Me lembrou o conto ''O Outro'' de Jorge Luis Borges: (...) Se o senhor foi eu, como explicar que tenha esquecido seu encontro com um senhor de idade que, em 1918, lhe disse que ele também era Borges?
Não havia pensado nessa dificuldade. Respondi, sem convicção:
- Talvez o fato tenha sido tão estranho que eu tenha tratado de esquecê-lo.
“A causa do sofrimento não é a mente luminosa que constrói as realidades. A causa do sofrimento é nós nos fixarmos nas realidades construídas, é nós tomarmos refúgio nas realidades construídas. Como por exemplo num jogo de xadrez: pela originação dependente, a gente atribui um significado para cada peça. Atribui um significado para o tabuleiro e para as regras. Aquilo se torna um instrumento de sofrimento para nós, aquilo brota pela origem dependente: não tem cavalo, não tem rei, não tem rainha, não tem peão, não tem tabuleiro, não tem regra, não tem nada. Qualquer criança é mais lúcida do que nós, porque eles jogam aquelas peças para todo o lado e pronto. Elas têm a natureza livre da mente. E nós: “não! Não mexe! Não toque, não isso, não aquilo!” Nós estamos fixados a significados que foram colocados em cima daquilo.” -Lama Padma Santem.
no começo me vi triste, depois com raiva e depois me vi Ludovic. vi também tantas outras crianças, pais, avós e pessoas NORMAIS vítimas de conceitos que não sabem nem de quem quem são, mas pegaram pra si como verdade absoluta de como as coisas devem ser. É na infância que se poda as primeiras asinhas, Ludovic é uma criança esperta, ligada ao mundo e ao sentimento, tão pequeno nos ensinando o quanto a liberdade faz parte de quem nós somos, que o conceito é só um ideal fora de lugar.
um tema difícil de ser abordado, achamos que nunca é com a gente, mas esquecemos que somos sujeitos a objetificar o outro diariamente. num mundo que te empurra ao famoso ''serve pra mim'' ''não serve'' arrastamos pra todos os lados relações vazias, sexo, carência acumulada, apego... até que de tijolo em tijolo vamos construindo o castelo em volta do outro, com muros bem altos e sem janelas. critica excepcional, mostra o quanto somos fadados a mendigar por aquele ''afeto'' que quem sabe, julgamos faltar em nosso lar.
Deixo de dica esse artigo - para quem gostou e se interessou pela história - escrito pelo prof. Dr. Edilson Baltazar Barreira Júnior da UFC que faz uma análise histórica,simbólica e sociológica da obra http://www.historiaimagem.com.br/edicao12abril2011/cristo-odin.pdf
Robocop é uma releitura completa. A presença de cenas icônicas do primeiro filme são apenas instrumentais em indicar sua associação, mas a proposta é diametralmente oposta. Nesse filme, a trajetória é de homem à máquina, e não de uma máquina que reencontra a humanidade em si mesma. Os inimigos nesse filme são globais, e os robôs ocupam papel importante na política externa, enquanto nos anos 80 o personagem estava profundamente ligado à realidade local americana. No conjunto, o filme atual é muito mais sofisticado que o de 1987,- e isso não se deve às pinturas de Francis Bacon no escritório do dono da Omnicorp Raymond Sellars -, mas a uma sutileza muito maior no roteiro, enquanto o outro ficou conhecido por seus exageros alegóricos. José Padilha é extremamente corajoso em desconstruir um marco do cinema, atualizando e ressignificando seus símbolos, mas o filme se perde um pouco em sua mensagem, e fica longe de impactar como o original!
Llewyn Davis é um músico sem perspectivas vagando pelo cenário folk dos anos 60, e através de suas tentativas frustradas de sobreviver como artista Inside Llewyn Davis propõe melancólicas reflexões sobre a condição do artista que não se encaixa como produto na indústria do entretenimento, nem está disposto a fazer concessões para ser aceito nesse modelo. A trilha sonora é divina, e talvez a maior qualidade do filme seja que não tenta convencer ninguém de nada, nem forçar qualquer mensagem, assim como a música retratada não é um filme para multidões, mas profundamente tocante para um pequeno grupo.
