Filmes heréticos me incomodam muito, claro. Mas reconheço que este é um bom filme. O musical foi um marco do teatro e rodou o mundo antes de virar filme. É muito ousado e criativo, mostrando os últimos dias de Jesus numa ópera-rock, e do ponto de vista de Judas Iscariotes; esse Judas é o melhor personagem do filme.
Um bom filme em que o Fassbinder consegue transportar para a tela todo o clima da Alemanha na época. Isso é sentido nas pessoas e na própria arquitetura. O ambiente é extremamente decadente e pouco amigável.
Almas Gêmeas (Heavenly Creatures, 1994), é o terceiro e elogiado filme de Peter Jackson, sendo considerado por muitos seu filme mais complexo, mais ainda que a trilogia O Senhor dos Anéis; não concordo com essa opinião, talvez seja o roteiro mais complexo, mas não o filme mais complexo, há uma diferença aí. O filme conta a história da uma grande e estranha amizade que terá trágicas conseqüências. A história começa em 1952, mostrando a vida pacata e banal de uma localidade da Nova Zelândia, antes de se descortinar o crime que chocou o país. Pauline é uma retraída jovem de 14 anos que vê sua vida mudar com a chegada de Juliet, uma jovem inteligente e muito vivaz. Pauline se encanta de cara com Juliet, dando início a uma profunda amizade, mostrada entre 1953 e 1954. Para Pauline, tão reclusa em si mesma, conhecer alguém com quem tenha afinidades, como o gosto por leituras sobre Biggles, é algo novo e delicioso. Ao saber que Juliet ama o tenor italiano Mario Lanza, Pauline volta pra casa em êxtase e corre para ouvir o tenor, que também ama. Esse tipo de cumplicidade na juventude é algo muito poderoso. Juliet é “desvirtuante” e tem um certo desequilíbrio que transmite a Pauline. A amizade torna-se cada vez mais forte, indo muito além da simples amizade para torna-se um amor obsessivo. Uma trilha sonora vigorosa, com muito de Mario Lanza, embala-as sempre mostradas em movimento num mundo só delas, que o chamam de quarto mundo, para onde fogem da realidade de um mundo cheio de pessoas que segundo Pauline “Notamos como é triste para os outros não poderem reconhecer nossa genialidade”. Há outros trechos tirados do diário da própria Pauline; ela ganha o diário do pai na noite de Natal e passa a relatar toda sua amizade com Juliet. Esse diário teve serventia para muita gente: para Pauline, que despejava nele todo o fogo dessa paixão; para a polícia, como prova do crime cometido pelas amigas; e por Peter Jackson, que se baseou nele para escrever, junto com a esposa, o roteiro original do filme, roteiro indicado ao Oscar. O filme é contado pela ótica de Pauline e a narração usa trechos do diário. Além do diário, outros elementos reais usados por Jackson, foram os locais em que aconteceram os fatos e que ele usou como locações. A mãe de Pauline, feita pela ótima Sarah Peirse, é a primeira que sente o mal dessa amizade. Ela será o objeto em que Pauline descarregará mais tarde todo seu ódio pelos obstáculos que impedem a plenitude de seu amor com Juliet. O pai de Juliet é outro que percebe algo não saudável com as duas amigas e decide junto com os país de Pauline pela consulta de um especialista. O diagnóstico é bombástico: homossexualidade. Tudo concorre para separá-las, a proibição da família de que se vejam, a tuberculose de Juliet (“Seria ótimo se eu tivesse com tuberculose também”), que a obriga a internação, a futura viagem forçada de Juliet para a África do Sul e até um certo pretendente ao amor de Pauline, o que enche Juliet de temor. Mas nada será mais forte que o amor das duas. Jackson, que desde cedo tem mostrado um gosto pela fantasia, mostra com muita criatividade o mundo particular para onde as personagens fogem, ou para se amar (uma ousadia de Jackson) ou para matarem seus desafetos. As duas, nesses momentos de fantasia, são mostradas sob uma luz mágica, onírica, que as torna celestes. Há uma divertida evocação a Orson Welles, que Juliet odeia por ser um homem pavoroso e que Pauline, confessa no diário, que adora, talvez por identificação. Há um cuidado com a reconstituição de época e Jackson dirige o filme salpicando aqui e ali um detalhe, como se nos indicasse que tal hora ou que tal objeto tivessem destaque no diário de Pauline. A sequência final é em tom de primoroso suspense. O crime bárbaro acontece, e somos informados que o júri recusou a alegação de insanidade das duas, apesar dos sinais de evidentes de perturbação, como, por exemplo, a grande indiferença de Pauline horas antes do crime, chagando a anotar no diário “O dia do grande acontecimento”. Não podendo ser condenadas a morte por serem muito jovens, elas cumprem suas penas e ambas são soltas em 1959, com a condição de nunca mais se encontrarem. O filme é bem conduzido, bem escrito, ganhou vários prêmios pelo mundo e foi uma ótima estréia da nossa querida Kate Winslet no cinema. A atriz Melaine Lynskey também está ótima como a reclusa Pauline. E com as palavras de Pauline termino: “Descobrimos por que temos essa telepatia e por que as pessoas nos tratam assim. É porque somos loucas! Completamente loucas!”
