Os trabalhos de Kevin McTurk, centrados em fantoches, são um primor de concepção e direção de arte. Este 'Haunted Swordsman' se inspira no folclore e faz homenagem aos clássicos filmes do cinema japonês (Onibaba, Kwaidan), além do uso de bonecos do clássico teatro de bonecos japonês Bunraku. O filme termina sem conclusão da história, o que é curioso, já que inicia literalmente com o personagem principal escalando um penhasco ('cliffhanger').
Se em seus longas mais celebrados Chantal imprime uma construção lenta e metódica, neste curta tudo é ritmado numa alta rotação e imprevisibilidade quase beirando uma comédia screwball. Chantal tinha um controle de ritmo fantástico.
O melhor dentre os curtas documentários do Oscar. Construção sólida de uma tragédia contada em poucos minutos. O contexto somente ao final talvez seja apenas para os mais desavisados, mas ainda assim necessário em um mundo de tanta desinformação (digital). A figura do biólogo me deixou intrigado. Pareceu-me desolado, sem muito mais empatia com uma situação que testemunha cada vez agravada a cada ano. Poderia ter sido entrevistado? Talvez, mas o foco aqui não era ele e sim as morsas e sua tragédia causada pelo impacto humano do mundo moderno. Usa bem o mantra "show, don't tell". No cinema a imagem é melhor que a palavra.
Filme de graduação de Joanna Hogg. Em seus semi-autobiográficos filmes The Souvenir (1 e 2) este filme é referenciado, ainda que representado por outra produção. Uma crítica à cultura narcisista e consumista de massa (a cultura da moda), completamente impregnada com o tom cômico e estética pop dos anos 80 (o filme é de '86). Medíocre. Vale como curiosidade em ver uma Tilda (ainda creditada como Mathilda Swinton) em começo de carreira. Bem diferente das produções pelas quais ela e a própria diretora seriam reconhecidas posteriormente.
Um meta-documentário sobre um filme perdido. Uma homenagem à memória, fragmentada. Uma animação abstrata de um material decadente. Um olhar sobre a transitoriedade e materialidade das coisas. Lindo e melancólico. Poderia assistir por mais de uma hora, se houvesse uma hora de material sobrevivente.
Boas intenções nem sempre se traduzem em bons filmes. Produção que se sustenta apenas pela denúncia de uma tradição imbuída de violência e pela sua narrativa linear, folhetinesca. Não há qualquer maior esforço artístico que seja. Não há maior preocupação com mise-en-scène ou com um discurso que dialogue com outras camadas. Há muitos momentos de câmera na mão, produzindo imagens trêmulas. Tal recurso, por mais que remeta a uma expressão de filme documental, acentuando o aspecto de denúncia, é um atalho fácil e batido que acrescenta pouco ao filme. Ainda que seja um curta-metragem, pareceu-me ter me consumido muito mais do meu tempo.
Não compactuo com o ideário de Yukio Mishima, com suas tintas fascistas e idealizadas de um império, mas não há como negar que era um artista de extremo talento e apuro técnico em tudo que fazia, seja na literatura, teatro ou cinema. Nunca uma cena de seppuku foi tão realista e detalhista como essa, e ainda que extremamente explícita na violência do ato, também poética no contexto (a sinceridade está nas vísceras segundo os preceitos do bushidô, código samurai do qual Mishima era um apaixonado e fiel seguidor). Perturbador como o vemos encenar algo que faria depois na vida real. Um artista que acreditava realmente naquilo que escrevia.
Achei que faltou imaginação ou mesmo capacidade técnica para traduzir o roteiro em imagens mais pungentes, tendo em comparação outros filmes surrealistas que viriam a ser produzidos na época. O próprio Antonin Artaud, autor do roteiro, não gostou do resultado final. Ainda assim, é um filme que merece ser visto por inaugurar o movimento surrealista no cinema.
