bruna

a interface com o mito de orfeu e eurídice é fantástica! é curioso o significado do olhar nesse filme. o olhar para conhecer, para gravar, para reproduzir e para perceber. e, por fim, o olhar para despedir. marianne e heloise escolheram o caminho dos apaixonados, de acordo com suas próprias interpretações do mito de orfeu.

uma das melhores abordagens da sexualidade que pude vivenciar recentemente. é imprescindível mostrar como o sexo no casamento de Esti funciona: um dia específico da semana (o esperado), sem roupas e cobertos na cama. isso é essencial para entender que estar nu na frente do outro não significa intimidade. Esti aparece totalmente nu frente do marido algumas vezes, como no banho e nas relações. em contrapartida, vemos Esti escancarar toda a sua intimidade e desejo em uma cena que nem precisou tirar a blusa. as nuances dessa cena são incríveis: o olhar, o tirar da peruca como quem diz "eu estou te vendo realmente", a pressa para consumir o desejo sem nem se despir, a entrega de tudo o que o outro tem para oferecer em todos os sentidos (o toque, o beijo, os fluidos).

e no final algo surpreendente. Esti não fugiu com Ronit como em algum momento possa ter dado o entender, mas escolheu para si algo além: a liberdade de escolher. ao ir emborar, Ronit deixa toda a sua história para trás. ela não somente nega os fatores negativos que a fizeram buscar o exílio, mas aquilo que também trazia algo de familiar. percebemos isso quando a vemos provar dos alimentos na loja local, e também nos momentos em que ela se remete ao pai.

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o filme deixa algumas pontas soltas, não fecha alguns parentes.
achei que deviam ter explorado melhor o olaf pois certamente o melhor personagem <3