A noite da diversidade cinematográfica na 90ª edição do Oscar honrou, claro, a diversidade! Muitas produções que valorizam as presenças negra e étnica, a homossexualidade, a transsexualidade, a força feminina e a luta contra a intolerância/assédio sexual foram contempladas. A pluralidade começa com “A Forma da Água”, uma produção norte-americana, do gênero fantasia, dirigida por um mexicano, que fala sobre um ‘Aquaman Amazônico’ (que é estudado por um cientista russo) que tem uma namoradinha muda, cujo melhor amigo é um homossexual, que faturou o prêmio máximo da noite.
A festa, também, foi de obviedades e poucas surpresas. Todos já sabiam 'o destino' de Gary Oldman e sua extraordinária maquiagem, a direção que Guillermo del Toro teria no evento (a quarta vitória de um mexicano), os anúncios vencedores da atriz Frances McDormand e seu coadjuvante Sam Rockwell, assim como a ‘mãe de Tonya’ Allison Janney, que voou mais alto sobre as concorrentes coadjuvantes. A Pixar também esteve bastante ‘viva’ e ‘animada’ festejando suas conquistas ao som da canção "Remember Me" ao lado da surpreendente ‘mulher fantástica’ chilena que ostentou seu prêmio de língua estrangeira.
As histórias do Oscar são fascinantes. Jordan Peele foi mais original ao ser anunciado como o (primeiro negro) vencedor de um dos roteiros da noite 'correndo' e ficando à frente de ‘doentes amorosos’, do 'homem anfíbio' e da 'mulher passarinho'. Eu até torci por uma 'grande jogada' de 'Wolverine', mas não teve mutante e muito menos 'artistas desastrados' que 'lacrimejaram sobre o Mississipi' para tirar o prêmio de James Ivory (89 anos) pelo roteiro adaptado de “Me Chame Pelo seu Nome”, o contemplado mais velho a ganhar o troféu dourado.
O Oscar é um evento elegante e com belos figurinos. Um deles foi costurado em 'tramas assustadoramente' impecáveis. A cerimônia também não erra em sua beleza estética, que o diga a premiada fotografia de "Blade Runner 2049" (finalmente, Roger Deakins!) que, ainda, superou a 'macacada em guerra' nos efeitos visuais. No entanto, a sequência de "o caçador de androides" não foi tão barulhenta quanto “Dunkirk” nas duas categorias de som. A batalha de “Dunkirk”, diga-se de passagem, foi bem montada, mas ficou a ver navios com a supremacia de "A Forma da Água" que levou a melhor na trilha sonora e no design de produção.
No final das contas, por mais que o Oscar não tenha cometido nenhuma gafe e tenha sido politicamente plural, as injustiças são inevitáveis, como a sonoridade de "Em ritmo de fuga" não ter levado nada e a não indicação de "Eu, Tonya" na categoria de Melhor Filme. Esses, pelo menos, foram indicados em alguns prêmios. O pior foram aqueles que mereciam nomeações e nem foram lembrados. Exemplos disso são o coadjuvante Patrick Stewart, o Professor Xavier de "Logan", e o nosso "Bingo", desqualificado em uma das pré-seleções do evento, que é melhor que qualquer um dos cinco estrangeiros selecionados.
Falando no Brasil, como sempre não deu em nada! O touro de Carlos Saldanha virou bezerro e o produtor brazuca, Rodrigo Teixeira, não ouviu ninguém 'chamar pelo seu nome' na categoria principal. Isso também mostra que a diversidade não atingiu a todos. Além disso, dos nove longas indicados como Melhor Filme, somente a produção da 'adolescente revoltadinha que se diz Lady' e o "The Post", de Spielberg, saíram de mãos abanando.
Os discursos de inclusão e as poderosas manifestações feministas são sinais positivos de mudanças na política da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas que está, cada vez mais, tentando abraçar a todos. A questão é saber por quanto tempo essa pluralidade irá perpetuar na maior festa do cinema norte-americano mundial.
