próprio programa.
A expectativa foi grande pela repercussão positiva na mídia, mas acabou decepcionando um pouco.
Entendo que o objetivo não era se aprofundar nas causas da guerra, mas ficou tudo muito jogado. Seria bom saber mais sobre quem são os grupos que lutam no conflito, o que cada um defende e como essa loucura toda começou.
Se fizessem isso, eles teriam até conseguido tocar em pontos mais contundentes que teriam tudo a ver com a história, como ultranacionalismo, xenofobia e radicalização política (isso é mostrado de maneira muito superficial em uma cena super tensa com o ótimo Jesse Plemons, mas fica por aí mesmo).
Aliás, tem uma situação absurda no roteiro: logo no começo, a Lee, personagem da Kirsten Dunst, fala para a Jessie (Cailee Spaeny) sobre a importância de usar colete.
Qual a minha surpresa ao ver que eles passam 90% do filme sem colete? Isso acontece justamente na hora em que vão abordar os dois caras armados que renderam a Jessie e o outro jornalista.
Se o jornalista mais idoso estivesse de colete naquela hora, ele não teria morrido.
O final também super anticlimático e seco. O personagem do Wagner Moura,
que antes havia sofrido horrores com a perda do colega, literalmente CAGA para a morte da Lee, sua fiel colega de profissão. Entendo que a intenção seria mostrar que ele estava totalmente focado em conseguir uma declaração do presidente e nada mais importava, mas não ficou legal não... A situação não combina com o comportamento anterior do personagem
"Iwájú" traz uma África do jeito que você nunca viu!
Muito divertida e gostosa de assistir essa série original do Disney+ que contou com a participação de artistas nigerianos em sua concepção, das vozes à direção. Ela se encaixa no que se chama de "afrofuturismo", isto é, histórias que trazem um futuro de ficção-científica com protagonistas negros sem perder de vista suas raízes culturais.
E tudo isso com o selo Disney, que fica ainda mais evidente em uma referência ao O Rei Leão - "eu rio na cara do perigo", diz Tola em determinado momento.
A verdade é que as pessoas não estão acostumadas a ver o continente africano em enredos assim e "Iwájú" vem para ajudar a suprir, pelo menos um pouco, dessa carência. Claro que ainda falta muito e precisamos de mais filmes de animação, ficção-científica, comédia, romance, suspense, terror, ação protagonizados e produzidos por africanos.
Como os episódios são curtinhos, "Iwájú" é bem rápida de ser assistida: vi tudo em uma tacada só.
Depois de assistir, aproveite e veja o documentário (também disponível no Disney+) em que os responsáveis pela série animada mostram como surgiu o projeto, compartilham curiosidades e revelam toda a preocupação que tiveram em conceber uma história legitimamente nigeriana que foge dos clichês e concepções erradas sobre o continente africano.
E sabia que o Disney+ tem mais uma série afrofuturista? Chama Kizazi Moto e cada episódio traz um enredo diferente.
Eu nunca imaginei ver a Grazi Massafera em um filme tão tenso!
Esse é o terror da vida real, que não aparece na forma de demônios ou fantasmas, mas sim em uma relação familiar na qual você percebe que há algo de errado, algo oculto, não verbalizado.
"Uma Família Feliz" te joga em um labirinto de possibilidade. E eu realmente acreditei que o Vicente, personagem do Reynaldo Gianechhini, abusava das filhas, principalmente pelo hábito estranho de se trancar com elas no banheiro na hora do banho (elas já eram bem grandinhas para precisarem da supervisão de um adulto para isso).
Depois, eu comecei a cogitar que era o espírito da ex-mulher do Vicente que estava por trás (se fosse verdade, o filme abraçaria o sobrenatural de vez). Como foi grande a minha surpresa ao descobrir que era tudo obra de uma das meninas!
Excelente trabalho de fotografia e som, que vão criando uma atmosfera sufocante.
linchamento coletivo que a Eva, personagem da Grazi Massafera, sofreu por conta da acusação de agressão. Algo assim é meio irreal, exagerado, dificilmente aconteceria na vida real. Explico o motivo: bater nos filhos ainda é um assunto tabu no Brasil, com muita gente achando que é direito dos pais sim ou outros dizendo "se apanhou assim, é porque fez algo que mereceu". A questão ficaria mais no círculo familiar mesmo e dificilmente escalaria para uma revolta coletiva, como o filme mostra.
Gostei bastante de conhecer a história de Nzinga, a rainha que enfrentou os colonizadores portugueses no século 17, em território atualmente pertencente à Angola.
Ficou muito boa a mescla entre depoimentos de especialistas e atuações. Destaque para Adesuwa Oni, que interpreta brilhantemente a protagonista. A produção caprichou na parte de figurinos e cenários que recriam esse período histórico.
Vi o vídeo de um historiador comentando o filme e apontando algumas incorreções. Uma delas é quando Nzinga diz não ter escravos em seu reino, sendo que a realidade era o contrário, havia, sim, pessoas escravizadas. Claro que nada que chegasse perto da quantidade e da crueldade feita pelos portugueses.
Senti falta de atores e especialistas angolanos nessa produção (a atriz que faz a Nzinga é nigeriana, por exemplo). Será que um país de quase 34 milhões de pessoas não tinha atores para esses papéis? Como filhos da mesma terra que deu a luz a Nzinga, os angolanos mereciam ter tido espaço nessa série documental da Netflix.
