Um bom Drama não é aquele que simplesmente simpatizamos com os personagens e acompanhamos sua jornada, mas também que nos coloquemos em seu lugar e consigamos nos imaginar vivendo aquela situação. E ambas as dificuldades enfrentadas pelos protagonistas da história são completamente reais e próximas de qualquer um.
Vemos um homem que sempre conquistou tudo por si só e nunca precisou de ajuda, mas que ao se ver sozinho após a morte da sua esposa e um ataque cardíaco repentino, encontra-se abandonado pelo governo e pela sociedade, que faz de tudo para que as pessoas desistam de seus direitos e não se preocupem com as dificuldades enfrentadas por cada um, consequência da modernização que tirou o senso de individualidade.
Além de acompanharmos a jornada de uma mão solteira, que desempregada luta pela sua sobrevivência e de seus filhos, se sentindo desamparada e sem opções. Chegando a deixar de comer para alimentar seus filhos e se submetendo à serviços que não a agradam apenas por sua remuneração.
A dificuldade uniu os dois protagonistas assim como nos uniu a trama, e nos apegamos aos lampejos de esperança junto aos personagens mesmo que eles intensifiquem o sentimento de tristeza posteriormente. O único defeito de I, Daniel Blake se é que podemos chamar de defeito, seria esse realismo crú, algo que deveria ser utilizado pra não nos esquecermos da critica mas que não deveria guiar toda a narrativa para não deixarmos de ver uma saída para essa situação, algo que para mim é essencial no gênero.
Achava que a sensualidade e o desejo por meio de olhares e gestos corporais entre dois atores era algo extremamente difícil de se conseguir, atingindo o ápice em Call me by your Name. Porém em Carol nos é apresentado algo à altura se não melhor, Cate Blanchett e Rooney Mara dão um show de atuação, ambas com uma introspectividade que transbordam sentimentalidade e tensão.
O romance desenvolvido é extremamente palpável graças a esse magnetismo transmitido pelas duas,
como os toques no ombro de Therese que são impactantes graças alguns recursos da direção que nos coloca diante do ponto de vista das personagens, observando Therese pelos olhos de Carol e olhando Carol pelos olhos de Therese.
Assim como vemos as dificuldades que esse relacionamento terá, pois em uma época onde relações homossexuais são consideradas doentias
uma das personagens é forçada a fazer uma escolha que trará sofrimento mesmo não tendo culpa de nada a não ser desejar sua própria felicidade e busca-la independente da opinião alheia, colocando em risco perder o contato com a pessoa que ela mais ama.
Os pontos que o filme falha fica exatamente na criação desse romance, pois a velocidade com que isso foi construído é rápida demais mesmo com a ingenuidade que Therese tem devido sua idade, soa como algo improvável à facilidade com que ela se entrega aos encantos de Carol. Além da quantidade de cenas vazias e uma inflação do roteiro com alguns diálogos e subtramas, que não recebem um destaque ou desenvolvimento interessante, logo fazendo não nos importarmos.
Carol possui atuações excelentes com um elenco de peso, porém com uma história fraca que não nos traz nenhuma grande novidade ou desenvolvimento não visto anteriormente.
Quem nunca desejou ter nascido em uma época diferente da sua por se sentir deslocado em sua própria realidade, que parece não te compreender ou te satisfazer. E é nesse dilema que nosso protagonista interpretador por Owen Wilson está vivendo, completamente apaixonado por uma cidade que ele não mora e por uma época que ele não vive, busca inspiração para escrever seu romance enquanto se descobre na cidade de Paris.
Se você não é muito familiarizado com grandes nomes da literatura e da pintura assim como eu, ficara perdido com a quantidade de personagens que são apresentados, o que pode ser um prato cheio para alguns e um saco para outros, pois Woody Allen não está preocupado em dar alguma logica ao aparecimento desse personagens, mas sim criar um sentimento de perplexidade também sentido pelo protagonista.
O diretor que é tão conhecido pela sutilidade em suas histórias, comete alguns deslizes aqui, trazendo muitos diálogos expositivos sobre a mensagem do filme que não eram necessários, assim como algumas cenas gratuitas que não agregam em nada a narrativa, mas apenas te tiram da história. Assim como uma quantidade desnecessária de figuras históricas que são apresentadas e logo abandonadas pelo roteiro sem qualquer utilidade.
Midnight in Paris é uma ótima retratação da autodescoberta e do sentimento de deslocação, com um ideia criativa que por muitas vezes não se sustenta, não justificando a uma e meia do filme, mas que entretêm e diverte, além de cenários incríveis dessa cidade linda que é Paris .
Zootopia é uma animação muito rica em criatividade, universo e consciência social. A ideia para esse universo presente no filme se faz muito real em comparação à nossa realidade, e é ai que o filme encontra seu brilho, utilizar animais para retratar como os humanos se relacionam e como o preconceito funciona, podendo vir de ambos os lados.
