Consigo entender a importância do filme, a relevância da temática e a dificuldade de se entregar um roteiro dessa natureza com todos os ingredientes em sincronia, sem descambar pro drama exacerbado, pra depressão mais monótona do que o necessário ou pra previsibilidade de um desfecho óbvio.
É justamente por conta dessa engrenagem que o filme não funcionou completamente para mim. Achei super chato em alguns momentos. Não gostei muito da atuação da protagonista em situações de evidente apatia. A evolução me pareceu desproporcional pois dados contextos demoraram uma eternidade. O desfecho não me fez sentir nada.
No todo, foi mais fácil se estressar com a dificuldade da menina em encarar um trauma totalmente angustiante do que se atentar para os baluartes de uma conduta criminosa tão repulsiva.
A sensação que fica é de que o filme poderia ter sido muito melhor.
Adorei a representatividade do animal urso, em si, para a história, que começa como "vilão" e termina simbolizando o laço remendado no amor de mãe e filha, estampado na nova tela na parede do castelo.
Eis que, em meio a esse auê de -Boicote ao Oscar- em face de tantos posicionamentos importantes no que diz respeito ao caráter segregador da premiação, o filme de 2015 que eu mais gostei é, justamente, composto em sua grande maioria por negros maravilhosos.
Abraham Attah e Idris Elba fora das nomeações para atores é algo realmente inexplicável, ainda mais quando o nível da competição não ultrapassa a barreira do "bom" como neste ano. Para piorar a situação da Academia, no Golden Globes e no BAFTA, pelo menos o Idris Elba foi lembrado em Best Supporting Actor, além de vencer no SAG Awards. Mais uma vez a "cerimônia mais importante" parece fechar os olhos para não ver.
Ao mais, é certo que como um filme dramático de guerra passado no continente africano, diversas previsibilidades do que há de pior na natureza humana surgem em nossas mentes, mas nem por isso o roteiro deixa de ser forte e consegue atingir o seu objetivo que, claramente, é mostrar que quaisquer fins não justificam os meios de guerra, ilustrando o massacre na essência de uma criança completamente à deriva.
Sem medo de errar eu garanto: Beasts of No Nation é melhor do que a maioria absoluta dos 8 filmes indicados ao Oscar de Best Motion Picture of the Year (Já consegui assistir a 6/8), se não o melhor. E digo mais, se Straight Outta Compton corresponder, considerarei toda essa repercussão e esse clamor supostamente "exagerado" por conta das minorias, justíssimo. É só querer enxergar.
Racismo é crime e câncer social, então sugerir isso soa desproporcional. Mas que há "preferências" nesse tipo de indicação, não há dúvidas.
Num ano em que nenhum filme entrou para a minha galeria de preferidos, esse é um dos melhores!
Filme repleto de aspectos técnicos na área de Economia. Evolução do roteiro lenta e sem tesão. Filme longo. Desfecho sugerido com meia hora de filme. Não vale 5 indicações. Carrell e Bale muito bem!
✶ O filme deveria se chamar "Therese". ✶ A história é simples. ✶ A evolução do roteiro é lenta. ✶ A trilha sonora é melosinha. ✶ As atrizes são maravilhosas.
Quem procura um filme de Almodóvar para assistir não pode estar em busca de normalidade, zona de conforto... O cara é completamente desleixado em relação a convenções e estilos de escrita. Goste ou não do filme em si, um olhar minimamente atento consegue sugar algumas essências. Tenho muita curiosidade em imaginar a reação de algum desses conservadores caricatos dos tempos modernos assistindo a esse filme. O cara simplesmente caga pra qualquer cabecinha pequena. Filme divertido.
Claramente o foco está na crítica ao celibato e ao silêncio da igreja no que tange a discussão e prestação de contas acerca de seus próprios erros.
Em face dessa "condescendência religiosa" muitas vezes criminosa, na minha opinião, o filme deixa a desejar por não dar "socos na cara do telespectador". Sair do cinema pensando "porra, esse tipo de situação é foda...", acaba sendo pouco.
Certamente a história é bem contada mas eu achei as mais de duas horas de longa lentas e retilíneas demais. Talvez fosse exatamente essa a intenção do diretor, já que a trama se desenvolve no núcleo de redação todo plantado no ritmo "devagar e sempre" que era a Spotlight. Só que o tema é muito forte. Os limites ético-morais do trabalho dos advogados criminalistas também foram abordados mais superficialmente do que deveriam.
Esperava mais das atuações individuais por conta das indicações ao Oscar. Não ultrapassei a barreira do "legal mas nada demais".
Não gostei de o chefe judeu surgir do nada, mandando e desmandando sem oferecer qualquer tipo de resistência, sempre propondo os melhores caminhos que culminariam nas futuras melhores decisões, sem que houvesse nenhuma motivação previamente estabelecida para que ele iniciasse os seus trabalhos no jornal com o foco nesse caso. Até o fato de ele ser judeu e de todo mundo repetir isso o tempo inteiro foi de um imenso "foda-se" para a história, o que não me agradou.
Uma mistura de Birdman e Danny Collins que peca, do início ao fim, pela confusão do real com o irreal (talvez intencional). Excelente desfecho. Evolução do Roteiro muito cansativa.
Após assistir a muitos e muitos filmes de Terror, desde satânicos, invocativos, psicológicos e surreais aos de extraterrestres, premonitivos, de jogos ou seitas, geralmente a conclusão foi a mesma: um filme bobo, carregado em clichês, com um sustinho sonoro ou outro e diversas forçações de barra ao longo dos poucos minutos, já que é difícil alguém aguentar mais do que 90, 100 minutos de tudo isso.
Ainda não assisti nada da franquia além desse reboot, então é difícil falar sem conhecer o charme do psicopata Michael Meyers em 1978, mas acontece que o filme me agradou.
Um dos pontos principais é: a evolução do roteiro. São raríssimas as exceções em que eu assisti a um filme classificado como "Thriller" em que a história se mostrou organizada em início, meio e fim, com uma causa clara para o desencadear dos fatos e uma conclusão coesa após a tensão dos assassinatos e das cenas mais assustadoras ou horripilantes.
Obviamente não faltaram momentos cansativos em que tudo já era previamente calculado, além dos habituais "exageros sem sentido" desse tipo de filme. Mas, sei lá, consegui absorver um viés psicológico menos raso, consegui criar e atingir expectativas, me assustei de fato em alguns momentos, fiquei tenso em algumas cenas e consegui enxergar um filme no final das contas.
Tratando-se de terror clássico cujo protagonista é um assassino mascarado, esse deu bem pro gasto!
Jack Nicholson monstro sagrado. Atuação esplêndida. Excelente ator mirim. Acima da média. Evolução do roteiro mais lenta do que eu julguei adequado. Contexto narrativo simplório.
A evolução do roteiro é mais lenta do que eu gostaria, entendo as críticas ao possível "machismo" aparente, a atuação do Porchat em si é muito mais "inabitual" do que "de alto nível" mas a saída da zona de conforto sempre é algo que deve ser louvado.
Ao mais, para os que não conseguiram fazer um exercício de reflexão completo, entendi a mensagem do filme buscando escancarar o quanto a rotina desgastante de um mundo onde as relações são cada vez mais impessoais, é capaz de corroer a nossa sensibilidade ao ponto de nos fazer sobrepor os próprios anseios a tudo o que acontece ao nosso redor. Tal hábito acaba por instaurar dentro de nós um egoísmo cada vez mais constante e inconsciente capaz de nos cegar diante de erros cometidos e de fazer sumir as pessoas "menos importantes" em dado momento de nossas vidas.