É inegável: grande parte do público está acostumada a filmes que trazem respostas e explicações para tudo e vão sentir falta disso em O Mundo Depois de Nós.
O motivo de não ter um enredo "redondinho" é porque acompanhamos tudo pelo ponto de vista dos personagens... Só sabemos o pouco que eles sabem.
O filme é extremamente feliz ao conseguir criar uma tensão que dura do começo ao fim. Muito disso se deve ao talento dos quatro atores principais, com destaque para o duas vezes vencedor do Oscar Mahershala Ali.
O Mundo Depois de Nós me lembrou vários filmes diferentes, como Nós (do Jordan Peele), Batem à Porta (só que muitooo melhor) e até mesmo Mãe. Em comum, pessoas levadas ao extremo em uma situação da qual não possuem controle.
E me lembrou também a pandemia de Covid-19. Isso mesmo, há ingredientes em comum: medo do desconhecido, isolamento, o desafio de confiar em outra pessoa (assim como muitos não confiavam em ficar próximo de pessoas que não se protegiam do vírus) e até as teorias conspiratórias (de que esse ou aquele país seria responsável pela tragédia).
Repare que até mesmo a garotinha encontra uma válvula de escape em uma série, Friends. Não muito diferente do que muitos de nós fizemos durante o período mais duro da pandemia: nos distraimos do horror diário com maratonas na Netflix.
Mostrar uma família em luto sendo atormentada por uma entidade sobrenatural não é uma novidade em filmes de terror.
Mesmo partindo de uma premissa nada original, Boogeyman faz o básico bem feito e consegue contar uma história com uma boa atmosfera de terror. Alguns momentos chegam até mesmo a mexer com o espectador no sentido de fazê-lo pensar o que vai acontecer a seguir
(exemplos: quando Sadie é usada como isca para atrair o monstro e a cena final, no consultório da terapeuta)
O maior destaque vai para a atriz principal, Sophie Thatcher, que mandou muito bem ao construir uma personagem de forma bastante natural e convincente. Em certas partes, é inevitável não se colocar no seu lugar e imaginar o inferno psicológico e pessoal que vive.
Animação estranha sobre um lagarto que entra em crise existencial ao descobrir que só tem mais um ano - e pior ainda, passou sua existência inteira preso.
Foi uma luta chegar até o final desse filme. O que mais incomoda é a tentativa de forçar um humor que, em momento algum, soa como natural. A impressão é que pegaram várias palavras, bateram no liquidificador e juntaram tudo para escrever o roteiro.
O visual também é bem simples: lembra uma animação do começo de 2008. Em um ano que teve Nimona, Aranhaverso, Elementos, Tartarugas Ninja, Leo acaba sendo um exemplar bem fraco.
(Não dava pra esperar muito de um filme que tem Adam Sandler como roteirista)
Colman Domingo arrasa muito no papel principal (acho até que pode abocanhar uma indicação ao Oscar), mas o filme mesmo carece de um roteiro melhor. A tal da marcha foi uma das coisas mais anticlimáticas e sem emoção que já vi - e olha que devia ser o ponto alto do filme.
Série brasileira que chegou à Netflix com ares de superprodução. Muita ação, tiroteio, atores gringos no elenco, história que alterna entre o Brasil e o Paraguai.
Aliás, gostei do fato de grande parte da ação se desenrolar em Foz do Iguaçu e arredores e de ver menções a várias cidades que eu conheço (sou do Paraná). Geralmente, produções policiais assim se passam em SP ou no RJ e a série conseguiu sair desse "mundinho".
O episódio final é eletrizante e muito bem executado, aliás.
Mas, ao mesmo tempo, também vejo defeitos. Tem alguns clichezões (o policial abalado pela morte do parceiro) e "gordurinha" no roteiro (situações e subtramas desinteressantes que poderiam ser facilmente cortadas).
O próprio Moreira, por exemplo, é totalmente descartável e desinteressante. Não faria falta se não existisse e a série ainda ganharia mais dinamismo.
Curiosidade: Aly Muritiba, diretor da aclamada série Cangaço Novo, é um dos roteiristas de DNA do Crime (dá para ver alguns pontos em comum entre as duas produções).
Da Argentina, vem um terror no melhor estilo "Evil Dead". A história traz dois irmãos precisam lidar com uma série de possessões demoníacas na região em que vivem. Uma a uma, as pessoas vão tendo seus corpos tomados.
Se você gosta de terror com uma clima apocalíptico, "When Evil Lurks" vai te conquistar com um roteiro que consegue ser inventivo e original na medida certa. O filme dá a sensação de uma agonia sem fim, de um mal do qual é impossível não escapar, independentemente do que fazem os personagens.
Claro que alguns detalhes do enredo poderiam ser melhor retocados e explicados, mas, no geral, "When Evil Lurks" é um bom exemplar do gênero terror feito fora de Hollywood.
Não entendi a enxurrada de críticas negativas que saíram na imprensa e nas redes sociais... O filme é redondinho e entrega o que prometeu, dialogando bem com o seu público alvo, uma audiência infantojuvenil.
Claro que algumas coisas no roteiro poderiam ser melhores: gostaria de saber mais dos animatronics e do passado do lugar, por exemplo. O final também é apressado, sendo que alguns minutinhos a mais não fariam mal para o terceiro ato.