A história até assusta em alguns momentos, por ser tão mórbida. Mas no todo, o filme é fraco. Eu já ouvi dizer que há registros de casos assim na medicina (não a parte do assombro, mas a dos fetos), porém nunca procurei comprovar.
Um bom filme que consegue emocionar. O final não chega a ser uma grande surpresa, apesar de causar compaixão. Uma cena que mexeu comigo: o menino alemão pergunta pro outro, que está no campo de concentração, "mas o que foi que você fez pra está aí?" e a resposta "Eu sou judeu". Tanto a pergunta como a resposta foram ditas como tamanha ingenuidade que me emocionou. Imagino que no livro, isso deve ser imensamente mais bonito e comovente. Quero ler.
Cher, Winona Ryder e Christina Ricci juntas neste ótimo filme que acompanhou a adolescência de muitos de nós, graças a sessão da tarde, que hoje relamente não passa o que prste.
Outro filme que passou muito na sessão da tarde. Assistia quando muito criança e não entendia bem o porquê do rosto do rapaz. Cresci e entendi. E me emocionei muito várias vezes. Cher ganhou melhor atriz em Cannes com este filme; ninguém nega que ela é ótima atriz assim como ótima cantora, apesar da estranheza.
Este filme passou muito na sessão da tarde. Interessante como Cher é boa atriz e não faz muitos filmes; ela consegue fazer rir nesta comédia romântica, mesmo sua personagem não sendo uma mulher que prime pelo bom humor. Ela conseguiu um feito e tanto ganhando o Oscar com este filme, já que a Academia não premia muito as comédias.
Vejo, pela lista abaixo, que só as mulheres gostaram do filme. Os homens não são românticos? Pelo menos eu sou e gosto muito de comédias românticas. Este filme agrada muito, com seu jeito diferente de contar um conto de fadas. A Drew Barrymore como sempre mandando muito bem nas comédias.
Não conseguiram chegar perto dos livros, mas ainda assim não é ruim. Tem um bom elenco e algumas cenas interessantes como o sensualíssimo ritual do enlace entre irmão e irmã.
Tentaram passar uma imagem boa ou má dos Hooligans? O filme valoriza tanto a amizade e a lealdade deles... Deviam ter pego mais pesado na violência e mostrá-los como realmente são.
Versão de 1991 para o clássico filme de 1962. A história é seguida sem modificações e conta com ótimas atuações, já que se trata de Vanessa e Lynn Redgrave. As duas são irmãs na vida real e fazem um bom trabalho neste pequeno filme feito para a TV.