Mesmo com grandes mensagens por trás, senti uma falta de um carga emocional mais forte na história, algo que me incomoda nas animações recentes. Assim como senti falta de uma maior exploração das regiões da cidade, que poderiam render ótimas cenas, assim como outros animais que renderam boas cenas cômicas,
como o Rato que é uma paródia ao poderoso chefão, sendo uma das poucas cenas que me fizeram rir no filme.
Como senso de humor é algo muito pessoal, só assistindo para saber se o filme funciona pra você, mas pela qualidade da animação e pela consciência que o filme demonstrou ter já vale a experiencia.
A manipulação da informação e o pré-julgamento são erros que cometemos em algum momento de nossas vidas, e aqui somos levados à rever nossos conceitos sobre como nossa protagonista Tonya, brilhantemente interpretada por Margot Robbie, teve sua carreira interrompida por um escândalo de agressão.
A estrutura do filme é algo digno de se comentar, com uma mistura de drama e documentário, com recriação de entrevistas reais e quebra da quarta parede em diversos momentos. Assim como a coreografia majestosa nos momentos de patinação, com movimentos da câmera que passam a sensação de estarmos patinando ao lado da protagonista, e um do pecados do filme é justamente não nos proporcionar mais momentos como esse no decorrer da trama, nos distanciando também do fato da Tonya ser uma grande patinadora e ter realizado coisas de uma complexidade altíssima que não temos noção pois o filme não se preocupa em nos situar nesse universo da patinação.
Alguns momentos expositivos também quebram o clima, sendo que poderiam ser introduzidas suas criticas e reflexões de uma maneira mais sutil e orgânica. Vemos à dor e como o ambiente e as pessoas tóxicas atrapalharam e deixaram marcas na protagonista, que teve que lutar muito para alcançar tudo que alcançou mesmo com a descrença de muitos e todas as adversidades.
O elenco de apoio faz jus ao alto nível da atuação de Margot, com um show a parte de Allison Janney interpretando uma das mães mais asquerosas já vista no cinema, ao mesmo tempo que vemos uma pessoa preocupada com a filha e que deseja o melhor para ela. (A Tonya de 17 anos foi algo que quase me tirou da história, pois achei cômico o quanto aquela maquiagem e figurino não convenciam a idade da personagem naquele momento da história).
I, Tonya é uma biografia bem inventiva e fascinante, a insanidade que foi a vida dessa mulher é mostrada de uma forma que se não nos fosse dito que é baseado em uma história real, não teríamos acreditado em metade do que nós é apresentado.
Jeff Bridges e John Goodman formaram a melhor senão uma das melhores duplas cômicas de todos os tempos, a química entre os dois atores e a naturalidade que eles desempenham em seus papeis é algo inacreditável. O humor ácido dos filmes dos irmãos Cohen está presente no filme inteiro, e rendeu algumas boas risadas com as estranhezas das situações.
A duração do filme foi algo que me incomodou bastante, já que senti uma inflação do roteiro, com personagens excessivos que não agregam nada à história, assim como certas informações que são deixadas de lado que poderiam ter sido mais exploradas. Além de alguns momentos que não acompanham o tom do filme,
The Big Lebowski conta com um elenco extraordinário, que já vale o tempo investido no filme, porém com alguns defeitos em sua execução que podem incomodar o publico que gosta de um desenvolvimento melhor de um mistério e seus personagens.
Antes de começar este filme, achava que seria apenas mais um filme de assalto genérico, mas ainda bem que me enganei. Hell or High Water possui personagens carismáticos e com varias camadas, e em nenhum momento suas personalidades são expostas estupidamente por diálogos, mas sim por ações e suas interações com outros personagens.
As grandes atuações desse filme é o seu ponto alto, entendemos as motivações dos personagens e não os julgamos por elas, pois assim como eles sentimos o peso das suas decisões e suas consequências muitas vezes amarga. A fotografia amarelada e aberta, mostrando a vastidão do cenário nos lembra de Faroestes Antigos e o tão aclamado No Country For Old Men dos irmãos Cohen, com suas devidas proporções é claro.
As técnicas utilizadas na filmagem dessa obra são excelentes, junto ao roteiro bem escrito com dramas e criticas bem elaboradas, as vezes executado de uma maneira expositiva e barata demais, e outras de maneira sutil e orgânica na história.
Quando se está solitário e perdido no que pensar e sentir, buscamos nos descobrir e achar um sentido pra nossa situação. Lost in Translation retrata isto da maneira mais madura e sensível possível, em umas das maiores cidades do mundo, Tóquio, que por sua quantidade de pessoas o sentimento de perda de identidade é inevitável.