Legal que o filme tem uma comunidade bem grande de fãs por causa do sucesso do jogo. No cinema em que eu estava, tinha gente caracterizada e aplausos ao fim da sessão (coisa que eu não via há um tempinho, já que nem nos filmes da Marvel e da DC isso tem acontecido)
Um filme real e triste como a vida. Uma história de - quase - romance, em que os sentimentos ficam presos e resta aquela pergunta "e se?".
E se fosse diferente, se os seus caminhos não tivessem se separado, se o amor não tivesse apenas batido na porta e ido embora? Gostei do filme. Se for ver, vá sabendo que é bem diferente dos romances hollywoodianos convencionais.
"Retratos Fantasmas" vai pegar de jeito os cinéfilos de carteirinha, principalmente os que acompanham a carreira do Kleber Mendonça Filho (quem não conhece o diretor pode ter um pouco de dificuldade para se identificar com o filme, já que muitas cenas e curiosidades dos seus longas são inseridas sem uma explicação prévia do que se trata).
É uma carta de amor ao cinema e uma semiautobiografia do próprio Kleber Mendonça em que ele revisita os momentos da sua vida, carreira e compartilha memórias afetivas do Recife e dos cinemas de rua da capital pernambucana.
Há um trecho que me marcou. Ao falar de um dos cinemas de rua do Recife, o diretor explica que o local não tem um viés comercial (como essas grandes redes tipo Cinemark). Na verdade, "esse cinema molda caráter", como o próprio Kleber Mendonça diz.
Mas o que ele dizer com isso? É que filme não é apenas entretenimento. Filme é educação, é conhecimento, é reflexão, é entrar em contato com outras culturas, é vencer preconceitos, é ver os seus próprios sonhos e demônios refletidos na tela grande.
E os cinemas de rua cumprem um papel muito grande nisso ao dar espaço a filmes alternativos e independentes que, muitas vezes, não encontram espaço na programação dos cinemas de shoppings e até mesmo nos streamings (sim, Netflix, Star+ e HBO da vida ainda são super pasteurizados e limitados em seus catálogos).
Inclusive, "Retratos Fantasmas" não chegou às grandes redes do cinema e a explicação para isso está no próprio documentário. Lembram do trecho sobre o edifício onde ficavam escritórios de estúdios e distribuidoras no Recife? Nesse momento, é falado que as empresas brasileiras se sentiam estrangeiras nessa prédio dominado por norte-americanos. E assim é com o cinema nacional, sempre preterido em razão de um enlatado qualquer dos Estados Unidos, por mais que tenha uma produção muito ampla, rica e diversificada.
Para encerrar o documentário, uma cena divertidíssima, em que o Kleber Mendonça Filho explora toda a sua liberdade criativa e traz uma dose de realismo fantástico.
Brincadeiras à parte, essa poderia ser perfeitamente uma frase de divulgação da série - digo isso porque "Cangaço Novo" tem tudo para conquistar quem gostou de "Bacurau".
A série da Amazon é uma grata surpresa: tem diálogos muito bem escritos, atores muito talentosos, ação eletrizante, tensão na medida certa.
Os personagens são cheios de personalidade, com destaque para a fodona Dinorah. Legal ver também como o Ubaldo vai de um cara que só queria receber a herança para o líder dos cangaceiros, sucedendo o pai biológico.
Muito inteligente a forma como a série aborda a politico e expõe problemas como o coronelismo, a oligarquia (a mesma família no poder há anos) e o aparelhamento do Estado.
Há uma cena aqui que não poderia deixar de comentar.
Em um comício de campanha, Gastão tira uma arma e aponta para o céu, falando que agora é guerra. Em um país onde um ex-presidente (que, assim como Gastão, também sofreu um atentado) tinha o sinal da arminha como marca registrada, dá pra ter a certeza de que essa cena não foi por acaso.
Muito orgulho do audiovisual nacional. Que venha a temporada 2!
Com referências bem claras a Pânico e Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, esse novo filme espanhol da Netflix mostra que é possível ser bom e divertido mesmo sendo clichê (aliás, abraça os clichês sem medo e os coloca como uma "brincadeira" na narrativa).
Tem tudo para conquistar quem curte um terrorzinho com serial killer gostoso de ver.
É um filme que toma várias liberdades criativas e abraça um lado mais fantasioso em certos momentos, com várias coisas que envelheceram mal (algumas cenas são toscas, se olharmos com os olhos de hoje).
Como alguém comentou abaixo, a trilha sonora é jogada de qualquer forma e não se encaixa com o clima da história. Em um momento no qual eles estão diante das tropas de Domingos Jorge Velho, por exemplo, toca uma música animada e descontraída, que não tem nada a ver com a seriedade e a tensão do momento.
O ponto alto é o elenco talentoso com vários atores negros (os atores que fazem Zumbi e Ganga Zumba arrasaram muito) e a questão da cultura e da religiosidade afro - é um filme que exalta as raízes africanas do Brasil.
Seria muito legal se fizessem um remake desse filme, com Lázaro Ramos como Zumbi. Como muitos atores do filme de 1984 ainda estão vivos, poderiam chamá-los para fazer participações especiais em uma nova versão.
Ainda falta o nosso cinema abordar o período da escravidão (nós não tivemos um "12 Anos de Escravidão" para chamar de nosso até hoje)
Sou muito fã de filmes que contam várias histórias diferentes e gostei de "Berlim, Eu Te Amo".
Há boas histórias ali, mas também umas bem fraquinhas. Teve um ponto que uma pessoa levantou aqui na seção de comentários do Filmow e eu concordo: é muita prepotência fazer um filme sobre Berlim sem ter atores alemães e com diálogos em inglês o tempo inteiro.
