Porque Chan-wook Park é um dos meus diretores favoritos? Se um dia me perguntarem, posso dizer que tenho, sim, um boa resposta. Para fixar a ideia indicarei "Segredos de Sangue" e pronto! Tudo ficará claro. Que direção impecável, mesmo em um argumento que é cheio de clichês, sem grandes novidades. Porém, ele ultrapassa a expectativa e faz mais: Serve de tese as incongruências e normalidades - se é que realmente existem uma e outra de forma separada - da psiquê humana. Se mesmo assim isto não é algo que te interessa, então tenho outra coisa pra você: Vale pelo menos um mês de aula em qualquer curso de cinema, áudio-visual e afins. Park - que reside no meu coração e mente desde a inestimável Trilogia da Vingança, fora todas as suas demais obras que para mim fazem jus a fama que ele ganhou na Coreia e no mundo - aqui mostra que consegue se desvencilhar do gramado da própria casa, faz seu primeiro filme hollywoodiano e aplaca qualquer temor, provando que seu talento não está desvencilhado da boa escolha, seja de elenco, seja de roteiro, projeto. "Começaste muito bem, Mr. Vingança!" O filme trata temas recorrentes na filmografia do diretor: Mais um vez são presentes a loucura, a tensão e o despertar da sexualidade, a cobiça, a inveja, a ganância, o incesto, a vingança e tudo mais que remete a nossa mente enquanto indivíduos. Continua usando de recursos estilísticos peculiares e claras referências a grandes nomes do cinema como De Palma, Hitchcock e Kubrick. Aliais, deste último talvez provenha seu sempre presente uso de música clássica - há um cena em específico onde faz uso da música que espero que deguste sem moderação meu caro amigo. Mas, será que respondi a pergunta inicial deste texto? Se não, deixo agora meu último argumento: Chan-wook faz parte de uma casta rara de diretores que abusam de coisas que considero imprescindíveis a um bom cinema: Personalidade - mesmo quando faz o óbvio. Uma coisa que ele acaba de provar possuir com esse filme - unida de técnica - vejas as cenas mais simples e tente imagina-las feitas convencionalmente, assim perceberá o quanto ele foge do modelo formal - e movida a paixão pela própria arte. Sem isto julgo que não é possível fazer arte GENUÍNA. Aliais, este termo serve bem ao que acho que Chan-wook é. Não o vejo como um gênio se pensas "gênio" como uma pessoa de capacidade elevada por um acaso genético. Prefiro dizer que Chan-wook Park é puramente GENUÍNO.
Este é um filme que me remeta as mais encantadoras, sensíveis e até as vezes - como sempre foi comum aos bons contos de fadas - assustadoras estórias de fantasia infantis - também para adultos nostálgicos ou simplesmente pessoas de bom coração - que via em minha infância. Para mim foi impossível dissocia-lo de coisas como a animação do "Ursinho Pooh", "Alice no País das Maravilhas", "O Mágico de Oz", "João e Maria", "Meu Vizinho Totoro" - aliais, esse último compartilha de um clima tão similar que me parece não ser mera coincidência - ou meu amado "A História sem Fim". Este filme faz parte de uma casta de estórias que nos toca pela sua simplicidade ou, como no caso, por uma sensação de simplicidade que esconde dramas muito mais profundos que o possível de ser abordado em um filme - mera representação da vida que nunca alcançará toda a complexidade da vida real, da individualidade humana - ou, diria, mesmo suportado. Spike Jonze, que há tempos não tem que provar nada a ninguém, mostrou pra mim que sabe viajar por muito mais jornadas fantásticas em desertos de areia dourada que as que costuma escolher. O filme é impecável e isso é justificado no orçamento de 100 milhões de dólares. Porém, infelizmente - muitos diriam que era de se esperar - não foi lá um grande sucesso. Eu em contraposição diria que falta muito ainda pra que eu acredite na humanidade. Falo tanto de quem não acreditou neste filme, quanto na falta de marketing em torno do filme. Ele merecia mais com certeza. Certamente dirão: "Mas, você está exagerando. Este filme não daria certo de qualquer jeito. É um filme difícil, de nicho". Não digo que ele indubitavelmente seria um fenômeno de bilheteria, mas digo que ele com certeza MERECIA mais chances e investimentos. Afinal, o mais preciso neste caso é SENTIR. Ao menos contento-me em ser agraciado por um novo clássico do cinema. Este filme já vive em meu coração e, enquanto eu tiver vida, ele também viverá embalado, acalorado, aconchegado junto a outros que magicamente entraram num barco e encontraram, mar adentro, uma ilha de amor, carinho e hoje fazem parte do que sou. Se parte da minha vida é De Volta para o Futuro, Curtindo a VIda Adoidado, A Lista de Schindler e Matrix, hoje também podem me chamar de "Onde Vivem os Monstros". Thank you mr. Jonze.,Thank you!