Assim os personagens de Bill Murray e Scarlett Johansson acham conforto um no outro, compartilhando suas frustrações e pensamentos íntimos sobre seus relacionamentos, assim como dividindo essa busca por sentido e motivação para retornar a suas vidas. Sophia Coppola poderia muito bem ter caído no erro de sugerir uma tensão sexual entre os protagonistas, mas brilhantemente em nenhum momento ela o faz, enfatizando que a conexão entre eles é mais intima e sentimental, do que algo vazio.
A falta de cor nas roupas e nas locações, juntamente com a escolha perfeita das musicas da trilha sonora, corroboram para entendermos o sentimentos e o estado de espirito dos personagens. Que mesmo em momentos difíceis de suas relações, ainda encontram um pouco de esperança e felicidade naquilo que construíram e naquilo que ainda estará por vir.
Lost in Translation é uma representação perfeita do sentimento de solidão e perda, além de ser uma obra muito pessoal da diretora que tratou o filme com o maior carinho e sensibilidade.
PTA em mais uma de suas obras com atuações magistrais, tenta nos entregar uma comédia romântica nada convencional, com duas tramas completamente esquisitas. Adam Sandler consegue muito bem variar de um homem inseguro e afetado mentalmente e emocionalmente, para um agressivo incontrolável com uma naturalidade incrível.
O elenco de apoio faz um excelente trabalho também, onde basicamente não temos ninguém "normal", algo característico dos filmes deste diretor que escreve personagens complexos e muito humanos. Mas quanto mais filmes de PTA assisto, mais vejo o quanto ele é apegado à essa formula, esquecendo de investir em uma história em que o publico se importe e apegue a estes personagens.
E é nesse ponto que o filme peca, pois não é exposto a nós nada que justifique a essência desses personagens e o por que deles agirem assim, como se fossemos jogados na vida de uma pessoa que não conhecemos e logo não nos importamos. A relação do protagonista com suas irmãs é algo simplesmente jogado em tela para supormos como a dinâmica entre eles funciona.
Thomas Anderson ao tentar recriar uma comédia romântica fora da formula, esquece do principal elemento que faz o gênero tão popular, a leveza e a carisma dos personagens, pois mesmo com um elenco excelente é necessário um elemento para unir o publico à história que ele irá acompanhar.
Uma história simples e divertida, Hunt for the Wilderpeople mostra como a escolha certa dos atores faz a diferença na hora de produzir um filme,as atuações de Julian Dennison e Sam Neill dão muito mais força a este roteiro, com sua expressividade e comicidade naturais.
A simplicidade do roteiro é sua qualidade e maior defeito, já que o filme se torna bem previsível a partir de um certo ponto da historia, mesmo tendo se saído muito bem em manter as coisas imprevisíveis no começo.
Os cenários do filme são deslumbrantes, situados nos campos do interior da Nova Zelândia contrastando com a personalidade e a aparência de nosso protagonista.
Um filme leve e bem atuado, para quem quer passar um tempo se divertindo mas sem ser com uma comédia vazia e rasa, com uma relação muito bonita entre duas pessoas desamparadas.
Todo mundo já quis ser alguma outra pessoa ou não ser você mesmo, e é esse desejo que esse filme explora e de uma maneira nada convencional, com um roteiro bem criativo e maluco. A questão de ser outro alguém para agradar outra pessoa é a mais explorada, uma lastima, já que as possibilidades que poderiam ser exploradas são inúmeras.
Alguns pontos me incomodaram como uma das questões não exploradas pelo roteiro, a de pegar um corpo alheio para si mesmo, sufocando a outra personalidade, algo comentado previamente pelo filme, mas que em momento algum foi levantado como uma questão chave. Assim como as relações criadas entre os personagens que são bem absurdas, mas que não consegui relevar mesmo com a própria historia do filme ser bem insana.
Senti o peso do filme em alguns momentos, que poderiam ser facilmente retirados do filme ou pelo menos remodelados para dar um sentimento de apreço pelos personagens, pois não criamos nenhum tipo de vinculo ou simpatia com eles, algo que deveria ser essencial para esse tipo de filme.
Somos apresentados ao estilista peculiar e egocêntrico Reynolds e como sua relação com sua nova musa, Alma, acontece. E nele vemos como uma relação saudável deve ser um troca, onde um cede e se adapta aos costumes e estranhezas do outro, e ao longo do filme vemos como o crescimento de Alma e sua flexibilidade as singularidades de Reynolds, bem representadas nas cenas de café da manhã.
Porém um relacionamento não é composto por apenas uma unica pessoa, e a relutância do protagonista em deixar algumas de suas particularidades de lado, deixa tudo mais desconfortável e toxico o ambiente. Isso força Alma a aprender a impor seus gostos e vontades, e olha-lo de igual para igual e não de uma forma inferior e amedrontada.