É como se fosse uma carta de amor para a cidade escrita apenas por turistas estrangeiros que estão ali só de passagem e imigrantes (acho ótimo ter imigrantes, mas faltaram os alemães).
Série japonesa da Netflix que se passa no mundo do sumô - que, apesar de muita gente achar engraçado pela roupa e pelo peso dos lutadores, é um esporte milenar e levado muito a sério no Japão.
"Santuário do Sumô" diverte e tem cenas de luta muito boas, minuciosamente coreografadas e que parecem até mesmo reais.
O momento mais divertido, pra mim, foi quando Enno jogou o lutador em cima do cara que tentou armar pra cima dele no torneio. Aquilo foi arte em sua expressão máxima!
Por outro lado, não dá pra deixar de falar que a série também tem muitos problemas. O mais gritante aqui é o excesso de personagens e tramas paralelas que, ao fim, acabam não agregando muita coisa ao conjunto da obra.
Exemplo: o drama da jornalista que se sente frustrada por ter sido afastada da cobertura de política; o campeão de sumô que enfrenta conflitos consigo mesmo e com o pai; as toscas aventuras sexuais da mãe de Enno - uma pessoa insuportável e estereotipada, assim como a namoradinha do protagonista, mostrando uma dificuldade dos roteiristas em escrever boas personagens mulheres (sim, em termos de representatividade feminina, a série escorrega feio).
Tem mais uma coisa que eu não sei se defino exatamente como um defeito: a série joga vários conceitos e termos técnicos de sumô sem explicar, pressupondo que o espectador já o sabe. Digo que não sei se é um defeito porque isso acontece bastante em outros filmes e séries (principalmente os que se passam no mercado financeiro, como o clássico Wall Street, com Michael Douglas, que vi poucos dias antes da série).
Vi muita gente criticando o final da série, mas ele foi adequado, na minha opinião. É comum ter um "gancho" para uma próxima temporada.
Falando nisso, que venha a segunda temporada de Santuário do Sumô!
Um filme de romance simples e bem bonitinho. Conta uma história de amor que já vimos inúmeras vezes, mas agora adaptada para uma nova geração e calcada na diversidade (algo que sempre faltou na versão clássica de "príncipe e princesa se conhecem e lutam para ficar juntos"). Me lembrou a série Heartstopper.
Disponível no Star+, "Um Eterno Primeiro Encontro" é a história de uma jovem que descobre que sua namorada fica voltando no tempo toda vez que algo no relacionamento delas dá errado.
Assisti e gostei. Claramente, é um filme de baixo orçamento e algumas coisas poderiam ser melhores, como a atuação da antagonista, mas o resultado é positivo.
Tem bastante representatividade negra, feminina, lésbica e caribenha. E pasmem: não tem HOMEM no elenco principal! Nem pra marido da personagem. Os que aparecem são tipo um garçom, um médico, ou seja, meros figurantes.
Wendell & Wild
3.3 74 Assista AgoraDivertida animação em stop-motion do mesmo diretor de O Estranho Mundo de Jack e com roteiro/produção de Jordan Peele, a mente por trás de filmes como Corra! e Nós.
O longa capricha na representatividade: além de personagens negros, há também um jovem trans chamado Raul na história.
Sua transsexualidade é abordada de maneira bem pontual e singela, mas já conta como um ponto positivo (não me lembro de ter visto nenhuma animação stop-motion com personagem trans).
Rivais
3.9 180Que filmão! Tem uma energia eletrizante e dá uma aula de montagem: toda a história é contada durante uma partida de tênis, em que os flashbacks vão explorando o passado dos personagens e suas complexas relações marcadas por amor, amizade, frustração e ciúmes.
O trio de atores principais tem uma dinâmica incrível, com Zendaya sendo o grande destaque aqui. Se a Warner fizer uma campanha direitinho, tem tudo para levá-la ao Oscar na primeira indicação da sua carreira.
Em vários momentos, "Rivais" me lembrou Trainspotting por ter alguns planos bem fechados no rosto dos personagens com uma trilha sonora de música eletrônica que lembra bastante a pegada do clássico de 1996 dirigido por Danny Boyle - e não é exagero dizer que os personagens dos dois filmes também têm suas semelhanças, cheios de podres, traições e rusgas do passado.
Mike Faist a todo momento me lembrava o Domnhall Gleeson, afinal, os dois são muito parecidos.
A sequência final é angustiante, você sente na pele a tensão entre os personagens, é como se você estivesse ali na quadra com os personagens.
Entrevista com o Demônio
3.5 314Late Night With The Devil tem um mérito que ninguém pode negar: dar um frescor novo a dois subgêneros extremamente batidos no terror, o found footage e as histórias de possessão demoníaca.
Assistir ao filme é uma experiência divertida. Seu design de produção caprichado transporta o espectador direto para o talk show dos anos 1970, fazendo com o que o público se sinta como se realmente estivesse naquele estúdio, em uma situação na qual algo ruim e macabro está prestes a acontecer.
Mérito também aí para o trabalho de montagem, que conseguiu criar uma linha narrativa eficiente usando a gravação e imagens de bastidores do programa televisivo.
Só gostaria que os efeitos especiais fossem melhores, mas entendo que a abordagem por algo mais simples e visivelmente computadorizado tenha sido uma homenagem às produções da época, na qual obviamente não havia a tecnologia de hoje para contar as histórias de terror.
