Filmão, fotografia e narrativa originais, sobre uma história simples mas convincente. Atuação fantástica do diretor-ator "Beat" Takeshi. São lindíssimas as cenas do casal Nishi e Miyuki.
Bom representante de um gênero do cinema do qual já me cansei um pouco, como o dos filmes de Costa-Gravas e "A classe operária vai ao paraíso". Pra mim o destaque em termos de atuação surpreendentemente é Guarnieri, além da Fernanda Montenegro.
O principal mérito do filme é a descrição crua da realidade cotidiana da América colonial, desprovida de sentido, permeada de violências cuja relação com o projeto geral da colonização, que sempre nos é contada através de grandes feitos, parece não existir. Está ali todo, o domínio de homens brancos espanhóis, o segundo lugar ocupado pelos criollos, e o abuso tratado com naturalidade de negros (sempre invisibilizados na história da América espanhola rio-platense) e indígenas. O filme bebe um pouco do realismo maravilhoso de Carpentier e Lezama Lima, trazendo à tona o assombro por esse mundo cheio de forças ininteligíveis e a atmosfera absurda que caracterizava a cotidianidade colonial. Também é bem interessante o estudo psicológico do protagonista, cuja crescente angústia em relação a sua prometida transferência é bem retratada, e parece dizer muito sobre a dimensão concreta da vida dos colonizadores, que nada tem de heroica, não só pelas consequências indescritivelmente terríveis que geraram, mas pela trivialidade de sua vida na maior parte do tempo. No entanto, não entendi muito a hype absurda em volta do filme (que inclusive vi perto do topo em listas de melhores filmes da década).
Me dei conta da grandiosidade e da beleza do filme um pouco depois de ter terminado de vê-lo. Poucas vezes vi uma personagem tão impactante quanto a protagonista Cléo; num filme curto, que aborda um período igualmente curto de um dia intenso e cotidiano ao mesmo tempo, Varda nos deixa entrever a profundidade de seus desejos, ambições talvez frustadas e também da força dela. A frivolidade de seus comentários e de sua rotina enganam, enquanto que a cena com os músicos em sua casa dão a dimensão da sensibilidade e complexidade de Cléo.
A experiência de mergulhar na sua subjetivdade nos leva a ser completamente enganados, também, pelas expectativas de Cléo quanto ao resultado do exame, mesmo sabendo desde o início que elas estavam baseadas em vagas impressões e em superstição. Esse engano é justamente o que permite compartilhar a intensidade renovada de cenas tão cotidianas quanto a sua ida às compras, ou o rápido e algo frustrante encontro com seu namorado
Filme impecável, com uma cadência fluida construída através da fotografia sutilmente perfeita. Um roteiro que se fosse realizado em Hollywood seria um clichê horrível, mas que nesse caso embase uma história sensível e original a seu modo.
Em minha opinião, seu maior êxito é a construção do personagem do Sr. Nonomiya, que vai revelando uma profundidade nada óbvia conforme o filme vai evoluindo.
Para mim o roteiro simplesmente não consegue acompanhar o nível absolutamente excepcional da fotografia e da direção de arte, à la Tarkovsky. Não é que ele seja ruim, mas a primeira metade do filme me fez esperar muito mais, e terminei me decepcionando por ele ser razoavelmente comum. Entendo que pessoas que se sentiram conectas com o filme veem isso como um ponto positivo, mas para mim a pegada cósmica que se vê na primeira metade é totalmente esquecida como contraponto à importância do sofrimento humano retratado, e para mim ela era fundamental para o filme ter um significado mais profundo.
Dá um desânimo tremendo ver esse filme, saber que passados quase 40 anos muito pouco melhorou, e o que tinha melhorado já voltou a piorar. É necessário que o cinema tenha esse papel de causar desconforto, e acho que ele foi bem muito exitoso em Pixote. Um grande filme, ousado, comprometido, profundamente humano. Adorei a caricatura dos policiais, acho difícil que personagens desse gênero sejam bem construídos sem ser dessa forma.