Este é um filme de um batalhador - pesquisa no google e confira. O Halder Gomes é mesmo um cara "enfezado". Porém: ESTE NÃO É UM FILME PERFEITO. A linguagem é televisiva - o que considero um ponto negativo, sim, quando estou num cinema tentando ver um filme, não uma novela ou mini-série - além disso a direção peca por certos exageros de linguagem, de cenografia e constantes inserções de cenas - flash's com efeitos especiais com intuito de dar um ar lúdico, imaginativo a determinadas cenas - e, claro, a fotografia em plano fechado que corrobora minha primeira reclamação. Falando em linguagem, o grande atrativo do filme, o fato de ser falado em ciarencês, em muitos momentos torna-se também um problema por tomar uma posição que acaba ocupando mais espaço que a própria trama, que a própria estória em si, como se a todo o tempo o roteiro tentasse - e tenta, ao meu ver - arrumar uma desculpa para piadinhas, diálogos mais engraçadinhos. No entanto, não estou nem um pouco descontente por ver este filme - por mais que tenha parecido isso. Cresci no nordeste, sou do nordeste, e, acredito, como todo nordestino divido uma infância comum ao diretor. Cresci também vendo filmes de artes marciais, vendo Bruce Lee, os filmes de Kung fu dos anos 70 e 80. Vivo, ainda hoje, em uma região onde muitas das características que Halder explicita neste filme são ainda um tanto comuns como certos tipos, a forma de tratamento despojado das pessoas, os gostos comuns, a preferência por um tipo de música, etc. Isto o diretor capta muito bem. É por isso que os pontos fortes deste filme estão na premissa, no argumento, no roteiro - quando acerta, é claro - nas atuações - boa parte delas pelo menos. Quase consigo ver minha infância e adolescência, minhas idas ao interior na casa de parentes, quase... quase não. EU CONSEGUI VER O NORDESTE QUANDO VI A ESTE FILME. Este é um filme feito com o coração primeiramente. E isto por si já é digno de nota. Além disto, ele cumpre seu papel como comédia: Fazer rir. Claro, que alguns mais que outros e por motivos diferentes. Mas, não é maravilhoso isto? Não é maravilhoso que um cearense ou um sergipano juntem-se a um paulista ou um carioca e riam da mesma coisa, cada um pelas suas próprias vivências? 5 estrelas para o ex-dublê de cenas de ação Halder Gomes por sua paixão pelo cinema. 5 estrelas pelo esforço que fez para fazer este e todos os seus outros filmes - este cara é um guerreiro tão grande quanto o próprio Bruce Lee. 4.5 estrelas para este filme. E que venham os próximos.
Muito bom. Tenho mesmo uma queda por filmes sobre relacionamentos conturbados entre pais e filhos e este ainda tem o fator da música complementar a trama, de de ser o motivo e a cura, de fechar o ciclo do amor às brigas, das brigas à reconciliação. Um ótimo filme pra ver com o seu pai - ou com o filho.
Uma obra prima. É isso que este filme é. Se é real ou não? Pouco importa, na verdade se não o é, melhor, isto o torna ainda mais espantoso. Esta é uma obra sobre mentiras, verdades, amor, arrependimentos, perdas, mágoas, vida real, vida irreal, vida.
Bowie é parte de uma geração de artistas que fizeram mais que música, mudaram o mundo realmente. Eles mudaram mais que "seu" mundo, foram mais que o barulho que ouvia enquanto dava seu primeiro beijo ou tinha sua primeira transa. Mais que a buzina do seu carro ou o toque do seu comunicador de plástico e silício - pelo qual daria sua vida ou o que você julga ser sua vida enquanto "você mesmo" num mundo virtual, irreal, fictício, assume publicamente que na verdade aquele pedaço de plástico é que é a sua vida. Bem vindo a uma época em que a música era mais que a trilha sonora do seu video de casamento, que o som de fundo de um salão mal iluminado que faz você se sentir importante enquanto fuma seu pedaço de galho importado do terceiro mundo e bebe seu caríssimo suco de uva de nome difícil. Uma época em que as bandas e artistas também se vendiam como os produtos que, sim, eles eram, mas que serviam a feitos maiores que somente estamparem seus logos em camisetas de adolescentes ignorantes e mal instruídos, de adolescentes mal instruídos para serem ignorantes e ignorantes de que são ignorantes ou mesmo daquilo que vestem. Uma época que a arte servia a propósitos maiores que estampar a tela do seu computador, que servir de broche, munhequeira, lancheira e adesivo e ainda assim servir de broche, munhequeira, lancheira e adesivo. Uma época em que a arte, e a música em especial, servia a quebrar paradigmas, fossem eles religiosos, políticos, morais ou sexuais. Muito diferente de simplesmente chocar para vender é chocar para mudar e ainda vender. Um época que vai além do ga-ga ula-lá, da repetição das mesmas batidas e notas. Do plágio e do auto-plágio. Uma época onde não havia medo de mudar, medo de tentar o novo, de fazer mais que o monótono para manter o público feliz e até fazer o monótono para torna-lo novo. Ao público: Melhor que faze-lo feliz é não subestima-lo como alegre consumidor e dar-lhe algo difícil para degustar, mas que ao quebrar da concha encontra um doce cujo sumo é muito saboroso. Melhor que chamar-lhe de família é chamar-lhe de imbecil, de tolo cego e covarde quando realmente merece. Não quero alguém que só me ame. Quero alguém que as vezes me deteste. Que me faça ver quem eu sou e onde estou em completude. Que me ajude a pensar e repensar sobre onde estou e pra onde eu vou. Que faça mais que ditar a cor das calças e a gola da camisa que devo usar amanhã pela manhã quando for passar meu cartão numerado com o número que dizem na verdade ser eu num trabalho que não gosto, mas deveria gostar, onde me chamam de sócio sem dono de nada ser. David Bowie & the Story of Ziggy Stardust certamente não é o melhor documentário sobre música e talvez até não seja o melhor ou mais completo sobre David Bowie e Ziggy Stardust, mas seu conteúdo é de tamanha importância, ainda mais numa época tão infrutífera, insipida, beata, e chata, que não posso aqui deixar de indica-lo para toda e qualquer idade, para toda e qualquer hora, para agora.
Esta é mesmo uma série de documentários espetacular. Vale ver todos os outros. Este só recebe nota um pouco menor que os outros que vi porque, apesar de introduzirem bem uma questão vital para produção do álbum em questão que é a terapia do grito primal feita pelo Lennon, poderiam realmente aprofundar mais nisto. Ainda assim vale ver. Recomendado para beatlesmaníacos, fã de música e rock and roll.