Por fim, quando tudo parece entregue e sem solução, a luz no fim do túnel se acende no momento em que conseguimos reparar em quem realmente nos deu a devida atenção sem desejar nada em troca.
Essa ideia ficou mais do que clara na última cena, onde a prostituta vivida por Letícia Lima passa a ser o único ser humano visível aos olhos do protagonista, sendo justamente ela a pessoa mais interessada no personagem de Fábio Porchat sem qualquer motivo aparente.
O filme é um drama. As cenas cômicas são naturais.
Selma certamente pode ser incluído naquele grupo de indicados ao Oscar de Melhor Filme muito mais pela causa abordada ou pelo notável ser humano cinebiografado do que pela sua capacidade audiovisual em si.
De fato a evolução do roteiro cansa e não chega à altura do protagonista reverenciado. É verdade que não trata-se da história de Martin Luther King propriamente dita e sim dos viés políticos que o episódio da marcha de Selma a Montgomery se prendia mas, embora fosse mais cômodo abordar o líder pelo prisma de sua morte tragicamente prematura, fazendo dele um mártir, ou tomando como ponto de partida o célebre discurso “I Have a Dream”, retratando-o como ícone, talvez esses outros cenários conseguissem tornar o filme menos "esquecível". Considerando a magnitude do protagonista, a história foi muito pobre.
A nível de premiação, só quem tem chances é John Legend, que pode ganhar Canção Original com "Glory". Estamos diante do mais fraco dentro os oito indicados a estatueta mais nobre de 2015.
Depois de assistir a American Sniper, eu entendi que dividir o meu comentário em três tópicos seria a melhor opção.
Nacionalismo: Vocês hão de concordar que seria de extrema ingenuidade alguém parar para assistir a uma produção de Hollywood, cujo slogan é "O atirador mais letal da história dos estados Unidos" dentro de uma história passada em um contexto pós 11 de Setembro, esperando algum viés político mais "democrático", elucidando os dois lados da guerra, que se desprendesse do já tradicional exagero patriota americano. Entretanto, por mais que eu concorde que o clichê tenha surgido (
como no momento em que um SEAL diz que todo e qualquer iraquiano que não tenha saído da área evacuada estaria ali exclusivamente movido pelo intuito de matar os americanos
), eu também consegui enxergar críticas a essa própria camada social que exagera na exaltação da pátria, por mais contraditório que isso possa parecer.
O próprio final natural da história nos leva um pouco para esse lado... A lenda americana é morta por um veterano de guerra, que irônico.
Isso me fez taxar o filme de "morde e assopra" porque embora o protagonista herói tenha sido exaltado, o execramento dos inimigos de guerra da habitual maneira superficial e mesquinha americana não foi exatamente um foco.
Cronologia: Talvez tenha sido isso o que mais me incomodou. Primeiramente cito a rapidez com que as coisas aconteciam e "desaconteciam".
Simplesmente parece não ter havido nada durante cada um dos quatro turnos em que o protagonista foi e voltou da guerra. Me senti lendo um livro com alguns pedaços em branco.
Para piorar, Eastwood parecia estar ansioso demais para o derramamento de sangue no Iraque e então não fez questão de reforçar argumentos ou até mesmo desculpas para isso, mais ou menos como o presidente da época fez na vida real.
Mostrar as cenas do 11 de Setembro e logo em seguida já colocar os SEALs na guerra contra o terror em solo iraquiano foi, no mínimo, leviano. Beirou o ridículo.
Ação: Impossível não ficar aflito, tenso, angustiado e ter o coração mais acelerado em determinados momentos. Há diversas cenas de conflito muito boas com o intenso questionamento moral sem juízo de valor dos atos de Chris Kyle como adicional. Adorei esse ponto. Quem julgava o protagonista era ele mesmo, a cada puxada no gatilho, o que colaborou muito para a evolução da sua construção traumática na história. Bradley Cooper encarnou, de longe, o melhor personagem da meia dúzia que eu o vi fazer.
Temos então uma pequena amostra do clássico "mais do mesmo" americano sem o alarde de outras produções, um bom ator interpretando um protagonista que gera identificação, além de cenas excitantes e muito bem produzidas.
Algum oscar técnico de edição ou mixagem de som está de bom tamanho. Melhor filme seria uma ofensa ao mundo (Quase do tamanho da que foi Guerra ao Terror).
Whiplash "Em Busca da Perfeição" (palmas irônicas para a sempre brilhante e pertinente tradução brasileira) é daquele tipo de filme que instaura uma reflexão pessoal quanto às possibilidades de os fins poderem justificar os meios. No meu caso, chegar a uma conclusão convicta foi impossível...
Confesso que a brilhante e altamente sensorial cena final tende a fazer com que eu me incline à ideia de que, no âmbito da história em questão, o fim justificou sim. Por mais que a ríspida forma de conduta do maestro fosse até certo ponto irresponsável e perigosa pela iminência de grandes desgastes psicológicos e até mesmo físicos em seus alunos, ficou claro que a excelência de Neiman só foi alcançada por conta do estímulo criado, praticamente imposto por Fletcher. O diálogo em que ele cita que "Good Job" são as duas palavras mais perigosas a serem ditas para alguém por conta de um comodismo que acabaria atrapalhando o aprimoramento, é perfeito na caracterização do raciocínio coerente do personagem. Dentro de sua lógica, só seria possível descobrir um novo "Bird" depois que a última gota de dedicação fosse tirada de alguém fora de série.
Objetivo alcançado!
O ponto crucial foi a sincronicidade e dependência mútua dos protagonistas. A fixação pela perfeição passada quase que por osmose de professor para aluno, foi capaz de sensibilizar o telespectador com o peso que o baterista tinha nas costas e com a gana capaz de fazê-lo abdicar de interesses pessoais em busca de uma desejada excelência musical.
Um filme para se assistir com os ouvidos.
➜ No quesito Oscar 2015, J. K. Simmons Best Actor in a Supporting Role!
Antes de falar do The Theory of Everything em si, choramingo que nunca ter me aprofundado sobre a obra de Stephen Hawking faz com que eu me sinta um pouco menor como ser-humano tamanha a relevância desse cara que tem uma das histórias mais impressionantes que eu já pude conhecer pela documentação feita no cinema.
Quanto aos chatos que encontrarão alguma maneira de criticar o filme pela falta de uma "elaborada discussão em torno dos seus notáveis saberes e de seus questionamentos revolucionários", eu sugiro que assistam mais Discovery Channel e menos Hollywood. O roteiro, adaptado da obra de sua ex esposa Jane Hawking, aborda a genuinidade de uma história de amor definitivamente única. É isso o que temos, é isso o que interessa!
Até concordo que, por tratar-se de uma "história baseadas em fatos reais", em alguns momentos eu me peguei questionando um possível "mocismo irreal" dos fatos expostos, mas longe de tornar o filme superficial como alguns tem a audácia de taxar. Perdi as contas da quantidade de momentos em que eu me peguei emocionado. É impossível discordar que a intenção do roteiro foi atingida em sua plenitude.