As atuações nos filmes de PTA são sempre espetaculares, algo que não falta nesse filme, com atuações muito detalhistas e contidas, demonstrando sentimentos com gestos, olhares e expressões, sem apelar para qualquer exagero. O som é algo muito bem trabalhado e muito importante pra trama, sendo muito mais que algo para nos guiar emocionalmente, mas sim de fazer parte da história.
Porém não o considero um filme perfeito, pois a lentidão do filme foi algo que me incomodou, e muito poderia ter sido cortado e não perderíamos em nada na mensagem do filme. Assim como a falta de uma subtrama ou algo mais interessante na trama principal para deixar a história menos monótoma e mais dinâmica.
The Neon Demon é em sua essência um filme sobre inveja e ego presentes no mundo da moda, algo que não é novo e tão menos bem explorado pelo filme. O neon presente nas cenas junto a trilha sonora pulsante, lembrando um ritmo de musica eletrônica, passam uma sensação luxuriosa e seduzente, assim como um desconforto perante as relações das pessoas desse universo.
A Elle Fanning traz uma ótima atuação condizente com o clima do filme, com uma inocência e indecisão no olhar ao mesmo tempo que consegue mostrar uma malicia e sedução outrora. E vemos como sua personagem toma consciência de como sua beleza ao mesmo tempo em que lhe beneficia e encanta, desperta nas pessoas a vontade de se tornar ela.
A critica ao cultuamento e a constantes insatisfação com seu próprio corpo é mostrada pelas 3 personagens secundarias, que são o resultado de uma cobrança do mundo em que estão inseridas e da insanidade que isso pode trazer.
The Neon Demon é um filme que não nos traz nenhuma novidade, porém nos leva em uma viagem sensorial bem interessante que para alguns pode ser bem confusa e sem sentido, mas que para alguns pode ser algo único.
The Edge of Seventeen é um filme competente em mostrar sua história: O amadurecimento de uma adolescente. As atuações estão ok, nada que exigisse muito esforço ou comprometimento, e não vemos ninguém atuando de uma forma desleixada.
Porém o filme não consegue sair dos clichês dos filmes com essa mesma proposta, colocando a protagonista em situações implausíveis que nos tiram um pouco da narrativa,
como ser levada para um estacionamento à noite por um cara que você mal conhece e ficar encantada com isso.
Os discursos vergonha alheia também estão presente, assim como estereotipagem de personagens. Entretanto, nos envolvemos com a protagonista, e mesmo com decisões questionáveis feitas pela mesma conseguimos acompanhar sua jornada e torcer por ela.
O filme se centra no carisma da personagem e depende dele para funcionar, a história não é inovadora mas é bem executada. Recomendado para quem procura um entretenimento bom e rápido.
O foco na dualidade vivida pelo personagem Louis (Brad Pitt) começa como algo interessante, pois há uma quebra de expectativa quanto à essa sua nova forma de viver condenado a matar seres humanos para viver, porém o filme se arrasta muito tornando isso mais um desculpa do que realmente o plot central da história, já que em nenhum momento vemos da onde essa convicção veio. O figurino evoca um sentimento fantasioso a trama, assim como a aparência de seus personagens que parecem ter sido retirados de um conto dos séculos passados. A fotografia do filme também é invejável, com movimentos de câmera bem inteligentes e inventivos, trazendo a tona também os cenários detalhados e com iluminações muitas vezes à luz de velas. O roteiro foi escrito com diálogos que sugeriam uma tensão sexual entre os personagens, fazendo-nos pensar que há algo além da parceria que ambos possuem, algo que me incomodou pois parece que há mais uma sugestão covarde do que realmente tentar ser algo mais profundo. O universo dos vampiros assim como suas habilidades são deixados de lado em muitos momentos, sendo que poderiam ser muito melhor aproveitados pra trazer uma riqueza ao universo do filme.
Sendo que nunca descobrimos quais são as habilidades dos vampiros, por exceto que alguns possuem a habilidade de ler mentes.
Por fim, o filme tenta ser um drama de vampiros que se estendeu muito mais do que deveria em uma prenuncia simples e não muito bem executada. As atuações são o ponto forte do filme com um show de Brad Pitt e Tom Cruise, assim como a jovem Kirsten Dunt.
Eu, Daniel Blake
4.3 533 Assista AgoraUm bom Drama não é aquele que simplesmente simpatizamos com os personagens e acompanhamos sua jornada, mas também que nos coloquemos em seu lugar e consigamos nos imaginar vivendo aquela situação. E ambas as dificuldades enfrentadas pelos protagonistas da história são completamente reais e próximas de qualquer um.