Símbolos tem data de validade: para manter seu vigor precisam ser adaptados, alterados e recriados. Sem conexão com o tempo e o espaço perdem sua poesia, se tornam dogmas. Noah recupera o fascínio de uma narrativa milenar em um filme grandioso, e ao invés de se restringir aos limites da cultura cristã globaliza a história, transformando-a em uma crítica atualíssima à brutalidade da ação predatória da humanidade em relação ao planeta. As atuações não são incríveis, e embora Russel Crowe e Anthony Hopkins se destaquem não me surpreendem em nada. Li um comentário genial de um rabino sobre a figura de Noé e que cabe ao filme: "Noah is not a hero in Jewish lore. The Bible says that Noah was a righteous man “in his generation.” He was only a righteous man compared to the others who were far worse than he. Now, why wasn’t he righteous? Because righteousness is all about what you do for your fellow man. And Noah does NOTHING for his fellow man. He doesn’t care, he has no compassion. He executes God’s commandment to the letter. So when God says “I’m going to kill everybody,” Noah says, “will you save my skin? Oh, I get an Ark? Okay, fine.” This is a traditional explanation of why Noah is not the father of the Jewish people. So he was a facilitator, not a leader. No, he failed in the greatest mission of all. He failed to protect human life. And failed to fight with God when he wanted to take human life. He refuses to wrestle with God. Noah is a fundamentalist. He’s a religious extremist. God says “everyone will die” and Noah says nothing. But this is not what God wants. God wants people with moxie! God wants people with spiritual audacity! He does not want the obedient man of belief. He wants the defiant man of faith...''
Em meio a megalomania das metrópoles, o ser humano se sente mais um objeto de um cenário impessoal. Seu movimento em nada altera a paisagem intimidadora feita de aço e concreto. Anselm Kiefer é, no entanto, sujeito pleno e onipotente de sua cidade particular. Com uma contextualização mínima, Over your cities grass will grow (2010) é um registro da fascinante mistura de arquitetura, pintura e escultura instalada pelo artista em um terreno de 35 hectares em Barjac, na França. O artista começa sua gênesis pelo apocalipse, construindo seu universo a partir dos destroços de um complexo industrial, em uma mistura de símbolos cabalísticos, urbanos e históricos. Inabitada, a cidade sem nome é uma obra de arte em construção pelo tempo, uma ruína pós-moderna sem passado.
Um documentário que é na verdade uma história de amor. Não do amor bem-comportado do casal, mas do amor grandiloquente e obsessivo pela arte, maior que a própria vida!
Interstellar é incômodo. Não é ficção científica, nem é fantasia, como um pêndulo oscila sem parar entre qualquer definição possível. É global, mas o universo do protagonista é profundamente local. Mais político que espacial, critica a liderança imediatista e utilitária do país mais rico do mundo em um planeta miserável. Cruzando galáxias em manobras executadas com perfeição, o filme tenta viajar muito além dos seus recursos e perde tempo demais flutuando no vácuo, mas está anos-luz à frente da mediocridade.
Todos os filmes do Richard Linklater tem um tema em comum: o tempo. Seja o tempo de um relacionamento, como em Before Sunrise (1995), Before Sunset (2004) e Before Midnight (2013), seja o tempo psicológico dos sonhos, como em Waking Life (2001). Mas em nenhum deles, o tempo é tão essencial como em Boyhood. Filmado durante 12 anos com os mesmos atores, o filme acompanha a transformação temporal mais visível na vida de qualquer ser humano: a passagem da infância para a adolescência. Não há mudanças inesperadas no roteiro, nem há muito diálogo, em uma linha tênue entre o documentário e a ficção Boyhood é muito mais impactante em sua simplicidade.
Wadjda é uma criança que está apenas descobrindo a sociedade ao seu redor. Ela está descobrindo o que ela pode fazer e o que não pode… Ela quer afirmar-se e ser ouvida. Wadjda está tentando encontrar a si mesma, para aproveitar a vida e para mim, foi um dos pontos importantes levantados no filme. Trata-se de encontrar a felicidade, perseguir um sonho, e coisas assim. A história simples faz um enquadramento perfeito, Al-Mansour consegue com maestria analisar os desafios e pressões sociais que enfrentam as meninas e mulheres em um dos lugares mais restritivos do mundo.
Tinha tudo para ganhar o Oscar pela história, aliás, era meu favorito. Mas seria um tanto ilusório achar que Hollywood daria o Oscar para o documentário que critica Obama pelos ataques de Drones no Yemen e Paquistão.
Não é apenas estetização da política, mas a politização da estética. As formas do filme coincidem com o igualmente revolucionário conteúdo, as preces entoadas impulsionam as forças revolucionárias da luta contra a opressão. Uma pena esse filme ser tão esquecido.
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Coerência
4.1 1,3K Assista AgoraMe lembrou o conto ''O Outro'' de Jorge Luis Borges:
(...) Se o senhor foi eu, como explicar que tenha esquecido seu encontro com um senhor de idade que, em 1918, lhe disse que ele também era Borges?
Não havia pensado nessa dificuldade. Respondi, sem convicção:
- Talvez o fato tenha sido tão estranho que eu tenha tratado de esquecê-lo.