Essa plenitude colocada anteriormente é, sem sombra de dúvidas, muito por conta do trabalho de Eddie Redmayne, cuja atuação dispensa elogios por tamanha insuficiência que qualquer um deles teria. A interpretação é esplendorosa. Desde a fase nerd repleta de bom humor e questionamentos pertinentes na ponta da língua ao progresso da doença e seus efeitos físicos marcantes. A dificuldade na fala e locomoção é encarnada no protagonista de maneira impressionante. As feições e os trejeitos são inacreditáveis. Os momentos angustiantes de um ser-humano preso em seu próprio corpo contrabalançados pelo sorriso radiante do protagonista só aumentavam o valor das cenas. O que esse até então desconhecido (pelo menos para mim) chamado Eddie Redmayne fez é algo memorável. Uma das melhores atuações dos últimos anos. No quesito Oscar 2015, se a cobiçada estatueta de Best Actor in a Leading Role não vier... A injustiça renderia questionamentos históricos.
E não foi só ele... Por mais que a primeira dama interpretada por Felicity Jones não requeresse tamanha entrega física, a carga psicológica da personagem também é muito eficaz. A entrega total a um amor "com prazo de validade" transbordou a intensidade da história que os uniu. Não é à toa que os momentos mais marcantes do filme contaram com a presença de ambos contracenando juntos.
Essa potência tornou possível que o telespectador encarasse com certa naturalidade a entrada de Jonathan na história. Depois de tamanha dedicação e de todas as renúncias feitas por Jane, seria egoísta demais da nossa parte julgar os novos sentimentos que começavam a surgir como uma traição propriamente dita. Certamente até o verdadeiro Stephen digeriu isso de uma maneira diferente do habitual.
Nada como sair do cinema com uma história que de alguma forma tende a nos acrescentar alguma coisa. As fascinantes atuações principais, a trilha sonora oportunamente melancólica e as diversas reflexões abordadas em cenas que misturam drama e leveza fazem de A Teoria de Tudo um dos melhores filmes de 2014.
Vale sempre lembrar: While there's life, there is hope!
Kubrick comentou que a obra trata-se de uma história de redenção duvidosa de um delinquente adolescente pela terapia de reflexo condicionado. Trata-se ao mesmo tempo de uma discussão sobre o livre-arbítrio.
Essa é a síntese. A questão é que o revestimento sarcástico sobre a hipocrisia que ainda nos assola até hoje está escancarada a cada cena, e faz ter sentido o tamanho louvor dos hipsters a Stanley Kubrick. Conseguir confundir as ações e reações da sociedade e do bandido protagonista me instigou bastante. Não é preciso se esforçar muito para encontrar críticas sociais de todas as castas nem mirabolar em cima do que já foi dito por fulano ou ciclano sobre "um dos maiores filmes de todos os tempos". Basta ligar a televisão, se desarmar e assistir até o final, sem previsões e pré conceitos.
Algumas cenas intensamente perturbadoras credibilizam ainda mais o filme que, não se esqueçam, é de 1971. Tudo isso que eu assisti ontem, 26 de Janeiro de 2015, foi exposto a uma sociedade há mais de quatro décadas passadas. Haja culhão...
Concordo com quem diz que "Laranja Mecânica é um tapa na cara de qualquer ser-humano presente na face da Terra nos últimos 2 mil anos. É um tapa na cara de nós, hipócritas." O desfecho é exatamente esse.
Quanto ao 7, não foi 8 nem 10 meramente por preferências pessoais.
A exaustiva repercussão em cima dos doze anos totais de gravações de fato é compreensiva por conta do círculo de apostas que automaticamente o diretor acaba se inserindo e jogando todas as suas fichas. O amadurecimento dos protagonistas não ser somente cenográfico como também físico é algo encantador e o resultado impressiona pela saída da zona de conforto. Acho que todo mundo já se incomodou com algum personagem que passou por grandes etapas temporais dentro de uma história mas não "mudou muito fisicamente". Nesse ponto, o filme é ímpar! É preciso valorizar as incertezas que certamente a direção tinha quando resolveu criar um roteiro tão singular e o resultado obtido.
Quanto a trama em si, é preciso encarar Boyhood como uma obra que questiona o passar do tempo e não como a história de vida de um menino. O motor certamente é o desenrolar da infância para a adolescência de Mason mas nem de perto o filme se restringe a isso. A série de questionamentos densos, a excelente definição das personalidades dos personagens e as cenas com boa intensidade (principalmente as da mãe do principal), aumentam a força das mudanças de fases da obra. A série de diálogos engraçados (e, em certo ponto, até irônicos) gera a leveza necessária que 165 minutos de duração requerem. Ao contrário de alguns, não achei cansativo.
Em contrapartida, não me agradou muito a lentidão na duração de cada fase do filme e as repentinas transições de tempo sem muita especificidade. Uma cena da criança no jardim rapidamente virava um café da manhã com anos de diferença sem que eu estivesse preparado para aquilo. Obviamente a intenção do autor era dar dicas do espaço tempo em questões capazes de naturalizar essa evolução, só que a ênfase foi dada mais para videogames, corridas eleitoreiras e cortes de cabelo do que para dramas existenciais e discussões inseridas no contexto de cada cena. Às vezes eu tive a impressão de que o filme foi feito para se encaixar nos doze anos de gravação ao invés do contrário, como eu acho que deveria ser e tornaria o filme perfeito.
Por fim, confesso que o grande premiado do último Globo de Ouro não me empolgou o suficiente a ponto de me fazer querê-lo como vencedor indiscutível do Oscar 2015. Espero poder gostar mais de algum dos outros sete indicados a Best Picture.
Consequências do dinheiro fácil para a solução de problemas complexos. Consequências imediatas e a longo prazo para "prazeres" de momento. Consequências de diversos tipos de sentimentos de culpa.
Um pouco do mais do mesmo incapaz de me transmitir alguma coisa a não ser acentuar a minha falta de curiosidade já existente por esses tipos de drogas sempre encaixadas em contextos efêmeros, completamente vazios e sem sentido para mim. Cenas sensoriais com boa capacidade de nos sintonizar, ok, mas longas demais para cada contexto. Cronologia não uniforme (flashbakcs) que de pouco influencia positivamente. Fotografia muito bonita. Trâmites previsíveis. Personagens secundários completamente não carismáticos. Nathalia Dill e Luca Bianchi bem. Gostei das cenas de sexo. Personalidade do irmão do protagonista completamente embaçada, pouquíssimo trabalhada. 96 longos minutos, acredite.
Um filme que não impressiona, não surpreende, não emociona e não entretém.
Confesso que de fato não esperava muita coisa mas pelas quase duas horas de filme retratando uma vida inegavelmente intensa e repleta de experiências absolutamente complexas, eu imaginei que ao menos me questionar ou me assustar ele conseguiria. Infelizmente aproveitaram mal uma história rica e capaz de levar a reflexões sobre uma constante busca por identidade, sobre a prostituição e seus viés criminalizados ou até mesmo em torno de uma história de amor completamente fora do usual entre uma garota de programa e seu primeiro cliente .
A pior parte foi o sotaque da Deborah Secco forçadamente não carioca. Valeu pelos peitinhos (comentário inocente, sem machismo).