"O que há de errado com esse filme?". Esta é uma questão que vinha me perguntando a tempos depois de ouvir tantas críticas negativas acerca deste filme. As mesmas me fizeram demorar tanto pra vê-lo - logo eu, um tendencioso fã das coisas nostálgicas da vida e um adorador de games antigos principalmente - porém, acho que finalmente compreendi a visão negativa sobre ele. Detona Ralph foi um filme que gerou mesmo muita expectativa - talvez por conta de tanto material publicitário exposto e talvez "mal exposto" para vende-lo - o que, acredito, serviu ao excesso de desgosto das pessoas. Muitos esperavam ver mais que um filme sobre videogame com muitas referências, mas uma interação mais profunda entre o filme e as referências - coisa que, penso, seria inviável comercialmente, até porque, sendo assim, talvez fosse melhor e mais seguro as produtoras fazerem filmes sobre o Mario, Zelda, Halo e Sonic propriamente. O filme funcionou para mim, mas muito devido ao que já disse, a ter tido minha expectativa rebaixada pela crítica. Até me emocionei em determinados momentos, mas não que o roteiro ou a fita tenham nada demais. Funciona, sim, mas não traz nada de tem inovador além do tema video game. Contudo, Detona Ralph é certamente um bom filme e isso se dá justamente porque ele segue o caminha mais viável - talvez o único possível comercialmente - que é usar de muitas referências, mas manter a construção de um enredo e personagens originais como foco. Para mim ele não será um dos filmes mais memoráveis, porém também não estará no limbo do esquecimento na mente. Por isso concluo: Vale ver se você é gamer, se você foi gamer, mas nessas circunstâncias. Se você não é gamer talvez consiga curtir o filme pelo "filme", mas nem tanto pois, apesar das ressalvas feitas, as referências ainda são parte do coração da trama - nostalgia é parte do coração da trama - mas, acho que se você "foi" gamer e sente saudades disso, provavelmente este é o filme pra você, mas NÃO CRIE FALSAS EXPECTATIVAS.
Acabei de ver o player fechar. A tela escurece. O filme esvai. "Como alguém que não é músico captou tão bem a alma de um, de uma banda? ". Essa é a primeira coisa que me vem a cabeça. Scorsese consegue não só fazer um ótimo registro de show - que podia ser só mais um bom show - mesclado a fenomenal documentário/entrevista - que podia ser só mais um documentário - não apenas sobre o fim de uma grande banda, mas sobre o fim simplesmente. Este é um filme sobre o próprio ciclo da arte. Aliais, atualmente, em meio a tanta coisa plastificada, requentada e pasteurizada provinda da indústria cultural - ler Adorno - este é bom o retrato do fim de uma era, sim - os anos 70 foram marcados por uma certa ordem mercadológica que definiu o POP de hoje. Você sequer precisa gostar da The Band pra gostar desse filme. Percebam que pouco importa isto. A música, a arte, falam mais alto aqui. Não é a toa que a reprodução começa com um sábio aviso - você verá. 5 estrelas pro filme, 5 estrelas pra música, 5 estrelas pra arte feita de verdade, 5 estrelas para Martin Scorsese. Este é um doce, singelo, rebelde e sobretudo emocional retrato do verdadeiro rock and roll.
Enquanto escrevo isto estou ainda a degustar a experiência que acabo de ter. Não é a primeira vez que vejo este filme, mas nunca o tinha visto na maturidade, nem era um conhecedor ou fã do Kiss até mais recentemente. Confesso que já enquanto via pensava se este filme mereceria 5 estrelas, mesmo conforme os critérios que estipulo para avaliação - é só checar minhas informações do perfil que podes ver. Pensava se este reproduz em todo seu corpo o que há de mais importante nos filmes: Se seu conteúdo alcança o pretendido pelos realizadores, se ele me atinge enquanto público de maneira que me traga o que espero ou mesmo surpreenda-me, mas leve-me a ter uma grande experiência audiovisual. DRC não é um filme sobre o Kiss - ou não é "apenas". O que explica sua falta de exclusividade na trilha sonora - apesar da relação parecer óbvia. Ele é um filme sobre rock and roll e mais. O Kiss é só um ponto de referência, faz analogia a todas as outras grandes bandas que trazem as nossas vidas - a minha pelo menos - um universo de sensações. São as sensações que, sem exagero, - pra mim pelo menos - são motivadoras do próprio viver. Vivemos pelo próprio viver antes de mais nada e viver é sentir. Porém, quantos não tiveram uma mãe ou pai, ou os dois, que os reprimisse, seja pelo fanatismo ou pré-conceito induzido por muitas religiões ou quaisquer outra coisa? Quantos não tiveram que esconder seus quadrinhos e CD's ou baixavam o volume da TV no caso de algum conteúdo tido como impróprio pra não ouvir sermões - ou até pior? Sermões estes, muitas vezes, alicerçados por conceitos de segunda mão que nem seus pais entendiam? Certamente a maioria deles, muito muito muito provavelmente não passava de uma mentira ou opinião formada sem critério avaliativo algum, além do ódio por aquilo que era questionado. Digo que este é um filme sobre o amor ao rock, ao KISS, sobre adolescência, sobre pais que preferem suas verdades a dar ouvidos aos filhos e respeitar que eles tenham opinião própria - muita atenção a cena do discurso de "rebeldia" do filho ante a mãe - , mais que isso: sobre viver. Vale dizer: Este não é um filme profundamente inovador, nem traz atuações brilhantes ou um roteiro fantástico. Nem sequer é tão engraçado assim. Porém faz-se verdadeiro naquilo que se propõe e cativa tanto pela nostalgia, diversão, quanto pela forma lúdica que professa sua verdade e é por isso mesmo que vou sempre lembrar dele a partir de agora. O que dizer? Ele antes de tudo mexeu positivamente com meu coração e minha mente, ou seja, obteve tudo aquilo que espero de um filme. "Eu quero rock and roll a noite toda e festa todo o dia"... mas, também um bom filminho pra acompanhar! Por isso leva 5 estrelas, sim.