O Segundo Rosto
4.1 68 Assista Agora“A causa do sofrimento não é a mente luminosa que constrói as realidades. A causa do sofrimento é nós nos fixarmos nas realidades construídas, é nós tomarmos refúgio nas realidades construídas. Como por exemplo num jogo de xadrez: pela originação dependente, a gente atribui um significado para cada peça. Atribui um significado para o tabuleiro e para as regras. Aquilo se torna um instrumento de sofrimento para nós, aquilo brota pela origem dependente: não tem cavalo, não tem rei, não tem rainha, não tem peão, não tem tabuleiro, não tem regra, não tem nada.
Qualquer criança é mais lúcida do que nós, porque eles jogam aquelas peças para todo o lado e pronto. Elas têm a natureza livre da mente. E nós: “não! Não mexe! Não toque, não isso, não aquilo!” Nós estamos fixados a significados que foram colocados em cima daquilo.”
-Lama Padma Santem.
genial
Finisterrae
3.5 40alguém tem link?
Minha Vida em Cor-de-Rosa
4.3 394 Assista Agorano começo me vi triste, depois com raiva e depois me vi Ludovic. vi também tantas outras crianças, pais, avós e pessoas NORMAIS vítimas de conceitos que não sabem nem de quem quem são, mas pegaram pra si como verdade absoluta de como as coisas devem ser. É na infância que se poda as primeiras asinhas, Ludovic é uma criança esperta, ligada ao mundo e ao sentimento, tão pequeno nos ensinando o quanto a liberdade faz parte de quem nós somos, que o conceito é só um ideal fora de lugar.
Clip
3.0 33um tema difícil de ser abordado, achamos que nunca é com a gente, mas esquecemos que somos sujeitos a objetificar o outro diariamente. num mundo que te empurra ao famoso ''serve pra mim'' ''não serve'' arrastamos pra todos os lados relações vazias, sexo, carência acumulada, apego... até que de tijolo em tijolo vamos construindo o castelo em volta do outro, com muros bem altos e sem janelas.
critica excepcional, mostra o quanto somos fadados a mendigar por aquele ''afeto'' que quem sabe, julgamos faltar em nosso lar.
A Fonte da Donzela
4.3 219 Assista AgoraDeixo de dica esse artigo - para quem gostou e se interessou pela história - escrito pelo prof. Dr. Edilson Baltazar Barreira Júnior da UFC que faz uma análise histórica,simbólica e sociológica da obra
http://www.historiaimagem.com.br/edicao12abril2011/cristo-odin.pdf
RoboCop
3.3 2,0K Assista AgoraRobocop é uma releitura completa. A presença de cenas icônicas do primeiro filme são apenas instrumentais em indicar sua associação, mas a proposta é diametralmente oposta. Nesse filme, a trajetória é de homem à máquina, e não de uma máquina que reencontra a humanidade em si mesma. Os inimigos nesse filme são globais, e os robôs ocupam papel importante na política externa, enquanto nos anos 80 o personagem estava profundamente ligado à realidade local americana. No conjunto, o filme atual é muito mais sofisticado que o de 1987,- e isso não se deve às pinturas de Francis Bacon no escritório do dono da Omnicorp Raymond Sellars -, mas a uma sutileza muito maior no roteiro, enquanto o outro ficou conhecido por seus exageros alegóricos. José Padilha é extremamente corajoso em desconstruir um marco do cinema, atualizando e ressignificando seus símbolos, mas o filme se perde um pouco em sua mensagem, e fica longe de impactar como o original!
Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum
3.8 529 Assista AgoraLlewyn Davis é um músico sem perspectivas vagando pelo cenário folk dos anos 60, e através de suas tentativas frustradas de sobreviver como artista Inside Llewyn Davis propõe melancólicas reflexões sobre a condição do artista que não se encaixa como produto na indústria do entretenimento, nem está disposto a fazer concessões para ser aceito nesse modelo. A trilha sonora é divina, e talvez a maior qualidade do filme seja que não tenta convencer ninguém de nada, nem forçar qualquer mensagem, assim como a música retratada não é um filme para multidões, mas profundamente tocante para um pequeno grupo.
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraSímbolos tem data de validade: para manter seu vigor precisam ser adaptados, alterados e recriados. Sem conexão com o tempo e o espaço perdem sua poesia, se tornam dogmas. Noah recupera o fascínio de uma narrativa milenar em um filme grandioso, e ao invés de se restringir aos limites da cultura cristã globaliza a história, transformando-a em uma crítica atualíssima à brutalidade da ação predatória da humanidade em relação ao planeta. As atuações não são incríveis, e embora Russel Crowe e Anthony Hopkins se destaquem não me surpreendem em nada.