Valeria a pena também explorar um pouco mais a ambiguidade entre ceticismo e sobrenatural: isto é, aproveitar aquele especialista que desconfia de tudo e criar uma dúvida no público, que ficaria dividido entre acreditar que era mesmo uma possessão ou acusar a especialista e a garota de charlatanismo.
O final me deixou com algumas dúvidas, mas, pelo que entendi,
o apresentador fez um pacto para ter sucesso na carreira. Em troca, o demônio levou a sua esposa e a usou para atormentá-lo durante o seu próprio programa.
Guerra Civil
3.8 216A expectativa foi grande pela repercussão positiva na mídia, mas acabou decepcionando um pouco.
Entendo que o objetivo não era se aprofundar nas causas da guerra, mas ficou tudo muito jogado. Seria bom saber mais sobre quem são os grupos que lutam no conflito, o que cada um defende e como essa loucura toda começou.
Se fizessem isso, eles teriam até conseguido tocar em pontos mais contundentes que teriam tudo a ver com a história, como ultranacionalismo, xenofobia e radicalização política (isso é mostrado de maneira muito superficial em uma cena super tensa com o ótimo Jesse Plemons, mas fica por aí mesmo).
Aliás, tem uma situação absurda no roteiro: logo no começo, a Lee, personagem da Kirsten Dunst, fala para a Jessie (Cailee Spaeny) sobre a importância de usar colete.
Qual a minha surpresa ao ver que eles passam 90% do filme sem colete? Isso acontece justamente na hora em que vão abordar os dois caras armados que renderam a Jessie e o outro jornalista.
Se o jornalista mais idoso estivesse de colete naquela hora, ele não teria morrido.
O final também super anticlimático e seco. O personagem do Wagner Moura,
que antes havia sofrido horrores com a perda do colega, literalmente CAGA para a morte da Lee, sua fiel colega de profissão. Entendo que a intenção seria mostrar que ele estava totalmente focado em conseguir uma declaração do presidente e nada mais importava, mas não ficou legal não... A situação não combina com o comportamento anterior do personagem
Iwájú
3.1 6"Iwájú" traz uma África do jeito que você nunca viu!
Muito divertida e gostosa de assistir essa série original do Disney+ que contou com a participação de artistas nigerianos em sua concepção, das vozes à direção. Ela se encaixa no que se chama de "afrofuturismo", isto é, histórias que trazem um futuro de ficção-científica com protagonistas negros sem perder de vista suas raízes culturais.
E tudo isso com o selo Disney, que fica ainda mais evidente em uma referência ao O Rei Leão - "eu rio na cara do perigo", diz Tola em determinado momento.
A verdade é que as pessoas não estão acostumadas a ver o continente africano em enredos assim e "Iwájú" vem para ajudar a suprir, pelo menos um pouco, dessa carência. Claro que ainda falta muito e precisamos de mais filmes de animação, ficção-científica, comédia, romance, suspense, terror, ação protagonizados e produzidos por africanos.
Como os episódios são curtinhos, "Iwájú" é bem rápida de ser assistida: vi tudo em uma tacada só.
Depois de assistir, aproveite e veja o documentário (também disponível no Disney+) em que os responsáveis pela série animada mostram como surgiu o projeto, compartilham curiosidades e revelam toda a preocupação que tiveram em conceber uma história legitimamente nigeriana que foge dos clichês e concepções erradas sobre o continente africano.
E sabia que o Disney+ tem mais uma série afrofuturista? Chama Kizazi Moto e cada episódio traz um enredo diferente.
Uma Família Feliz
3.4 22Eu nunca imaginei ver a Grazi Massafera em um filme tão tenso!
Esse é o terror da vida real, que não aparece na forma de demônios ou fantasmas, mas sim em uma relação familiar na qual você percebe que há algo de errado, algo oculto, não verbalizado.
"Uma Família Feliz" te joga em um labirinto de possibilidade. E eu realmente acreditei que o Vicente, personagem do Reynaldo Gianechhini, abusava das filhas, principalmente pelo hábito estranho de se trancar com elas no banheiro na hora do banho (elas já eram bem grandinhas para precisarem da supervisão de um adulto para isso).
Depois, eu comecei a cogitar que era o espírito da ex-mulher do Vicente que estava por trás (se fosse verdade, o filme abraçaria o sobrenatural de vez). Como foi grande a minha surpresa ao descobrir que era tudo obra de uma das meninas!
Excelente trabalho de fotografia e som, que vão criando uma atmosfera sufocante.
Da parte do roteiro, eu só não curti o
linchamento coletivo que a Eva, personagem da Grazi Massafera, sofreu por conta da acusação de agressão. Algo assim é meio irreal, exagerado, dificilmente aconteceria na vida real. Explico o motivo: bater nos filhos ainda é um assunto tabu no Brasil, com muita gente achando que é direito dos pais sim ou outros dizendo "se apanhou assim, é porque fez algo que mereceu". A questão ficaria mais no círculo familiar mesmo e dificilmente escalaria para uma revolta coletiva, como o filme mostra.
E o final tem um vibe meio A Profecia, filme de terror clássico lançado nos anos 1970.
Rainhas Africanas: Nzinga (1ª Temporada)
4.2 6 Assista AgoraGostei bastante de conhecer a história de Nzinga, a rainha que enfrentou os colonizadores portugueses no século 17, em território atualmente pertencente à Angola.