Poucos gêneros sofrem tanto no cinema - e quero deixar claro que o mesmo raramente se dá na literatura - seja com más adaptações ou péssimo material original, quanto a ficção cientifica. Lunar é prova máxima que em meio a tantos genéricos filmes de ação com ficção científica de pano de fundo - que eu diria, estão mais para tramas com conceitos interessantes mas, mal explorados somente para dar vazão a cenas de ação genéricas e interruptas. Lunar segue a linha mais tradicional do estilo e vai até um possível futuro onde explora a condição humana como analogia daquilo que vivemos hoje e o faz com brilhantismo. Funciona na medida. Ao tempo que nos apresenta sua tese, nos faz sentir o mesmo que seus personagens: Solidão. Afinal é ela própria, o seu tema central. A trilha é incrível, as atuações ótimas, boa fotografia, efeitos especiais funcionais, roteiro admirável. Clássico moderno do tema e estilo. Deve ser visto, repassado, revisto e muito mais: Sentido.
Como se faz um clássico? Alguns podem até reclamar da falta de ação ou de mais debates existenciais, filosóficos que comumente permeiam Star Trek e o gênero ficção científica no geral. Pra mim nada faltou. Esta tudo lá de maneira bem dosada. Ri quando quiseram me fazer rir, me emocionei quando assim quiseram e refleti durante toda a reprodução. Neste filme pude aproveitar tudo que me deram e na ordem que me deram. Está tudo certo. Neste filme tudo funciona. Será que isso já faz dele um filme perfeito e digno de minhas cinco estrelas? Com certeza um filme que cumpre tudo que promete e que após a exibição ainda continua sua jornada pela minha mente merece mais estrelas que a que remete o seu título. Ao menos aqui em casa ele já é um clássico.
Roteiro raso? Sim, um tanto. Atuações razoáveis? Sim, concordo. Efeitos muito bons, mas design um tanto genérico? Não posso discordar por completo. Então porque gostei tanto deste filme ao ponto de dar gritinhos de "uh!" e "Dá no quengo dele!" ao longo da exibição? Simples. Cresci vendo Jaspion, Spectreman, Changeman, Godzila, Evangelion, Gundan Wing, Power Rangers, Cybercops, Ultraman. O filme é sim uma grande homenagem ao gênero tokusatsu - séries japonesas com efeitos especiais voltadas geralmente a ação. A referência é tão boa, tão bem colocada que acaba falando por si e ofuscando, sim, boa parte do que agora está sendo reproduzido em tela, porém não dá pra negar aquilo que causa em mim. Este é um filme com boas cenas de ação - mas, que não chegam a ser geniais ou mesmo ousadas - porém funciona muito mais como quesito nostálgico que qualquer outra coisa. Talvez não seja o mesmo pra você, se não compartilhas de um modelo de infância similar ao meu, mas se sente ao menos um quarto de saudade da extinta TV Manchete, vais sim querer vê-lo e aguardará incansavelmente um continuação, assim como eu.
Este filme tem um valor especial pra mim. Além de ser um caso ímpar na dublagem nacional - que beira o indevido, inclusive - ele foi o primeiro filme que vi na primeira TV colorida que meus pais tiveram. Só por isso já seria muito relevante pra mim, se não bastasse é ainda um debochado filme baseado em uma série de TV de "quase" ficção científica que trata de maneira cômica, outros filmes que o precederam. Ele pode deixar a dúvida se o que faz é de alguma forma desrespeitoso. A mim não importa sinceramente. Até porque provavelmente se não fosse por ele não veríamos os filmes "sacaneados". Ainda acho que, pelo menos neste caso, sacanear é a melhor forma de homenagem, pois garante a permanência daquele que é zoado na memória. Para o bem ou para o mal, mas ainda assim vivo.
O maior incômodo deste filme é ser real. Tando o protagonista masculino quanto o feminino me fizeram sentir hora raiva, hora excitação (isto reservo mais a ela kkkkk), hora repulsa. Porque? Porque são reais, mas não apenas isso. A verdade é que este é sim um filme que tem a pretensão de fazer-te reavaliar a própria vida e, sim, me senti culpado ao término deste. Fez-me recordar todas aquelas vezes que fiz elogios ou juras de amor em nome de simples sexo, companhia ou a maior prova do egocentrismo natural dos humanos: sentir-se bem consigo mesmo. Se você acha que nunca o fizeste ou enganas-te a ti mesmo jurando que não, parabéns. Ou és um santo ou um charlatão. Não reconhecer a si mesmo, enquanto homem, quando chega o descer da navalha impulsiva é prova de ignorância, mal caráter, e falta de tato, sentimento. Ou quem sabe prova de que não passas de um reles humano. Obrigado por mais uma sessão Wesley PC!!!!!
Segredos de Sangue
3.5 1,2K Assista AgoraPorque Chan-wook Park é um dos meus diretores favoritos? Se um dia me perguntarem, posso dizer que tenho, sim, um boa resposta. Para fixar a ideia indicarei "Segredos de Sangue" e pronto! Tudo ficará claro. Que direção impecável, mesmo em um argumento que é cheio de clichês, sem grandes novidades. Porém, ele ultrapassa a expectativa e faz mais: Serve de tese as incongruências e normalidades - se é que realmente existem uma e outra de forma separada - da psiquê humana. Se mesmo assim isto não é algo que te interessa, então tenho outra coisa pra você: Vale pelo menos um mês de aula em qualquer curso de cinema, áudio-visual e afins.