O inglês Mike Leigh é um dos cineastas mais brilhantes da atualidade. Sempre acerta em seus filmes, alguns são obras-primas, como Naked e Segredos e Mentiras. Outros destaques importantes são Topsy-Turvy – O Espetáculo e O Segredo de Vera Drake. Desta vez quero falar do seu mais recente filme, Simplesmente Feliz. Simplesmente Feliz é um filme especial, diferente, curioso e ótimo além de tudo. O roteiro original indicado ao Oscar, roteiro do próprio Mike Leigh, nos apresenta Pauline, a Poppy; uma mulher que decidiu adotar uma filosofia de vida: ser feliz. Malgrado seu o mundo em que ela vive anda meio desacreditado de que uma coisa como a felicidade ainda exista. Toda tentativa de Poppy de ser legal com os outros soa para eles como algum tipo de amolação. O início do filme já deixa clara a atitude da personagem diante da vida, quando em uma livraria ela insiste em ser simpática com um alheio livreiro assistente com humor de bibliotecário e, principalmente, quando diante de um livro chamado The Road to Reality (A Rua para a Realidade) ela diz: “Não quero ir para lá” e dá um risinho. Lembra um pouco Blanche DuBois no filme Uma Rua Chamada Pecado, quando ela diz “Não quero realidade. Quero magia”. Mas, ao contrário de Blanche, Poppy não tem traumas nem lhe falta um pouco de sanidade. Poppy, apesar de desengonçada e do figurino de gosto duvidoso, é lúcida e inteligente e percebe que sua atitude é encarada com estranheza, mas não desiste de ser como é, não porque ache que vá mudar o mundo mas porque ela gosta de ser simplesmente feliz, apesar dos outros. Essa felicidade toda torna-se, na maior parte do tempo, algo irritante para alguns personagens do filme e para muitos espectadores que não entenderam a mensagem do filme. Poppy passa quase todo o filme rindo e fazendo piadas com tudo. Até quando a coisa aperta ela ri, só que nervosamente. Mérito de Leigh e da excelente atriz Sally Hawkins. A atriz ganhou o Globo de Ouro por este papel. Há momentos cômicos, como a patética cena da professora de flamenco; e há momentos em que a felicidade inabalável de Poppy é posta em prova. São nesses momentos que vemos que Poppy não tem nada de boba e tem uma perfeita noção da dureza da realidade: o menino que bate nos coleguinhas; a visita à irmã mais velha; a estranha cena com um mendigo, e principalmente sua briga com Scott, o instrutor da auto-escola. O instrutor é feito pelo ótimo Eddie Marsan, e é o oposto de Poppy no filme. Ao contrario dela ele é mal-humorado e sempre vê o lado negativo da vida. Esses opostos se completam, mas não vencem um ao outro, o que faz a sensata Poppy se afastar e seguir sua vida. Ela termina o filme como começou, feliz e dizendo para todos um desconfortante “continue feliz”.
PS: Nos laboratórios de informática do Centro de Artes e Comunicação, onde estudo, há um monitor, o querido Leonardo, que quando as pessoas acabam seus horários e vão embora, ele se despede dizendo “seja feliz”. E as pessoas o olham desconfiadas achando sempre que ele está zombando delas. Um dia ele confessou que fica triste com essa atitude, quando o que ele deseja é totalmente sincero. Parece que no mundo cético de hoje a felicidade se tornou uma utopia. Isso é pior do que a indagação de Macabéia no livro de Clarisse Lispector, A Hora da Estrela. Quando ela pergunta “Ser feliz serve de que?” ela faz uma indagação sobre algo cuja significação lhe escapa. Enquanto nós sabemos o que significa ser feliz. Só que achamos que isso é coisa dificílima de conseguir, quando difícil mesmo é enxergar que muitas vezes já o somos sem perceber. Então talvez não saibamos de fato o que é ser feliz. Que forma triste de ignorância. Leiam abaixo o soneto narrativo de Guilherme de Almeida:
Felicidade
Ela veio bater à minha porta e falou-me, a sorrir, subindo a escada: "Bom dia, árvore velha e desfolhada!" E eu respondi: "Bom dia, folha morta!"
Entrou: e nunca mais me disse nada... Até que um dia (quando, pouco importa!) houve canções na ramaria torta e houve bandos de noivos pela estrada...
Então, chamou-me e disse: "Vou-me embora! Sou a Felicidade! Vive agora da lembrança do muito que te fiz!"
E foi assim que, em plena primavera, só quando ela partiu, contou quem era... E nunca mais eu me senti feliz!
Lendas da Vida
3.4 75Médio.
Jesus Cristo Superstar
3.8 186 Assista AgoraFilmes heréticos me incomodam muito, claro. Mas reconheço que este é um bom filme. O musical foi um marco do teatro e rodou o mundo antes de virar filme. É muito ousado e criativo, mostrando os últimos dias de Jesus numa ópera-rock, e do ponto de vista de Judas Iscariotes; esse Judas é o melhor personagem do filme.
O Casamento de Maria Braun
4.1 58Um bom filme em que o Fassbinder consegue transportar para a tela todo o clima da Alemanha na época. Isso é sentido nas pessoas e na própria arquitetura. O ambiente é extremamente decadente e pouco amigável.