Ficou muito boa a mescla entre depoimentos de especialistas e atuações. Destaque para Adesuwa Oni, que interpreta brilhantemente a protagonista. A produção caprichou na parte de figurinos e cenários que recriam esse período histórico.
Vi o vídeo de um historiador comentando o filme e apontando algumas incorreções. Uma delas é quando Nzinga diz não ter escravos em seu reino, sendo que a realidade era o contrário, havia, sim, pessoas escravizadas. Claro que nada que chegasse perto da quantidade e da crueldade feita pelos portugueses.
Senti falta de atores e especialistas angolanos nessa produção (a atriz que faz a Nzinga é nigeriana, por exemplo). Será que um país de quase 34 milhões de pessoas não tinha atores para esses papéis? Como filhos da mesma terra que deu a luz a Nzinga, os angolanos mereciam ter tido espaço nessa série documental da Netflix.
O Mundo Depois de Nós
3.2 889 Assista AgoraÉ inegável: grande parte do público está acostumada a filmes que trazem respostas e explicações para tudo e vão sentir falta disso em O Mundo Depois de Nós.
O motivo de não ter um enredo "redondinho" é porque acompanhamos tudo pelo ponto de vista dos personagens... Só sabemos o pouco que eles sabem.
O filme é extremamente feliz ao conseguir criar uma tensão que dura do começo ao fim. Muito disso se deve ao talento dos quatro atores principais, com destaque para o duas vezes vencedor do Oscar Mahershala Ali.
O Mundo Depois de Nós me lembrou vários filmes diferentes, como Nós (do Jordan Peele), Batem à Porta (só que muitooo melhor) e até mesmo Mãe. Em comum, pessoas levadas ao extremo em uma situação da qual não possuem controle.
E me lembrou também a pandemia de Covid-19. Isso mesmo, há ingredientes em comum: medo do desconhecido, isolamento, o desafio de confiar em outra pessoa (assim como muitos não confiavam em ficar próximo de pessoas que não se protegiam do vírus) e até as teorias conspiratórias (de que esse ou aquele país seria responsável pela tragédia).
Repare que até mesmo a garotinha encontra uma válvula de escape em uma série, Friends. Não muito diferente do que muitos de nós fizemos durante o período mais duro da pandemia: nos distraimos do horror diário com maratonas na Netflix.
Boogeyman: Seu Medo é Real
2.8 225 Assista AgoraMostrar uma família em luto sendo atormentada por uma entidade sobrenatural não é uma novidade em filmes de terror.
Mesmo partindo de uma premissa nada original, Boogeyman faz o básico bem feito e consegue contar uma história com uma boa atmosfera de terror. Alguns momentos chegam até mesmo a mexer com o espectador no sentido de fazê-lo pensar o que vai acontecer a seguir
(exemplos: quando Sadie é usada como isca para atrair o monstro e a cena final, no consultório da terapeuta)
O maior destaque vai para a atriz principal, Sophie Thatcher, que mandou muito bem ao construir uma personagem de forma bastante natural e convincente. Em certas partes, é inevitável não se colocar no seu lugar e imaginar o inferno psicológico e pessoal que vive.
Leo
3.6 130 Assista AgoraAnimação estranha sobre um lagarto que entra em crise existencial ao descobrir que só tem mais um ano - e pior ainda, passou sua existência inteira preso.
Foi uma luta chegar até o final desse filme. O que mais incomoda é a tentativa de forçar um humor que, em momento algum, soa como natural. A impressão é que pegaram várias palavras, bateram no liquidificador e juntaram tudo para escrever o roteiro.
O visual também é bem simples: lembra uma animação do começo de 2008. Em um ano que teve Nimona, Aranhaverso, Elementos, Tartarugas Ninja, Leo acaba sendo um exemplar bem fraco.
(Não dava pra esperar muito de um filme que tem Adam Sandler como roteirista)
Rustin
3.3 81 Assista AgoraColman Domingo arrasa muito no papel principal (acho até que pode abocanhar uma indicação ao Oscar), mas o filme mesmo carece de um roteiro melhor. A tal da marcha foi uma das coisas mais anticlimáticas e sem emoção que já vi - e olha que devia ser o ponto alto do filme.
DNA do Crime (1ª Temporada)
4.1 56 Assista AgoraSérie brasileira que chegou à Netflix com ares de superprodução. Muita ação, tiroteio, atores gringos no elenco, história que alterna entre o Brasil e o Paraguai.
Aliás, gostei do fato de grande parte da ação se desenrolar em Foz do Iguaçu e arredores e de ver menções a várias cidades que eu conheço (sou do Paraná). Geralmente, produções policiais assim se passam em SP ou no RJ e a série conseguiu sair desse "mundinho".
O episódio final é eletrizante e muito bem executado, aliás.
Mas, ao mesmo tempo, também vejo defeitos. Tem alguns clichezões (o policial abalado pela morte do parceiro) e "gordurinha" no roteiro (situações e subtramas desinteressantes que poderiam ser facilmente cortadas).
O próprio Moreira, por exemplo, é totalmente descartável e desinteressante. Não faria falta se não existisse e a série ainda ganharia mais dinamismo.
Curiosidade: Aly Muritiba, diretor da aclamada série Cangaço Novo, é um dos roteiristas de DNA do Crime (dá para ver alguns pontos em comum entre as duas produções).