Confira os vencedores:
Filme: A Forma da Água Diretor: Guillermo del Toro (A Forma da Água) Atriz: Frances McDormand (Três Anúncios para um Crime) Ator: Gary Oldman (O Destino de Uma Nação) Ator Coadjuvante: Sam Rockwell (Três Anúncios para um Crime) Atriz Coadjuvante: Allison Janney (Eu, Tonya) Roteiro Original: Corra! Roteiro Adaptado: Me Chame pelo Seu Nome Animação: Viva - A Vida é uma Festa Documentário em Curta-Metragem: Heaven is a Traffic Jam on the 405 Documentário em Longa-Metragem: Icarus Curta-Metragem: The Silent Child Filme Estrangeiro: Uma Mulher Fantástica (Chile) Curta em Animação: Dear Basketball Canção Original: "Remember Me" - Viva - A Vida é uma Festa Fotografia: Blade Runner 2049 (Roger Deakins) Figurino: Trama Fantasma Maquiagem e Cabelo: O Destino de Uma Nação Mixagem de Som: Dunkirk Edição de Som: Dunkirk Efeitos Visuais: Blade Runner 2049 Design de Produção: A Forma da Água Montagem: Dunkirk Trilha Sonora: A Forma da Água
Quantidade de estatuetas por filme:
A Forma da Água: 4 Oscars Dunkirk: 3 Oscars Blade Runner 2049: 2 Oscars Viva - a Vida é uma Festa: 2 Oscars O Destino de Uma Nação: 2 Oscars Três Anúncios para um Crime: 2 Oscars Me Chame pelo Seu Nome: 1 Oscar Corra!: 1 Oscar Eu, Tonya: 1 Oscar Trama Fantasma: 1 Oscar Uma Mulher Fantástica: 1 Oscar
Pode-se até desconfiar do sistema democrático do Oscar em nomear e eleger os melhores filmes da indústria cinematográfica (norte-americana), mas é inegável dizer que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas é extremamente política ou, pelo menos, tem sido política. É o que se percebe nas indicações do evento que completa 90 anos em 2018 e que acontece em 4 de março.
Há pontos positivos e negativos sobre essa postura. É notável privilegiar as tendências, movimentos ou modismo para dar um ar de diversidade. Entretanto, pode acontecer injustiças de quem merece ser indicado por competência e ficar de fora da premiação.
A diversidade segue ditando a política no Oscar. Assuntos como a homossexualidade, a intolerância e o preconceito racial ainda estão presentes na festa, mas não superam a força feminina. A mulher está em destaque, seja por competência, pela crítica ao assédio sexual que têm tomado os noticiários de Hollywood ou influenciada pelo fator ‘girl power’, que está cada vez mais popular e ‘cool’ dentro das produções.
Alguns exemplos podem ser notados. Dos nove filmes nomeados na categoria principal, quatro são protagonizados por mulheres. Além disso, há outros destaques, como a atriz e diretora Greta Gerwig, de “Lady Bird: é hora de voar”, que é a quinta mulher indicada na história da categoria de direção. Destaque, também, para a fotógrafa Rachel Morrison, de “Mudbound”, que se tornou a primeira mulher a ser nomeada a categoria de melhor fotografia.
Outros arquétipos de diversidade no Oscar são produções de temática homossexual, presente em filmes como “Me chame pelo seu nome” e “Uma mulher fantástica” (longa chileno indicado como melhor filme estrangeiro), e o comparecimento de afrodescendentes em diversas categorias importantes. Jordan Peele é o primeiro negro com três indicações por um mesmo filme: produtor, diretor e roteirista. Seu longa “Corra!”, inclusive, ainda indicou Daniel Kaluuya como melhor ator. Outros negros também foram agraciados com nomeações, como Denzel Washington (melhor ator por “Roman J. Israel, Esq.”), Mary J. Blige (atriz coadjuvante em “Mudbound”) e Octavia Spencer (atriz coadjuvante em “A forma da água”).
Para a nossa alegria, o Brasil estará na festa! O brasileiro Rodrigo Teixeira foi indicado ao prêmio máximo por produzir “Me chame pelo seu nome”. Façanha também conquistada por Carlos Saldanha, o diretor do longa “O Touro Ferdinando” nomeado na categoria de melhor animação. Esta é a segunda vez que Saldanha concorre à estatueta. A primeira vez foi em 2004 com o curta “Aventura perdida de Scrat”.
Como nos anos anteriores, o Oscar pode não surpreender tanto, a não ser que haja outra gafe histórica como foi em 2017. Se depender dos 'termômetros' da cerimônia, que são os prêmios dos sindicatos e que costumam ser prévias dos ganhadores da estatueta, o filme “A forma da água”, de Guillermo del Toro, nomeado em 13 categorias, tem tudo para ser o grande vencedor, isso se a tal veia política não influenciar no resultado.
Aliás, se o longa (“A forma da água”) sobre um monstro também se encaixa na diversidade como 'cinema de gênero' (além de "Corra!", outro exemplo é a indicação de "Logan" como melhor roteiro adaptado), então poderemos ver um Oscar diferente que poderá consagrar uma produção de fantasia nas principais categorias, fato raríssimo nos 90 anos de Academia. Vamos torcer para que as boas surpresas aconteçam e que vençam os melhores!