Almas Gêmeas
3.8 438Criaturas Celestes
Almas Gêmeas (Heavenly Creatures, 1994), é o terceiro e elogiado filme de Peter Jackson, sendo considerado por muitos seu filme mais complexo, mais ainda que a trilogia O Senhor dos Anéis; não concordo com essa opinião, talvez seja o roteiro mais complexo, mas não o filme mais complexo, há uma diferença aí. O filme conta a história da uma grande e estranha amizade que terá trágicas conseqüências. A história começa em 1952, mostrando a vida pacata e banal de uma localidade da Nova Zelândia, antes de se descortinar o crime que chocou o país. Pauline é uma retraída jovem de 14 anos que vê sua vida mudar com a chegada de Juliet, uma jovem inteligente e muito vivaz. Pauline se encanta de cara com Juliet, dando início a uma profunda amizade, mostrada entre 1953 e 1954. Para Pauline, tão reclusa em si mesma, conhecer alguém com quem tenha afinidades, como o gosto por leituras sobre Biggles, é algo novo e delicioso. Ao saber que Juliet ama o tenor italiano Mario Lanza, Pauline volta pra casa em êxtase e corre para ouvir o tenor, que também ama. Esse tipo de cumplicidade na juventude é algo muito poderoso. Juliet é “desvirtuante” e tem um certo desequilíbrio que transmite a Pauline. A amizade torna-se cada vez mais forte, indo muito além da simples amizade para torna-se um amor obsessivo. Uma trilha sonora vigorosa, com muito de Mario Lanza, embala-as sempre mostradas em movimento num mundo só delas, que o chamam de quarto mundo, para onde fogem da realidade de um mundo cheio de pessoas que segundo Pauline “Notamos como é triste para os outros não poderem reconhecer nossa genialidade”. Há outros trechos tirados do diário da própria Pauline; ela ganha o diário do pai na noite de Natal e passa a relatar toda sua amizade com Juliet. Esse diário teve serventia para muita gente: para Pauline, que despejava nele todo o fogo dessa paixão; para a polícia, como prova do crime cometido pelas amigas; e por Peter Jackson, que se baseou nele para escrever, junto com a esposa, o roteiro original do filme, roteiro indicado ao Oscar. O filme é contado pela ótica de Pauline e a narração usa trechos do diário. Além do diário, outros elementos reais usados por Jackson, foram os locais em que aconteceram os fatos e que ele usou como locações. A mãe de Pauline, feita pela ótima Sarah Peirse, é a primeira que sente o mal dessa amizade. Ela será o objeto em que Pauline descarregará mais tarde todo seu ódio pelos obstáculos que impedem a plenitude de seu amor com Juliet. O pai de Juliet é outro que percebe algo não saudável com as duas amigas e decide junto com os país de Pauline pela consulta de um especialista. O diagnóstico é bombástico: homossexualidade. Tudo concorre para separá-las, a proibição da família de que se vejam, a tuberculose de Juliet (“Seria ótimo se eu tivesse com tuberculose também”), que a obriga a internação, a futura viagem forçada de Juliet para a África do Sul e até um certo pretendente ao amor de Pauline, o que enche Juliet de temor. Mas nada será mais forte que o amor das duas. Jackson, que desde cedo tem mostrado um gosto pela fantasia, mostra com muita criatividade o mundo particular para onde as personagens fogem, ou para se amar (uma ousadia de Jackson) ou para matarem seus desafetos. As duas, nesses momentos de fantasia, são mostradas sob uma luz mágica, onírica, que as torna celestes. Há uma divertida evocação a Orson Welles, que Juliet odeia por ser um homem pavoroso e que Pauline, confessa no diário, que adora, talvez por identificação. Há um cuidado com a reconstituição de época e Jackson dirige o filme salpicando aqui e ali um detalhe, como se nos indicasse que tal hora ou que tal objeto tivessem destaque no diário de Pauline. A sequência final é em tom de primoroso suspense. O crime bárbaro acontece, e somos informados que o júri recusou a alegação de insanidade das duas, apesar dos sinais de evidentes de perturbação, como, por exemplo, a grande indiferença de Pauline horas antes do crime, chagando a anotar no diário “O dia do grande acontecimento”. Não podendo ser condenadas a morte por serem muito jovens, elas cumprem suas penas e ambas são soltas em 1959, com a condição de nunca mais se encontrarem. O filme é bem conduzido, bem escrito, ganhou vários prêmios pelo mundo e foi uma ótima estréia da nossa querida Kate Winslet no cinema. A atriz Melaine Lynskey também está ótima como a reclusa Pauline. E com as palavras de Pauline termino: “Descobrimos por que temos essa telepatia e por que as pessoas nos tratam assim. É porque somos loucas! Completamente loucas!”