Um belo exercício de montagem e composição rítmica aliado a um estilo vertoviano do cinema-olho (kino-eye). O filme parece tratar do contraste de movimentos opostos (cenas do bonde viajando com sentidos ou pontos de vista diferentes), contrabalanceado por cenas de cenários inertes ou personagens em repouso (água parada, gente cochilando), que no final se cristaliza na figura de um doppelganger que toma um destino oposto de sua versão espelhada. Uma das últimas cenas é um belíssimo take do caminhante refletido na água, que juntamente com outras cenas com o mesmo elemento, pontua essa ideia de mundo espelhado. Historicamente também é interessante por invocar, aos olhos de hoje, uma certa calmaria cismática; visto que, não muito tempo depois, Praga, palco desta obra, seria invadida pela Wehrmacht.
Sobre este filme disse Man Ray: “Não havia cenário, tudo seria improvisado.” Disse ainda que pretendia que o filme fosse visto como uma série de "sequências oníricas sem lógica aparente e total desrespeito pela narrativa convencional". Ainda assim consigo ver algum sentido minimamente lógico em certas passagens. Com o uso de várias técnicas fotográficas, Man Ray consegue desvincular os objetos de sua representação e significação original, transformando-os em figuras plásticas e quase gasosas, tais como sílfides a surgir diante de nossos olhos, que semioticamente oferecem uma experiência interessante de se observar. Em um certo trecho do filme uma série de objetos são acrescidos logicamente até chegar em um ponto de ruptura dessa ordem com a formação de um objeto singular e bizarro. Ainda que se possa achar alguma lógica nessas imagens, o intuito, como o próprio autor descreve sua obra, é não vinculá-las a essa linha de pensamento, e nisto tem êxito. Imagens surgem e desvanecem aleatoriamente, tais quais as provindas dos sonhos, frutos do inconsciente. Por vezes me perguntei como havia surgido determinadas figuras de luz e sombra, com formas elegantes e transmorfas a bailar. Emak-Bakia é experiência sensorial magnífica. Um dos mais belos trabalhos surrealistas do cinema.
Curta que cai em um comum problema de adaptação dos contos de Poe: as imagens criadas não correspondem a profundidade e transcendentalidade da rítmica conjunção de palavras do escritor (tendo em vista o original em inglês, principalmente). Ainda neste sentido, a narração na obra literária é feita pelo próprio personagem (Egeu), e as impressões por ele ditas sobre Berenice dão mais elementos para observação da perturbação mental que uma descrição da pessoa em si. Ao colocar esse escopo em forma de imagem, vejo que Rohmer não conseguiu transmitir tal sentimento e atmosfera. O ritmo, que aqui seria dado pela montagem, também não é satisfatório o suficiente. As, falas, entretanto, são em certa medida bastante fieis as do conto, com toda a sua elegância narrativa. Vale como curiosidade de um diretor ainda em desenvolvimento de uma linguagem autoral.
Fora o visual interessante, claramente chupado de Moebius (Arzach), e mostrar um Brasil desértico pós-apocalíptico comandado por um regime totalitário de robôs (menos profético sobre o atual rumo do país que influência do filme Brazil, de Terry Gilliam, lançado pouco tempo antes dessa produção), não há muito o que ver aqui. Um fiapo de história que serve apenas para mostrar muito combate e explosões multicoloridas, e como de praxe nas produções da época, um pouco de fan service em relação a personagem feminina. Como é bem curto, talvez valha ser assistido a título de curiosidade.
Primeiro trabalho solo do gênio da animação japonesa, Hayao Miyazaki. Piloto de uma série que nunca foi ao ar (mais parece um teaser), baseado no mangá de Tetsuya Chiba. Nada demais, mas vale como curiosidade para fãs do diretor e da animação japonesa.
The Haunted Swordsman
3.6 1Os trabalhos de Kevin McTurk, centrados em fantoches, são um primor de concepção e direção de arte. Este 'Haunted Swordsman' se inspira no folclore e faz homenagem aos clássicos filmes do cinema japonês (Onibaba, Kwaidan), além do uso de bonecos do clássico teatro de bonecos japonês Bunraku. O filme termina sem conclusão da história, o que é curioso, já que inicia literalmente com o personagem principal escalando um penhasco ('cliffhanger').
Tenho Fome, Tenho Frio
3.9 2Se em seus longas mais celebrados Chantal imprime uma construção lenta e metódica, neste curta tudo é ritmado numa alta rotação e imprevisibilidade quase beirando uma comédia screwball. Chantal tinha um controle de ritmo fantástico.