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Oscar 2018 (90ª Cerimônia)
3.3 8A noite da diversidade cinematográfica na 90ª edição do Oscar honrou, claro, a diversidade! Muitas produções que valorizam as presenças negra e étnica, a homossexualidade, a transsexualidade, a força feminina e a luta contra a intolerância/assédio sexual foram contempladas. A pluralidade começa com “A Forma da Água”, uma produção norte-americana, do gênero fantasia, dirigida por um mexicano, que fala sobre um ‘Aquaman Amazônico’ (que é estudado por um cientista russo) que tem uma namoradinha muda, cujo melhor amigo é um homossexual, que faturou o prêmio máximo da noite.
A festa, também, foi de obviedades e poucas surpresas. Todos já sabiam 'o destino' de Gary Oldman e sua extraordinária maquiagem, a direção que Guillermo del Toro teria no evento (a quarta vitória de um mexicano), os anúncios vencedores da atriz Frances McDormand e seu coadjuvante Sam Rockwell, assim como a ‘mãe de Tonya’ Allison Janney, que voou mais alto sobre as concorrentes coadjuvantes. A Pixar também esteve bastante ‘viva’ e ‘animada’ festejando suas conquistas ao som da canção "Remember Me" ao lado da surpreendente ‘mulher fantástica’ chilena que ostentou seu prêmio de língua estrangeira.
As histórias do Oscar são fascinantes. Jordan Peele foi mais original ao ser anunciado como o (primeiro negro) vencedor de um dos roteiros da noite 'correndo' e ficando à frente de ‘doentes amorosos’, do 'homem anfíbio' e da 'mulher passarinho'. Eu até torci por uma 'grande jogada' de 'Wolverine', mas não teve mutante e muito menos 'artistas desastrados' que 'lacrimejaram sobre o Mississipi' para tirar o prêmio de James Ivory (89 anos) pelo roteiro adaptado de “Me Chame Pelo seu Nome”, o contemplado mais velho a ganhar o troféu dourado.
O Oscar é um evento elegante e com belos figurinos. Um deles foi costurado em 'tramas assustadoramente' impecáveis. A cerimônia também não erra em sua beleza estética, que o diga a premiada fotografia de "Blade Runner 2049" (finalmente, Roger Deakins!) que, ainda, superou a 'macacada em guerra' nos efeitos visuais. No entanto, a sequência de "o caçador de androides" não foi tão barulhenta quanto “Dunkirk” nas duas categorias de som. A batalha de “Dunkirk”, diga-se de passagem, foi bem montada, mas ficou a ver navios com a supremacia de "A Forma da Água" que levou a melhor na trilha sonora e no design de produção.
No final das contas, por mais que o Oscar não tenha cometido nenhuma gafe e tenha sido politicamente plural, as injustiças são inevitáveis, como a sonoridade de "Em ritmo de fuga" não ter levado nada e a não indicação de "Eu, Tonya" na categoria de Melhor Filme. Esses, pelo menos, foram indicados em alguns prêmios. O pior foram aqueles que mereciam nomeações e nem foram lembrados. Exemplos disso são o coadjuvante Patrick Stewart, o Professor Xavier de "Logan", e o nosso "Bingo", desqualificado em uma das pré-seleções do evento, que é melhor que qualquer um dos cinco estrangeiros selecionados.
Falando no Brasil, como sempre não deu em nada! O touro de Carlos Saldanha virou bezerro e o produtor brazuca, Rodrigo Teixeira, não ouviu ninguém 'chamar pelo seu nome' na categoria principal. Isso também mostra que a diversidade não atingiu a todos. Além disso, dos nove longas indicados como Melhor Filme, somente a produção da 'adolescente revoltadinha que se diz Lady' e o "The Post", de Spielberg, saíram de mãos abanando.
Os discursos de inclusão e as poderosas manifestações feministas são sinais positivos de mudanças na política da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas que está, cada vez mais, tentando abraçar a todos. A questão é saber por quanto tempo essa pluralidade irá perpetuar na maior festa do cinema norte-americano mundial.
Confira os vencedores:
Filme: A Forma da Água
Diretor: Guillermo del Toro (A Forma da Água)
Atriz: Frances McDormand (Três Anúncios para um Crime)
Ator: Gary Oldman (O Destino de Uma Nação)
Ator Coadjuvante: Sam Rockwell (Três Anúncios para um Crime)
Atriz Coadjuvante: Allison Janney (Eu, Tonya)
Roteiro Original: Corra!