A Onda pode ser um filme excepcional para quem não tem tanto interesse ou curiosidade assim por temas nazifascistas e se limita a se espantar com o fato de uma nação inteira ter se curvado a um líder disposto a praticamente tudo por um suposto "ideal" de seu grupo autocrático. Aquela velha história do "Como é que pode a Alemanha inteira ter compactuado com tanta atrocidade? Hitler devia ser um gênio...". Entretanto, é possível que o filme não seja tão impactante para quem possua certa bagagem de pesquisa sobre o assunto, como é o meu caso. ~De forma alguma eu quero diminuir o valor da obra, apenas justifico assim as 4 estrelas ao invés de 4,5 ou 5~
O contexto central é extremamente simples. O professor descolado é impedido de ministrar a disciplina de "anarquia" por conta de hierarquias burocráticas do colégio e é designado para as aulas de "autocracia". Por conta de sua jovialidade em seus métodos atípicos de ensino, a sua turma tem um número de alunos que só aumenta o que gera certa surpresa por conta do espírito do jovem alemão teoricamente ser mais inclinado a se interessar pela anarquia do que pela autocracia, visto que ninguém aguenta mais discutir o peso das consequências do nazismo. A trama começa assim que o mesmo questionamento citado no primeiro parágrafo desse comentário é feito em sala de aula, o que o instiga a criar um experimento capaz de fazer todo mundo encontrar porquês na história (da humanidade) e questionar qual é a real distância que estamos de um novo movimento fascista forte e com êxito.
O autor foi muito inteligente nas associações. Todo mundo sabe que Hitler evoluiu a medicina alemã como ninguém, estabilizou a economia e diminuiu o desemprego.
Em outra face, Mr, Wenger tornou os seus alunos mais obedientes e respeitosos, melhorou a postura física deles, agregou os excluídos, dividiu responsabilidades.
Os fins justificam os meios? Tudo vai acontecendo na naturalidade necessária para que entendamos que uma massa de manobra, seja ela qual for, não é simplesmente lavada cerebralmente e sim condicionada a encontrar um significado de extrema importância no movimento em voga.
Quando Marco sugeriu "A Onda" como nome do movimento e Tim sugeriu "Tsunami" logo na sequência, foi possível perceber que o ar extremista do segundo seria relevante em algum momento. Os problemas familiares, o isolamento, a necessidade de se autoafirmar, a busca por inserção no grupo de fato são importantíssimos para que o psicológico do personagem que faria o desfecho do filme tivesse completo sentido.
Outro ponto importante é quando Mr. Wenger e Marco se desentendem com suas respectivas mulheres em cenas conseguintes.
A sensação de que o poder havia ultrapassado a barreira da racionalidade ficou latente em todos, assim como a necessidade de que um basta fosse dado pois o objetivo inicial que era o de entender o funcionamento de uma autocracia em seus prós e contras já havia sido atingido.
a rapidez com que os alunos saíram às ruas para propagar pichações, adesivos e panfletos. Aquilo não fez o menor sentido por conta das inúmeras personalidades diferentes que ainda estavam muito cruas no quesito "identificação com o movimento". Me soou como muita forçação de barra mas eu até entendo pois o tempo de evolução da trama era curto.
Por fim, é possível afirmar que o objetivo do professor foi cumprido. O fascismo foi testado, os alunos se manipularam, a mensagem final foi absorvida e ninguém mais duvida do tamanho das consequências que ideias mal intencionadas ou pouco elucidadas e discutidas podem acabar gerando.
La Vie d'Adèle é um filme difícil de comentar. As atuações principais são esplêndidas e extremamente profundas. Não há receio algum na entrega das atrizes às personagens. As três horas de filme podem cansar mas são imprescindíveis para que a personalidade detalhista de Adèle seja absorvida a ponto de conseguirmos visualizar dramas existenciais, sensações de desconforto e crises de ansiedade antes mesmo que as cenas se consolidem. A questão do "homossexual" que tanto colocam em torno da trama não está em pauta. Por mais que existam situações em que há o questionamento ou um certo medo de expor a sua vida emocional ao mundo, a naturalidade das descobertas de Adèle nos sensibilizam a ponto de encarar a sequência de fatos quase que como algo inevitável diante do seu amadurecimento interno, independente do sexo que o seu parceiro de momento tenha. Em contrapartida, quando as dúvidas vão virando certezas e as descobertas se consolidam em um amor bem definido, o filme pode transmitir uma sensação ruim por conta dessa mesma intensidade que age como um imã, tanto para perto quanto para longe. Com a mesma força que tudo acontece, tudo deixa de acontecer. A sensação de ver algo tão grande e importante sendo desperdiçado por conta do peso das consequências de situações passageiras é muito ruim mas mais real impossível.
Um filme que não "é" para todos, que pode ser "excelente" para muitos, mas impossível ser "horrível" para alguém.
Se eu fosse um crítico especializado capaz de me desligar de sentimentos pessoais e focasse apenas na atuação, evolução e na intenção/alcance das nuances de cada etapa, a nota seria das maiores possíveis.
Como não consigo, acabaria sendo injusto com os meus favoritos de 4/5 estrelas.
Into The Wild é daquele tipo de filme que te faz querer colocar a sua vida de pernas pro ar assim que acaba. O estilo "pé na estrada" não podia ter dado mais certo na evolução de cada contexto. A vida pessoal de Chris, o herói Alexander Supertramp, propriamente dita, não é necessariamente o motor da história. Cada cicatriz deixada nas vidas dos secundários Mr. Happy, dos hippies Rainey e Jan, da jovem Tracy e do milico Ron, atingem a plenitude da sensibilidade capaz de acentuar o foco do filme, que é a natureza humana e as condições que nos submetemos por conta de teias sociais capazes de ditar o ritmo de nossas vidas sem que percebamos tamanha impotência e os acaso capazes de nos tirar de uma zona de conforto costumeira. É impossível se desvencilhar de ideais filosóficos no decorrer de cada cena reflexiva cercada pela belíssima fotografia natural e de citações mais do que oportunas. A trilha sonora de Eddie Vedder realmente é o diferencial. Seria impossível que o enredo alcançasse a sua plenitude sem o esplêndido trabalho do vocalista do Pearl Jam. Confesso que esperava um desfecho diferente mas nada que tire o valor do filme. Seria audácia demais querer mudar uma história baseada na realidade de uma pessoa extremamente diferente e sensível que nos deu a honra de conhecer a sua história em face de seus registros vivos. Valeu bastante a pena para mim!
A serenidade e a pureza exalada a cada sorriso e troca de olhares de Dr. Patch me fizeram assistir ao filme com um sorriso no rosto do início ao fim. O enredo aparentemente simples se confunde com uma fábula deslumbrante graças ao poder incomensurável de um dos comediantes mais sensíveis que já pisaram na Terra. Saudades, Robin Williams.
Confiar
3.4 1,8K Assista grátisConsigo entender a importância do filme, a relevância da temática e a dificuldade de se entregar um roteiro dessa natureza com todos os ingredientes em sincronia, sem descambar pro drama exacerbado, pra depressão mais monótona do que o necessário ou pra previsibilidade de um desfecho óbvio.
É justamente por conta dessa engrenagem que o filme não funcionou completamente para mim. Achei super chato em alguns momentos. Não gostei muito da atuação da protagonista em situações de evidente apatia. A evolução me pareceu desproporcional pois dados contextos demoraram uma eternidade. O desfecho não me fez sentir nada.