O Mal Que Nos Habita
3.6 534 Assista AgoraDa Argentina, vem um terror no melhor estilo "Evil Dead". A história traz dois irmãos precisam lidar com uma série de possessões demoníacas na região em que vivem. Uma a uma, as pessoas vão tendo seus corpos tomados.
Se você gosta de terror com uma clima apocalíptico, "When Evil Lurks" vai te conquistar com um roteiro que consegue ser inventivo e original na medida certa. O filme dá a sensação de uma agonia sem fim, de um mal do qual é impossível não escapar, independentemente do que fazem os personagens.
Claro que alguns detalhes do enredo poderiam ser melhor retocados e explicados, mas, no geral, "When Evil Lurks" é um bom exemplar do gênero terror feito fora de Hollywood.
Five Nights At Freddy's: O Pesadelo Sem Fim
2.5 292 Assista AgoraNão entendi a enxurrada de críticas negativas que saíram na imprensa e nas redes sociais... O filme é redondinho e entrega o que prometeu, dialogando bem com o seu público alvo, uma audiência infantojuvenil.
Claro que algumas coisas no roteiro poderiam ser melhores: gostaria de saber mais dos animatronics e do passado do lugar, por exemplo. O final também é apressado, sendo que alguns minutinhos a mais não fariam mal para o terceiro ato.
Legal que o filme tem uma comunidade bem grande de fãs por causa do sucesso do jogo. No cinema em que eu estava, tinha gente caracterizada e aplausos ao fim da sessão (coisa que eu não via há um tempinho, já que nem nos filmes da Marvel e da DC isso tem acontecido)
Vidas Passadas
4.2 749 Assista AgoraUm filme real e triste como a vida. Uma história de - quase - romance, em que os sentimentos ficam presos e resta aquela pergunta "e se?".
E se fosse diferente, se os seus caminhos não tivessem se separado, se o amor não tivesse apenas batido na porta e ido embora? Gostei do filme. Se for ver, vá sabendo que é bem diferente dos romances hollywoodianos convencionais.
Retratos Fantasmas
4.2 229 Assista Agora"Retratos Fantasmas" vai pegar de jeito os cinéfilos de carteirinha, principalmente os que acompanham a carreira do Kleber Mendonça Filho (quem não conhece o diretor pode ter um pouco de dificuldade para se identificar com o filme, já que muitas cenas e curiosidades dos seus longas são inseridas sem uma explicação prévia do que se trata).
É uma carta de amor ao cinema e uma semiautobiografia do próprio Kleber Mendonça em que ele revisita os momentos da sua vida, carreira e compartilha memórias afetivas do Recife e dos cinemas de rua da capital pernambucana.
Há um trecho que me marcou. Ao falar de um dos cinemas de rua do Recife, o diretor explica que o local não tem um viés comercial (como essas grandes redes tipo Cinemark). Na verdade, "esse cinema molda caráter", como o próprio Kleber Mendonça diz.
Mas o que ele dizer com isso? É que filme não é apenas entretenimento. Filme é educação, é conhecimento, é reflexão, é entrar em contato com outras culturas, é vencer preconceitos, é ver os seus próprios sonhos e demônios refletidos na tela grande.
E os cinemas de rua cumprem um papel muito grande nisso ao dar espaço a filmes alternativos e independentes que, muitas vezes, não encontram espaço na programação dos cinemas de shoppings e até mesmo nos streamings (sim, Netflix, Star+ e HBO da vida ainda são super pasteurizados e limitados em seus catálogos).
Inclusive, "Retratos Fantasmas" não chegou às grandes redes do cinema e a explicação para isso está no próprio documentário. Lembram do trecho sobre o edifício onde ficavam escritórios de estúdios e distribuidoras no Recife? Nesse momento, é falado que as empresas brasileiras se sentiam estrangeiras nessa prédio dominado por norte-americanos. E assim é com o cinema nacional, sempre preterido em razão de um enlatado qualquer dos Estados Unidos, por mais que tenha uma produção muito ampla, rica e diversificada.
Para encerrar o documentário, uma cena divertidíssima, em que o Kleber Mendonça Filho explora toda a sua liberdade criativa e traz uma dose de realismo fantástico.
As Tartarugas Ninja: Caos Mutante
3.7 130 Assista AgoraTartarugas Ninja foi um filme que não prometeu NADA e entregou TUDO!
Claramente, essa animação só existe por causa do sucesso de Homem-Aranha no Aranhaverso. E que bom que foi assim!
É um dos filmes mais divertidos do ano, com muitas referências a quadrinhos, filmes de super-herói e à cultura pop em geral.
Uma prova de que você não precisa de um roteiro super complexo para entregar uma boa história. É o clichê bem executado que diverte.
Cangaço Novo (1ª Temporada)
4.4 207 Assista Agora"Cratará. Se for, vá na paz"
Brincadeiras à parte, essa poderia ser perfeitamente uma frase de divulgação da série - digo isso porque "Cangaço Novo" tem tudo para conquistar quem gostou de "Bacurau".
A série da Amazon é uma grata surpresa: tem diálogos muito bem escritos, atores muito talentosos, ação eletrizante, tensão na medida certa.
Os personagens são cheios de personalidade, com destaque para a fodona Dinorah. Legal ver também como o Ubaldo vai de um cara que só queria receber a herança para o líder dos cangaceiros, sucedendo o pai biológico.
Muito inteligente a forma como a série aborda a politico e expõe problemas como o coronelismo, a oligarquia (a mesma família no poder há anos) e o aparelhamento do Estado.