Vemos um homem que sempre conquistou tudo por si só e nunca precisou de ajuda, mas que ao se ver sozinho após a morte da sua esposa e um ataque cardíaco repentino, encontra-se abandonado pelo governo e pela sociedade, que faz de tudo para que as pessoas desistam de seus direitos e não se preocupem com as dificuldades enfrentadas por cada um, consequência da modernização que tirou o senso de individualidade.
Além de acompanharmos a jornada de uma mão solteira, que desempregada luta pela sua sobrevivência e de seus filhos, se sentindo desamparada e sem opções. Chegando a deixar de comer para alimentar seus filhos e se submetendo à serviços que não a agradam apenas por sua remuneração.
A dificuldade uniu os dois protagonistas assim como nos uniu a trama, e nos apegamos aos lampejos de esperança junto aos personagens mesmo que eles intensifiquem o sentimento de tristeza posteriormente. O único defeito de I, Daniel Blake se é que podemos chamar de defeito, seria esse realismo crú, algo que deveria ser utilizado pra não nos esquecermos da critica mas que não deveria guiar toda a narrativa para não deixarmos de ver uma saída para essa situação, algo que para mim é essencial no gênero.
Carol
3.9 1,5K Assista AgoraAchava que a sensualidade e o desejo por meio de olhares e gestos corporais entre dois atores era algo extremamente difícil de se conseguir, atingindo o ápice em Call me by your Name. Porém em Carol nos é apresentado algo à altura se não melhor, Cate Blanchett e Rooney Mara dão um show de atuação, ambas com uma introspectividade que transbordam sentimentalidade e tensão.
O romance desenvolvido é extremamente palpável graças a esse magnetismo transmitido pelas duas,
como os toques no ombro de Therese que são impactantes graças alguns recursos da direção que nos coloca diante do ponto de vista das personagens, observando Therese pelos olhos de Carol e olhando Carol pelos olhos de Therese.
Assim como vemos as dificuldades que esse relacionamento terá, pois em uma época onde relações homossexuais são consideradas doentias
uma das personagens é forçada a fazer uma escolha que trará sofrimento mesmo não tendo culpa de nada a não ser desejar sua própria felicidade e busca-la independente da opinião alheia, colocando em risco perder o contato com a pessoa que ela mais ama.
Os pontos que o filme falha fica exatamente na criação desse romance, pois a velocidade com que isso foi construído é rápida demais mesmo com a ingenuidade que Therese tem devido sua idade, soa como algo improvável à facilidade com que ela se entrega aos encantos de Carol. Além da quantidade de cenas vazias e uma inflação do roteiro com alguns diálogos e subtramas, que não recebem um destaque ou desenvolvimento interessante, logo fazendo não nos importarmos.
Carol possui atuações excelentes com um elenco de peso, porém com uma história fraca que não nos traz nenhuma grande novidade ou desenvolvimento não visto anteriormente.
Meia-Noite em Paris
4.0 3,8K Assista AgoraQuem nunca desejou ter nascido em uma época diferente da sua por se sentir deslocado em sua própria realidade, que parece não te compreender ou te satisfazer. E é nesse dilema que nosso protagonista interpretador por Owen Wilson está vivendo, completamente apaixonado por uma cidade que ele não mora e por uma época que ele não vive, busca inspiração para escrever seu romance enquanto se descobre na cidade de Paris.
Se você não é muito familiarizado com grandes nomes da literatura e da pintura assim como eu, ficara perdido com a quantidade de personagens que são apresentados, o que pode ser um prato cheio para alguns e um saco para outros, pois Woody Allen não está preocupado em dar alguma logica ao aparecimento desse personagens, mas sim criar um sentimento de perplexidade também sentido pelo protagonista.
O diretor que é tão conhecido pela sutilidade em suas histórias, comete alguns deslizes aqui, trazendo muitos diálogos expositivos sobre a mensagem do filme que não eram necessários, assim como algumas cenas gratuitas que não agregam em nada a narrativa, mas apenas te tiram da história. Assim como uma quantidade desnecessária de figuras históricas que são apresentadas e logo abandonadas pelo roteiro sem qualquer utilidade.
Midnight in Paris é uma ótima retratação da autodescoberta e do sentimento de deslocação, com um ideia criativa que por muitas vezes não se sustenta, não justificando a uma e meia do filme, mas que entretêm e diverte, além de cenários incríveis dessa cidade linda que é Paris .
Zootopia: Essa Cidade é o Bicho
4.2 1,5K Assista AgoraZootopia é uma animação muito rica em criatividade, universo e consciência social. A ideia para esse universo presente no filme se faz muito real em comparação à nossa realidade, e é ai que o filme encontra seu brilho, utilizar animais para retratar como os humanos se relacionam e como o preconceito funciona, podendo vir de ambos os lados.