No todo, foi mais fácil se estressar com a dificuldade da menina em encarar um trauma totalmente angustiante do que se atentar para os baluartes de uma conduta criminosa tão repulsiva.
A sensação que fica é de que o filme poderia ter sido muito melhor.
Valente
3.8 2,8K Assista AgoraExiste algum filme Disney Pixar que não seja foda? Esses caras tem uma capacidade inalcançável de se reinventarem sem perder a maestria.
Animação de época, com evolução do roteiro bem definida e zero cansativa, uma princesa cheia de atitude e mensagem clara. Mais um filme excelente.
Adorei a representatividade do animal urso, em si, para a história, que começa como "vilão" e termina simbolizando o laço remendado no amor de mãe e filha, estampado na nova tela na parede do castelo.
Beasts of No Nation
4.3 829 Assista AgoraEis que, em meio a esse auê de -Boicote ao Oscar- em face de tantos posicionamentos importantes no que diz respeito ao caráter segregador da premiação, o filme de 2015 que eu mais gostei é, justamente, composto em sua grande maioria por negros maravilhosos.
Abraham Attah e Idris Elba fora das nomeações para atores é algo realmente inexplicável, ainda mais quando o nível da competição não ultrapassa a barreira do "bom" como neste ano. Para piorar a situação da Academia, no Golden Globes e no BAFTA, pelo menos o Idris Elba foi lembrado em Best Supporting Actor, além de vencer no SAG Awards. Mais uma vez a "cerimônia mais importante" parece fechar os olhos para não ver.
Ao mais, é certo que como um filme dramático de guerra passado no continente africano, diversas previsibilidades do que há de pior na natureza humana surgem em nossas mentes, mas nem por isso o roteiro deixa de ser forte e consegue atingir o seu objetivo que, claramente, é mostrar que quaisquer fins não justificam os meios de guerra, ilustrando o massacre na essência de uma criança completamente à deriva.
Sem medo de errar eu garanto: Beasts of No Nation é melhor do que a maioria absoluta dos 8 filmes indicados ao Oscar de Best Motion Picture of the Year (Já consegui assistir a 6/8), se não o melhor. E digo mais, se Straight Outta Compton corresponder, considerarei toda essa repercussão e esse clamor supostamente "exagerado" por conta das minorias, justíssimo. É só querer enxergar.
Racismo é crime e câncer social, então sugerir isso soa desproporcional. Mas que há "preferências" nesse tipo de indicação, não há dúvidas.
Num ano em que nenhum filme entrou para a minha galeria de preferidos, esse é um dos melhores!
A Grande Aposta
3.7 1,3KFilme repleto de aspectos técnicos na área de Economia. Evolução do roteiro lenta e sem tesão. Filme longo. Desfecho sugerido com meia hora de filme. Não vale 5 indicações. Carrell e Bale muito bem!
Carol
3.9 1,5K Assista Agora✶ O filme deveria se chamar "Therese".
✶ A história é simples.
✶ A evolução do roteiro é lenta.
✶ A trilha sonora é melosinha.
✶ As atrizes são maravilhosas.
Os Amantes Passageiros
3.1 647 Assista AgoraQuem procura um filme de Almodóvar para assistir não pode estar em busca de normalidade, zona de conforto... O cara é completamente desleixado em relação a convenções e estilos de escrita. Goste ou não do filme em si, um olhar minimamente atento consegue sugar algumas essências. Tenho muita curiosidade em imaginar a reação de algum desses conservadores caricatos dos tempos modernos assistindo a esse filme. O cara simplesmente caga pra qualquer cabecinha pequena. Filme divertido.
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraClaramente o foco está na crítica ao celibato e ao silêncio da igreja no que tange a discussão e prestação de contas acerca de seus próprios erros.
Em face dessa "condescendência religiosa" muitas vezes criminosa, na minha opinião, o filme deixa a desejar por não dar "socos na cara do telespectador". Sair do cinema pensando "porra, esse tipo de situação é foda...", acaba sendo pouco.
Certamente a história é bem contada mas eu achei as mais de duas horas de longa lentas e retilíneas demais. Talvez fosse exatamente essa a intenção do diretor, já que a trama se desenvolve no núcleo de redação todo plantado no ritmo "devagar e sempre" que era a Spotlight. Só que o tema é muito forte. Os limites ético-morais do trabalho dos advogados criminalistas também foram abordados mais superficialmente do que deveriam.
Esperava mais das atuações individuais por conta das indicações ao Oscar. Não ultrapassei a barreira do "legal mas nada demais".
O filme é bom mas poderia ser excelente.
Pior ponto:
Não gostei de o chefe judeu surgir do nada, mandando e desmandando sem oferecer qualquer tipo de resistência, sempre propondo os melhores caminhos que culminariam nas futuras melhores decisões, sem que houvesse nenhuma motivação previamente estabelecida para que ele iniciasse os seus trabalhos no jornal com o foco nesse caso. Até o fato de ele ser judeu e de todo mundo repetir isso o tempo inteiro foi de um imenso "foda-se" para a história, o que não me agradou.
Melhor ponto:
Escancarar para o mundo um problema secular que é mantido escondido nas profundezas do Santo Sepulcro.
O Último Ato
3.0 74 Assista AgoraUma mistura de Birdman e Danny Collins que peca, do início ao fim, pela confusão do real com o irreal (talvez intencional). Excelente desfecho. Evolução do Roteiro muito cansativa.
Com Al Pacino.
Halloween: O Início
3.2 861 Assista AgoraApós assistir a muitos e muitos filmes de Terror, desde satânicos, invocativos, psicológicos e surreais aos de extraterrestres, premonitivos, de jogos ou seitas, geralmente a conclusão foi a mesma: um filme bobo, carregado em clichês, com um sustinho sonoro ou outro e diversas forçações de barra ao longo dos poucos minutos, já que é difícil alguém aguentar mais do que 90, 100 minutos de tudo isso.
Ainda não assisti nada da franquia além desse reboot, então é difícil falar sem conhecer o charme do psicopata Michael Meyers em 1978, mas acontece que o filme me agradou.
Um dos pontos principais é: a evolução do roteiro. São raríssimas as exceções em que eu assisti a um filme classificado como "Thriller" em que a história se mostrou organizada em início, meio e fim, com uma causa clara para o desencadear dos fatos e uma conclusão coesa após a tensão dos assassinatos e das cenas mais assustadoras ou horripilantes.
Obviamente não faltaram momentos cansativos em que tudo já era previamente calculado, além dos habituais "exageros sem sentido" desse tipo de filme. Mas, sei lá, consegui absorver um viés psicológico menos raso, consegui criar e atingir expectativas, me assustei de fato em alguns momentos, fiquei tenso em algumas cenas e consegui enxergar um filme no final das contas.
Tratando-se de terror clássico cujo protagonista é um assassino mascarado, esse deu bem pro gasto!
O Iluminado
4.3 4,0K Assista AgoraJack Nicholson monstro sagrado. Atuação esplêndida.
Excelente ator mirim. Acima da média.
Evolução do roteiro mais lenta do que eu julguei adequado.
Contexto narrativo simplório.
Entre Abelhas
3.4 830A evolução do roteiro é mais lenta do que eu gostaria, entendo as críticas ao possível "machismo" aparente, a atuação do Porchat em si é muito mais "inabitual" do que "de alto nível" mas a saída da zona de conforto sempre é algo que deve ser louvado.