Há uma cena aqui que não poderia deixar de comentar.
Em um comício de campanha, Gastão tira uma arma e aponta para o céu, falando que agora é guerra. Em um país onde um ex-presidente (que, assim como Gastão, também sofreu um atentado) tinha o sinal da arminha como marca registrada, dá pra ter a certeza de que essa cena não foi por acaso.
Muito orgulho do audiovisual nacional. Que venha a temporada 2!
O Clube de Leitores Assassinos
2.3 99 Assista AgoraCom referências bem claras a Pânico e Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, esse novo filme espanhol da Netflix mostra que é possível ser bom e divertido mesmo sendo clichê (aliás, abraça os clichês sem medo e os coloca como uma "brincadeira" na narrativa).
Tem tudo para conquistar quem curte um terrorzinho com serial killer gostoso de ver.
Quilombo
3.5 30É um filme que toma várias liberdades criativas e abraça um lado mais fantasioso em certos momentos, com várias coisas que envelheceram mal (algumas cenas são toscas, se olharmos com os olhos de hoje).
Como alguém comentou abaixo, a trilha sonora é jogada de qualquer forma e não se encaixa com o clima da história. Em um momento no qual eles estão diante das tropas de Domingos Jorge Velho, por exemplo, toca uma música animada e descontraída, que não tem nada a ver com a seriedade e a tensão do momento.
O ponto alto é o elenco talentoso com vários atores negros (os atores que fazem Zumbi e Ganga Zumba arrasaram muito) e a questão da cultura e da religiosidade afro - é um filme que exalta as raízes africanas do Brasil.
Seria muito legal se fizessem um remake desse filme, com Lázaro Ramos como Zumbi. Como muitos atores do filme de 1984 ainda estão vivos, poderiam chamá-los para fazer participações especiais em uma nova versão.
Ainda falta o nosso cinema abordar o período da escravidão (nós não tivemos um "12 Anos de Escravidão" para chamar de nosso até hoje)
Berlim, Eu Te Amo
2.8 34 Assista AgoraSou muito fã de filmes que contam várias histórias diferentes e gostei de "Berlim, Eu Te Amo".
Há boas histórias ali, mas também umas bem fraquinhas. Teve um ponto que uma pessoa levantou aqui na seção de comentários do Filmow e eu concordo: é muita prepotência fazer um filme sobre Berlim sem ter atores alemães e com diálogos em inglês o tempo inteiro.
É como se fosse uma carta de amor para a cidade escrita apenas por turistas estrangeiros que estão ali só de passagem e imigrantes (acho ótimo ter imigrantes, mas faltaram os alemães).
Santuário do Sumô
4.0 13Série japonesa da Netflix que se passa no mundo do sumô - que, apesar de muita gente achar engraçado pela roupa e pelo peso dos lutadores, é um esporte milenar e levado muito a sério no Japão.
"Santuário do Sumô" diverte e tem cenas de luta muito boas, minuciosamente coreografadas e que parecem até mesmo reais.
O momento mais divertido, pra mim, foi quando Enno jogou o lutador em cima do cara que tentou armar pra cima dele no torneio. Aquilo foi arte em sua expressão máxima!
Por outro lado, não dá pra deixar de falar que a série também tem muitos problemas. O mais gritante aqui é o excesso de personagens e tramas paralelas que, ao fim, acabam não agregando muita coisa ao conjunto da obra.
Exemplo: o drama da jornalista que se sente frustrada por ter sido afastada da cobertura de política; o campeão de sumô que enfrenta conflitos consigo mesmo e com o pai; as toscas aventuras sexuais da mãe de Enno - uma pessoa insuportável e estereotipada, assim como a namoradinha do protagonista, mostrando uma dificuldade dos roteiristas em escrever boas personagens mulheres (sim, em termos de representatividade feminina, a série escorrega feio).
Tem mais uma coisa que eu não sei se defino exatamente como um defeito: a série joga vários conceitos e termos técnicos de sumô sem explicar, pressupondo que o espectador já o sabe. Digo que não sei se é um defeito porque isso acontece bastante em outros filmes e séries (principalmente os que se passam no mercado financeiro, como o clássico Wall Street, com Michael Douglas, que vi poucos dias antes da série).
Vi muita gente criticando o final da série, mas ele foi adequado, na minha opinião. É comum ter um "gancho" para uma próxima temporada.
Falando nisso, que venha a segunda temporada de Santuário do Sumô!
Vermelho, Branco e Sangue Azul
3.6 300 Assista AgoraUm filme de romance simples e bem bonitinho. Conta uma história de amor que já vimos inúmeras vezes, mas agora adaptada para uma nova geração e calcada na diversidade (algo que sempre faltou na versão clássica de "príncipe e princesa se conhecem e lutam para ficar juntos"). Me lembrou a série Heartstopper.
Jagged Mind
2.4 7 Assista AgoraDisponível no Star+, "Um Eterno Primeiro Encontro" é a história de uma jovem que descobre que sua namorada fica voltando no tempo toda vez que algo no relacionamento delas dá errado.
Assisti e gostei. Claramente, é um filme de baixo orçamento e algumas coisas poderiam ser melhores, como a atuação da antagonista, mas o resultado é positivo.
Tem bastante representatividade negra, feminina, lésbica e caribenha. E pasmem: não tem HOMEM no elenco principal! Nem pra marido da personagem. Os que aparecem são tipo um garçom, um médico, ou seja, meros figurantes.