Mesmo com grandes mensagens por trás, senti uma falta de um carga emocional mais forte na história, algo que me incomoda nas animações recentes. Assim como senti falta de uma maior exploração das regiões da cidade, que poderiam render ótimas cenas, assim como outros animais que renderam boas cenas cômicas,
como o Rato que é uma paródia ao poderoso chefão, sendo uma das poucas cenas que me fizeram rir no filme.
Como senso de humor é algo muito pessoal, só assistindo para saber se o filme funciona pra você, mas pela qualidade da animação e pela consciência que o filme demonstrou ter já vale a experiencia.
Eu, Tonya
4.1 1,4K Assista AgoraA manipulação da informação e o pré-julgamento são erros que cometemos em algum momento de nossas vidas, e aqui somos levados à rever nossos conceitos sobre como nossa protagonista Tonya, brilhantemente interpretada por Margot Robbie, teve sua carreira interrompida por um escândalo de agressão.
A estrutura do filme é algo digno de se comentar, com uma mistura de drama e documentário, com recriação de entrevistas reais e quebra da quarta parede em diversos momentos. Assim como a coreografia majestosa nos momentos de patinação, com movimentos da câmera que passam a sensação de estarmos patinando ao lado da protagonista, e um do pecados do filme é justamente não nos proporcionar mais momentos como esse no decorrer da trama, nos distanciando também do fato da Tonya ser uma grande patinadora e ter realizado coisas de uma complexidade altíssima que não temos noção pois o filme não se preocupa em nos situar nesse universo da patinação.
Alguns momentos expositivos também quebram o clima, sendo que poderiam ser introduzidas suas criticas e reflexões de uma maneira mais sutil e orgânica. Vemos à dor e como o ambiente e as pessoas tóxicas atrapalharam e deixaram marcas na protagonista, que teve que lutar muito para alcançar tudo que alcançou mesmo com a descrença de muitos e todas as adversidades.
O elenco de apoio faz jus ao alto nível da atuação de Margot, com um show a parte de Allison Janney interpretando uma das mães mais asquerosas já vista no cinema, ao mesmo tempo que vemos uma pessoa preocupada com a filha e que deseja o melhor para ela. (A Tonya de 17 anos foi algo que quase me tirou da história, pois achei cômico o quanto aquela maquiagem e figurino não convenciam a idade da personagem naquele momento da história).
I, Tonya é uma biografia bem inventiva e fascinante, a insanidade que foi a vida dessa mulher é mostrada de uma forma que se não nos fosse dito que é baseado em uma história real, não teríamos acreditado em metade do que nós é apresentado.
O Grande Lebowski
3.9 1,1K Assista AgoraJeff Bridges e John Goodman formaram a melhor senão uma das melhores duplas cômicas de todos os tempos, a química entre os dois atores e a naturalidade que eles desempenham em seus papeis é algo inacreditável. O humor ácido dos filmes dos irmãos Cohen está presente no filme inteiro, e rendeu algumas boas risadas com as estranhezas das situações.
A duração do filme foi algo que me incomodou bastante, já que senti uma inflação do roteiro, com personagens excessivos que não agregam nada à história, assim como certas informações que são deixadas de lado que poderiam ter sido mais exploradas. Além de alguns momentos que não acompanham o tom do filme,
como as alucinações do Dude.
The Big Lebowski conta com um elenco extraordinário, que já vale o tempo investido no filme, porém com alguns defeitos em sua execução que podem incomodar o publico que gosta de um desenvolvimento melhor de um mistério e seus personagens.
[spoiler][/spoiler]
A Qualquer Custo
3.8 803 Assista AgoraAntes de começar este filme, achava que seria apenas mais um filme de assalto genérico, mas ainda bem que me enganei. Hell or High Water possui personagens carismáticos e com varias camadas, e em nenhum momento suas personalidades são expostas estupidamente por diálogos, mas sim por ações e suas interações com outros personagens.
As grandes atuações desse filme é o seu ponto alto, entendemos as motivações dos personagens e não os julgamos por elas, pois assim como eles sentimos o peso das suas decisões e suas consequências muitas vezes amarga. A fotografia amarelada e aberta, mostrando a vastidão do cenário nos lembra de Faroestes Antigos e o tão aclamado No Country For Old Men dos irmãos Cohen, com suas devidas proporções é claro.
As técnicas utilizadas na filmagem dessa obra são excelentes, junto ao roteiro bem escrito com dramas e criticas bem elaboradas, as vezes executado de uma maneira expositiva e barata demais, e outras de maneira sutil e orgânica na história.
Encontros e Desencontros
3.8 1,7K Assista AgoraQuando se está solitário e perdido no que pensar e sentir, buscamos nos descobrir e achar um sentido pra nossa situação. Lost in Translation retrata isto da maneira mais madura e sensível possível, em umas das maiores cidades do mundo, Tóquio, que por sua quantidade de pessoas o sentimento de perda de identidade é inevitável.