Ao mais, para os que não conseguiram fazer um exercício de reflexão completo, entendi a mensagem do filme buscando escancarar o quanto a rotina desgastante de um mundo onde as relações são cada vez mais impessoais, é capaz de corroer a nossa sensibilidade ao ponto de nos fazer sobrepor os próprios anseios a tudo o que acontece ao nosso redor. Tal hábito acaba por instaurar dentro de nós um egoísmo cada vez mais constante e inconsciente capaz de nos cegar diante de erros cometidos e de fazer sumir as pessoas "menos importantes" em dado momento de nossas vidas.
Por fim, quando tudo parece entregue e sem solução, a luz no fim do túnel se acende no momento em que conseguimos reparar em quem realmente nos deu a devida atenção sem desejar nada em troca.
Essa ideia ficou mais do que clara na última cena, onde a prostituta vivida por Letícia Lima passa a ser o único ser humano visível aos olhos do protagonista, sendo justamente ela a pessoa mais interessada no personagem de Fábio Porchat sem qualquer motivo aparente.
O filme é um drama.
As cenas cômicas são naturais.
Kingsman: Serviço Secreto
4.0 2,2K Assista AgoraUm encontro de Quentin Tarantino com James Bond que deu certo.
Selma: Uma Luta Pela Igualdade
4.2 793Selma certamente pode ser incluído naquele grupo de indicados ao Oscar de Melhor Filme muito mais pela causa abordada ou pelo notável ser humano cinebiografado do que pela sua capacidade audiovisual em si.
De fato a evolução do roteiro cansa e não chega à altura do protagonista reverenciado. É verdade que não trata-se da história de Martin Luther King propriamente dita e sim dos viés políticos que o episódio da marcha de Selma a Montgomery se prendia mas, embora fosse mais cômodo abordar o líder pelo prisma de sua morte tragicamente prematura, fazendo dele um mártir, ou tomando como ponto de partida o célebre discurso “I Have a Dream”, retratando-o como ícone, talvez esses outros cenários conseguissem tornar o filme menos "esquecível". Considerando a magnitude do protagonista, a história foi muito pobre.
A nível de premiação, só quem tem chances é John Legend, que pode ganhar Canção Original com "Glory". Estamos diante do mais fraco dentro os oito indicados a estatueta mais nobre de 2015.
Sniper Americano
3.6 1,9K Assista AgoraDepois de assistir a American Sniper, eu entendi que dividir o meu comentário em três tópicos seria a melhor opção.
Nacionalismo:
Vocês hão de concordar que seria de extrema ingenuidade alguém parar para assistir a uma produção de Hollywood, cujo slogan é "O atirador mais letal da história dos estados Unidos" dentro de uma história passada em um contexto pós 11 de Setembro, esperando algum viés político mais "democrático", elucidando os dois lados da guerra, que se desprendesse do já tradicional exagero patriota americano. Entretanto, por mais que eu concorde que o clichê tenha surgido (
como no momento em que um SEAL diz que todo e qualquer iraquiano que não tenha saído da área evacuada estaria ali exclusivamente movido pelo intuito de matar os americanos
O próprio final natural da história nos leva um pouco para esse lado... A lenda americana é morta por um veterano de guerra, que irônico.
Cronologia:
Talvez tenha sido isso o que mais me incomodou. Primeiramente cito a rapidez com que as coisas aconteciam e "desaconteciam".
Simplesmente parece não ter havido nada durante cada um dos quatro turnos em que o protagonista foi e voltou da guerra. Me senti lendo um livro com alguns pedaços em branco.
Mostrar as cenas do 11 de Setembro e logo em seguida já colocar os SEALs na guerra contra o terror em solo iraquiano foi, no mínimo, leviano. Beirou o ridículo.
Ação:
Impossível não ficar aflito, tenso, angustiado e ter o coração mais acelerado em determinados momentos. Há diversas cenas de conflito muito boas com o intenso questionamento moral sem juízo de valor dos atos de Chris Kyle como adicional. Adorei esse ponto. Quem julgava o protagonista era ele mesmo, a cada puxada no gatilho, o que colaborou muito para a evolução da sua construção traumática na história. Bradley Cooper encarnou, de longe, o melhor personagem da meia dúzia que eu o vi fazer.
Temos então uma pequena amostra do clássico "mais do mesmo" americano sem o alarde de outras produções, um bom ator interpretando um protagonista que gera identificação, além de cenas excitantes e muito bem produzidas.
Algum oscar técnico de edição ou mixagem de som está de bom tamanho. Melhor filme seria uma ofensa ao mundo (Quase do tamanho da que foi Guerra ao Terror).
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraWhiplash "Em Busca da Perfeição" (palmas irônicas para a sempre brilhante e pertinente tradução brasileira) é daquele tipo de filme que instaura uma reflexão pessoal quanto às possibilidades de os fins poderem justificar os meios. No meu caso, chegar a uma conclusão convicta foi impossível...
Confesso que a brilhante e altamente sensorial cena final tende a fazer com que eu me incline à ideia de que, no âmbito da história em questão, o fim justificou sim. Por mais que a ríspida forma de conduta do maestro fosse até certo ponto irresponsável e perigosa pela iminência de grandes desgastes psicológicos e até mesmo físicos em seus alunos, ficou claro que a excelência de Neiman só foi alcançada por conta do estímulo criado, praticamente imposto por Fletcher. O diálogo em que ele cita que "Good Job" são as duas palavras mais perigosas a serem ditas para alguém por conta de um comodismo que acabaria atrapalhando o aprimoramento, é perfeito na caracterização do raciocínio coerente do personagem. Dentro de sua lógica, só seria possível descobrir um novo "Bird" depois que a última gota de dedicação fosse tirada de alguém fora de série.
Objetivo alcançado!
O ponto crucial foi a sincronicidade e dependência mútua dos protagonistas. A fixação pela perfeição passada quase que por osmose de professor para aluno, foi capaz de sensibilizar o telespectador com o peso que o baterista tinha nas costas e com a gana capaz de fazê-lo abdicar de interesses pessoais em busca de uma desejada excelência musical.
Um filme para se assistir com os ouvidos.
➜ No quesito Oscar 2015, J. K. Simmons Best Actor in a Supporting Role!
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista AgoraAntes de falar do The Theory of Everything em si, choramingo que nunca ter me aprofundado sobre a obra de Stephen Hawking faz com que eu me sinta um pouco menor como ser-humano tamanha a relevância desse cara que tem uma das histórias mais impressionantes que eu já pude conhecer pela documentação feita no cinema.
Quanto aos chatos que encontrarão alguma maneira de criticar o filme pela falta de uma "elaborada discussão em torno dos seus notáveis saberes e de seus questionamentos revolucionários", eu sugiro que assistam mais Discovery Channel e menos Hollywood. O roteiro, adaptado da obra de sua ex esposa Jane Hawking, aborda a genuinidade de uma história de amor definitivamente única. É isso o que temos, é isso o que interessa!
Até concordo que, por tratar-se de uma "história baseadas em fatos reais", em alguns momentos eu me peguei questionando um possível "mocismo irreal" dos fatos expostos, mas longe de tornar o filme superficial como alguns tem a audácia de taxar. Perdi as contas da quantidade de momentos em que eu me peguei emocionado. É impossível discordar que a intenção do roteiro foi atingida em sua plenitude.