Park - que reside no meu coração e mente desde a inestimável Trilogia da Vingança, fora todas as suas demais obras que para mim fazem jus a fama que ele ganhou na Coreia e no mundo - aqui mostra que consegue se desvencilhar do gramado da própria casa, faz seu primeiro filme hollywoodiano e aplaca qualquer temor, provando que seu talento não está desvencilhado da boa escolha, seja de elenco, seja de roteiro, projeto. "Começaste muito bem, Mr. Vingança!"
O filme trata temas recorrentes na filmografia do diretor: Mais um vez são presentes a loucura, a tensão e o despertar da sexualidade, a cobiça, a inveja, a ganância, o incesto, a vingança e tudo mais que remete a nossa mente enquanto indivíduos. Continua usando de recursos estilísticos peculiares e claras referências a grandes nomes do cinema como De Palma, Hitchcock e Kubrick. Aliais, deste último talvez provenha seu sempre presente uso de música clássica - há um cena em específico onde faz uso da música que espero que deguste sem moderação meu caro amigo.
Mas, será que respondi a pergunta inicial deste texto? Se não, deixo agora meu último argumento: Chan-wook faz parte de uma casta rara de diretores que abusam de coisas que considero imprescindíveis a um bom cinema: Personalidade - mesmo quando faz o óbvio. Uma coisa que ele acaba de provar possuir com esse filme - unida de técnica - vejas as cenas mais simples e tente imagina-las feitas convencionalmente, assim perceberá o quanto ele foge do modelo formal - e movida a paixão pela própria arte. Sem isto julgo que não é possível fazer arte GENUÍNA. Aliais, este termo serve bem ao que acho que Chan-wook é. Não o vejo como um gênio se pensas "gênio" como uma pessoa de capacidade elevada por um acaso genético. Prefiro dizer que Chan-wook Park é puramente GENUÍNO.
Onde Vivem os Monstros
3.8 2,4K Assista AgoraEste é um filme que me remeta as mais encantadoras, sensíveis e até as vezes - como sempre foi comum aos bons contos de fadas - assustadoras estórias de fantasia infantis - também para adultos nostálgicos ou simplesmente pessoas de bom coração - que via em minha infância. Para mim foi impossível dissocia-lo de coisas como a animação do "Ursinho Pooh", "Alice no País das Maravilhas", "O Mágico de Oz", "João e Maria", "Meu Vizinho Totoro" - aliais, esse último compartilha de um clima tão similar que me parece não ser mera coincidência - ou meu amado "A História sem Fim". Este filme faz parte de uma casta de estórias que nos toca pela sua simplicidade ou, como no caso, por uma sensação de simplicidade que esconde dramas muito mais profundos que o possível de ser abordado em um filme - mera representação da vida que nunca alcançará toda a complexidade da vida real, da individualidade humana - ou, diria, mesmo suportado.
Spike Jonze, que há tempos não tem que provar nada a ninguém, mostrou pra mim que sabe viajar por muito mais jornadas fantásticas em desertos de areia dourada que as que costuma escolher. O filme é impecável e isso é justificado no orçamento de 100 milhões de dólares. Porém, infelizmente - muitos diriam que era de se esperar - não foi lá um grande sucesso. Eu em contraposição diria que falta muito ainda pra que eu acredite na humanidade. Falo tanto de quem não acreditou neste filme, quanto na falta de marketing em torno do filme. Ele merecia mais com certeza. Certamente dirão: "Mas, você está exagerando. Este filme não daria certo de qualquer jeito. É um filme difícil, de nicho". Não digo que ele indubitavelmente seria um fenômeno de bilheteria, mas digo que ele com certeza MERECIA mais chances e investimentos. Afinal, o mais preciso neste caso é SENTIR. Ao menos contento-me em ser agraciado por um novo clássico do cinema. Este filme já vive em meu coração e, enquanto eu tiver vida, ele também viverá embalado, acalorado, aconchegado junto a outros que magicamente entraram num barco e encontraram, mar adentro, uma ilha de amor, carinho e hoje fazem parte do que sou. Se parte da minha vida é De Volta para o Futuro, Curtindo a VIda Adoidado, A Lista de Schindler e Matrix, hoje também podem me chamar de "Onde Vivem os Monstros".
Thank you mr. Jonze.,Thank you!
Cine Holliúdy
3.5 609 Assista AgoraEste é um filme de um batalhador - pesquisa no google e confira. O Halder Gomes é mesmo um cara "enfezado". Porém: ESTE NÃO É UM FILME PERFEITO. A linguagem é televisiva - o que considero um ponto negativo, sim, quando estou num cinema tentando ver um filme, não uma novela ou mini-série - além disso a direção peca por certos exageros de linguagem, de cenografia e constantes inserções de cenas - flash's com efeitos especiais com intuito de dar um ar lúdico, imaginativo a determinadas cenas - e, claro, a fotografia em plano fechado que corrobora minha primeira reclamação. Falando em linguagem, o grande atrativo do filme, o fato de ser falado em ciarencês, em muitos momentos torna-se também um problema por tomar uma posição que acaba ocupando mais espaço que a própria trama, que a própria estória em si, como se a todo o tempo o roteiro tentasse - e tenta, ao meu ver - arrumar uma desculpa para piadinhas, diálogos mais engraçadinhos.