Adorei a maravilhosa personagem de Marília Pera, sensível, complexa e de personalidade forte. São pontos altos do filme ela dançando com Dito em frente ao carro, depois transando com ele, e também o rechaço absoluto ao papel de "mãe", tanto literal quanto simbolicamente. E, obviamente, adorei a relação que se desenvolve entre os principais personagens, Pixote, Dito e Lilica, marcada pelos anseios de cada um que finalmente afloravam após o período no reformatório.
Lindo filme, sensível, minucioso nos detalhes e na fotografia. Acho que se entregou tudo o que o roteiro prometeria, um mergulho na subjetividade de Yang Mi-Ja em sua busca pela inspiração poética, que todo o tempo estava mais na realidade crua que na beleza pura que buscava.
Filmaço, talvez inaugure uma versão cinematográfica da "perspectiva ameríndia" de Viveiros de Castro ou algo assim. É um filme sobre o encontro, assim como a antropologia, mas que reverte a ordem estabelecida ao incluir e priorizar a visão do indígena. E o resultado é impactante. Até agora, acho que foi a experiência que mais me deu a dimensão da tragédia humana representada pela perda do modo de vida dos povos originários, a dor incomensurável de ver a própria cultura morrer nas mãos de missionários, o próprio povo morrer na mão do Estado e dos seringueiros – às ordens dos barões da borracha.
Há cenas incríveis que embaraçam o espectador branco, como a em que Theo se recusa a deixar sua bússula com o cacique da aldeia, de quem era amigo, por um medo de cunho conservacionista – que hoje segue sendo uma das principais marcas do discurso neo-colonialista – de que sua cultura se fosse perder. Obviamente é um medo digno, pensaria-se, até que a respota de Karamakate desnuda seu caráter nefasto e paternalista frente aos índios, aos quais se nega o conhecimento. As boas intenções do explorador alemão foram ao longo do filme sabiamente contrastadas com as de Evan, também um "humanista" mas que promovia a exploração e a ameaça ao modo de vida tradicional, ao levar a sede do sistema capitalista para dentro da selva. A destruição catártica da yakruna/chakrona, em dois momentos, representa a reação mais humana possível de um povo que não só se vê ameaçado, mas que vê sua própria cultura desvirtuada para fins que são alheios.
Poderosíssimo, o filme inaugura uma estética pós-colonial no cinema latino-americano com um êxito que eu não tinha ainda visto.
Realmente é um filme que contrasta com outros de Haneke ao não propor grandes inovações narrativas e nem temáticas, mas que parece ser mais uma pura forma de expressão do autor sobre a nossa época: cinismo, falta de horizontes e esperança, aguçamento da desigualdade social estão muito bem tratados, e terminado o filme é difícil não sentir um desânimo. Extremamente necessário, principalmente no contexto do autor (essa Europa velha e rica que já não sabe mais o que fazer de si).
Cínica e mordaz crítica ao mundo corporativo – e, por consequência, ao mundo dos exitosos sob o capitalismo. No fim das contas, é tudo uma grande piada.
Absolutamente impecável, não tenho nenhuma crítica a fazer ao filme. Se propõe a fazer uma crítica demolidora à sociedade capitalista que cada vez mais agudos contrastes com um roteiro mirabolante cheio de voltas imprevisíveis, e é exitoso com ambos pontos. Terminei o filme arrasado, de maneira semelhante a algumas outros filmes contemporâneos com essa mesma pegada cínica, como Toni Erdmann, Sem Amor, Final Feliz e por aí vai.
Ao mesmo tempo, não me entediei em nenhum momento da trajetória do filme de quase comédia a tragédia, que se dá de maneira nada artificial. Tudo tem seu lugar no filme, "é tudo metafórico", como afirma Ki-woo, e os personagens se comportam de maneira verossímil apesar do absurdo aparente. Por exemplo, a sempre presente dicotomia entre a vida dos superiores que vivem na superfície e os que vivem embaixo, seja no semi-sótão da família ou no sótão onde vive aquele pobre coitado endividado, os "limites" tão bem traçados pelo patrão Park e sua vida perfeita (que como personagem faz lembrar um pouco o personagem "Ben" de "Em chamas"), e por aí vai
. Verei de novo em breve provavalmente, difícil absorver todos os elementos vendo uma vez só.