Essa plenitude colocada anteriormente é, sem sombra de dúvidas, muito por conta do trabalho de Eddie Redmayne, cuja atuação dispensa elogios por tamanha insuficiência que qualquer um deles teria. A interpretação é esplendorosa. Desde a fase nerd repleta de bom humor e questionamentos pertinentes na ponta da língua ao progresso da doença e seus efeitos físicos marcantes. A dificuldade na fala e locomoção é encarnada no protagonista de maneira impressionante. As feições e os trejeitos são inacreditáveis. Os momentos angustiantes de um ser-humano preso em seu próprio corpo contrabalançados pelo sorriso radiante do protagonista só aumentavam o valor das cenas. O que esse até então desconhecido (pelo menos para mim) chamado Eddie Redmayne fez é algo memorável. Uma das melhores atuações dos últimos anos. No quesito Oscar 2015, se a cobiçada estatueta de Best Actor in a Leading Role não vier... A injustiça renderia questionamentos históricos.
E não foi só ele... Por mais que a primeira dama interpretada por Felicity Jones não requeresse tamanha entrega física, a carga psicológica da personagem também é muito eficaz. A entrega total a um amor "com prazo de validade" transbordou a intensidade da história que os uniu. Não é à toa que os momentos mais marcantes do filme contaram com a presença de ambos contracenando juntos.
Essa potência tornou possível que o telespectador encarasse com certa naturalidade a entrada de Jonathan na história. Depois de tamanha dedicação e de todas as renúncias feitas por Jane, seria egoísta demais da nossa parte julgar os novos sentimentos que começavam a surgir como uma traição propriamente dita. Certamente até o verdadeiro Stephen digeriu isso de uma maneira diferente do habitual.
Nada como sair do cinema com uma história que de alguma forma tende a nos acrescentar alguma coisa. As fascinantes atuações principais, a trilha sonora oportunamente melancólica e as diversas reflexões abordadas em cenas que misturam drama e leveza fazem de A Teoria de Tudo um dos melhores filmes de 2014.
Vale sempre lembrar: While there's life, there is hope!
Laranja Mecânica
4.3 3,8K Assista AgoraKubrick comentou que a obra trata-se de uma história de redenção duvidosa de um delinquente adolescente pela terapia de reflexo condicionado. Trata-se ao mesmo tempo de uma discussão sobre o livre-arbítrio.
Essa é a síntese. A questão é que o revestimento sarcástico sobre a hipocrisia que ainda nos assola até hoje está escancarada a cada cena, e faz ter sentido o tamanho louvor dos hipsters a Stanley Kubrick. Conseguir confundir as ações e reações da sociedade e do bandido protagonista me instigou bastante. Não é preciso se esforçar muito para encontrar críticas sociais de todas as castas nem mirabolar em cima do que já foi dito por fulano ou ciclano sobre "um dos maiores filmes de todos os tempos". Basta ligar a televisão, se desarmar e assistir até o final, sem previsões e pré conceitos.
Algumas cenas intensamente perturbadoras credibilizam ainda mais o filme que, não se esqueçam, é de 1971. Tudo isso que eu assisti ontem, 26 de Janeiro de 2015, foi exposto a uma sociedade há mais de quatro décadas passadas. Haja culhão...
Concordo com quem diz que "Laranja Mecânica é um tapa na cara de qualquer ser-humano presente na face da Terra nos últimos 2 mil anos. É um tapa na cara de nós, hipócritas." O desfecho é exatamente esse.
Quanto ao 7, não foi 8 nem 10 meramente por preferências pessoais.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraInegavelmente Boyhood é um filme interessante.
A exaustiva repercussão em cima dos doze anos totais de gravações de fato é compreensiva por conta do círculo de apostas que automaticamente o diretor acaba se inserindo e jogando todas as suas fichas. O amadurecimento dos protagonistas não ser somente cenográfico como também físico é algo encantador e o resultado impressiona pela saída da zona de conforto. Acho que todo mundo já se incomodou com algum personagem que passou por grandes etapas temporais dentro de uma história mas não "mudou muito fisicamente". Nesse ponto, o filme é ímpar! É preciso valorizar as incertezas que certamente a direção tinha quando resolveu criar um roteiro tão singular e o resultado obtido.
Quanto a trama em si, é preciso encarar Boyhood como uma obra que questiona o passar do tempo e não como a história de vida de um menino. O motor certamente é o desenrolar da infância para a adolescência de Mason mas nem de perto o filme se restringe a isso. A série de questionamentos densos, a excelente definição das personalidades dos personagens e as cenas com boa intensidade (principalmente as da mãe do principal), aumentam a força das mudanças de fases da obra. A série de diálogos engraçados (e, em certo ponto, até irônicos) gera a leveza necessária que 165 minutos de duração requerem. Ao contrário de alguns, não achei cansativo.
Em contrapartida, não me agradou muito a lentidão na duração de cada fase do filme e as repentinas transições de tempo sem muita especificidade. Uma cena da criança no jardim rapidamente virava um café da manhã com anos de diferença sem que eu estivesse preparado para aquilo. Obviamente a intenção do autor era dar dicas do espaço tempo em questões capazes de naturalizar essa evolução, só que a ênfase foi dada mais para videogames, corridas eleitoreiras e cortes de cabelo do que para dramas existenciais e discussões inseridas no contexto de cada cena. Às vezes eu tive a impressão de que o filme foi feito para se encaixar nos doze anos de gravação ao invés do contrário, como eu acho que deveria ser e tornaria o filme perfeito.
Por fim, confesso que o grande premiado do último Globo de Ouro não me empolgou o suficiente a ponto de me fazer querê-lo como vencedor indiscutível do Oscar 2015. Espero poder gostar mais de algum dos outros sete indicados a Best Picture.
Três estrelas e meia me parecem justas.
Paraísos Artificiais
3.2 1,8K Assista AgoraConsequências do dinheiro fácil para a solução de problemas complexos.
Consequências imediatas e a longo prazo para "prazeres" de momento.
Consequências de diversos tipos de sentimentos de culpa.
Um pouco do mais do mesmo incapaz de me transmitir alguma coisa a não ser acentuar a minha falta de curiosidade já existente por esses tipos de drogas sempre encaixadas em contextos efêmeros, completamente vazios e sem sentido para mim. Cenas sensoriais com boa capacidade de nos sintonizar, ok, mas longas demais para cada contexto. Cronologia não uniforme (flashbakcs) que de pouco influencia positivamente. Fotografia muito bonita. Trâmites previsíveis. Personagens secundários completamente não carismáticos. Nathalia Dill e Luca Bianchi bem. Gostei das cenas de sexo. Personalidade do irmão do protagonista completamente embaçada, pouquíssimo trabalhada. 96 longos minutos, acredite.
Um filme um tanto quanto "foda-se".
Bruna Surfistinha
2.9 3,0K Assista AgoraUm filme que não impressiona, não surpreende, não emociona e não entretém.
Confesso que de fato não esperava muita coisa mas pelas quase duas horas de filme retratando uma vida inegavelmente intensa e repleta de experiências absolutamente complexas, eu imaginei que ao menos me questionar ou me assustar ele conseguiria. Infelizmente aproveitaram mal uma história rica e capaz de levar a reflexões sobre uma constante busca por identidade, sobre a prostituição e seus viés criminalizados ou até mesmo em torno de uma história de amor completamente fora do usual entre uma garota de programa e seu primeiro cliente .