No entanto, não estou nem um pouco descontente por ver este filme - por mais que tenha parecido isso. Cresci no nordeste, sou do nordeste, e, acredito, como todo nordestino divido uma infância comum ao diretor. Cresci também vendo filmes de artes marciais, vendo Bruce Lee, os filmes de Kung fu dos anos 70 e 80. Vivo, ainda hoje, em uma região onde muitas das características que Halder explicita neste filme são ainda um tanto comuns como certos tipos, a forma de tratamento despojado das pessoas, os gostos comuns, a preferência por um tipo de música, etc. Isto o diretor capta muito bem. É por isso que os pontos fortes deste filme estão na premissa, no argumento, no roteiro - quando acerta, é claro - nas atuações - boa parte delas pelo menos. Quase consigo ver minha infância e adolescência, minhas idas ao interior na casa de parentes, quase... quase não. EU CONSEGUI VER O NORDESTE QUANDO VI A ESTE FILME. Este é um filme feito com o coração primeiramente. E isto por si já é digno de nota. Além disto, ele cumpre seu papel como comédia: Fazer rir. Claro, que alguns mais que outros e por motivos diferentes. Mas, não é maravilhoso isto? Não é maravilhoso que um cearense ou um sergipano juntem-se a um paulista ou um carioca e riam da mesma coisa, cada um pelas suas próprias vivências? 5 estrelas para o ex-dublê de cenas de ação Halder Gomes por sua paixão pelo cinema. 5 estrelas pelo esforço que fez para fazer este e todos os seus outros filmes - este cara é um guerreiro tão grande quanto o próprio Bruce Lee. 4.5 estrelas para este filme. E que venham os próximos.
A Música Nunca Parou
4.3 379 Assista AgoraMuito bom. Tenho mesmo uma queda por filmes sobre relacionamentos conturbados entre pais e filhos e este ainda tem o fator da música complementar a trama, de de ser o motivo e a cura, de fechar o ciclo do amor às brigas, das brigas à reconciliação. Um ótimo filme pra ver com o seu pai - ou com o filho.
Catfish
4.0 346Uma obra prima. É isso que este filme é. Se é real ou não? Pouco importa, na verdade se não o é, melhor, isto o torna ainda mais espantoso. Esta é uma obra sobre mentiras, verdades, amor, arrependimentos, perdas, mágoas, vida real, vida irreal, vida.
David Bowie & the Story of Ziggy Stardust
4.4 12 Assista AgoraBowie é parte de uma geração de artistas que fizeram mais que música, mudaram o mundo realmente. Eles mudaram mais que "seu" mundo, foram mais que o barulho que ouvia enquanto dava seu primeiro beijo ou tinha sua primeira transa. Mais que a buzina do seu carro ou o toque do seu comunicador de plástico e silício - pelo qual daria sua vida ou o que você julga ser sua vida enquanto "você mesmo" num mundo virtual, irreal, fictício, assume publicamente que na verdade aquele pedaço de plástico é que é a sua vida. Bem vindo a uma época em que a música era mais que a trilha sonora do seu video de casamento, que o som de fundo de um salão mal iluminado que faz você se sentir importante enquanto fuma seu pedaço de galho importado do terceiro mundo e bebe seu caríssimo suco de uva de nome difícil. Uma época em que as bandas e artistas também se vendiam como os produtos que, sim, eles eram, mas que serviam a feitos maiores que somente estamparem seus logos em camisetas de adolescentes ignorantes e mal instruídos, de adolescentes mal instruídos para serem ignorantes e ignorantes de que são ignorantes ou mesmo daquilo que vestem. Uma época que a arte servia a propósitos maiores que estampar a tela do seu computador, que servir de broche, munhequeira, lancheira e adesivo e ainda assim servir de broche, munhequeira, lancheira e adesivo. Uma época em que a arte, e a música em especial, servia a quebrar paradigmas, fossem eles religiosos, políticos, morais ou sexuais. Muito diferente de simplesmente chocar para vender é chocar para mudar e ainda vender. Um época que vai além do ga-ga ula-lá, da repetição das mesmas batidas e notas. Do plágio e do auto-plágio. Uma época onde não havia medo de mudar, medo de tentar o novo, de fazer mais que o monótono para manter o público feliz e até fazer o monótono para torna-lo novo.
Ao público: Melhor que faze-lo feliz é não subestima-lo como alegre consumidor e dar-lhe algo difícil para degustar, mas que ao quebrar da concha encontra um doce cujo sumo é muito saboroso. Melhor que chamar-lhe de família é chamar-lhe de imbecil, de tolo cego e covarde quando realmente merece.
Não quero alguém que só me ame. Quero alguém que as vezes me deteste. Que me faça ver quem eu sou e onde estou em completude. Que me ajude a pensar e repensar sobre onde estou e pra onde eu vou. Que faça mais que ditar a cor das calças e a gola da camisa que devo usar amanhã pela manhã quando for passar meu cartão numerado com o número que dizem na verdade ser eu num trabalho que não gosto, mas deveria gostar, onde me chamam de sócio sem dono de nada ser.
David Bowie & the Story of Ziggy Stardust certamente não é o melhor documentário sobre música e talvez até não seja o melhor ou mais completo sobre David Bowie e Ziggy Stardust, mas seu conteúdo é de tamanha importância, ainda mais numa época tão infrutífera, insipida, beata, e chata, que não posso aqui deixar de indica-lo para toda e qualquer idade, para toda e qualquer hora, para agora.
Classic Albums: John Lennon - Plastic Ono Band
4.4 3Esta é mesmo uma série de documentários espetacular. Vale ver todos os outros. Este só recebe nota um pouco menor que os outros que vi porque, apesar de introduzirem bem uma questão vital para produção do álbum em questão que é a terapia do grito primal feita pelo Lennon, poderiam realmente aprofundar mais nisto. Ainda assim vale ver. Recomendado para beatlesmaníacos, fã de música e rock and roll.