Muito bom, filme lacônico e sensível, com linguagem e estética que me fez lembrar um "Medianeras" muito mais sombrio e talvez mais poderoso, tanto pela temática quanto pelas decisões dos diretores. Shico está absurdamente incrível no papel, ainda mais levando em conta que é sua estreia.
Ótimo filme, com desenrolar paciente e sem clímax como muito do cinema brasileiro contemporâneo. Mais um bom exemplo da estética que tem surgido em alguns filmes recentes, como Mormaço, Temporada, Eles voltam e etc., com mais afinidade ao Brasil de pé, e seus próprios anseios e realidade do que aos cânones internacionais. Cazarré tem atuação genial como protagonista, real e sensível, mas os demais atores não perdem em nada. Gostei muito da maneira como a temática mais aparente (a da relação da pessoa e seu entorno animal - bovino e equino) foi tratada, com a relação violenta de dependência e confiança com os bois, e a de desejo e luxo associada aos cavalos (genialmente abordada com a máscara de cavalo utilizada no show). Me impressionou, por exemplo, a cena de sexo com galega ao lado dos bois na penumbra, que às vezes se movimentavam em contraposição ao casal, indiferentes. Também da inexplicável e sutil cena dos afagos no cavalo deitado.
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Fogos de Artifício
4.0 77Filmão, fotografia e narrativa originais, sobre uma história simples mas convincente. Atuação fantástica do diretor-ator "Beat" Takeshi. São lindíssimas as cenas do casal Nishi e Miyuki.
Eles Não Usam Black-Tie
4.3 286Bom representante de um gênero do cinema do qual já me cansei um pouco, como o dos filmes de Costa-Gravas e "A classe operária vai ao paraíso". Pra mim o destaque em termos de atuação surpreendentemente é Guarnieri, além da Fernanda Montenegro.
Zama
3.4 51O principal mérito do filme é a descrição crua da realidade cotidiana da América colonial, desprovida de sentido, permeada de violências cuja relação com o projeto geral da colonização, que sempre nos é contada através de grandes feitos, parece não existir. Está ali todo, o domínio de homens brancos espanhóis, o segundo lugar ocupado pelos criollos, e o abuso tratado com naturalidade de negros (sempre invisibilizados na história da América espanhola rio-platense) e indígenas. O filme bebe um pouco do realismo maravilhoso de Carpentier e Lezama Lima, trazendo à tona o assombro por esse mundo cheio de forças ininteligíveis e a atmosfera absurda que caracterizava a cotidianidade colonial.
Também é bem interessante o estudo psicológico do protagonista, cuja crescente angústia em relação a sua prometida transferência é bem retratada, e parece dizer muito sobre a dimensão concreta da vida dos colonizadores, que nada tem de heroica, não só pelas consequências indescritivelmente terríveis que geraram, mas pela trivialidade de sua vida na maior parte do tempo.
No entanto, não entendi muito a hype absurda em volta do filme (que inclusive vi perto do topo em listas de melhores filmes da década).
Onde Fica a Casa do Meu Amigo?
4.2 145 Assista AgoraFilmão. Simples, impecável, sensível, forte na sua descrição do desespero causado pela impotência infantil em um mundo cheio de micro-autoridades.
Cléo das 5 às 7
4.2 201 Assista AgoraMe dei conta da grandiosidade e da beleza do filme um pouco depois de ter terminado de vê-lo. Poucas vezes vi uma personagem tão impactante quanto a protagonista Cléo; num filme curto, que aborda um período igualmente curto de um dia intenso e cotidiano ao mesmo tempo, Varda nos deixa entrever a profundidade de seus desejos, ambições talvez frustadas e também da força dela. A frivolidade de seus comentários e de sua rotina enganam, enquanto que a cena com os músicos em sua casa dão a dimensão da sensibilidade e complexidade de Cléo.