A pior parte foi o sotaque da Deborah Secco forçadamente não carioca. Valeu pelos peitinhos (comentário inocente, sem machismo).
A Onda
4.2 1,9KA Onda pode ser um filme excepcional para quem não tem tanto interesse ou curiosidade assim por temas nazifascistas e se limita a se espantar com o fato de uma nação inteira ter se curvado a um líder disposto a praticamente tudo por um suposto "ideal" de seu grupo autocrático. Aquela velha história do "Como é que pode a Alemanha inteira ter compactuado com tanta atrocidade? Hitler devia ser um gênio...". Entretanto, é possível que o filme não seja tão impactante para quem possua certa bagagem de pesquisa sobre o assunto, como é o meu caso. ~De forma alguma eu quero diminuir o valor da obra, apenas justifico assim as 4 estrelas ao invés de 4,5 ou 5~
O contexto central é extremamente simples. O professor descolado é impedido de ministrar a disciplina de "anarquia" por conta de hierarquias burocráticas do colégio e é designado para as aulas de "autocracia". Por conta de sua jovialidade em seus métodos atípicos de ensino, a sua turma tem um número de alunos que só aumenta o que gera certa surpresa por conta do espírito do jovem alemão teoricamente ser mais inclinado a se interessar pela anarquia do que pela autocracia, visto que ninguém aguenta mais discutir o peso das consequências do nazismo. A trama começa assim que o mesmo questionamento citado no primeiro parágrafo desse comentário é feito em sala de aula, o que o instiga a criar um experimento capaz de fazer todo mundo encontrar porquês na história (da humanidade) e questionar qual é a real distância que estamos de um novo movimento fascista forte e com êxito.
O autor foi muito inteligente nas associações. Todo mundo sabe que Hitler evoluiu a medicina alemã como ninguém, estabilizou a economia e diminuiu o desemprego.
Em outra face, Mr, Wenger tornou os seus alunos mais obedientes e respeitosos, melhorou a postura física deles, agregou os excluídos, dividiu responsabilidades.
Estranho perceber que uma "simples" igualdade de roupas, saudações e ideias pode se tornar uma combinação perigosíssima.
Também gostei muito da maneira com que a personalidade do personagem mais problemático de todo o roteiro foi sendo lapidada.
Quando Marco sugeriu "A Onda" como nome do movimento e Tim sugeriu "Tsunami" logo na sequência, foi possível perceber que o ar extremista do segundo seria relevante em algum momento. Os problemas familiares, o isolamento, a necessidade de se autoafirmar, a busca por inserção no grupo de fato são importantíssimos para que o psicológico do personagem que faria o desfecho do filme tivesse completo sentido.
Outro ponto importante é quando Mr. Wenger e Marco se desentendem com suas respectivas mulheres em cenas conseguintes.
O que menos me agradou foi
a rapidez com que os alunos saíram às ruas para propagar pichações, adesivos e panfletos. Aquilo não fez o menor sentido por conta das inúmeras personalidades diferentes que ainda estavam muito cruas no quesito "identificação com o movimento". Me soou como muita forçação de barra mas eu até entendo pois o tempo de evolução da trama era curto.
Por fim, é possível afirmar que o objetivo do professor foi cumprido. O fascismo foi testado, os alunos se manipularam, a mensagem final foi absorvida e ninguém mais duvida do tamanho das consequências que ideias mal intencionadas ou pouco elucidadas e discutidas podem acabar gerando.
Pra cornetar mais um pouco, se não ficasse tão óbvio que Tim sacaria a arma no fim, mais uma meia estrela esse filme ganhava, rs.
Die Welle!
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraLa Vie d'Adèle é um filme difícil de comentar. As atuações principais são esplêndidas e extremamente profundas. Não há receio algum na entrega das atrizes às personagens. As três horas de filme podem cansar mas são imprescindíveis para que a personalidade detalhista de Adèle seja absorvida a ponto de conseguirmos visualizar dramas existenciais, sensações de desconforto e crises de ansiedade antes mesmo que as cenas se consolidem. A questão do "homossexual" que tanto colocam em torno da trama não está em pauta. Por mais que existam situações em que há o questionamento ou um certo medo de expor a sua vida emocional ao mundo, a naturalidade das descobertas de Adèle nos sensibilizam a ponto de encarar a sequência de fatos quase que como algo inevitável diante do seu amadurecimento interno, independente do sexo que o seu parceiro de momento tenha. Em contrapartida, quando as dúvidas vão virando certezas e as descobertas se consolidam em um amor bem definido, o filme pode transmitir uma sensação ruim por conta dessa mesma intensidade que age como um imã, tanto para perto quanto para longe. Com a mesma força que tudo acontece, tudo deixa de acontecer. A sensação de ver algo tão grande e importante sendo desperdiçado por conta do peso das consequências de situações passageiras é muito ruim mas mais real impossível.
Um filme que não "é" para todos, que pode ser "excelente" para muitos, mas impossível ser "horrível" para alguém.
Se eu fosse um crítico especializado capaz de me desligar de sentimentos pessoais e focasse apenas na atuação, evolução e na intenção/alcance das nuances de cada etapa, a nota seria das maiores possíveis.
Como não consigo, acabaria sendo injusto com os meus favoritos de 4/5 estrelas.
Na Natureza Selvagem
4.3 4,5K Assista AgoraInto The Wild é daquele tipo de filme que te faz querer colocar a sua vida de pernas pro ar assim que acaba. O estilo "pé na estrada" não podia ter dado mais certo na evolução de cada contexto. A vida pessoal de Chris, o herói Alexander Supertramp, propriamente dita, não é necessariamente o motor da história. Cada cicatriz deixada nas vidas dos secundários Mr. Happy, dos hippies Rainey e Jan, da jovem Tracy e do milico Ron, atingem a plenitude da sensibilidade capaz de acentuar o foco do filme, que é a natureza humana e as condições que nos submetemos por conta de teias sociais capazes de ditar o ritmo de nossas vidas sem que percebamos tamanha impotência e os acaso capazes de nos tirar de uma zona de conforto costumeira. É impossível se desvencilhar de ideais filosóficos no decorrer de cada cena reflexiva cercada pela belíssima fotografia natural e de citações mais do que oportunas. A trilha sonora de Eddie Vedder realmente é o diferencial. Seria impossível que o enredo alcançasse a sua plenitude sem o esplêndido trabalho do vocalista do Pearl Jam. Confesso que esperava um desfecho diferente mas nada que tire o valor do filme. Seria audácia demais querer mudar uma história baseada na realidade de uma pessoa extremamente diferente e sensível que nos deu a honra de conhecer a sua história em face de seus registros vivos. Valeu bastante a pena para mim!
Patch Adams: O Amor É Contagioso
4.1 1,2K Assista AgoraA serenidade e a pureza exalada a cada sorriso e troca de olhares de Dr. Patch me fizeram assistir ao filme com um sorriso no rosto do início ao fim. O enredo aparentemente simples se confunde com uma fábula deslumbrante graças ao poder incomensurável de um dos comediantes mais sensíveis que já pisaram na Terra. Saudades, Robin Williams.