Haulout
3.4 32O melhor dentre os curtas documentários do Oscar. Construção sólida de uma tragédia contada em poucos minutos. O contexto somente ao final talvez seja apenas para os mais desavisados, mas ainda assim necessário em um mundo de tanta desinformação (digital). A figura do biólogo me deixou intrigado. Pareceu-me desolado, sem muito mais empatia com uma situação que testemunha cada vez agravada a cada ano. Poderia ter sido entrevistado? Talvez, mas o foco aqui não era ele e sim as morsas e sua tragédia causada pelo impacto humano do mundo moderno. Usa bem o mantra "show, don't tell". No cinema a imagem é melhor que a palavra.
Train Again
3.5 3Não recomendável para quem tem siderodromofobia.
Caprice
3.5 6Filme de graduação de Joanna Hogg. Em seus semi-autobiográficos filmes The Souvenir (1 e 2) este filme é referenciado, ainda que representado por outra produção. Uma crítica à cultura narcisista e consumista de massa (a cultura da moda), completamente impregnada com o tom cômico e estética pop dos anos 80 (o filme é de '86). Medíocre. Vale como curiosidade em ver uma Tilda (ainda creditada como Mathilda Swinton) em começo de carreira. Bem diferente das produções pelas quais ela e a própria diretora seriam reconhecidas posteriormente.
Flame
3.5 2Um meta-documentário sobre um filme perdido. Uma homenagem à memória, fragmentada. Uma animação abstrata de um material decadente. Um olhar sobre a transitoriedade e materialidade das coisas. Lindo e melancólico. Poderia assistir por mais de uma hora, se houvesse uma hora de material sobrevivente.
Suicide Mouse
2.0 22o desenho mais infantil do mickey.
Nice Day for a Picnic
3.5 8Parece ter sido inspirado por essa outra animação aqui: https://filmow.com/revolver-t338291/ (filme completo no 'trailer')
Sailing with Bushnell Keeler
2.5 2Um vídeo caseiro. Mas é muito interessante que já se vislumbra muito do estilo que viria a ser usado em seus filmes profissionais.
Ala Kachuu - Take and Run
3.9 31 Assista AgoraBoas intenções nem sempre se traduzem em bons filmes. Produção que se sustenta apenas pela denúncia de uma tradição imbuída de violência e pela sua narrativa linear, folhetinesca. Não há qualquer maior esforço artístico que seja. Não há maior preocupação com mise-en-scène ou com um discurso que dialogue com outras camadas. Há muitos momentos de câmera na mão, produzindo imagens trêmulas. Tal recurso, por mais que remeta a uma expressão de filme documental, acentuando o aspecto de denúncia, é um atalho fácil e batido que acrescenta pouco ao filme. Ainda que seja um curta-metragem, pareceu-me ter me consumido muito mais do meu tempo.
Commodity City
3.0 1Filme completo no link do trailer.
Colza
3.5 1o 'trailer' é o filme completo.
We Were There to Be There
3.5 1Filme completo no link do trailer.
Oito Universitários
3.9 3cadastro duplicado
Rito de Amor e de Morte
4.5 16Não compactuo com o ideário de Yukio Mishima, com suas tintas fascistas e idealizadas de um império, mas não há como negar que era um artista de extremo talento e apuro técnico em tudo que fazia, seja na literatura, teatro ou cinema. Nunca uma cena de seppuku foi tão realista e detalhista como essa, e ainda que extremamente explícita na violência do ato, também poética no contexto (a sinceridade está nas vísceras segundo os preceitos do bushidô, código samurai do qual Mishima era um apaixonado e fiel seguidor). Perturbador como o vemos encenar algo que faria depois na vida real. Um artista que acreditava realmente naquilo que escrevia.
A Concha e o Clérigo
3.7 9Achei que faltou imaginação ou mesmo capacidade técnica para traduzir o roteiro em imagens mais pungentes, tendo em comparação outros filmes surrealistas que viriam a ser produzidos na época. O próprio Antonin Artaud, autor do roteiro, não gostou do resultado final. Ainda assim, é um filme que merece ser visto por inaugurar o movimento surrealista no cinema.