A experiência de mergulhar na sua subjetivdade nos leva a ser completamente enganados, também, pelas expectativas de Cléo quanto ao resultado do exame, mesmo sabendo desde o início que elas estavam baseadas em vagas impressões e em superstição. Esse engano é justamente o que permite compartilhar a intensidade renovada de cenas tão cotidianas quanto a sua ida às compras, ou o rápido e algo frustrante encontro com seu namorado
Enfim, lindo filme, para ver de novo algum dia.
Pais e Filhos
4.3 211 Assista AgoraFilme impecável, com uma cadência fluida construída através da fotografia sutilmente perfeita. Um roteiro que se fosse realizado em Hollywood seria um clichê horrível, mas que nesse caso embase uma história sensível e original a seu modo.
Em minha opinião, seu maior êxito é a construção do personagem do Sr. Nonomiya, que vai revelando uma profundidade nada óbvia conforme o filme vai evoluindo.
A Árvore da Vida
3.4 3,1K Assista AgoraPara mim o roteiro simplesmente não consegue acompanhar o nível absolutamente excepcional da fotografia e da direção de arte, à la Tarkovsky. Não é que ele seja ruim, mas a primeira metade do filme me fez esperar muito mais, e terminei me decepcionando por ele ser razoavelmente comum. Entendo que pessoas que se sentiram conectas com o filme veem isso como um ponto positivo, mas para mim a pegada cósmica que se vê na primeira metade é totalmente esquecida como contraponto à importância do sofrimento humano retratado, e para mim ela era fundamental para o filme ter um significado mais profundo.
Pixote: A Lei do Mais Fraco
4.0 448Dá um desânimo tremendo ver esse filme, saber que passados quase 40 anos muito pouco melhorou, e o que tinha melhorado já voltou a piorar. É necessário que o cinema tenha esse papel de causar desconforto, e acho que ele foi bem muito exitoso em Pixote. Um grande filme, ousado, comprometido, profundamente humano. Adorei a caricatura dos policiais, acho difícil que personagens desse gênero sejam bem construídos sem ser dessa forma.
Adorei a maravilhosa personagem de Marília Pera, sensível, complexa e de personalidade forte. São pontos altos do filme ela dançando com Dito em frente ao carro, depois transando com ele, e também o rechaço absoluto ao papel de "mãe", tanto literal quanto simbolicamente. E, obviamente, adorei a relação que se desenvolve entre os principais personagens, Pixote, Dito e Lilica, marcada pelos anseios de cada um que finalmente afloravam após o período no reformatório.
Poesia
4.1 189Lindo filme, sensível, minucioso nos detalhes e na fotografia. Acho que se entregou tudo o que o roteiro prometeria, um mergulho na subjetividade de Yang Mi-Ja em sua busca pela inspiração poética, que todo o tempo estava mais na realidade crua que na beleza pura que buscava.
O Abraço da Serpente
4.4 237 Assista AgoraFilmaço, talvez inaugure uma versão cinematográfica da "perspectiva ameríndia" de Viveiros de Castro ou algo assim. É um filme sobre o encontro, assim como a antropologia, mas que reverte a ordem estabelecida ao incluir e priorizar a visão do indígena. E o resultado é impactante. Até agora, acho que foi a experiência que mais me deu a dimensão da tragédia humana representada pela perda do modo de vida dos povos originários, a dor incomensurável de ver a própria cultura morrer nas mãos de missionários, o próprio povo morrer na mão do Estado e dos seringueiros – às ordens dos barões da borracha.
Há cenas incríveis que embaraçam o espectador branco, como a em que Theo se recusa a deixar sua bússula com o cacique da aldeia, de quem era amigo, por um medo de cunho conservacionista – que hoje segue sendo uma das principais marcas do discurso neo-colonialista – de que sua cultura se fosse perder. Obviamente é um medo digno, pensaria-se, até que a respota de Karamakate desnuda seu caráter nefasto e paternalista frente aos índios, aos quais se nega o conhecimento. As boas intenções do explorador alemão foram ao longo do filme sabiamente contrastadas com as de Evan, também um "humanista" mas que promovia a exploração e a ameaça ao modo de vida tradicional, ao levar a sede do sistema capitalista para dentro da selva. A destruição catártica da yakruna/chakrona, em dois momentos, representa a reação mais humana possível de um povo que não só se vê ameaçado, mas que vê sua própria cultura desvirtuada para fins que são alheios.