Assim os personagens de Bill Murray e Scarlett Johansson acham conforto um no outro, compartilhando suas frustrações e pensamentos íntimos sobre seus relacionamentos, assim como dividindo essa busca por sentido e motivação para retornar a suas vidas. Sophia Coppola poderia muito bem ter caído no erro de sugerir uma tensão sexual entre os protagonistas, mas brilhantemente em nenhum momento ela o faz, enfatizando que a conexão entre eles é mais intima e sentimental, do que algo vazio.
A falta de cor nas roupas e nas locações, juntamente com a escolha perfeita das musicas da trilha sonora, corroboram para entendermos o sentimentos e o estado de espirito dos personagens. Que mesmo em momentos difíceis de suas relações, ainda encontram um pouco de esperança e felicidade naquilo que construíram e naquilo que ainda estará por vir.
Lost in Translation é uma representação perfeita do sentimento de solidão e perda, além de ser uma obra muito pessoal da diretora que tratou o filme com o maior carinho e sensibilidade.
Embriagado de Amor
3.6 479 Assista AgoraPTA em mais uma de suas obras com atuações magistrais, tenta nos entregar uma comédia romântica nada convencional, com duas tramas completamente esquisitas. Adam Sandler consegue muito bem variar de um homem inseguro e afetado mentalmente e emocionalmente, para um agressivo incontrolável com uma naturalidade incrível.
O elenco de apoio faz um excelente trabalho também, onde basicamente não temos ninguém "normal", algo característico dos filmes deste diretor que escreve personagens complexos e muito humanos. Mas quanto mais filmes de PTA assisto, mais vejo o quanto ele é apegado à essa formula, esquecendo de investir em uma história em que o publico se importe e apegue a estes personagens.
E é nesse ponto que o filme peca, pois não é exposto a nós nada que justifique a essência desses personagens e o por que deles agirem assim, como se fossemos jogados na vida de uma pessoa que não conhecemos e logo não nos importamos. A relação do protagonista com suas irmãs é algo simplesmente jogado em tela para supormos como a dinâmica entre eles funciona.
Thomas Anderson ao tentar recriar uma comédia romântica fora da formula, esquece do principal elemento que faz o gênero tão popular, a leveza e a carisma dos personagens, pois mesmo com um elenco excelente é necessário um elemento para unir o publico à história que ele irá acompanhar.
Fuga Para a Liberdade
4.0 232Uma história simples e divertida, Hunt for the Wilderpeople mostra como a escolha certa dos atores faz a diferença na hora de produzir um filme,as atuações de Julian Dennison e Sam Neill dão muito mais força a este roteiro, com sua expressividade e comicidade naturais.
A simplicidade do roteiro é sua qualidade e maior defeito, já que o filme se torna bem previsível a partir de um certo ponto da historia, mesmo tendo se saído muito bem em manter as coisas imprevisíveis no começo.
Os cenários do filme são deslumbrantes, situados nos campos do interior da Nova Zelândia contrastando com a personalidade e a aparência de nosso protagonista.
Um filme leve e bem atuado, para quem quer passar um tempo se divertindo mas sem ser com uma comédia vazia e rasa, com uma relação muito bonita entre duas pessoas desamparadas.
Quero Ser John Malkovich
4.0 1,4K Assista AgoraTodo mundo já quis ser alguma outra pessoa ou não ser você mesmo, e é esse desejo que esse filme explora e de uma maneira nada convencional, com um roteiro bem criativo e maluco. A questão de ser outro alguém para agradar outra pessoa é a mais explorada, uma lastima, já que as possibilidades que poderiam ser exploradas são inúmeras.
Alguns pontos me incomodaram como uma das questões não exploradas pelo roteiro, a de pegar um corpo alheio para si mesmo, sufocando a outra personalidade, algo comentado previamente pelo filme, mas que em momento algum foi levantado como uma questão chave. Assim como as relações criadas entre os personagens que são bem absurdas, mas que não consegui relevar mesmo com a própria historia do filme ser bem insana.
Senti o peso do filme em alguns momentos, que poderiam ser facilmente retirados do filme ou pelo menos remodelados para dar um sentimento de apreço pelos personagens, pois não criamos nenhum tipo de vinculo ou simpatia com eles, algo que deveria ser essencial para esse tipo de filme.
Trama Fantasma
3.7 804 Assista AgoraSomos apresentados ao estilista peculiar e egocêntrico Reynolds e como sua relação com sua nova musa, Alma, acontece. E nele vemos como uma relação saudável deve ser um troca, onde um cede e se adapta aos costumes e estranhezas do outro, e ao longo do filme vemos como o crescimento de Alma e sua flexibilidade as singularidades de Reynolds, bem representadas nas cenas de café da manhã.