Alma Perdida
2.6 594 Assista AgoraA história até assusta em alguns momentos, por ser tão mórbida. Mas no todo, o filme é fraco. Eu já ouvi dizer que há registros de casos assim na medicina (não a parte do assombro, mas a dos fetos), porém nunca procurei comprovar.
O Menino do Pijama Listrado
4.2 3,7K Assista AgoraUm bom filme que consegue emocionar. O final não chega a ser uma grande surpresa, apesar de causar compaixão. Uma cena que mexeu comigo: o menino alemão pergunta pro outro, que está no campo de concentração, "mas o que foi que você fez pra está aí?" e a resposta "Eu sou judeu". Tanto a pergunta como a resposta foram ditas como tamanha ingenuidade que me emocionou. Imagino que no livro, isso deve ser imensamente mais bonito e comovente. Quero ler.
Ponte para Terabítia
3.9 1,6KNão estava preparado e assisti em DVD como um mero filme infantil. Nossa como me emocionei! Que filme lindo! E que final lindamente triste!
Minha Mãe é uma Sereia
3.4 220 Assista AgoraCher, Winona Ryder e Christina Ricci juntas neste ótimo filme que acompanhou a adolescência de muitos de nós, graças a sessão da tarde, que hoje relamente não passa o que prste.
Marcas do Destino
4.0 196Outro filme que passou muito na sessão da tarde. Assistia quando muito criança e não entendia bem o porquê do rosto do rapaz. Cresci e entendi. E me emocionei muito várias vezes. Cher ganhou melhor atriz em Cannes com este filme; ninguém nega que ela é ótima atriz assim como ótima cantora, apesar da estranheza.
Feitiço da Lua
3.4 203 Assista AgoraEste filme passou muito na sessão da tarde. Interessante como Cher é boa atriz e não faz muitos filmes; ela consegue fazer rir nesta comédia romântica, mesmo sua personagem não sendo uma mulher que prime pelo bom humor. Ela conseguiu um feito e tanto ganhando o Oscar com este filme, já que a Academia não premia muito as comédias.
Os Amores de Moll Flanders
3.6 35Uma super produção realmente muito suntuosa. Consegue chegar no clima do livro do Daniel Dafoe.
Amor Por Acidente
3.3 97 Assista AgoraBem simpático.
Para Sempre Cinderela
3.5 781 Assista AgoraVejo, pela lista abaixo, que só as mulheres gostaram do filme. Os homens não são românticos? Pelo menos eu sou e gosto muito de comédias românticas. Este filme agrada muito, com seu jeito diferente de contar um conto de fadas. A Drew Barrymore como sempre mandando muito bem nas comédias.
As Brumas de Avalon
3.6 336Não conseguiram chegar perto dos livros, mas ainda assim não é ruim. Tem um bom elenco e algumas cenas interessantes como o sensualíssimo ritual do enlace entre irmão e irmã.
Reencarnação
2.4 386Chega dá pena ver um elenco tão bom num filme tão ruim.
Hooligans
3.8 529 Assista AgoraTentaram passar uma imagem boa ou má dos Hooligans? O filme valoriza tanto a amizade e a lealdade deles... Deviam ter pego mais pesado na violência e mostrá-los como realmente são.
A Casa do Lago
3.6 1,6K Assista AgoraMorninho...
O Que Teria Acontecido a Baby Jane?
3.3 24Versão de 1991 para o clássico filme de 1962. A história é seguida sem modificações e conta com ótimas atuações, já que se trata de Vanessa e Lynn Redgrave. As duas são irmãs na vida real e fazem um bom trabalho neste pequeno filme feito para a TV.
Simplesmente Feliz
3.4 254Stay Happy.
