Vejo muitas semelhanças entre a Cabíria do Fellini e a Paloma. No entanto, o que mais aproxima as duas é o fato de serem tão inocentes e ao mesmo tempo tão determinadas. Em poucos minutos de exibição a gente se apaixona por elas, torce por elas e teme pelo destino delas. Que a realidade não impeça as Palomas e as Cabírias de continuarem sonhando.
A Mulher Rei reforça a necessidade de resgatarmos a história. O filme não deixa de ter a linguagem hollywoodiana maniqueísta. Apresenta uma participação bem menor do reino de Daomé como agente ativo até o final da escravidão. É um lado doloroso, mas que também carrega a beleza de uma cultura subjugada por monarquias escravagistas e religiões "bem intencionadas". Nesse sentido, não basta lançar um filme apenas representativo pra vender produtos licenciados. E não estou dizendo que representatividade não importa. Importa muito! No entanto, nada carrega mais potência do que a destruição de velhas narrativas propagadas por opressores.
Por mais que eu goste da franquia, pelo apelo nostálgico que ela tem pra mim, não dá pra perdoar que a cada filme os personagens clássicos perdem mais o medo dos ataques na proporção em que ficam mais burros. Impressionante! Não é possível que isso seja uma piada metalinguística. Precisaria de um motivo muito urgente e inevitável pra fazer pessoas reais voltarem numa cidade em que elas vão ser, no mínimo, esfaqueadas.
Entregou tudo sem prometer nada. FILMÃO!!!! O cinema precisa resgatar esse tipo de filme, que pode entreter sem megalomania. Tudo aqui funciona perfeitamente.
É um belo filme. Toca em feridas da Igreja Católica, mas apresenta uma visão leve e romantizada da chegada ao poder máximo na igreja romana. A ausência de cor, nos momentos que retratam uma mancha na biografia do Papa Francisco, não parecia se encaixar muito bem em toda a narrativa, predominantemente colorida. Senti que faltou uma solução mais criativa. No entanto, ao contar uma boa história, com o nível de atuação desses dois grandes atores, o caminho trilhado pelo roteiro e a direção superou suas pequenas falhas.
Coringa é daqueles filmes raros que, de alguma forma, subvertem a narrativa, a forma de olhar para um personagem e tem grandes chances de se tornar um clássico por tantos debates que tem gerado. Estou há dias com o filme na cabeça, quero rever, mas não sei se estou preparado pra enfrentar uma pancada tão forte na cabeça.
Não era o que nós esperávamos de um filme do Tarantino. No entanto, não deixa de ser uma homenagem,cheia de autorreferências e com muita qualidade, à Hollywood, aos atores e aos gêneros que ele tanto admira. O seu anúncio de aposentadoria no posto de diretor parece justificar bem o caminho que tomou na obra. Rick Dalton e Cliff Booth, ator e dublê, em final de carreira, aparentam representar o fim desse ciclo. Sharon Tate, feliz por se ver em tela e com a reação da audiência, faz o contraponto enérgico com uma promissora carreira de atriz. Dessa forma, os personagens de DiCaprio e Pitt se posicionam como um alter ego do regente, chegando ao fim da linha e se despedindo, de forma cômica e, surpreendentemente, sensível como diretor. Assumindo assim, que a sua fórmula na La la land chegou ao fim.
Todo o enredo da série e essa finalização são bem estruturados, assim como a apresentação dos personagens; características que a maioria dos materiais direcionados ao público gay não possuem. No entanto, a história, o drama dos personagens não irrompem como problemas reais no contexto LGBT. Parece um mundo tão perfeito, tão ideal e, por pouco higienizado, que torna o cenário da série um ambiente quase onírico. Não sabemos os rumos que a narrativa nos levaria com outras temporadas e o aprofundamento dos protagonistas. Richie, fruto de uma família religiosa, patriarcal e preconceituosa tinha muito a ser explorado. Nessa lógica, o seu papel poderia ter nos levado, junto a Patrick, para uma realidade mais tátil. Assim como ele, Eddie; gordo, portador do HIV, também tinha esse viés. Apesar da linearidade dos episódios, trocar os protagonistas por casais héteros torna possível mensurar a distância que as únicas temporadas de Looking estavam de um drama gay consistente.