Detona Ralph
3.9 2,6K Assista Agora"O que há de errado com esse filme?". Esta é uma questão que vinha me perguntando a tempos depois de ouvir tantas críticas negativas acerca deste filme. As mesmas me fizeram demorar tanto pra vê-lo - logo eu, um tendencioso fã das coisas nostálgicas da vida e um adorador de games antigos principalmente - porém, acho que finalmente compreendi a visão negativa sobre ele. Detona Ralph foi um filme que gerou mesmo muita expectativa - talvez por conta de tanto material publicitário exposto e talvez "mal exposto" para vende-lo - o que, acredito, serviu ao excesso de desgosto das pessoas. Muitos esperavam ver mais que um filme sobre videogame com muitas referências, mas uma interação mais profunda entre o filme e as referências - coisa que, penso, seria inviável comercialmente, até porque, sendo assim, talvez fosse melhor e mais seguro as produtoras fazerem filmes sobre o Mario, Zelda, Halo e Sonic propriamente. O filme funcionou para mim, mas muito devido ao que já disse, a ter tido minha expectativa rebaixada pela crítica. Até me emocionei em determinados momentos, mas não que o roteiro ou a fita tenham nada demais. Funciona, sim, mas não traz nada de tem inovador além do tema video game. Contudo, Detona Ralph é certamente um bom filme e isso se dá justamente porque ele segue o caminha mais viável - talvez o único possível comercialmente - que é usar de muitas referências, mas manter a construção de um enredo e personagens originais como foco. Para mim ele não será um dos filmes mais memoráveis, porém também não estará no limbo do esquecimento na mente. Por isso concluo: Vale ver se você é gamer, se você foi gamer, mas nessas circunstâncias. Se você não é gamer talvez consiga curtir o filme pelo "filme", mas nem tanto pois, apesar das ressalvas feitas, as referências ainda são parte do coração da trama - nostalgia é parte do coração da trama - mas, acho que se você "foi" gamer e sente saudades disso, provavelmente este é o filme pra você, mas NÃO CRIE FALSAS EXPECTATIVAS.
O Último Concerto de Rock
4.3 54 Assista AgoraAcabei de ver o player fechar. A tela escurece. O filme esvai. "Como alguém que não é músico captou tão bem a alma de um, de uma banda? ". Essa é a primeira coisa que me vem a cabeça. Scorsese consegue não só fazer um ótimo registro de show - que podia ser só mais um bom show - mesclado a fenomenal documentário/entrevista - que podia ser só mais um documentário - não apenas sobre o fim de uma grande banda, mas sobre o fim simplesmente. Este é um filme sobre o próprio ciclo da arte. Aliais, atualmente, em meio a tanta coisa plastificada, requentada e pasteurizada provinda da indústria cultural - ler Adorno - este é bom o retrato do fim de uma era, sim - os anos 70 foram marcados por uma certa ordem mercadológica que definiu o POP de hoje. Você sequer precisa gostar da The Band pra gostar desse filme. Percebam que pouco importa isto. A música, a arte, falam mais alto aqui. Não é a toa que a reprodução começa com um sábio aviso - você verá. 5 estrelas pro filme, 5 estrelas pra música, 5 estrelas pra arte feita de verdade, 5 estrelas para Martin Scorsese. Este é um doce, singelo, rebelde e sobretudo emocional retrato do verdadeiro rock and roll.
Detroit, a Cidade do Rock
4.0 549 Assista AgoraEnquanto escrevo isto estou ainda a degustar a experiência que acabo de ter. Não é a primeira vez que vejo este filme, mas nunca o tinha visto na maturidade, nem era um conhecedor ou fã do Kiss até mais recentemente. Confesso que já enquanto via pensava se este filme mereceria 5 estrelas, mesmo conforme os critérios que estipulo para avaliação - é só checar minhas informações do perfil que podes ver. Pensava se este reproduz em todo seu corpo o que há de mais importante nos filmes: Se seu conteúdo alcança o pretendido pelos realizadores, se ele me atinge enquanto público de maneira que me traga o que espero ou mesmo surpreenda-me, mas leve-me a ter uma grande experiência audiovisual. DRC não é um filme sobre o Kiss - ou não é "apenas". O que explica sua falta de exclusividade na trilha sonora - apesar da relação parecer óbvia. Ele é um filme sobre rock and roll e mais. O Kiss é só um ponto de referência, faz analogia a todas as outras grandes bandas que trazem as nossas vidas - a minha pelo menos - um universo de sensações. São as sensações que, sem exagero, - pra mim pelo menos - são motivadoras do próprio viver. Vivemos pelo próprio viver antes de mais nada e viver é sentir. Porém, quantos não tiveram uma mãe ou pai, ou os dois, que os reprimisse, seja pelo fanatismo ou pré-conceito induzido por muitas religiões ou quaisquer outra coisa? Quantos não tiveram que esconder seus quadrinhos e CD's ou baixavam o volume da TV no caso de algum conteúdo tido como impróprio pra não ouvir sermões - ou até pior? Sermões estes, muitas vezes, alicerçados por conceitos de segunda mão que nem seus pais entendiam? Certamente a maioria deles, muito muito muito provavelmente não passava de uma mentira ou opinião formada sem critério avaliativo algum, além do ódio por aquilo que era questionado.
Digo que este é um filme sobre o amor ao rock, ao KISS, sobre adolescência, sobre pais que preferem suas verdades a dar ouvidos aos filhos e respeitar que eles tenham opinião própria - muita atenção a cena do discurso de "rebeldia" do filho ante a mãe - , mais que isso: sobre viver.