Poderosíssimo, o filme inaugura uma estética pós-colonial no cinema latino-americano com um êxito que eu não tinha ainda visto.
Happy End
3.5 93 Assista AgoraRealmente é um filme que contrasta com outros de Haneke ao não propor grandes inovações narrativas e nem temáticas, mas que parece ser mais uma pura forma de expressão do autor sobre a nossa época: cinismo, falta de horizontes e esperança, aguçamento da desigualdade social estão muito bem tratados, e terminado o filme é difícil não sentir um desânimo. Extremamente necessário, principalmente no contexto do autor (essa Europa velha e rica que já não sabe mais o que fazer de si).
As Faces de Toni Erdmann
3.8 257 Assista AgoraCínica e mordaz crítica ao mundo corporativo – e, por consequência, ao mundo dos exitosos sob o capitalismo. No fim das contas, é tudo uma grande piada.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraAbsolutamente impecável, não tenho nenhuma crítica a fazer ao filme. Se propõe a fazer uma crítica demolidora à sociedade capitalista que cada vez mais agudos contrastes com um roteiro mirabolante cheio de voltas imprevisíveis, e é exitoso com ambos pontos. Terminei o filme arrasado, de maneira semelhante a algumas outros filmes contemporâneos com essa mesma pegada cínica, como Toni Erdmann, Sem Amor, Final Feliz e por aí vai.
Ao mesmo tempo, não me entediei em nenhum momento da trajetória do filme de quase comédia a tragédia, que se dá de maneira nada artificial. Tudo tem seu lugar no filme, "é tudo metafórico", como afirma Ki-woo, e os personagens se comportam de maneira verossímil apesar do absurdo aparente. Por exemplo, a sempre presente dicotomia entre a vida dos superiores que vivem na superfície e os que vivem embaixo, seja no semi-sótão da família ou no sótão onde vive aquele pobre coitado endividado, os "limites" tão bem traçados pelo patrão Park e sua vida perfeita (que como personagem faz lembrar um pouco o personagem "Ben" de "Em chamas"), e por aí vai
[spoiler][/spoiler]
Chicuarotes
3.4 6 Assista AgoraMuito bem dirigido, pena que o roteiro não acompanha e se mostra extremamente pobre no final.
Tinta Bruta
3.5 87 Assista AgoraMuito bom, filme lacônico e sensível, com linguagem e estética que me fez lembrar um "Medianeras" muito mais sombrio e talvez mais poderoso, tanto pela temática quanto pelas decisões dos diretores. Shico está absurdamente incrível no papel, ainda mais levando em conta que é sua estreia.
Boi Neon
3.6 461Ótimo filme, com desenrolar paciente e sem clímax como muito do cinema brasileiro contemporâneo. Mais um bom exemplo da estética que tem surgido em alguns filmes recentes, como Mormaço, Temporada, Eles voltam e etc., com mais afinidade ao Brasil de pé, e seus próprios anseios e realidade do que aos cânones internacionais. Cazarré tem atuação genial como protagonista, real e sensível, mas os demais atores não perdem em nada.
Gostei muito da maneira como a temática mais aparente (a da relação da pessoa e seu entorno animal - bovino e equino) foi tratada, com a relação violenta de dependência e confiança com os bois, e a de desejo e luxo associada aos cavalos (genialmente abordada com a máscara de cavalo utilizada no show). Me impressionou, por exemplo, a cena de sexo com galega ao lado dos bois na penumbra, que às vezes se movimentavam em contraposição ao casal, indiferentes. Também da inexplicável e sutil cena dos afagos no cavalo deitado.