Porém um relacionamento não é composto por apenas uma unica pessoa, e a relutância do protagonista em deixar algumas de suas particularidades de lado, deixa tudo mais desconfortável e toxico o ambiente. Isso força Alma a aprender a impor seus gostos e vontades, e olha-lo de igual para igual e não de uma forma inferior e amedrontada.
As atuações nos filmes de PTA são sempre espetaculares, algo que não falta nesse filme, com atuações muito detalhistas e contidas, demonstrando sentimentos com gestos, olhares e expressões, sem apelar para qualquer exagero. O som é algo muito bem trabalhado e muito importante pra trama, sendo muito mais que algo para nos guiar emocionalmente, mas sim de fazer parte da história.
Porém não o considero um filme perfeito, pois a lentidão do filme foi algo que me incomodou, e muito poderia ter sido cortado e não perderíamos em nada na mensagem do filme. Assim como a falta de uma subtrama ou algo mais interessante na trama principal para deixar a história menos monótoma e mais dinâmica.
Demônio de Neon
3.2 1,2K Assista AgoraThe Neon Demon é em sua essência um filme sobre inveja e ego presentes no mundo da moda, algo que não é novo e tão menos bem explorado pelo filme. O neon presente nas cenas junto a trilha sonora pulsante, lembrando um ritmo de musica eletrônica, passam uma sensação luxuriosa e seduzente, assim como um desconforto perante as relações das pessoas desse universo.
A Elle Fanning traz uma ótima atuação condizente com o clima do filme, com uma inocência e indecisão no olhar ao mesmo tempo que consegue mostrar uma malicia e sedução outrora. E vemos como sua personagem toma consciência de como sua beleza ao mesmo tempo em que lhe beneficia e encanta, desperta nas pessoas a vontade de se tornar ela.
A critica ao cultuamento e a constantes insatisfação com seu próprio corpo é mostrada pelas 3 personagens secundarias, que são o resultado de uma cobrança do mundo em que estão inseridas e da insanidade que isso pode trazer.
The Neon Demon é um filme que não nos traz nenhuma novidade, porém nos leva em uma viagem sensorial bem interessante que para alguns pode ser bem confusa e sem sentido, mas que para alguns pode ser algo único.
Quase 18
3.7 607 Assista AgoraThe Edge of Seventeen é um filme competente em mostrar sua história: O amadurecimento de uma adolescente. As atuações estão ok, nada que exigisse muito esforço ou comprometimento, e não vemos ninguém atuando de uma forma desleixada.
Porém o filme não consegue sair dos clichês dos filmes com essa mesma proposta, colocando a protagonista em situações implausíveis que nos tiram um pouco da narrativa,
como ser levada para um estacionamento à noite por um cara que você mal conhece e ficar encantada com isso.
Os discursos vergonha alheia também estão presente, assim como estereotipagem de personagens. Entretanto, nos envolvemos com a protagonista, e mesmo com decisões questionáveis feitas pela mesma conseguimos acompanhar sua jornada e torcer por ela.
O filme se centra no carisma da personagem e depende dele para funcionar, a história não é inovadora mas é bem executada. Recomendado para quem procura um entretenimento bom e rápido.
Entrevista Com o Vampiro
4.1 2,2K Assista AgoraO foco na dualidade vivida pelo personagem Louis (Brad Pitt) começa como algo interessante, pois há uma quebra de expectativa quanto à essa sua nova forma de viver condenado a matar seres humanos para viver, porém o filme se arrasta muito tornando isso mais um desculpa do que realmente o plot central da história, já que em nenhum momento vemos da onde essa convicção veio.
O figurino evoca um sentimento fantasioso a trama, assim como a aparência de seus personagens que parecem ter sido retirados de um conto dos séculos passados. A fotografia do filme também é invejável, com movimentos de câmera bem inteligentes e inventivos, trazendo a tona também os cenários detalhados e com iluminações muitas vezes à luz de velas.
O roteiro foi escrito com diálogos que sugeriam uma tensão sexual entre os personagens, fazendo-nos pensar que há algo além da parceria que ambos possuem, algo que me incomodou pois parece que há mais uma sugestão covarde do que realmente tentar ser algo mais profundo.
O universo dos vampiros assim como suas habilidades são deixados de lado em muitos momentos, sendo que poderiam ser muito melhor aproveitados pra trazer uma riqueza ao universo do filme.
Sendo que nunca descobrimos quais são as habilidades dos vampiros, por exceto que alguns possuem a habilidade de ler mentes.
Por fim, o filme tenta ser um drama de vampiros que se estendeu muito mais do que deveria em uma prenuncia simples e não muito bem executada. As atuações são o ponto forte do filme com um show de Brad Pitt e Tom Cruise, assim como a jovem Kirsten Dunt.