A discussão em torno do lugar de fala tem ganhado voz cada vez mais potente nas militâncias e "Uma Mulher Fantástica" nos esclarece e evidencia o quanto essa questão é importante. Daniela Vega interpretando Marina consegue sensibilizar e tornar a história da personagem ainda mais tocante e real. Duvido que o sentimento durante as situações de hostilidade -mesmo que fictícias- experimentadas pela protagonista trans, poderiam ser transmitidas de forma tão honesta por uma pessoa cis. Me emocionou do início ao fim e me ensinou muito.
O filme faz a gente dar boas risadas, principalmente com o Ryan Gosling - talvez na sua melhor atuação heheheh -. Além dele, Angourie Rice rouba a cena até do Russel Crowe e é fundamental pro trio funcionar na história. Não tenho uma boa bagagem com o cinema de policial dos anos 70, então não sei se tem muitas referências que justifiquem um ou outro exagero. No entanto, acerta nas cenas mais engraçadas, pois elas não recorrem à piadas previsíveis, vistas em quase todos os filmes do gênero na atualidade.
O primeiro Jurassic Park é o único volume que conseguiu me impressionar; por ter trazido um universo verossímil, assustador e um ambiente original. Essa nova trilogia, no entanto, demostra que a preocupação em trazer roteiros com histórias realmente novas não existe; são reconstruções dos capítulos originais, com muito mais tecnologia e cenas de ação megalomaníacas. É evidente que se trata de apenas mais uma franquia de blockbusters. Entretanto, sem vulcão em erupção, mega dinossauros aquáticos e espécies híbridas inteligentes, Steven Spielberg nos apresentou uma fábula que surpreendeu muito mais nos anos 90.
O aspecto visual é perfeito, a história é simples e se desenvolve bem. Outro ponto positivo é o uso de alívios cômicos que fogem do habitual. Por outro lado, adicionando qualidade ao filme, os personagens são muito carismáticos e me cativaram bastante.
Usaram a construção do suspense muito bem. Assisti no escuro, com um fone de ouvido no máximo e fiquei tão imerso com o medo dos personagens, que nem me movia. Foi uma ótima experiência. Soma-se a isso, o fator positivo de parecer uma obra criativa com a originalidade dos anos 80.
Não li o livro que serviu de base para a produção e não sei o que foi alterado. Em relação a adaptação, acredito que se fosse contemporâneo, com um ator protagonista, de mesma relevância que o Al Pacino, causaria barulho, também. Além disso, o retrato da marginalização da comunidade LGBTQ+, no período, parece ser bem construído, se compararmos com documentários que abordam o cenário gay na década de 80. Partindo para o roteiro, num primeiro momento, a cena do primeiro interrogatório não fazia sentido, mas depois de analisar um pouco, percebi que o cara enorme, com chapéu de cowboy, vestindo apenas jockstrap, representa uma fantasia do estereótipo "macho marlboro" construída pela comunidade gay e difundida pelas ilustrações do Tom da Finlândia; talvez um desejo reprimido do "pulicial disfarçado". Dessa forma, compreendo que a intenção do diretor, vai além da confecção de uma simples história de detetive, revelando que se trata mais da questão da não aceitação de sua sexualidade e de como a homofobia pode ser intrínseca a ela.
Paloma
3.9 58Vejo muitas semelhanças entre a Cabíria do Fellini e a Paloma. No entanto, o que mais aproxima as duas é o fato de serem tão inocentes e ao mesmo tempo tão determinadas. Em poucos minutos de exibição a gente se apaixona por elas, torce por elas e teme pelo destino delas. Que a realidade não impeça as Palomas e as Cabírias de continuarem sonhando.