Li um comentário genial de um rabino sobre a figura de Noé e que cabe ao filme:
"Noah is not a hero in Jewish lore. The Bible says that Noah was a righteous man “in his generation.” He was only a righteous man compared to the others who were far worse than he.
Now, why wasn’t he righteous? Because righteousness is all about what you do for your fellow man. And Noah does NOTHING for his fellow man. He doesn’t care, he has no compassion. He executes God’s commandment to the letter. So when God says “I’m going to kill everybody,” Noah says, “will you save my skin? Oh, I get an Ark? Okay, fine.”
This is a traditional explanation of why Noah is not the father of the Jewish people.
So he was a facilitator, not a leader.
No, he failed in the greatest mission of all. He failed to protect human life. And failed to fight with God when he wanted to take human life. He refuses to wrestle with God. Noah is a fundamentalist. He’s a religious extremist. God says “everyone will die” and Noah says nothing. But this is not what God wants. God wants people with moxie! God wants people with spiritual audacity! He does not want the obedient man of belief. He wants the defiant man of faith...''
Over Your Cities Grass Will Grow
4.0 1Em meio a megalomania das metrópoles, o ser humano se sente mais um objeto de um cenário impessoal. Seu movimento em nada altera a paisagem intimidadora feita de aço e concreto. Anselm Kiefer é, no entanto, sujeito pleno e onipotente de sua cidade particular. Com uma contextualização mínima, Over your cities grass will grow (2010) é um registro da fascinante mistura de arquitetura, pintura e escultura instalada pelo artista em um terreno de 35 hectares em Barjac, na França. O artista começa sua gênesis pelo apocalipse, construindo seu universo a partir dos destroços de um complexo industrial, em uma mistura de símbolos cabalísticos, urbanos e históricos. Inabitada, a cidade sem nome é uma obra de arte em construção pelo tempo, uma ruína pós-moderna sem passado.
Herb & Dorothy
3.9 1Um documentário que é na verdade uma história de amor. Não do amor bem-comportado do casal, mas do amor grandiloquente e obsessivo pela arte, maior que a própria vida!
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraInterstellar é incômodo. Não é ficção científica, nem é fantasia, como um pêndulo oscila sem parar entre qualquer definição possível. É global, mas o universo do protagonista é profundamente local. Mais político que espacial, critica a liderança imediatista e utilitária do país mais rico do mundo em um planeta miserável. Cruzando galáxias em manobras executadas com perfeição, o filme tenta viajar muito além dos seus recursos e perde tempo demais flutuando no vácuo, mas está anos-luz à frente da mediocridade.
Boyhood: Da Infância à Juventude
4.0 3,7K Assista AgoraTodos os filmes do Richard Linklater tem um tema em comum: o tempo. Seja o tempo de um relacionamento, como em Before Sunrise (1995), Before Sunset (2004) e Before Midnight (2013), seja o tempo psicológico dos sonhos, como em Waking Life (2001). Mas em nenhum deles, o tempo é tão essencial como em Boyhood. Filmado durante 12 anos com os mesmos atores, o filme acompanha a transformação temporal mais visível na vida de qualquer ser humano: a passagem da infância para a adolescência. Não há mudanças inesperadas no roteiro, nem há muito diálogo, em uma linha tênue entre o documentário e a ficção Boyhood é muito mais impactante em sua simplicidade.
O Sonho de Wadjda
4.2 137 Assista AgoraWadjda é uma criança que está apenas descobrindo a sociedade ao seu redor. Ela está descobrindo o que ela pode fazer e o que não pode… Ela quer afirmar-se e ser ouvida. Wadjda está tentando encontrar a si mesma, para aproveitar a vida e para mim, foi um dos pontos importantes levantados no filme. Trata-se de encontrar a felicidade, perseguir um sonho, e coisas assim.
A história simples faz um enquadramento perfeito, Al-Mansour consegue com maestria analisar os desafios e pressões sociais que enfrentam as meninas e mulheres em um dos lugares mais restritivos do mundo.
Muito Além do Jardim
4.1 267 Assista AgoraLa vita è uno stato mentale.
Guerras Sujas
3.9 18Tinha tudo para ganhar o Oscar pela história, aliás, era meu favorito. Mas seria um tanto ilusório achar que Hollywood daria o Oscar para o documentário que critica Obama pelos ataques de Drones no Yemen e Paquistão.
O Rei do Laço
3.7 16Tem no youtube, dublado http://www.youtube.com/watch?v=UTpoYEWc2uM&feature=related
Salmo Vermelho
3.9 28Não é apenas estetização da política, mas a politização da estética. As formas do filme coincidem com o igualmente revolucionário conteúdo, as preces entoadas impulsionam as forças revolucionárias da luta contra a opressão. Uma pena esse filme ser tão esquecido.