Vale dizer: Este não é um filme profundamente inovador, nem traz atuações brilhantes ou um roteiro fantástico. Nem sequer é tão engraçado assim. Porém faz-se verdadeiro naquilo que se propõe e cativa tanto pela nostalgia, diversão, quanto pela forma lúdica que professa sua verdade e é por isso mesmo que vou sempre lembrar dele a partir de agora. O que dizer? Ele antes de tudo mexeu positivamente com meu coração e minha mente, ou seja, obteve tudo aquilo que espero de um filme. "Eu quero rock and roll a noite toda e festa todo o dia"... mas, também um bom filminho pra acompanhar! Por isso leva 5 estrelas, sim.
Lunar
3.8 686 Assista AgoraPoucos gêneros sofrem tanto no cinema - e quero deixar claro que o mesmo raramente se dá na literatura - seja com más adaptações ou péssimo material original, quanto a ficção cientifica. Lunar é prova máxima que em meio a tantos genéricos filmes de ação com ficção científica de pano de fundo - que eu diria, estão mais para tramas com conceitos interessantes mas, mal explorados somente para dar vazão a cenas de ação genéricas e interruptas. Lunar segue a linha mais tradicional do estilo e vai até um possível futuro onde explora a condição humana como analogia daquilo que vivemos hoje e o faz com brilhantismo. Funciona na medida. Ao tempo que nos apresenta sua tese, nos faz sentir o mesmo que seus personagens: Solidão. Afinal é ela própria, o seu tema central. A trilha é incrível, as atuações ótimas, boa fotografia, efeitos especiais funcionais, roteiro admirável. Clássico moderno do tema e estilo. Deve ser visto, repassado, revisto e muito mais: Sentido.
Jornada nas Estrelas: Primeiro Contato
3.6 59 Assista AgoraComo se faz um clássico? Alguns podem até reclamar da falta de ação ou de mais debates existenciais, filosóficos que comumente permeiam Star Trek e o gênero ficção científica no geral. Pra mim nada faltou. Esta tudo lá de maneira bem dosada. Ri quando quiseram me fazer rir, me emocionei quando assim quiseram e refleti durante toda a reprodução. Neste filme pude aproveitar tudo que me deram e na ordem que me deram. Está tudo certo. Neste filme tudo funciona. Será que isso já faz dele um filme perfeito e digno de minhas cinco estrelas? Com certeza um filme que cumpre tudo que promete e que após a exibição ainda continua sua jornada pela minha mente merece mais estrelas que a que remete o seu título. Ao menos aqui em casa ele já é um clássico.
Círculo de Fogo
3.8 2,6K Assista AgoraRoteiro raso? Sim, um tanto. Atuações razoáveis? Sim, concordo. Efeitos muito bons, mas design um tanto genérico? Não posso discordar por completo. Então porque gostei tanto deste filme ao ponto de dar gritinhos de "uh!" e "Dá no quengo dele!" ao longo da exibição? Simples. Cresci vendo Jaspion, Spectreman, Changeman, Godzila, Evangelion, Gundan Wing, Power Rangers, Cybercops, Ultraman. O filme é sim uma grande homenagem ao gênero tokusatsu - séries japonesas com efeitos especiais voltadas geralmente a ação. A referência é tão boa, tão bem colocada que acaba falando por si e ofuscando, sim, boa parte do que agora está sendo reproduzido em tela, porém não dá pra negar aquilo que causa em mim. Este é um filme com boas cenas de ação - mas, que não chegam a ser geniais ou mesmo ousadas - porém funciona muito mais como quesito nostálgico que qualquer outra coisa. Talvez não seja o mesmo pra você, se não compartilhas de um modelo de infância similar ao meu, mas se sente ao menos um quarto de saudade da extinta TV Manchete, vais sim querer vê-lo e aguardará incansavelmente um continuação, assim como eu.
O Filme Mais Idiota do Mundo
3.7 124Este filme tem um valor especial pra mim. Além de ser um caso ímpar na dublagem nacional - que beira o indevido, inclusive - ele foi o primeiro filme que vi na primeira TV colorida que meus pais tiveram. Só por isso já seria muito relevante pra mim, se não bastasse é ainda um debochado filme baseado em uma série de TV de "quase" ficção científica que trata de maneira cômica, outros filmes que o precederam. Ele pode deixar a dúvida se o que faz é de alguma forma desrespeitoso. A mim não importa sinceramente. Até porque provavelmente se não fosse por ele não veríamos os filmes "sacaneados". Ainda acho que, pelo menos neste caso, sacanear é a melhor forma de homenagem, pois garante a permanência daquele que é zoado na memória. Para o bem ou para o mal, mas ainda assim vivo.
29 Palms
3.1 34O maior incômodo deste filme é ser real. Tando o protagonista masculino quanto o feminino me fizeram sentir hora raiva, hora excitação (isto reservo mais a ela kkkkk), hora repulsa. Porque? Porque são reais, mas não apenas isso. A verdade é que este é sim um filme que tem a pretensão de fazer-te reavaliar a própria vida e, sim, me senti culpado ao término deste. Fez-me recordar todas aquelas vezes que fiz elogios ou juras de amor em nome de simples sexo, companhia ou a maior prova do egocentrismo natural dos humanos: sentir-se bem consigo mesmo. Se você acha que nunca o fizeste ou enganas-te a ti mesmo jurando que não, parabéns. Ou és um santo ou um charlatão. Não reconhecer a si mesmo, enquanto homem, quando chega o descer da navalha impulsiva é prova de ignorância, mal caráter, e falta de tato, sentimento. Ou quem sabe prova de que não passas de um reles humano. Obrigado por mais uma sessão Wesley PC!!!!!