O inglês Mike Leigh é um dos cineastas mais brilhantes da atualidade. Sempre acerta em seus filmes, alguns são obras-primas, como Naked e Segredos e Mentiras. Outros destaques importantes são Topsy-Turvy – O Espetáculo e O Segredo de Vera Drake. Desta vez quero falar do seu mais recente filme, Simplesmente Feliz. Simplesmente Feliz é um filme especial, diferente, curioso e ótimo além de tudo. O roteiro original indicado ao Oscar, roteiro do próprio Mike Leigh, nos apresenta Pauline, a Poppy; uma mulher que decidiu adotar uma filosofia de vida: ser feliz. Malgrado seu o mundo em que ela vive anda meio desacreditado de que uma coisa como a felicidade ainda exista. Toda tentativa de Poppy de ser legal com os outros soa para eles como algum tipo de amolação. O início do filme já deixa clara a atitude da personagem diante da vida, quando em uma livraria ela insiste em ser simpática com um alheio livreiro assistente com humor de bibliotecário e, principalmente, quando diante de um livro chamado The Road to Reality (A Rua para a Realidade) ela diz: “Não quero ir para lá” e dá um risinho. Lembra um pouco Blanche DuBois no filme Uma Rua Chamada Pecado, quando ela diz “Não quero realidade. Quero magia”. Mas, ao contrário de Blanche, Poppy não tem traumas nem lhe falta um pouco de sanidade. Poppy, apesar de desengonçada e do figurino de gosto duvidoso, é lúcida e inteligente e percebe que sua atitude é encarada com estranheza, mas não desiste de ser como é, não porque ache que vá mudar o mundo mas porque ela gosta de ser simplesmente feliz, apesar dos outros. Essa felicidade toda torna-se, na maior parte do tempo, algo irritante para alguns personagens do filme e para muitos espectadores que não entenderam a mensagem do filme. Poppy passa quase todo o filme rindo e fazendo piadas com tudo. Até quando a coisa aperta ela ri, só que nervosamente. Mérito de Leigh e da excelente atriz Sally Hawkins. A atriz ganhou o Globo de Ouro por este papel. Há momentos cômicos, como a patética cena da professora de flamenco; e há momentos em que a felicidade inabalável de Poppy é posta em prova. São nesses momentos que vemos que Poppy não tem nada de boba e tem uma perfeita noção da dureza da realidade: o menino que bate nos coleguinhas; a visita à irmã mais velha; a estranha cena com um mendigo, e principalmente sua briga com Scott, o instrutor da auto-escola. O instrutor é feito pelo ótimo Eddie Marsan, e é o oposto de Poppy no filme. Ao contrario dela ele é mal-humorado e sempre vê o lado negativo da vida. Esses opostos se completam, mas não vencem um ao outro, o que faz a sensata Poppy se afastar e seguir sua vida. Ela termina o filme como começou, feliz e dizendo para todos um desconfortante “continue feliz”.
PS: Nos laboratórios de informática do Centro de Artes e Comunicação, onde estudo, há um monitor, o querido Leonardo, que quando as pessoas acabam seus horários e vão embora, ele se despede dizendo “seja feliz”. E as pessoas o olham desconfiadas achando sempre que ele está zombando delas. Um dia ele confessou que fica triste com essa atitude, quando o que ele deseja é totalmente sincero. Parece que no mundo cético de hoje a felicidade se tornou uma utopia. Isso é pior do que a indagação de Macabéia no livro de Clarisse Lispector, A Hora da Estrela. Quando ela pergunta “Ser feliz serve de que?” ela faz uma indagação sobre algo cuja significação lhe escapa. Enquanto nós sabemos o que significa ser feliz. Só que achamos que isso é coisa dificílima de conseguir, quando difícil mesmo é enxergar que muitas vezes já o somos sem perceber. Então talvez não saibamos de fato o que é ser feliz. Que forma triste de ignorância. Leiam abaixo o soneto narrativo de Guilherme de Almeida:
Felicidade
Ela veio bater à minha porta
e falou-me, a sorrir, subindo a escada:
"Bom dia, árvore velha e desfolhada!"
E eu respondi: "Bom dia, folha morta!"
Entrou: e nunca mais me disse nada...
Até que um dia (quando, pouco importa!)
houve canções na ramaria torta
e houve bandos de noivos pela estrada...
Então, chamou-me e disse: "Vou-me embora!
Sou a Felicidade! Vive agora
da lembrança do muito que te fiz!"
E foi assim que, em plena primavera,
só quando ela partiu, contou quem era...
E nunca mais eu me senti feliz!