Aimless Walk
3.6 2Um belo exercício de montagem e composição rítmica aliado a um estilo vertoviano do cinema-olho (kino-eye). O filme parece tratar do contraste de movimentos opostos (cenas do bonde viajando com sentidos ou pontos de vista diferentes), contrabalanceado por cenas de cenários inertes ou personagens em repouso (água parada, gente cochilando), que no final se cristaliza na figura de um doppelganger que toma um destino oposto de sua versão espelhada. Uma das últimas cenas é um belíssimo take do caminhante refletido na água, que juntamente com outras cenas com o mesmo elemento, pontua essa ideia de mundo espelhado. Historicamente também é interessante por invocar, aos olhos de hoje, uma certa calmaria cismática; visto que, não muito tempo depois, Praga, palco desta obra, seria invadida pela Wehrmacht.
Não Me Incomode
3.9 13Sobre este filme disse Man Ray: “Não havia cenário, tudo seria improvisado.” Disse ainda que pretendia que o filme fosse visto como uma série de "sequências oníricas sem lógica aparente e total desrespeito pela narrativa convencional".
Ainda assim consigo ver algum sentido minimamente lógico em certas passagens. Com o uso de várias técnicas fotográficas, Man Ray consegue desvincular os objetos de sua representação e significação original, transformando-os em figuras plásticas e quase gasosas, tais como sílfides a surgir diante de nossos olhos, que semioticamente oferecem uma experiência interessante de se observar. Em um certo trecho do filme uma série de objetos são acrescidos logicamente até chegar em um ponto de ruptura dessa ordem com a formação de um objeto singular e bizarro. Ainda que se possa achar alguma lógica nessas imagens, o intuito, como o próprio autor descreve sua obra, é não vinculá-las a essa linha de pensamento, e nisto tem êxito. Imagens surgem e desvanecem aleatoriamente, tais quais as provindas dos sonhos, frutos do inconsciente. Por vezes me perguntei como havia surgido determinadas figuras de luz e sombra, com formas elegantes e transmorfas a bailar. Emak-Bakia é experiência sensorial magnífica. Um dos mais belos trabalhos surrealistas do cinema.
Bérénice
3.2 5Curta que cai em um comum problema de adaptação dos contos de Poe: as imagens criadas não correspondem a profundidade e transcendentalidade da rítmica conjunção de palavras do escritor (tendo em vista o original em inglês, principalmente). Ainda neste sentido, a narração na obra literária é feita pelo próprio personagem (Egeu), e as impressões por ele ditas sobre Berenice dão mais elementos para observação da perturbação mental que uma descrição da pessoa em si. Ao colocar esse escopo em forma de imagem, vejo que Rohmer não conseguiu transmitir tal sentimento e atmosfera. O ritmo, que aqui seria dado pela montagem, também não é satisfatório o suficiente. As, falas, entretanto, são em certa medida bastante fieis as do conto, com toda a sua elegância narrativa. Vale como curiosidade de um diretor ainda em desenvolvimento de uma linguagem autoral.
Tesla: Luz Mundial
3.7 1Muito bom. Lembra um pouco os experimentalismos gráficos de Walter Ruttmann e Hans Richter.
O Dragão do Céu
3.1 4Fora o visual interessante, claramente chupado de Moebius (Arzach), e mostrar um Brasil desértico pós-apocalíptico comandado por um regime totalitário de robôs (menos profético sobre o atual rumo do país que influência do filme Brazil, de Terry Gilliam, lançado pouco tempo antes dessa produção), não há muito o que ver aqui. Um fiapo de história que serve apenas para mostrar muito combate e explosões multicoloridas, e como de praxe nas produções da época, um pouco de fan service em relação a personagem feminina. Como é bem curto, talvez valha ser assistido a título de curiosidade.
O Sol de Yuki
3.1 16 Assista AgoraPrimeiro trabalho solo do gênio da animação japonesa, Hayao Miyazaki. Piloto de uma série que nunca foi ao ar (mais parece um teaser), baseado no mangá de Tetsuya Chiba. Nada demais, mas vale como curiosidade para fãs do diretor e da animação japonesa.
Kitbull
4.5 148 Assista AgoraAcho que é a primeira animação (tirando Simon's Cat) que pega bem os trejeitos de um bichano.
Fim de Tarde
4.4 90Lembrou-me de outra animação, o espanhol Rugas (baseada em hq do mesmo nome).