Roteiro Adaptado: Me Chame pelo Seu Nome
Animação: Viva - A Vida é uma Festa
Documentário em Curta-Metragem: Heaven is a Traffic Jam on the 405
Documentário em Longa-Metragem: Icarus
Curta-Metragem: The Silent Child
Filme Estrangeiro: Uma Mulher Fantástica (Chile)
Curta em Animação: Dear Basketball
Canção Original: "Remember Me" - Viva - A Vida é uma Festa
Fotografia: Blade Runner 2049 (Roger Deakins)
Figurino: Trama Fantasma
Maquiagem e Cabelo: O Destino de Uma Nação
Mixagem de Som: Dunkirk
Edição de Som: Dunkirk
Efeitos Visuais: Blade Runner 2049
Design de Produção: A Forma da Água
Montagem: Dunkirk
Trilha Sonora: A Forma da Água
Quantidade de estatuetas por filme:
A Forma da Água: 4 Oscars
Dunkirk: 3 Oscars
Blade Runner 2049: 2 Oscars
Viva - a Vida é uma Festa: 2 Oscars
O Destino de Uma Nação: 2 Oscars
Três Anúncios para um Crime: 2 Oscars
Me Chame pelo Seu Nome: 1 Oscar
Corra!: 1 Oscar
Eu, Tonya: 1 Oscar
Trama Fantasma: 1 Oscar
Uma Mulher Fantástica: 1 Oscar
Oscar 2018 (90ª Cerimônia)
3.3 8Pode-se até desconfiar do sistema democrático do Oscar em nomear e eleger os melhores filmes da indústria cinematográfica (norte-americana), mas é inegável dizer que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas é extremamente política ou, pelo menos, tem sido política. É o que se percebe nas indicações do evento que completa 90 anos em 2018 e que acontece em 4 de março.
Há pontos positivos e negativos sobre essa postura. É notável privilegiar as tendências, movimentos ou modismo para dar um ar de diversidade. Entretanto, pode acontecer injustiças de quem merece ser indicado por competência e ficar de fora da premiação.
A diversidade segue ditando a política no Oscar. Assuntos como a homossexualidade, a intolerância e o preconceito racial ainda estão presentes na festa, mas não superam a força feminina. A mulher está em destaque, seja por competência, pela crítica ao assédio sexual que têm tomado os noticiários de Hollywood ou influenciada pelo fator ‘girl power’, que está cada vez mais popular e ‘cool’ dentro das produções.
Alguns exemplos podem ser notados. Dos nove filmes nomeados na categoria principal, quatro são protagonizados por mulheres. Além disso, há outros destaques, como a atriz e diretora Greta Gerwig, de “Lady Bird: é hora de voar”, que é a quinta mulher indicada na história da categoria de direção. Destaque, também, para a fotógrafa Rachel Morrison, de “Mudbound”, que se tornou a primeira mulher a ser nomeada a categoria de melhor fotografia.
Outros arquétipos de diversidade no Oscar são produções de temática homossexual, presente em filmes como “Me chame pelo seu nome” e “Uma mulher fantástica” (longa chileno indicado como melhor filme estrangeiro), e o comparecimento de afrodescendentes em diversas categorias importantes. Jordan Peele é o primeiro negro com três indicações por um mesmo filme: produtor, diretor e roteirista. Seu longa “Corra!”, inclusive, ainda indicou Daniel Kaluuya como melhor ator. Outros negros também foram agraciados com nomeações, como Denzel Washington (melhor ator por “Roman J. Israel, Esq.”), Mary J. Blige (atriz coadjuvante em “Mudbound”) e Octavia Spencer (atriz coadjuvante em “A forma da água”).
Para a nossa alegria, o Brasil estará na festa! O brasileiro Rodrigo Teixeira foi indicado ao prêmio máximo por produzir “Me chame pelo seu nome”. Façanha também conquistada por Carlos Saldanha, o diretor do longa “O Touro Ferdinando” nomeado na categoria de melhor animação. Esta é a segunda vez que Saldanha concorre à estatueta. A primeira vez foi em 2004 com o curta “Aventura perdida de Scrat”.
Como nos anos anteriores, o Oscar pode não surpreender tanto, a não ser que haja outra gafe histórica como foi em 2017. Se depender dos 'termômetros' da cerimônia, que são os prêmios dos sindicatos e que costumam ser prévias dos ganhadores da estatueta, o filme “A forma da água”, de Guillermo del Toro, nomeado em 13 categorias, tem tudo para ser o grande vencedor, isso se a tal veia política não influenciar no resultado.
Aliás, se o longa (“A forma da água”) sobre um monstro também se encaixa na diversidade como 'cinema de gênero' (além de "Corra!", outro exemplo é a indicação de "Logan" como melhor roteiro adaptado), então poderemos ver um Oscar diferente que poderá consagrar uma produção de fantasia nas principais categorias, fato raríssimo nos 90 anos de Academia. Vamos torcer para que as boas surpresas aconteçam e que vençam os melhores!