A Mulher Rei
4.1 486 Assista AgoraA Mulher Rei reforça a necessidade de resgatarmos a história. O filme não deixa de ter a linguagem hollywoodiana maniqueísta. Apresenta uma participação bem menor do reino de Daomé como agente ativo até o final da escravidão. É um lado doloroso, mas que também carrega a beleza de uma cultura subjugada por monarquias escravagistas e religiões "bem intencionadas". Nesse sentido, não basta lançar um filme apenas representativo pra vender produtos licenciados. E não estou dizendo que representatividade não importa. Importa muito! No entanto, nada carrega mais potência do que a destruição de velhas narrativas propagadas por opressores.
Pânico
3.4 1,1K Assista AgoraPor mais que eu goste da franquia, pelo apelo nostálgico que ela tem pra mim, não dá pra perdoar que a cada filme os personagens clássicos perdem mais o medo dos ataques na proporção em que ficam mais burros. Impressionante! Não é possível que isso seja uma piada metalinguística. Precisaria de um motivo muito urgente e inevitável pra fazer pessoas reais voltarem numa cidade em que elas vão ser, no mínimo, esfaqueadas.
Top Gun: Maverick
4.2 1,1K Assista AgoraEntregou tudo sem prometer nada. FILMÃO!!!! O cinema precisa resgatar esse tipo de filme, que pode entreter sem megalomania. Tudo aqui funciona perfeitamente.
Dois Papas
4.1 962 Assista AgoraÉ um belo filme. Toca em feridas da Igreja Católica, mas apresenta uma visão leve e romantizada da chegada ao poder máximo na igreja romana. A ausência de cor, nos momentos que retratam uma mancha na biografia do Papa Francisco, não parecia se encaixar muito bem em toda a narrativa, predominantemente colorida. Senti que faltou uma solução mais criativa. No entanto, ao contar uma boa história, com o nível de atuação desses dois grandes atores, o caminho trilhado pelo roteiro e a direção superou suas pequenas falhas.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraCoringa é daqueles filmes raros que, de alguma forma, subvertem a narrativa, a forma de olhar para um personagem e tem grandes chances de se tornar um clássico por tantos debates que tem gerado. Estou há dias com o filme na cabeça, quero rever, mas não sei se estou preparado pra enfrentar uma pancada tão forte na cabeça.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraEsteticamente é impecável, mas a história tem um sabor de "já assisti isso em O Homem de Palha (1973)".
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraNão era o que nós esperávamos de um filme do Tarantino. No entanto, não deixa de ser uma homenagem,cheia de autorreferências e com muita qualidade, à Hollywood, aos atores e aos gêneros que ele tanto admira. O seu anúncio de aposentadoria no posto de diretor parece justificar bem o caminho que tomou na obra. Rick Dalton e Cliff Booth, ator e dublê, em final de carreira, aparentam representar o fim desse ciclo. Sharon Tate, feliz por se ver em tela e com a reação da audiência, faz o contraponto enérgico com uma promissora carreira de atriz. Dessa forma, os personagens de DiCaprio e Pitt se posicionam como um alter ego do regente, chegando ao fim da linha e se despedindo, de forma cômica e, surpreendentemente, sensível como diretor. Assumindo assim, que a sua fórmula na La la land chegou ao fim.
Looking: O Filme
4.0 250 Assista AgoraTodo o enredo da série e essa finalização são bem estruturados, assim como a apresentação dos personagens; características que a maioria dos materiais direcionados ao público gay não possuem. No entanto, a história, o drama dos personagens não irrompem como problemas reais no contexto LGBT. Parece um mundo tão perfeito, tão ideal e, por pouco higienizado, que torna o cenário da série um ambiente quase onírico. Não sabemos os rumos que a narrativa nos levaria com outras temporadas e o aprofundamento dos protagonistas. Richie, fruto de uma família religiosa, patriarcal e preconceituosa tinha muito a ser explorado. Nessa lógica, o seu papel poderia ter nos levado, junto a Patrick, para uma realidade mais tátil. Assim como ele, Eddie; gordo, portador do HIV, também tinha esse viés. Apesar da linearidade dos episódios, trocar os protagonistas por casais héteros torna possível mensurar a distância que as únicas temporadas de Looking estavam de um drama gay consistente.
Uma Mulher Fantástica
4.1 422 Assista AgoraA discussão em torno do lugar de fala tem ganhado voz cada vez mais potente nas militâncias e "Uma Mulher Fantástica" nos esclarece e evidencia o quanto essa questão é importante. Daniela Vega interpretando Marina consegue sensibilizar e tornar a história da personagem ainda mais tocante e real. Duvido que o sentimento durante as situações de hostilidade -mesmo que fictícias- experimentadas pela protagonista trans, poderiam ser transmitidas de forma tão honesta por uma pessoa cis. Me emocionou do início ao fim e me ensinou muito.
Dois Caras Legais
3.6 637 Assista AgoraO filme faz a gente dar boas risadas, principalmente com o Ryan Gosling - talvez na sua melhor atuação heheheh -. Além dele, Angourie Rice rouba a cena até do Russel Crowe e é fundamental pro trio funcionar na história. Não tenho uma boa bagagem com o cinema de policial dos anos 70, então não sei se tem muitas referências que justifiquem um ou outro exagero. No entanto, acerta nas cenas mais engraçadas, pois elas não recorrem à piadas previsíveis, vistas em quase todos os filmes do gênero na atualidade.
Jurassic World: Reino Ameaçado
3.4 1,1K Assista AgoraO primeiro Jurassic Park é o único volume que conseguiu me impressionar; por ter trazido um universo verossímil, assustador e um ambiente original. Essa nova trilogia, no entanto, demostra que a preocupação em trazer roteiros com histórias realmente novas não existe; são reconstruções dos capítulos originais, com muito mais tecnologia e cenas de ação megalomaníacas. É evidente que se trata de apenas mais uma franquia de blockbusters. Entretanto, sem vulcão em erupção, mega dinossauros aquáticos e espécies híbridas inteligentes, Steven Spielberg nos apresentou uma fábula que surpreendeu muito mais nos anos 90.
Kubo e as Cordas Mágicas
4.2 635 Assista AgoraO aspecto visual é perfeito, a história é simples e se desenvolve bem. Outro ponto positivo é o uso de alívios cômicos que fogem do habitual. Por outro lado, adicionando qualidade ao filme, os personagens são muito carismáticos e me cativaram bastante.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraUsaram a construção do suspense muito bem. Assisti no escuro, com um fone de ouvido no máximo e fiquei tão imerso com o medo dos personagens, que nem me movia. Foi uma ótima experiência. Soma-se a isso, o fator positivo de parecer uma obra criativa com a originalidade dos anos 80.
Parceiros da Noite
3.5 184 Assista AgoraNão li o livro que serviu de base para a produção e não sei o que foi alterado. Em relação a adaptação, acredito que se fosse contemporâneo, com um ator protagonista, de mesma relevância que o Al Pacino, causaria barulho, também. Além disso, o retrato da marginalização da comunidade LGBTQ+, no período, parece ser bem construído, se compararmos com documentários que abordam o cenário gay na década de 80. Partindo para o roteiro, num primeiro momento, a cena do primeiro interrogatório não fazia sentido, mas depois de analisar um pouco, percebi que o cara enorme, com chapéu de cowboy, vestindo apenas jockstrap, representa uma fantasia do estereótipo "macho marlboro" construída pela comunidade gay e difundida pelas ilustrações do Tom da Finlândia; talvez um desejo reprimido do "pulicial disfarçado". Dessa forma, compreendo que a intenção do diretor, vai além da confecção de uma simples história de detetive, revelando que se trata mais da questão da não aceitação de sua sexualidade e de como a homofobia pode ser intrínseca a ela.